• Nenhum resultado encontrado

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Trabalhos realizados na área

Nas últimas décadas, notou-se um desenvolvimento exponencial do voleibol devido à criação de campeonatos e às alterações nas regras, o que tornou o jogo cada vez mais competitivo, dinâmico e veloz (Ribeiro, 2008). Deste modo, o aperfeiçoamento da técnica e a aquisição de novas habilidades pelos atletas torna-se essencial para um bom rendimento da equipe. O ataque é o fundamento que melhor define o sucesso da equipe em uma partida de voleibol (Mesquita e Marcelino, 2008; Campos et al., 2014; Campos et al., 2015), e o seu desempenho está diretamente relacionado com a altura do salto (Forthomme et al., 2005; Stanganelli et al., 2008; Sattler et al., 2015).

Em vista disto, investigações têm sido conduzidas a fim de determinar a maneira mais eficiente e correta de se executar o movimento de ataque do voleibol e, consequentemente, minimizar os riscos de lesão. No estudo de Wagner et al. (2009), 16 jogadores de voleibol experientes foram filmados por meio de um sistema de câmeras tridimensionais durante a execução de um ataque. O objetivo da pesquisa foi identificar os parâmetros cinemáticos que mais contribuem para a altura do salto de ataque do

voleibol. Os autores concluíram que a velocidade horizontal máxima do centro de massa, a altura mínima que o centro de massa atinge no momento precedente ao salto e a velocidade angular da articulação do ombro são parâmetros que contribuem de forma significativa para o aumento da altura do salto de ataque.

Em contrapartida, no estudo de Mcerlain-Naylor et al. (2014), 74% da variação do desempenho do salto em contramovimento pode ser explicado com os parâmetros: pico da potência do joelho, ângulo do ombro no início da fase de voo e pico da potência do tornozelo. E ainda, dois parâmetros cinemáticos explicaram 58% da variação de altura do salto: ângulo do ombro no início da fase de voo e ângulo do tornozelo no início da fase de voo.

Apesar do salto de ataque do voleibol ser caracterizado por um contra movimento, ou seja, antes do salto propriamente dito (fase de voo), é realizado um movimento na direção oposta (para baixo), os parâmetros que contribuem para o melhor desempenho deste salto e do salto vertical em contramovimento podem ser diferentes, como os encontrados nos estudos dos autores supracitados Wagner et al. (2009) e Mcerlain-Naylor et al. (2014). Esta diferença pode se dar pelo fato de que o salto em contramovimento é iniciado a partir de uma posição estática e o salto de ataque inicia-se com uma corrida de aproximação.

Embora estes estudos apresentem resultados relevantes para o conhecimento científico sobre as variáveis cinemáticas e dinâmicas determinantes no desempenho do salto, não há contribuições no que diz respeito à influência da atividade eletromiográfica para uma melhor performance.

Estudos sobre o salto vertical em contramovimento discutem a influência da magnitude da flexão do joelho e da inclinação do tronco no início da fase concêntrica do salto (fase ascendente) (Vanrenterghem et al., 2008; Gheller et al., 2014; Mandic et al., 2015). Gheller et al. (2014) estudaram o efeito da profundidade do agachamento no desempenho e em parâmetros biomecânicos do salto vertical em contramovimento em 22 atletas de vôlei e basquete em três condições diferentes: flexão máxima do joelho menor que 90°; maior que 90° e grau de flexão preferida do atleta. De acordo com o

36

resultado da pesquisa, o desempenho do salto foi melhor nas condições "menor que 90°" e "grau de flexão preferida" do que nos saltos executados com menor magnitude de agachamento (flexão máxima do joelho maior que 90°). Já na pesquisa de Mandic et

al. (2015), aponta que embora possa existir o valor ideal da profundidade do

agachamento, o seu papel no desempenho máximo do salto poderia ser relativamente pequeno.

Vanrenterghem et al. (2008) analisaram o salto vertical em contramovimento com inclinação do tronco à frente e com o tronco na vertical em 20 atletas. Os achados deste estudo afirmam que o desempenho do salto realizado com o tronco na vertical sofreu uma redução de 10%, além de induzir o aumento da flexão do joelho em 8% e, consequentemente, aumentar 19% no torque máximo e 13% na potência máxima do joelho durante a fase propulsiva.

Apesar da vasta pesquisa sobre o salto vertical a partir de uma posição estática, sendo algumas delas citadas e descritas acima, ainda há poucos estudos sobre o salto de ataque no voleibol no que diz respeito às variáveis mais importantes para o melhor desempenho na altura do salto e, além disso, não foram encontrados estudos sobre a eletromiografia durante este tipo de salto nas bases de dados consultadas para esta revisão. O possível motivo para isto, pode ser devido à dificuldade de coletar os dados de eletromiografia em um movimento dinâmico como o salto de ataque do voleibol.

Gheller et al. (2014), além de estudarem a influência da profundidade do agachamento no salto em contramovimento no que diz respeito aos aspectos cinemáticos, também analisaram os valores de RMS (Root mean square) da atividade eletromiográfica dos músculos reto femoral, bíceps femoral e vasto lateral nas diferentes magnitudes de agachamento proposto pelo estudo. Os autores não acharam diferença significativa na ativação muscular entre as três condições analisadas. Ou seja, de acordo com os resultados, os músculos ativam de maneira semelhante independentemente da quantidade de agachamento realizado. Este estudo não fornece informações quanto ao comportamento da ativação muscular ao longo do movimento, o que poderia ser uma análise enriquecedora para o conhecimento do salto.

Mackenzie et al. (2014) analisaram a envoltória do sinal eletromiográfico durante a execução do três saltos executados em condições diferentes: squat jump, salto vertical e power clean. Neste estudo, os autores descrevem o comportamento da atividade de cada músculo analisado (vasto medial, reto femoral, bíceps femoral, glúteo médio e gastrocnêmio medial). Contudo, não está claro na literatura se os músculos se comportam da mesma forma durante a execução do salto de ataque.

CAPITULO III

Documentos relacionados