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Tríade de possibilidades de oferta do ensino da música na rede municipal de

6.1 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MUSICAL NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

6.1.2 Tríade de possibilidades de oferta do ensino da música na rede municipal de

Fundamental49, utiliza-se no Currículo do Ensino Fundamental: 1.º ao 9. ° ano, publicado em 2016 e organizado em cinco volumes: Princípios e Fundamentos, Área de Linguagens, Área de Matemática, Área de Ciências da Natureza e Área de Ciências Humanas.

Em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica50, as quatro Áreas do Conhecimento estão contempladas nos Componentes Curriculares. A música51, arte contemplada nesta pesquisa, pertence à Área de Linguagens e como tal, pertence ao Componente Arte, conforme o quadro abaixo.

Quadro 3 – Disposição das áreas do conhecimento no currículo da RME

Áreas do Conhecimento Componentes curriculares

Área de Linguagens Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Moderna, Arte e Educação Física

Área de Matemática Matemática

Área de Ciências da Natureza Ciências

Área de Ciências Humanas História, Geografia e Ensino Religioso Fonte: Dalcol, 2018.

Em consonância ao Currículo do Ensino Fundamental e com a prática desenvolvida nas unidades de Ensino Fundamental, o ensino da música é contemplado em outros espaços educativos além do Componente Curricular Arte.

Nesse sentido, a educação musical é comtemplada em três frentes oficiais que se complementam na RME: no Componente Curricular Arte, na Educação Integral em formas de oficinas de música e em projetos extracurriculares.

6.1.2 Tríade de possibilidades de oferta do ensino da música na rede municipal de ensino de Curitiba

Na organização curricular da RME, percebe-se uma variedade singular de possibilidades do ensino da música que pode contribuir para a compreensão da _______________

49 O ensino fundamental tem duração de nove anos. Logo, o Ensino Fundamental 1 - ou anos iniciais – compreende o 1º ao 5º ano e o ensino fundamental 2 – ou anos finais – do 6º ao 9º ano. No ensino fundamental 2, o Componente Curricular Arte é ministrado pelo professor especialista em uma ou mais linguagens artísticas: Artes Visuais, Dança, Música ou Teatro.

50 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. – Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

51 O ensino de música torna-se obrigatório com a promulgação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Posteriormente, a LEI 13.278/20161, determina a obrigatoriedade das quatro linguagens artísticas na escola – Música, Artes Visuais, Dança e Teatro.

atuação dos professores participantes desta investigação e do processo de escolha de repertório musical, já que os espaços educativos e o tempo direcionando à música são diferentes. Conforme o quadro 3, o ensino de música pode ser encontrado nas unidades escolares do Município de Curitiba no componente curricular Arte, nas Práticas Artísticas da Educação Integral e em Projetos Educacionais.

Figura 13 - Ensino de música na RME de Curitiba

Fonte: Dalcol, 2018,

De acordo com o Currículo do Ensino Fundamental (CURITIBA, 2016a), no componente curricular Arte, a música é contemplada de forma “articulada” com as demais linguagens artísticas - artes visuais, música e teatro - “de modo a garantir a compreensão das produções artísticas em diferentes tempos e espaços, porém sem perder as especificidades e a autonomia enquanto linguagens” (CURITIBA, 2016a, p.

246). O documento oficial municipal corrobora a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. A Lei, no artigo 26, parágrafo segundo, prevê que o “ensino da arte” constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

Conforme orientação dos PCNs (BRASIL, 1997), pautadas na experiência estética, a apreciação, a execução e a criação fazem parte da organização pedagógica do documento, que sugere observar e contemplar, como proposta para as quatro linguagens, “todo contato que o indivíduo tem com a arte, desde o momento de sua criação e produção, no caso do(a) artista, ou do público no momento de fruição:

ver, ouvir, observar, analisar, interpretar, refletir, interagir, criticar, sentir, entre outros”

MÚSICA NA RME DE CURITIBA

COMPONENTE CURRICULAR ARTE

OFICINAS DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO

INTEGRAL

PROJETOS DE

MÚSICA

(BRASIL, 2016b, p. 246). O trabalho com arte é articulado por dois eixos simultâneos:

o eixo que compreende a produção cultural, social e histórica e o da especificidade das linguagens artísticas. (CURITIBA, 2016b) O Currículo também orienta a ampliação de repertório, do “erudito ao popular, de diferentes culturas, de diferentes épocas, de maneira reflexiva, crítica e analítica, possibilitando o desenvolvimento do pensamento estético musical” (CURITIBA, 2016b, p. 252). Normatiza ainda, que, sob uma perspectiva lúdica, a música, enquanto linguagem artística presente na escola,

“deve oportunizar uma diversidade de experiências estéticas que envolvam o cantar, tocar, jogar, brincar, experimentar, improvisar, ouvir música, entre outras” (CURITIBA, 2016b, p. 252).

