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TRABALHO DE PROJETO EM ANIMAÇÃO ARTÍSTICA

“Pelo contrário, respondo eu, quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinação de experiências, de informação de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objectos, um catálogo de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis” (Calvino, 1990, p.145).

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1.-

OBJETIVOS DO TRABALHO DE

P

ROJETO

O principal objetivo deste Trabalho de Projeto é o de construir e apresentar um espetáculo performativo em espaço público, em que a corporalidade do Ator seja o centro da representação, de forma a perceber as seguintes questões de investigação:

1. - A performance centrada no quotidiano das pessoas é uma boa ferramenta para despertar o interesse e o espírito crítico numa determinada comunidade?

2. - A comunicação baseada numa performance física permite a comunicação da totalidade da sua mensagem?

A partir da perspetiva do criador pretende-se implementar um projeto artístico desenvolvido em equipa, mas com uma apresentação individual que poderá ter a participação do público; um projeto que corresponde ao desenvolvimento do próprio crescimento enquanto Criador/processo de criação, performer, intérprete, no geral como Animador Artístico.Tem-se em vista, igualmente, o despertar do pensamento crítico e a curiosidade artística através de investigação e pesquisa de referências de trabalhos realizados, que, deste modo, vão contribuir para uma multiplicação de saberes. A nossa missão passa por demonstrar o trabalho de ator/performer com vista à conceção de um espetáculo performativo. Ao longo do processo criativo, a experimentação nos ensaios irá contribuir para a criação das personagens e da performance.

Por último, pretendemos responder às questões de investigação que previamente definimos para este Trabalho de Projeto, a partir da inquirição dos espetadores que assistiram ao espetáculo performativo.

Numa segunda fase, a partir da perspetiva do desenvolvimento participativo em que existe uma envolvência, uma participação ativa por parte da comunidade no processo criativo, pretende-se uma iniciativa empreendedora de desenvolvimento de novos campos: processos de multiplicação e desenvolvimento comunitário e associativo ou de interação com novos públicos, dando o exemplo do público escolar.

Com um trabalho desta natureza, pretendemos preencher a lacuna, que entendemos que existe, relativamente à animação em espaços públicos. Contribuímos, assim, com uma criação que tenha como parâmetros a sua originalidade nos processos criativos enquanto Criador/performer/intérprete no seio da Animação Artística, deixar a marca e fazer com que este projeto ganhe itinerância e seja apresentado o maior número de vezes em locais diversificados.

Neste sentido, acredita-se que a criação de um espetáculo/performance e a sua apresentação pública funcione como uma aquisição de conhecimentos práticos e

26 técnicos para uma melhor afirmação e acreditação artística do sujeito criador e ao mesmo tempo sejam uma mais-valia para o crescimento pessoal enquanto Animador Artístico e uma melhor forma de responder às finalidades e objetivos deste projeto. “A cultura não é um enfeite optativo da vida, composto pelas belas-artes, mas uma estrutura de comportamentos e pautas de expressão específicas de cada comunidade” (Simpson, 1991, pp.282-283).

2.-M

ETODOLOGIA

O artista para a sua afirmação e acreditação deve dotar-se de conhecimentos teóricos, práticos e técnicos. A troca de ideias e informação junto de outros criadores tem um papel muito relevante. A formação permanente de inquietude e pesquisa, vem reforçar a ideia de que o trabalho de um Criador necessita de uma constante atualização. Numa criação o tempo de ensaio é fundamental. É um tempo de descoberta, inevitável à futura concretização do projeto do criador, no sentido da produção do produto artístico a apresentar ao espetador. No entanto, o Artista/Criador deve continuar a alimentar sempre a sua formação, na descoberta de novos materiais, linguagens e de novos conceitos (Abreu et al., 2006).

Na preparação do trabalho de projeto, para além da pesquisa documental (levantamento de referências, dados bibliográficos, visionamento de vídeos, referências de outros trabalhos), foram realizados vários tipos de ensaio que permitiram a criação e aperfeiçoamento do produto artístico.

Para acompanhar o desenvolvimento do processo e da primeira apresentação da performance, foram utilizadas várias formas de registo de todo o percurso criativo, passando a referir: caderno de bordo, que se apresenta como memória descritiva neste projeto, registo fotográfico; gravação vídeo do espetáculo e dos ensaios.

Com o fim de validar o projeto, recorremos ao questionário, uma técnica de recolha de dados que segundo Pardal e Lopes (2011) se caracteriza por ser um instrumento de recolha de informação, preenchido pelo informante, tendo como grande vantagem a escolha da hora adequada para o efeito, não tendo que ser respondido de imediato. O questionário aplicado foi elaborado para o efeito e é constituído por sete perguntas abertas, organizadas em torno do tema e objetivos a alcançar, permitindo plena liberdade de respostas ao inquirido.

A variedade das respostas recebidas tornou o processo mais moroso, mas mais adequado e rico considerando o género de informação que queríamos obter. Tendo em conta esta técnica de recolha de dados, uma das suas grandes desvantagens é o

27 atraso na sua devolução. Todavia, neste caso, dos quarenta questionários distribuídos às pessoas presentes no público, foram recebidas, posteriormente, trinta e quatro respostas, representando uma boa percentagem de respondentes (85%).

Paralelamente, também foi criada uma página no facebook com o nome do espetáculo, onde foram colocadas algumas fotografias e vídeos da performance, aberta a comentários sobre a mesma.

Na elaboração do projeto, foi feita por linhas mestras uma calendarização, fazendo depender todas as outras datas, incluindo a dos ensaios, a partir do dia da estreia. No que diz respeito aos ensaios, foram vários os tipos de ensaios realizados, que se apresentam no Quadro I.

Quadro I – Tipos de ensaio

Tempo

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