CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA
4.2. Desenvolvimento das atividades
4.2.2. Trabalhos de Campo
4.2.2.1. Amostragem de Materiais
Os materiais de interesse para a montagem das colunas de lixiviação foram coletados na Mina de Pirita e na reforma do prédio do DEGEO/DEMIM da UFOP. A seguir são detalhados os procedimentos de coleta e tratamento dado aos materiais.
- Material da Mina
A localização e o número de pontos de amostragem na Mina de Pirita foram definidos através de visitas a campo e também de acordo com as condições favoráveis à coleta. Para a amostragem de sedimentos em montes ou pilhas de resíduos sólidos, a norma ABNT NBR 10007 prevê que ela deve ser realizada sob a forma de amostra composta, devido à grande variedade composicional destas estruturas e também traz informações sobre o tempo de armazenagem das amostras coletadas. Ainda, determina a norma, que a retirada de amostras deva ser em pelo menos 3 pontos (do topo, do meio e da base). A partir do
86 topo, igualmente afastados entre si obliquamente nos montes ou pilhas, devem-se retirar quatro alíquotas equidistantes e, posteriormente, misturadas de forma a se obter uma amostra homogênea.
Infelizmente a referida norma não pode ser aplicada à amostragem de material da Mina de Pirita, devido a questões de instabilidade produzidas por erosões, intensos movimentos de massa e, locais de difícil acesso existentes nela. Ressalta-se também a impossibilidade de acesso aos materiais mais profundos da mina, devido a mesma ter sido soterrada por sedimentos provenientes do topo da área. Somente furos de sondagem poderiam chegar aos pontos mais profundos.
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram selecionados 5 pontos para amostragem de material, que incluiu amostras de solo e de rochas, na parte inferior da Mina de Pirita, por ter sido diagnosticado, em análises de campo, pontos de surgência de água com pH inferior a 3.0 (vide tabela 4.1).
Os pontos de amostragem são apresentados na figura 4.3. A coleta de sedimentos no interior da galeria não foi possível por razões de segurança. Por isso, esse ponto foi substituído por outro, o ponto 5, localizado em uma imensa ravina, no interior da Mina de Pirita. A figura 4.3 também mostra a localização da galeria descrita por Guimarães (1942) localizada na área.
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Figura 4.2: Localização dos pontos de amostragem na Mina de Pirita. Fonte: modificado de Mariano (2008).
As amostras foram coletadas manualmente com pá, picareta e enxada (figura 4.4), tomando-se cuidando de se retirar uma camada de 30 cm de solo devido ao carreamento de sedimentos provenientes da parte superior da mina e ao elevado estado de alteração do solo.
88 Posteriormente, as amostras foram devidamente acondicionadas em sacos plásticos de 20kg e encaminhadas ao Laboratório de Geotecnia da UFOP. Lá elas foram destorroadas, passadas numa peneira convencional de construção civil a fim de se retirar as partículas maiores, homogeneizando-se o material. Após o peneiramento, as amostras foram secas ao ar livre para se retirar a umidade existente devido a chuva.
Figura 4.4: Amostras coletadas na Mina de Pirita, após secagem.
Após a secagem, as amostras foram pesadas e retirou-se uma fração representativa de 7kg de cada para mistura, homogeneização pelo método de pilhas tipo cônica (figura 4.6) e quarteamento, resultando no material aqui codificado AM (amostra da mina). O restante das amostras foi devidamente acondicionado em sacos plásticos, identificados e reservados para uma eventual necessidade de testes adicionais. Retirou-se uma pequena alíquota desse material para ser pulverizado em um Moinho Pulverizador de Panela Orbital, e depois para ser analisado por Difração de Raio-X e por digestão total.
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- Entulho
A utilização do entulho neste trabalho foi escolhida em virtude da proposta de reabilitação da área feita pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto, que consiste em dispor o entulho de forma ordenada construindo um aterro no local. Objetivou-se montar colunas de lixiviação utilizando o entulho como sistema de cobertura e avaliando os benefícios do mesmo no abatimento da drenagem ácida.
A norma ABNT NBR 15114 classifica os resíduos de construção e demolição (entulho) em quatro classes:
Classe A - resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados de construções, reforma e demolição de pavimentos, de obras de infra-estrutura (incluindo o solo), de edificações (tijolos, argamassa, concreto) e de fabricação e/ou demolição de pré- moldados de concreto produzidos em obras;
Classe B – resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, metais e madeiras;
Classe C – resíduos para cuja reciclagem/recuperação não foram desenvolvidas tecnologias economicamente viáveis, como o gesso;
Classe D – resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Os resíduos de construção civil utilizados neste trabalho são provenientes de uma reforma no prédio do DEGEO/DEMIN da UFOP, localizados, portanto fora da área de estudo. Foram utilizados resíduos como: pedaços de concreto, tijolos de cerâmica, argila e concreto, gesso e pedaços de telhas de amianto, como podem ser observados na figura 4.7.
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Figura 4.6: Entulho proveniente de reforma no prédio DEGEO/DEMIN da UFOP.
O entulho selecionado foi classificado como A, C e D, e encaminhado ao Laboratório de Processamento de Minérios da UFOP, para ser cominuído em um britador de mandíbulas (Tipo Blake – 130 x 100 mm, 1 eixo excêntrico) e britador de rolos (120 x 80 mm). Após a britagem, passou-se o entulho na mesma peneira de construção civil utilizada para o material AM, a fim de se retirar as partículas maiores e igualar a sua granulometria ao material da mina.
Todo entulho foi misturado e homogeneizado pelo método cônico e retirou-se uma fração representativa para servir como sistema de cobertura na montagem das colunas de lixiviação (descritas no item 4.2.4.1). O restante do entulho foi, também, acondicionado em sacos plásticos de 20 kg, identificado e reservado.