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A MODELAGEM MATEMÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

1. Trajetórias da Modelagem Matemática

A Modelagem Matemática vem causando um grande interesse nos pesquisadores, por se apresentar como uma alternativa metodológica diferenciada, no ensino dos conteúdos da Matemática. A história da Modelagem Matemática no Brasil se tornou conhecida desde o final da década de 70.

Segundo Meyer, Caldeira e Malheiros (2011),

A história da Modelagem Matemática na Educação Matemática, no Brasil, remete ao final da década de 1970. Ainda que profissionais, por vezes agregados em torno de temáticas associadas ao que se convencionou chamar “Matemática Aplicada”, já estivessem familiarizados com esta perspectiva de “fazer matemática”, foi a partir dessa época que professores, e porque não dizer alunos, de diferentes níveis de escolaridade, passaram a ser os personagens principais dessa história (MEYER, CALDEIRA, MALHEIROS 2011, p. 9).

A partir desse impulso, como identifica o autor, muitas transformações estavam acontecendo nessa época. A Modelagem veio se formando como uma maneira de expressar os conteúdos matemáticos em diferentes formas, tentando trazer esse ensino, o máximo possível, para a realidade. E, apesar das fragilidades que essa estratégia de ensino passou, até se firmar ao longo dos anos, desde o início, já era utilizada por professores mais atualizados.

Apesar de esta metodologia de ensino ser iniciada na Educação Matemática desde a década de 70, houve um longo percurso, incluindo pesquisas, experimentações e problematizações, para a concretização da Modelagem. Essa prática de ensino foi se tornando conhecida e aprovada juntamente com algumas transformações na área da Matemática.

Meyer, Caldeira e Malheiros (2011) reflete sobre a provisoriedade do saber, em relação à Educação Matemática, e constata que, mesmo com poucos investimentos em pesquisas e práticas de Modelagem, esta continuou evoluindo e é considerada um método capaz de apresentar os conteúdos matemáticos a partir da cotidianidade.

Com o seu desenvolvimento, a Modelagem Matemática, acarretou uma série de características que beneficiavam o ensino e as experiências vivenciadas pelos alunos, pois esta estabelece, como prioridade, a realidade em que se vive, envolvendo assim o aluno em uma ação que terá que resolver usando conhecimentos prévios e fatos vivenciados em seu cotidiano.

Na Modelagem, o sujeito é um dos principais componentes. Segundo Meyer, Caldeira e Malheiros (2011, p. 25) “O sujeito do processo cognitivo é o apreendedor, é o aluno. Cada pessoa constrói seu conhecimento, o sujeito atribui significados pelos próprios meios”. E esse processo é construído na realidade que se vive, concretizando e simulando uma situação que será resolvida.

A Modelagem Matemática é foco de pesquisa na Educação Matemática, a qual contribui com reflexões e construção de conceitos, a respeito dos processos dessa prática de ensino. Borba e Villarreal (2005) contribuem dizendo que ela emergiu a partir de ideias e trabalhos de Paulo Freire, Rodney Bassanezi, João Frederico Meyer e de Ubiratan D’Ambrosio, no final da década de 70 e começo da década de 80, os quais estimaram aspectos sociais em salas de aula. Com os feitos desses pesquisadores, discussões sobre a elaboração de modelos matemáticos, em consonância com outras

ideias sobre o ensino dos saberes da Matemática, colaboraram, segundo Biembengut (2009), para que a Modelagem se tornasse uma linha de pesquisa na Educação Matemática.

A partir do momento em que a Modelagem Matemática foi se estabelecendo no Brasil, esta teve precursores que foram fundamentais nesse processo de apresentação, conhecimento e consolidação, de uma alternativa metodológica, sendo alguns deles: Barreto (1976), D’Ambrosio (1977), Bassanezi (1982), Meyer (1985) e Gazzetta (1987) que deram início no movimento, conquistando aderentes por todo o Brasil. Esses precursores contribuíram com discussões sobre como se faz um modelo matemático, as várias formas de criar situações reais, o ensino a partir da Modelagem e, ao mesmo tempo, permitindo o surgimento da pesquisa de Modelagem no ensino brasileiro.

Segundo Biembengut (2009), os pesquisadores Barreto e Bassanezi, contribuíram significativamente para a implantação e desenvolvimento da Modelagem Matemática, na Educação brasileira. Os resultados positivos, apresentados por esse recurso metodológico, impulsionaram os trabalhos nessa área, além de conquistar mais seguidores.

Assim, ao longo da história, com a influência desses precursores, a Modelagem Matemática começou a fazer parte das práticas educacionais de Matemática, e alguns autores afirmam que, mesmo sem ter um nome específico, já fazia parte da História da Educação Matemática.

Para Biembengut e Hein (2003, p. 8), “[...] a Modelagem é tão antiga quanto a própria Matemática, surgindo de aplicações na rotina diária dos povos antigos”. A Modelagem já se manifestava há anos atrás, mas com as pesquisas e o impulso de seu uso em grandes universidades, ela se tornou conhecida e relevante.

Segundo Bassanezi (2006, p. 16), “Modelagem Matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real”. Esta prática de ensino foi classificada como um recurso, que proporciona uma aprendizagem real, em que as situações-problema de uma realidade, permitem um raciocínio concreto.

Ao longo dos anos, a Modelagem Matemática foi se expandindo, visando a Modelagem no Ensino Fundamental, no Ensino Médio e no Ensino Superior. Muitos

autores como Bassanezi (2009), Biembengut (2009) e Meyer, Caldeira e Malheiros (2011) trabalharam para o desenvolvimento dessa prática.

Os conceitos, a importância e o foco de atuação da Modelagem Matemática promovem muitas discussões e contribuições de diversos autores que serão tratados a seguir, enfatizando uma série de aspectos significativos dessa prática de ensino.