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3. METODOLOGIA

3.1. TRABALHOS DE CAMPO

Foram realizadas 2 campanhas de campo durante um ciclo hidrológico (26, 27 e 28/04/2013 – estação chuvosa – e 04, 05 e 06/10/2013 – estação menos chuvosa) visando analisar a sazonalidade das mudanças ocorridas nas praias durante curto período. Os trabalhos desempenhados (Figura 16) foram: levantamento topográfico, amostragem de sedimentos, medições oceanográficas nas praias estudadas e aplicação de entrevista/questionário com banhistas.

Figura 16 – Trabalhos de campo desempenhados nas praias de Salinópolis.

3.1.1. Levantamento de Perfil Topográfico

Para a análise das alterações morfológicas das praias da Corvina, Maçarico, Farol Velho e Atalaia foram realizados perfis topográficos com auxílio de Estação Total marca Topcon GTS 212 em cada ponto pré-definido da área de estudo (Figura 16), em todas as campanhas de campo e durante a maré baixa de sizígia. Os perfis foram distantes cerca 1,5 km e tiveram início a partir da linha de costa de cada setor (BIRKEMEIER, 1985), prosseguindo-se transversalmente à linha de costa com leituras da elevação da praia a cada 40 m linearmente, ou onde houvesse mudanças morfológicas significativas, como a presença de afloramentos e canais, encerrando-se na linha de maré baixa de sizígia (Figura 16).

O objetivo no estabelecimento dos perfis topográficos foi de fornecer um arcabouço da morfologia da parte subaérea das praias (zona de espraiamento) e de verificar a tendência erosiva ou progradacional nos 3 setores da costa. Dois perfis por setor foram definidos como estudo de verificação do estado morfodinâmico das praias e a variabilidade morfossedimentar entre a estação chuvosa e menos chuvosa. Para cada setor definiu-se um perfil em local mais urbanizado e outro em local menos urbanizando, possibilitando averiguar se há distinção nas características da morfodinâmica praial por conta da interferência humana e permitindo uma possível discussão sobre este fato, caso ocorra.

Marcos previamente determinados e identificados (barracas, casas, estruturas de concreto) e coordenadas dadas em GPS (Global Positioning System) foram utilizados para a identificação dos perfis praiais durante o período de coletas.

O levantamento topográfico foi iniciado com a leitura ré de um ponto fixo em cada perfil estudado, pois é necessário haver um mesmo ponto de partida estável para as medições periódicas da topografia.

3.1.2. Amostragem de Sedimentos

As coleta de sedimentos superficiais das praias estudadas foram feitas paralelas aos perfis topográficos, em cada ponto de medição da elevação praial (Figura 16), em todas as campanhas de campo e durante a maré baixa de sizígia.

As coletas ocorrem com o uso de tampa de PVC de 5 cm e tiveram início a partir da linha de costa de cada setor até a linha de maré baixa de sizígia.

Após a coleta das amostras de sedimentos, os mesmos foram acondicionados em sacos plásticos de 1 kg previamente identificados com pontos em ordem crescente.

Nos 3 setores estudados foram feitas coletas de sedimentos provenientes do transporte transversal no final de perfis topográficos (zona de inframaré) utilizando-se uma armadilha de espraiamento (Trap de espraiamento: instrumento composto por uma rede de captura de 12,5 cm x 6 cm) (Figura 17a), ora no sentido contrário ao mar, ora no sentido contrário ao continente (Figura 17c). O objetivo foi comparar o volume de sedimentos trazidos e removidos da face praial durante o fluxo e refluxo das ondas (FONTOURA, 2004). Além desta armadilha, também foi aplicado em cada setor, o método dos traps portáteis de Kraus (1987) – um conjunto de redes de 63 micrômetros e 15 cm x 9 cm fixado a uma torre de metal de 1,80 m (Figura 17b) posicionada em sentido contrário a corrente longitudinal (Figura 17d) para reter os sedimentos transportados longitudinalmente na zona de surf, possibilitando quantificá-los (peso total) e qualificá-los (análise granulométrica) verticalmente, ou seja, ao longo da coluna d’água. O objetivo foi a comparação do experimento nos três setores estudados, visando identificar como é o transporte de sedimentos na área. O tempo de operação para as duas armadilhas foi de aproximadamente 5 minutos, como sugerido por Fontoura (2004), e realizado durante a maré vazante e maré enchente, como sugerido por Ranieri (2011), visto a grande importância do efeito da maré na costa Norte do Brasil.