Em um segundo espaço educativo – diferente do componente curricular Arte, em escolas com o desenvolvimento de trabalhos com a Educação integral, a música pode ser encontrada nas Práticas Artísticas, sob a forma de “Oficinas de Música”. Para diferenciar tempos e espaços escolares, o Currículo apresenta algumas diferenças na jornada de quatro horas da escola regular em relação à ampliação da jornada escolar ou educação em tempo integral:

O currículo da escola com jornada ampliada implementa em seu Projeto Político Pedagógico, uma rotina de nove horas diárias, desenvolvendo metodologias diferenciadas que considerem o estudante em seu desenvolvimento global. Desdobra as áreas do conhecimento em cinco Práticas Educativas, voltadas à leitura e escrita, à arte, ao esporte, ao lazer, à cultura, à educação ambiental, à experimentação científica e ao uso das tecnologias. São elas: Práticas de Acompanhamento Pedagógico; Práticas Artísticas; Práticas do Movimento e Iniciação Esportiva; Práticas de Educação Ambiental e Práticas de Ciência e Tecnologias (CURITIBA. 2016c, p. 09).

Segundo essa proposta, o objetivo da educação em tempo integral para a RME

“é aprofundar, oportunizar e especializar o trabalho com os conhecimentos escolares.

Bem como, com os conteúdos humanizadores equalizando, oportunizando e diversificando percursos e estratégias didáticas” (CURITIBA, 2016a, p. 23). A organização da escola em tempo integral acontece por meio das práticas

[...] organização didático-pedagógica, que tem como objetivo fundamental qualificar estratégias relacionadas ao experimentar, testar, manipular, construir, montar, entre outros, por meio da interação entre os sujeitos, os espaços, os tempos e os recursos, para ressignificar os conhecimentos escolares (CURITIBA, 2016a, p. 23).

As áreas do conhecimento e os saberes escolares estão articulados aqui nas práticas voltadas à leitura e escrita, à arte, ao esporte, ao lazer, à cultura, à educação ambiental, à experimentação científica e ao uso das tecnologias, denominadas Práticas do Acompanhamento Pedagógico, Práticas Artísticas, Práticas do Movimento e Iniciação Esportiva, Práticas de Educação Ambiental e Práticas de Ciência e Tecnologias (CURITIBA2016a, p. 23-24).

Nessa conjuntura, a oficina é uma estratégia de trabalho, uma metodologia

[...] que prevê a construção coletiva do conhecimento. O trabalho com a oficina possui caráter exploratório, o que permite aos (às) educandos(as) interagirem, compartilharem e vivenciarem situações de aprendizagem, por meio da sensibilização, reflexão e análise. Pensando na ampliação do tempo escolar, o trabalho com oficina permite que os conteúdos propostos pelos componentes curriculares sejam aprofundados (CURITIBA, 2016a, p. 16).

Segundo a orientação do documento, os Objetivos, Conteúdos e Critérios de Ensino-Aprendizagem estabelecidos para as Áreas do Conhecimento devem ser utilizados na Educação Integral em um processo denominado pareamento, um recorte dos conteúdos que serão aprofundados nas oficinas. O pareamento é o ato de buscar relações entre os conteúdos dos Componentes Curriculares e as Práticas Educativas do Currículo do Ensino Fundamental, dentro de uma mesma Área do Conhecimento.

Dessa forma, ampliando as possiblidades de diversificar e qualificar o trabalho no tempo ampliado (CURITIBA, 2016c, p. 16).

Sob a ótica do pareamento proposto no documento oficial da SME de Curitiba, para a organização das práticas artísticas, as oficinas das linguagens artísticas – artes visuais, dança, música e teatro – buscam o aprofundamento dos saberes escolares e dos objetivos de aprendizagem apontados pelo currículo compreendendo que o processo de criação da(o) estudante perpassa pela experimentação e reflexão. Como sugestão para as oficinas de música, o documento aponta o trabalho com Flauta Doce, Canto Coral, Jogos e Brincadeiras Musicais, Brinquedos Cantados (Ciclo1)52 e sugestões para Percussão: percussão corporal, com objetos cotidianos e com instrumentos musicais convencionais. (CURITIBA, 2016c, p. 78).

