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- Qual o conceito da sua marca no contexto do mercado de moda?

O nosso conceito loja das meias é que nós somos uma loja multimarcas que oferece produtos de luxo e produtos premium. No fundo, acabamos por ser mais do que uma loja multimarca, acabamos por ser uma marca de moda também. Acabamos por oferecer moda e serviço.

-A sua marca pertence a um nicho de consumidores?

Sim, posso dizer que sim. Não é para todas as pessoas, mas são pessoas que se identificam com os produtos que nós oferecemos, que gostam de moda e que gostam de ter um serviço de excelência.

Digamos que não é um mass market. Qualquer pessoa pode cá vir para comprar como é obvio e é bem vinda mas tem de ter poder de compra.

-Devido à pandemia causada pela Covid-19, muitas marcas

tiveram de reinventar a sua forma de comunicação, num curto espaço de tempo. De que forma a sua marca/empresa se ajustou a este facto, teve de mudar a abordagem de comunicação ou manteve a que já tinha?

Não, intensificamos muito a comunicação digital,fizemos grupos de trabalho a nível interno, em termos de comunicação interna eu acho que também é muito importante mas sobretudo para o exterior intensificamos toda a comunicação digital.Portanto, houve de facto uma mudança grande até porque as pessoas não podim vir às lojas em 2020 e em 2021. Houve lojas que estiveram fechadas quase 4 meses, portanto a comunicação teve que ser virada mais no sentido de irmos ao encontro dos clientes.Houve um trabalho enorme nessa área que já estava a ser feita mas que foi intensificada.

-Acha que as marcas de luxo comunicam muito pouco com o seu público? Se sim, em que aspetos na comunicação considera que as marcas deveriam trabalhar mais de forma a atrair novos clientes?

Não, não acho que as marcas de luxo comuniquem pouco com os clientes. Não estou nada de acordo com isso. Acho que as marcas de luxo comunicam bastante com os clientes, muitas vezes são pioneiras na forma como estão a comunicar. Eu refiro-me á minha área de negócios obviamente, às áreas de luxo e premium. São muitas vezes vanguardistas na forma como é feita a comunicação.

Não estou mesmo nada de acordo até porque têm mais poder financeiro e, portanto, acabam por investir mais em áreas que se calhar outro tipo de produtos ou outro tipo de marcas não têm essa possibilidade.

-O que falta nas marcas de moda nacionais para serem mais atrativas/apelativas, quer ao consumidor interno quer externo?

Eu acho que há muitas marcas portuguesas que estão a comunicar bem. Hoje esta parte digital, esta parte dos sites, das redes sociais veio a facilitar muito e potenciar muito a vida a essas empresas mais pequenas e empresas de nicho. Portanto há uma oferta enorme de possibilidades que através destes meios mais digitais que de outra forma, uma empresa pequena muito difícil de conseguir vingar. Em relação às marcas portuguesas, eu acho que há muitas marcas portuguesas que atualmente, inclusivamente estão a exportar muito lá para fora devido a essas novas possibilidades e estas novas tecnologias. Se as marcas portuguesas não fazem mais é também por o nosso mercado ser muito pequeno e, sendo muito pequeno tem menos capacidade financeira de comunicar e de crescer e por isso é que também muitas empresas portuguesas ou marcas portuguesas conseguem vingar-se, de conseguirem começar a exportar porque no fundo o mercado é muito maior. Só fazendo uma comparação agora em relação a nós portugueses que somos dez milhões de habitantes, comparando com a nossa vizinha Espanha, são cinco vezes mais e com poder de compra muito superior. É evidente que tem tudo a ver com a dimensão do mercado.

-Sentiu que o comportamento de compra dos consumidores veio a alterar-se significativamente com o surgimento da pandemia?

Houve várias coisas que alteraram. Para começar, as pessoas numa primeira fase acabaram por fazer escolhas diferentes. Eu penso que aos poucos e poucos vai voltar tudo de alguma forma àquilo que era em 2019, mas em termos de escolha de produtos, as pessoas, refiro-me ao público nacional, houve uma maior procura de roupa mais confortável, muita venda de ténis, sapatos mais rasos. Os casamentos como se pode saber foram muito limitados e portanto, esta procura de vestidos de cerimónia ou vestidos de festa tiveram que ser suspensos e as escolhas de produtos de alguma forma foi dirigida e redirigida à realidade que se estava e que se viveu durante o ano 2020 e 2021.

Agora aos poucos e poucos as coisas vão mudando e sabemos e temos esperança que as coisas para bem de todos nós voltem a ser de uma forma diferente, que as pessoas possam ter mais oportunidade de conviverem, de irem a festas, casamentos, de viajar, ir a restaurantes, tudo isto vai acabar por trazer outro tipo de consumo.

