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Transcrição das entrevistas dos estudantes surdos:

No documento Rômulo Ramos Nobre Júnior (páginas 114-126)

Capítulo III – Educação e Inclusão de estudantes surdos no Campus Gama

Anexo 2 Transcrição das entrevistas dos estudantes surdos:

Perguntas Estudante surdo Danilo

A identificação da surdez em sua vida (tipo, idade, etc.)

Minha mãe disse que eu nasci um pouco ouvinte, conseguia ouvir alguma coisa, mas ao longo da vida, as brincadeiras, os irmãos e familiares, percebia que estava bem feliz, mas ficava preocupada com cuidados com os irmãos, tinha preocupação financeira porque a mãe estava sem trabalho e tinha dificuldades em relação à fome e tudo, não tinha uma casa perfeita, era uma casa de madeira, era uma família muito pobre e eles perceberam a minha dificuldade e aí começaram a reclamar e eu aparentemente não entendia nada, não entendia o problema que estava acontecendo com a minha família. Mais ou menos com 7 anos comecei a andar, dei de cara com um vizinho que cuidava de um cachorro pastor alemão e ele não tinha trancado o portão e pensei que era normal, que podia brincar, entrar sem problemas, aconteceu que o cachorro mordeu aqui [apontando para o ombro direito], ele realmente não estava preso, não estava seguro e entendi que não foi maldade do cachorro, que não estava preso, eu não ouvia nada e hoje eu não escuto nada, eu sentia que ouvia alguma coisa, mas aos poucos fui percebendo, a mãe levou ao médico e eles pesquisaram e constataram que tinha um problema sério no coração também, eu também não sabia que a mãe já sabia, que já tinha percebido isso ao longo da vida, e ele não tinha entendido, aí os médicos encontraram esse problema no meu coração e não sei se realmente estou melhor. Tive um problema de saúde, mas agradeço a Deus que estou com saúde bem melhor e que Deus tem cuidado muito de mim, consigo passear, viajar para qualquer lugar sem problemas, quando estou andando às vezes percebo que tenho uma preocupação com a morte, mas a minha mãe está sempre me alertando, mandando WhatsApp para eu ficar calmo e entendo que tenho que concordar com ela, que ela está certa.

Primeiro contato com a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS

Até mais ou menos uns 11 anos de idade, na escola classe 12, não conhecia, não tinha contato com letras, com papéis e não conhecia as informações, tinha muita dificuldade para entender, escrevia parecendo rabisco e o professor não entendia nada porque eu nunca tinha tido contato com letra antes. Daí na escola classe 12 aqui no Gama tive auxílio de um intérprete e comecei a desenvolver melhor e tinha alguns problemas com surdos, brigas, normais, mas acabei aprendendo. Contato com libras começou a partir dos intérpretes, porque os professores não conseguiam manter comunicação, isso aconteceu mais ou menos quando tinha de 11 para 12 anos. Os professores não conheciam os sinais e eu também não conhecia. Consegui desenvolver a partir da quinta série, depois da escola classe 12, daí fiquei primeira, segunda, terceira e quarta, e depois precisava aprender mais na quinta, sexta, sétima e oitava eu estava na escola classe 8 onde passei todo esse período.

- A LIBRAS foi sua primeira língua? Com que idade teve o primeiro contato?

Libras. Português eu não gosto muito, tenho dificuldade, libras de acordo com o decreto é direito, o que eu mais me identifico é com português adaptado para que eu possa continuar aprendendo. Eu não aprendi nada, tinha contato com a minha família, mas eu sempre calado, surdo e aí quando eu entrei na escola classe 12 é que eu tive contato com a língua de sinais com os intérpretes aí eu pude aprender com os sinais, então eu considero que eu aprendi primeiro LIBRAS para depois aprender o português, assim eu fiquei feliz em conseguir ter uma comunicação efetiva.

Acompanhamento de intérprete de LIBRAS na educação básica

Tive na quinta série, não tive na sexta série, na sétima eu tive intérprete, no primeiro ano eu não tive e no segundo e no terceiro eu tive, e agradeço a Deus por isso, porque ele sabe que a gente quer, a gente tem que lutar pelos direitos, porque a gente tem os nossos meios de comunicação e a gente precisa dos intérpretes, que são profissionais essenciais para a gente, essenciais para que eu tivesse passado de ano

Dificuldades

enfrentadas na educação básica

A principal dificuldade que eu encontrei foi na quinta e na sexta, eu achei difícil, mas quando chegou lá percebi que a coisa ia ficar um pouco mais complicado e tive muitas dificuldades em relação ao significado das palavras, mas o resto foi normal.

Aspetos mais relevantes da sua formação escolar

Na minha educação básica eu tive um aprendizado um pouco mais lento por conta da dificuldade com o português e da diferença da Língua Portuguesa. Para nós surdos a estrutura é diferente, temos dificuldades com a base do português que o nosso aprendizado foi de certa forma mais lento que os ouvintes, mas observava que à medida que fui crescendo nos estudos, fui percebendo que estava conseguindo conhecer e identificar essas dificuldades que trava o surdo, daí eu já estou acostumado em conhecer e em decodificar essas palavras do português.

Em quais disciplinas teve maior dificuldade?

Em matemática e em português era fácil e relativamente fácil o espanhol e em inglês era difícil, eu até gostava da professora, mas senti a matéria difícil e não aprendi quase nada, em química eu também não entendi nada, em biologia eu tinha dificuldades, física também, Deus me livre, história também gostava, geografia dependendo do assunto.