Figura 17 – Armadilhas portáteis de coleta de sedimentos. Vista frontal do trap de espraiamento (A). Experimentação com trap de espraiamento na praia do Farol Velho (B) e

com traps portáteis na zona de surf da praia do Atalaia (C). Suporte com traps da zona de

surf, vista frontal (D). Fotografias retiradas em 28/04/2013.

3.1.3. Medições Oceanográficas

Os parâmetros de onda (altura e período) foram observados em cada setor do trecho estudado, através de filmagem da passagem de cristas de ondas consecutivas na torre (suporte) de traps. Este último, com dimensões conhecidas, serviu como referência para aplicação de escala dos vídeos e, assim, para obtenção de 1/3 das maiores alturas de ondas (Hb) registradas.

Utilizando-se a metodologia proposta por Muehe (2002) para obtenção do período de ondas (T), o tempo da passagem das ondas sucessivas filmadas foi dividido pelo número delas.

Para o ângulo de incidência de ondas (α), ângulo que as ondas fazem após a arrebentação, um observador na face praial com o auxílio de uma bússola de geólogo verificou a direção de aproximação das ondas na altura da arrebentação.

As medições de parâmetros de ondas foram realizadas com o intuito de fornecer informações da hidrodinâmica costeira em cada setor estudado, de acrescentar dados para

caracterização do trânsito costeiro de sedimentos e como registro necessário para o cálculo do estado morfodinâmico das praias e periculosidade ao banho nas mesmas.

Para verificação do trânsito costeiro de sedimentos sobre a costa oceânica de Salinópolis foram realizados os seguintes procedimentos:

• Medições de altura da coluna d'água, turbidez e correntes na foz do rio Sampaio (praia do Maçarico) e na divisa das praias do Farol Velho e Atalaia através de sondas de pressão com sensor OBS (Optical Backscatter Sensors), modelo Infinity-turbi ATU75W-USB, e correntômetro modelo Infinity AEM-USB, emprestados do Laboratório de Análise de Imagens do Trópico Úmido (LAIT). As medições ocorreram em 2 estações fixas nos locais mais urbanizados da costa (Figura 16), um mais abrigado, na foz do Rio Sampaio, e outro na ponta mais exposta ao oceano na costa de Salinópolis. Os locais foram escolhidos devido a maior importância dos mesmos, tanto em função de serem áreas críticas com aparente acresção sedimentar (para a primeira estação) e erosão costeira (para segunda estação), como pelo fato de serem locais mais habitados. Para altura da coluna d'água foram feitas dez medições a cada segundo visando abranger registros de altura de onda e de maré, e os valores de correntes foram registrados a cada 1 minuto. Ambas as medições realizadas durante o período de 12 horas (1 ciclo de maré), com os equipamentos operando em conjunto a partir do estofo de baixa-mar.

• Medições pontuais de intensidade e direção de correntes longitudinais nos 3 setores da costa também foram feitas através de uma bóia de deriva (balão cheio d’água) despejada entre o ponto de quebra de onda e a linha de praia (Figura 18), como sugerido por Fontoura (2004). Foram medidas as distâncias percorridas pela bóia em 1 minuto, sendo estas medidas realizadas duas vezes, durante a maré vazante e enchente, e quando ocorreram as experimentações com os traps. As medições pontuais (no tempo e no espaço) de correntes longitudinais foram feitas não somente para identificar o comportamento da deriva litorânea em cada setor, mas também para complementar os dados resultantes dos traps portáteis.

Figura 18 – Medição de intensidade da corrente longitudinal na praia do Farol Velho em 27/04/2013.