Uma pesquisa científica certamente não se confina ao tempo de um Mestrado ou Doutorado, de forma que parte essencial de sua contribuição está justamente nas possibilidades de continuação que ela deixa.
Assim, neste capítulo final, listamos algumas direções para estudos futuros levanta- das pelo presente trabalho. Esta não é de forma alguma uma lista exaustiva de possi- bilidades, e nem tratamos de cada direção de forma detalhada.
Alguns trabalhos a serem realizados a curto prazo incluem:
• Validar as interpretações acerca do contexto de uso e a categorização temática de conversações junto aos sujeitos de pesquisa.
• Pelo fato de a experiência proposta estar relacionada ao contexto de uma empresa real, é necessário melhor compreender os requisitos e restrições da organização quanto aos temas associados à experiência, e.g., privacidade dos colaboradores e segurança da informação. Tal etapa (identificação dos requisitos da organização) já é inclusive prevista pela ISO 13407 (MAGUIRE, 2001). Essa compreensão po- deria ser obtida, por exemplo, através entrevistas com especialistas e análise do- cumental.
• Instanciar a descrição do contexto segundo componentes da análise do contexto de uso proposta por Maguire (2001).
• Incluir mais designers de diversas áreas nas atividades criativas de identificação de requisitos a partir da descrição do contexto, análise temática e descrição da ex- periência proposta. Isto permitiria a confluência de visões multidisciplinares so- bre um mesmo objetivo de pesquisa.
• Priorizar os requisitos do contexto. É interessante identificar que requisitos são mais importantes que os demais, tendo como critérios sua importância para os usuários, a complexidade tecnológica de implementação, etc.
• Prototipar a experiência ubíqua proposta e avaliá-la com usuários. Isto poderia ser feito através de um experimento do tipo “Mágico de Oz”, em que seriam si- muladas intervenções (com recomendação de conteúdo) em conversações entre os participantes e a reação destes àquelas, analisadas. Por exemplo: em um laborató- rio equipado com câmeras de vídeo, teríamos como participantes dois ou três co- laboradores (e.g., um líder de equipe e dois engenheiros de sistemas). Eles recebe- riam uma tarefa relacionada a algum tema sobre o qual não possuem muito co- nhecimento (e.g., realizar uma avaliação heurística de usabilidade sobre a inter- face gráfica de um sistema). À medida que os participantes fossem tentando exe- cutar a tarefa, o facilitador apresentaria conteúdos impressos (e.g., os levantados pela análise temática) de forma gradual. Toda a dinâmica, incluindo as conversa- ções entre eles, seria registrada em vídeo e as reações dos participantes às reco- mendações gradativas de conteúdo seriam analisadas posteriormente.
Outras possibilidades mostram-se factíveis a médio prazo, quais sejam:
• Redesenhar a interface gráfica do a.m.i.g.o.s no paradigma desktop para compor- tar novos elementos interacionais que representem a categorização temática pro- posta neste trabalho (Quadro 5, p. 91).
• Projetar em baixa fidelidade (e.g., prototipação em papel) a interface gráfica do a.m.i.g.o.s para o aparelho proposto – considerando-se o modelo de interação touch-screen – e avaliar tal protótipo com usuários.
• Prototipação física em baixa fidelidade do design do produto proposto (conside- rando-se a interação proposta e a integração sutil com o ambiente) e avaliação do mesmo com usuários.
• Realizar uma análise das palavras plenas (substantivos, verbos e adjetivos) para se determinar a relevância de cada tipo de palavra plena falada em cada bloco con-
versacional. A relevância e a frequência de cada palavra determinariam o peso de cada palavra plena nas buscas (queries) à base de dados para recomendação de conteúdo. Como a inteligência artificial disponível ainda não consegue identificar pela fala as diferentes categorias de tema, considerar-se-ia uma média da relevân- cia de cada palavra plena em todos os temas levantados. Aqui a unidade de con- texto da análise seria o bloco conversacional. A unidade de registro seriam pala- vras ou pequenas expressões, visto que os mecanismos de reconhecimento de fala mais comuns buscam identificar cada palavra falada.
Por fim, pesquisas que demandarão um maior prazo incluem:
• Realizar a análise das conversações considerando outros aspectos semióticos das mesmas que não apenas o textual (e.g., gesticulação, uso dos objetos ao redor e linguagem corporal).
• Realizar uma análise de turnos de fala para identificar quando (e não apenas com o quê) sugerir conteúdos durante uma conversação.
• Implementar um protótipo funcional do produto proposto e analisar seu impacto real na vida de uma amostra de usuários (e.g., algumas equipes de projeto).
• Investigar se seria apropriado e factível alimentar o a.m.i.g.o.s com conhecimen- tos no paradigma ubíquo durante o fluxo das conversações no ambiente de traba- lho, e conceber tal experiência de uso.
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