-Como é feito o processo de comunicação para as marcas de moda portuguesas de forma a obterem exposição internacional?

Bem, o que as marcas de moda fazem para ter exposição lá fora eu não lhe posso responder. Posso responder-lhe daquilo que eu sei. Nós para termos exposição lá fora existem várias maneiras de fazer mas que não tem a ver com a Loja das Meias concretamente, ou no limite poderá ter, portanto uma marca de moda portuguesa para ter visibilidade lá fora tem que estra muitas vezes em feiras, que também foram suspensas nestes dois anos de Covid e uma grande parte delas estão e são apoiadas pelo ICEP como todos nós sabemos. Existe um forte apoio em termos financeiros, em termos de apoio logístico para as marcas portuguesas para estarem presentes lá fora. Depois as marcas portuguesas também para serem mais visíveis lá fora têm que trabalhar o mercado lá fora, ou seja, têm que investir também nas redes sociais através de publicidade no Google, seja Instagram, Facebook, Twitter ou o que quer que seja, têm que investir lá fora da mesma maneira que cá em Portugal têm que investir se querem ser conhecidos lá fora. Depois disto existem outros caminhos como a publicidade tradicional ou estarem presentes em showrooms de moda internacional. Há todo um caminho que tem que ser percorrido.

No caso da Loja das Meias concretamente, como é que nós conseguimos chegar a um público estrangeiro? Conseguimos fazer, cá está, publicidade através do Google, Facebook, Instagram, em mercados que não sejam só portugueses. Isso consegue ser feito, as plataformas permitem que assim seja feito. Podemos e apostamos em estra em locais onde existem muitos turistas estrangeiros, estou a referir-me a hotéis de cinco estrelas porque no fundo acabam por ter clientes que tenham a ver com o tipo de produtos que nós oferecemos ou estar presentes em eventos onde

à partida sabemos que há muitos estrangeiros, portanto existe uma panóplia de oportunidades mas não há dúvida que as empresas para se darem a conhecer têm que reservar mediante dos seus gastos um orçamento previsto para investir nessas áreas.

- Na sua opinião qual o futuro do retalho de luxo?

É de crescimento.

-Na sua opinião quais serão as grandes tendências do retalho de luxo?

O que você entende por grandes tendências? As grandes tendências é o continuo do mercado de luxo, é continuar a instalarem-se nas melhores artérias, é continuar a investir em cada vez mais na área digital, porque acaba por tocar em mercados mais longínquos, maiores e portanto acabam por tornar a sua marca mais conhecida, mais apetecível e fazer mais vendas. A área digital é incontornável hoje em dia.

-Atualmente, acha que o consumidor compra mais em plataformas digitais de marcas de luxo ou em loja física?

Nos dois sítios. O físico não morreu de maneira nenhuma até porque há muitas pessoas que veem a parte digital, a publicidade, as tendências, mas depois preferem vir às lojas experimentar, conversar. Faz tudo parte também de um outro registo, mas que é fundamental, porque no fundo acaba por ser muito mais humano. Uma coisa não dispensa a outra.

-Na sua opinião quais são as marcas de luxo que se destacam mais no mundo digital? Porquê?

Isso há muitas, não vou mencionar todas.

Há imensas de luxo. Há a Dior, por exemplo, que está super in nas redes sociais e na parte digital, a Céline, Etro, Givenchy, há muitas marcas, mas sendo de luxo ou premium ou mesmo sem ser desta gama, hoje em dia a parte digital é uma realidade para todas as marcas, para todos os negócios.

A nova geração não dispensa isso, daí também o facto de haver tanta gente a ver as coisas e há um mercado tão grande a parte tem que ser inovadora e muito criativa e cada vez há de haver um investimento maior nessa área, mas não quero com isto dizer que as pessoas dispensem a loja física.

De maneira nenhuma. Não vão dispensar porque a loja física traz toda uma experimentação, vivência, um episódio que é muito mais humano e que as pessoas gostam.

-Em que medida o aumento da concorrência influenciou a sua marca?

Atualmente os mercados em qualquer área, seja moda, seja restauração, hotelaria, transportes, computadores têm de viver num mundo super concorrencial. Cada vez mais as empresas têm de estar atentas à concorrência e serem super profissionais. Tem de haver uma dedicação e um esforço enorme, as pessoas têm de estar muito motivadas com a preocupação de estarem sempre a inovar, de manterem a equipa motivada, portanto a concorrência existe. Ela veio para ficar e é incontornável.

E como é que influenciou? Influenciou em que todos nós temos de ser super profissionais em qualquer área que seja. Até na área da saúde tem de ser gerido com muito profissionalismo.

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