Trabalho a ser abolido

Quadro 8 - Principais evidências das entrevistas no critério Trabalho a ser abolido.

DELTA1

Sobreaviso...

Plantão sozinho né... não o delegado...

O plantão sozinho né... mulher no plantão sozinha...

Eu acho que pra mulher é um pouco mais complicado... por causa da questão física assim... de força que às vezes é... na madrugada entra bêbado... entra drogado... entra de tudo né... e às vezes uma mulher... por ser um pouco mais frágil né fisicamente...

DELTA2

Tem trabalhos que são desnecessários, por exemplo, registros de ocorrência desnecessários. Ocupam, funcionário, tempo, papel, movimenta toda uma máquina e muitas vezes ou são fatos atípicos ou chega no final e não dá nada...

DELTA3

Dois turnos tem que ser abolido... turno integral, turno único... aí a Polícia avança muito em matéria de motivação... respeito às pessoas...

outra coisa que deve ser abolida da Polícia são os plantões com um funcionário...

ALFA1

Na verdade são fatos isolados.

É que eu já trabalhei em vários lugares e nem todos são iguais, e já trabalhei com tudo que é tipo de pessoas também, e tem pessoas que só pensam em cumprir o horário. Acho que tinha que ter alguém pra fiscalizar o trabalho das pessoas, porque tem pessoas que não vão pra trabalhar né, só pra desvio mesmo.

ALFA2 a instauração de muita coisa que não devia ser instaurada... instaura tudo... daí assim oh não há _{suspeito... essa burocracia... daí não tem nada a ver mulher e homem... vai se avolumando...}

ALFA4 Trabalhar sozinha, de noite no interior, deslocamento sozinha de viatura, atender publico sozinha, _{tudo o que decorre da falta efetivo}

ALFA3 ...principalmente essa questão de jornada de trabalho... além de ser um trabalho exaustivo... né... _{que te exige... durante a jornada de trabalho diária e fora dela...}

ALFA5

bah... é tanta coisa... ai eu acho que tem muita coisa né... é muito policial em setor administrativo sabe... desperdício de força... desperdiço de policial... é gente trabalhando sem arma e algema... policial trabalhando só em recursos humanos... deveria ter agente administrativo normal...

... por exemplo assim oh, volante... a gente vai, nós e uma dupla da volante. Eu não acho necessário a volante ir... muitas vezes eles acabam atrapalhando o nosso trabalho... porque a gente chega lá eles já tão... eles perguntaram pra todas as testemunhas... a gente chega lá já não... não consegue mais nada...

eu acho que isso já... eles já... interferem no nosso trabalho... eles são chamados pra isolar o local e não pra investigar... se eles querem investigar eles fiquem com inquérito...

ALFA7 O sobreaviso.

ALFA6 Olha, eu não sei exatamente o que poderia abolir, acho que tudo que a gente faz é em prol da _{comunidade e tá tudo certo.}

Fonte: elaborado pelo autor.

Na pesquisa observou-se que as duas questões mais apontadas pelas entrevistadas foram o regime de sobreaviso e a falta de efetivo, o que leva os policias a trabalharem muitas vezes sozinhos na delegacia e em diligências externas (Quadro 8). Essa situação foi ainda destacada por algumas entrevistadas sob expressa menção de insegurança e risco, contexto que seria ainda pior para a mulher, pela maior fragilidade física.

Pode ser assim citado o relato da entrevistada ALFA4: "Trabalhar sozinha, de noite no interior... deslocamento sozinha de viatura... atender público sozinha, tudo o que decorre da falta efetivo..." No mesmo passo, e complementando a observação acima, a entrevistada DELTA1 retrata bem a realidade vivenciada, englobando diversos pontos observados nas entrevistas com as demais servidoras policiais:

Sobreaviso... plantão sozinho né... mulher no plantão sozinha. Eu acho que pra mulher é um pouco mais complicado... por causa da questão física assim... de força que às vezes, na madrugada entra bêbado... entra drogado... entra de tudo né... e às vezes uma mulher... por ser um pouco mais frágil né fisicamente...

Consoante já referido em outros momentos da análise dos dados coletados nessa pesquisa, a questão do efetivo é um tema que foi observado como subjacente a diversos indicadores de trabalho decente pesquisados. Essa influência revelou prejuízo aos servidores policiais e mais à mulher em particular, devido à condição física de maior fragilidade.

Além dos problemas relacionados a efetivo, as entrevistadas referem situações pertinentes à necessidade de adequações legislativas e práticas de gestão interna. Foram assim citados registros de ocorrências e instaurações de procedimentos policiais desnecessários. Também surgiu referência a má gestão de pessoal, com sobreposição de atividades e desperdício de recursos humanos em funções administrativas. Pode ser referido sobre esses pontos o relato de ALFA5:

bah... é tanta coisa, é muito policial em setor administrativo sabe... desperdício de força, desperdiço de policial... é gente trabalhando sem arma e algema, policial trabalhando só em recursos humanos... deveria ter agente administrativo normal... ... por exemplo assim oh, a volante... a gente vai... nós e uma dupla da volante. Eu não acho necessário a volante ir... muitas vezes eles acabam atrapalhando o nosso trabalho... porque a gente chega lá eles já tão... eles perguntaram pra todas as testemunhas... a gente chega lá já não... não consegue mais nada...

Anote-se também que houve alusão à necessidade de abolir o regime de dois turnos de trabalho, sugerindo mudança para um turno único continuo, o que refletiria em motivação e maior produtividade. Assim observou-se com a entrevistada DELTA3: "Dois turnos tem que ser abolido... tem que ser não meio turno... turno integral, turno único... aí a Polícia avança muito em matéria de motivação... respeito às pessoas...".

Em conclusão sobre a análise do atendimento deste indicador, verifica-se que o critério trabalho a ser abolido, revelou destaque a pontos comuns a outros indicadores como por exemplo segurança no ambiente de trabalho e jornada de trabalho decente, destacando nesse ponto a falta de efetivo necessário para as atividades policiais, que foi relatada com muita frequência e foi uma realidade constatada pela observação nas delegacias.