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Transcrição da entrevista realizada à professora cooperante

1. Gostaria de começar por lhe pedir que falasse sobre a sua experiência com atividades de cariz investigativo e relativamente ao PFEEC, Programa de Formação em Ensino Experimental das Ciências.

Eu tirei a formação em Ciências Experimentais e foi mais nessa altura que comecei a trabalhar mais as ciências experimentais também nas minhas salas de aula. Embora, claro, que havia sempre aquelas experiências que nós já fazíamos porque nos manuais deles vinham e nós fazíamos e havia outras que não vinham no manual que também fazíamos. Só que foi realmente a partir do momento em que eu tirei a formação, que comecei a fazer mais as ciências experimentais em salas de aula e coisas mais elaboradas, não só exatamente o que vinha nos manuais. E embora, nós tenhamos sempre limitações de tempo, vocês também vão ter, tento sempre fazer alguma coisa a nível das ciências experimentais. Agora com vocês, este ano foi à grande! Foi assim uma coisa mais do que aquilo que costumo fazer anualmente. E vamos lá ver se vamos continuar, vamos continuar não com esta frequência que vocês faziam, mas vou tentar continuar também a manter este sistema dos grupos como eu disse, porque eles estão também entusiasmados.

2. Relativamente ao trabalho cooperativo, qual é a sua opinião sobre a importância do trabalho cooperativo?

Eu acho que é muito importante o trabalho de grupo, não costumo tanto trabalhar no 1.º ano, embora com esta turma já o tivéssemos feito, iniciámos com vocês, mas no 1.º ano não dou assim tanta importância. Depois no 2.º ano, já fazemos alguns trabalhinhos e no 3.º e 4.º ano é costumo mais trabalhar em grupo com as turmas. Esta, iniciámos logo no primeiro ano e acho que correu bem, este ano continuámos e viu-se que houve evolução, portanto se calhar daqui para a frente até começo logo nos primeiros anos a fazer qualquer coisinha porque acho que correu bem.

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3. O que pensa do trabalho cooperativo enquanto instrumento facilitador das aprendizagens dos alunos em atividades investigativas?

Sim, nestas e noutras. O trabalho de grupo é importante, também como o trabalho individual é. Embora nós, e por motivos de falta de tempo se calhar, porque o trabalho de grupo envolve umas tarefas que demoram mais tempo, por falta de tempo acabamos por recorrer mais ao trabalho individual ou ao trabalho mais expositivo e não acabamos por fazer tanto o trabalho de grupo. Mas claro que é importante nestas atividades de ciências e também noutras.

4. A professora já referiu que considera que houve evolução. No entanto gostaria que aprofundasse mais sobre o que achou da dinamização do trabalho cooperativo na turma, bem como considera que funcionaram os grupos.

O trabalho de grupo são sempre atividades mais barulhentas e por isso mesmo, aquelas primeiras vezes eu achei aquilo muito barulhento, mas acho que eles evoluíram. Cada trabalho que nós fazíamos, cada nova tarefa que eles tinham, a coisa corria melhor e às vezes, até mesmo o barulho que havia aí em sala de aula era mesmo barulho de eles estarem a falar sobre aquilo, o que não se notou nos primeiros, porque eles estavam a brincar. Nas primeiras eles estavam a brincar, não houve tanto o fruto que nós esperávamos daquele trabalho de grupo, não foi tão evidente, o que já não aconteceu nos últimos. Portanto, houve realmente uma evolução, eles perceberam o que era trabalhar em grupo, cada tarefa que se ia apresentando havia sempre mais uma evolução e acho que resultou muito bem. Já tínhamos inclusivamente falado disso, estes últimos, apesar daquele burburinho que havia e porque há sempre no trabalho de grupo, a gente já sabe, mas resultava do trabalho efetivamente que eles estavam a fazer e não da brincadeira das primeiras tarefas apresentadas.

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5. Agora mais relacionado com como regiram os alunos… Como reagiram os alunos na concretização das diversas propostas de trabalho?