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52 Segundo Curitiba (2016a,) “a RME de Curitiba está organizada em ciclos de aprendizagem, instituídos pelo Parecer n.º 487/99 do Conselho Estadual de Educação. O trabalho organizado em ciclos de aprendizagem foi instituído com o objetivo de garantir um maior tempo para a efetivação do processo de aprendizagem dos(as) educandos(as). Nessa perspectiva, a avaliação considera não apenas os aspectos quantitativos, mas fundamentalmente os qualitativos, ou seja, os avanços realizados pelos(as) educandos(as) no seu processo de aprendizagem” (CURITIBA, 2016a, p. 17).

O terceiro espaço educativo de possibilidades para o trabalho com a música está instituído no Currículo como “Projetos Educacionais”. Esse ambiente educativo compreendem os Projetos de Música em caráter extracurricular, porém, diferencialmente de outros modelos, são normatizados e ofertados pela SME.

Enquanto a Educação em Tempo Integral compõe o currículo formal dos estudantes, os Projetos Educacionais podem ser propostos pela SME de acordo com a necessidade das unidades, propostos pelas próprias escolas (em ambos os casos são desenvolvidos por docentes da Rede) ou formem parcerias externas que investem em docentes para os estudantes e/ou formações que contribuem ao processo de desenvolvimento profissional em educação musical proposto pela SME.

De acordo com o Currículo (CURITIBA, 2016a; 2016b), ao trabalhar com o conhecimento específico da área à que se destinam, os projetos proporcionam o aprofundamento dos conhecimentos dos componentes curriculares, promovem ações interdisciplinares e, por meio de diferentes vivências, proporcionam o desenvolvimento de habilidades e potencialidades, além de contribuir na ampliação do repertório social e cultural dos estudantes. Os Projetos Educacionais estão fundamentados no conceito de Educação Integrada, que em busca a promoção da formação integral do ser humano em “ações voltadas ao processo de ensino-aprendizagem, por meio da ampliação do tempo, do acesso a diferentes experiências e/ou ambientes educativos” (CURITIBA 2016a, p. 26). Conforme o documento, os projetos educacionais são propostos em consonância ao Projeto político Pedagógico da unidade e podem acontecer no turno, nas Práticas Educativas da Educação em Tempo Integral, no contraturno escolar dos(as) educandos(as) e/ou em extensão de carga horária53. Estão subdivididos nas categorias Arte e Cultura, Esporte e Lazer, Direitos Humanos e Cidadania, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Saúde, Alimentação e Prevenção e Tecnologias e Comunicação.

Nessa perspectiva, os Projetos de Música estão inseridos no eixo Arte e Cultura e contemplam propostas de musicalização por meio de: flauta doce, canto coral, percussão (percussão corporal, com objetos sonoros, com instrumentos musicais convencionais, etc.), violão, violino e propostas de jogos, brincadeiras e experimentações.

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53 Alguns projetos são desenvolvidos depois do horário de aula. Os projetos de música acontecem em diferentes tempos e espaços nas unidades da rede, conforme a realidade pesquisada e vivenciada pela pesquisadora em 2017.

Os projetos de música – como os demais projetos - também podem ser desenvolvidos em parceria com outras secretarias municipais, instituições públicas e privadas ou organizações não governamentais. Esses projetos possibilitam a ampliação do território educativo e estabelecem relações intersetoriais nos tempos e nos espaços, dentro e fora da escola (CURITIBA2016a, p. 28).

Como síntese, o quatro 4 ilustra as modalidades de oferta do ensino da música nos anos iniciais do Ensino Fundamental no município de Curitiba.

Quadro 4 – Música nos anos iniciais do ensino fundamental na RME de Curitiba

Componente Curricular Arte Nas unidades que ofertam Educação em Tempo Integral

A música é desenvolvida por meio de projetos de

musicalização que contemplam, Flauta doce,

Canto Coral, Percussão, Violão, Violino, Musicalização por meio de jogos, brincadeiras

e experimentações.

Fonte: Dalcol (2018), com base em Curitiba, 2016a.