Eu acho que eles reagiram sempre muito bem, houve umas que eles perceberam logo o que era para fazer e essas resultaram francamente melhor. Isso aconteceu também nas primeiras, em que eles não perceberam exatamente o que era para fazer não resultaram tão bem. Depois da nossa conversa, de vocês próprias também começarem a apresentar as coisas de uma forma diferente e de eles perceberem com um fio condutor o que era para fazer, eu acho que resultou muito bem.

Tal como a utilização de vocabulário mais adequado…

Exatamente… Aqueles procedimentos que vocês começaram a dar, eles sabiam

exatamente o que é que tinham que fazer. A questão-problema, formularem a questão- problema, a partir daí os procedimentos, o que temos que fazer, tudo isso, todas essas orientações são muito importantes também para que começasse a resultar melhor. As

primeiras, eu achei que houve ali… não é que vocês não tenham dado as orientações, se

calhar não foram tão precisas. A partir do momento que vocês começaram a dar mais importância a essas orientações e que eles perceberam claramente qual era a questão- problema, o que é que tinham que fazer para chegar ao resultado, à resposta, eu acho que começou a correr muito muito melhor.

7. Por último, na sua opinião esta modalidade de trabalho funcionou como instrumento de aprendizagem?

Sim, claro! Sim, aprendizagem a todos os níveis, não só ao nível do trabalho que eles estavam a realizar, da experiência em sim, mas também aprender a trabalhar em grupo, porque eles não sabiam trabalhar em grupo. E isso notou-se perfeitamente nas primeiras tarefas que fizemos, por isso é que houve mais barulho, por isso alguns não fizeram e só fizeram outros, porque aquilo para eles de estarem em grupo era uma forma de estarem a brincar, estavam ali mais juntinhos, podiam brincar melhor, conversar sobre tudo menos daquilo que se pretendia. Mas a pouco e pouco, eles foram aprendendo a trabalhar em grupo, e nestes últimos já se viu que todos, salvo uma ou outra exceção que há sempre, mas

142 praticamente todos estavam já a conversar, a perceber, a tentar investigar, a tentar fazer os procedimentos para chegar à resposta. Acho que foi uma aprendizagem não só ao nível das ciências experimentais, mas também de como trabalhar em grupo, porque trabalhar em grupo serve para as ciências experimentais, para fazer um cartaz sobre um tema qualquer (que nós fazemos muitas vezes aqui e que vocês também fizeram). E mesmo quando foi para fazer os cartazinhos, eles aplicaram as regras que vocês ensinaram para o trabalho das ciências experimentais, mas eles também o aplicaram nesse trabalhinho de grupo que não tinha a ver com as ciências.

8. Quer referir ou acrescentar mais algum aspeto relacionado com este assunto que considere importante?

Só o facto de realmente de não começar logo no primeiro ano, como já disse, a trabalhar em grupo e que, se calhar, também com esta aprendizagem que fiz convosco, se calhar na próxima turma que eu apanhe vou logo iniciar no primeiro ano porque até resultou bem. Porque no 1.ºano, eles têm muito poucas regras, a gente gosta mais de trabalhar as regras e daí não ter o hábito do trabalho de grupo no 1.º ano, mas como resultou e até fizemos alguns o ano passado e resultou, se calhar na minha próxima turma também começo logo no primeiro ano. Também aprendi algumas coisas convosco aqui, mas é isto que é ter estagiárias. Nós tentamos passar para vocês algumas coisas que nós vamos adquirindo aqui também, mas também aprendemos com vocês. Eu digo isso muitas vezes aos pais, às vezes é complicado para mim, fazer cumprir o programa que eu tenho, a planificação que eu tenho, porque eu tenho também cá as professoras estagiárias e também tenho que lhes dar algum tempo para elas implementares as suas planificações e depois falta-me para outras coisas, mas depois também há outras coisas que são boas que elas nos ensinam e que nos ajudam. Portanto isto é uma partilha, e isto foi também uma partilha! Vocês aprenderam e eu aprendi também algumas coisas, e é isto que é receber professores estagiários.

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