107 Com que idade concluiu

o ensino médio?

Com 23 anos eu terminei, porque eu entrei aqui no IFB com 24.

A interação deles com estudantes ouvintes

Eu como sujeito surdo, vivia mais com meu grupo, que usava língua de sinais. Os ouvintes chamava a gente para estabelecer um relacionamento, mas dependia muito da pessoa, se era uma pessoa boa, mas a gente percebia algumas pessoas que não eram boas. As pessoas daqui (IFB) são legais, muito mais naturais, digo em relação aos alunos do ensino médio mesmo, às vezes alguém oferecia um doce e eu não sabia o que era, não gostava daquilo, mas tinha algumas pessoas normais, faltava um pouco de educação para com a minha cultura, enfim eu achava um pouco estranho a atitude, consciência, responsabilidade, mas no geral não tinha problema com os ouvintes.

A interação deles com os intérpretes de LIBRAS

Eu conheci a Carol, aí eu pensava que a Carol quando ela chegou, eu achei estranho porque ela parecia surda e eu assustei. Soube pela Jaqueline que me avisou que ela era intérprete e a gente passou a ter um relacionamento, trocar experiências juntos e ela me ajudava nas apresentações e tudo e eu sou muito grato pelo trabalho que eu tive com a Carol, tive uma relação especial com a Carol.

A interação deles com os professores

Com os professores eu tenho por mim que a minha relação com eles foi boa e eu tive nenhuma dificuldade.

Como conheceu o IFB e a motivação para se matricular no curso em questão

Eu não conhecia o que é IFB e aí eu vi uma placa, não entendi muito bem o que era, daí pesquisei as vagas, perguntando informações, e eu conheci o Marcos que foi intérprete daqui no começo do IFB e começamos a conversar sobre o Instituto Federal e daí ele foi até a secretaria comigo obter informação, de que cursos tinham, e tinha um curso de técnico em agronegócio que era tranquilo, que era legal, tinha também o curso técnico em logística e aí fiquei pensando e escolhi o técnico em agronegócio, daí na secretaria o Marcos perguntou se era difícil de aprender e continuar e comecei em 2013 e aí fui tendo contato com os professores daqui do Instituto Federal, eu não conhecia o significado de algumas palavras e como o Marcos me acompanhava ele me ajudava a entender aí passei o primeiro semestre, fui para o segundo semestre e até agora eu me sento vitorioso por que concluiu o curso em dezembro e me formei. Na época das inscrições só tinha agronegócio e as matérias do curso de logística não me atraíram, nem o de química, então eu optei pelas matérias do agronegócio, eu gostei muito e aprendi bastante.

Pontos positivos que ajudaram na permanência no IFB

Agradeço muito a Deus por isso. Em Brasília às vagas para técnicos são relativamente poucas e tive oportunidade porque ter acesso à comunicação e muitos outros não têm acesso porque tem problema com comunicação, agora eu me sinto um profissional responsável, posso visitar empresas ou qualquer outro lugar, habilitado para procurar esse tipo de emprego na área do agronegócio.

Dificuldades

encontradas durante os estudos no IFB

Aqui não encontrei nada de dificuldade, o IFB é tranquilo, é fácil.

Quais foram os pontos positivos que o ajudaram durante o curso no IFB? Material adaptado? Recursos visuais? Metodologia de ensino adaptada?

Bom, na sala de aula eu procurava estudar bastante e ficar firme porque eu tinha um objetivo, que era sempre ter presença, não ter falta por ser minha primeira formação na área técnica, muitos outros vieram a desistir, às vezes por preguiça e preferi ficar e incentivar outros, mas as outras pessoas não queriam e é um direito delas, e foi assim, primeiro surdo a se formar aqui no IFB Campus Gama, e me sinto orgulhoso disso porque nós temos incríveis dificuldades, sei também que na UnB tem essa dificuldade assim como em qualquer outro lugar, mas a gente tem que vencer os nossos limites e os surdos são capazes, os surdos não são burros, nós somos inteligentes. Não senti nenhuma metodologia adaptada. Usava muito o computador para buscar significados e abordar uma linguagem diferente, artigos que eu não conhecia, projetos para entender o contexto e às vezes eu tinha dificuldade relacionada com as outras pessoas um ou dois colegas que participavam comigo, mas foi mais uma iniciativa própria minha. Os professores entendiam a dificuldade de comunicação e não foram contra, entenderam o meu esforço, que eu não era fraco e estava me esforçando.

Passou por alguma reprovação durante a formação básica ou no IFB?

Tive sim algumas reprovações. No CG reprovei 3 vezes. No primeiro ano eu passei, acho que no segundo ano reprovei, na quinta eu reprovei só uma vez, na quinta e na oitava. Eu acho que eu reprovei só uma vez no ensino médio, eu ficava sempre de dependência, mas se reprovar só uma vez, eu me esforçava, me organizava, os professores me davam algum trabalho eu conseguia resolver. Aqui no IFB tive algumas reprovações, no primeiro semestre e no segundo semestre eu tinha algumas reprovações.

Está trabalhando? Já estava trabalhando durante o curso? É na área do curso?

Não, no momento estou aguardando algumas vagas de trabalho na área de técnico em agronegócio, infelizmente em Brasília não tem muito, mas eu estou esperando.

108 O que a instituição de

ensino pode fazer para facilitar o aprendizado do aluno surdo?

Eu acho que o surdo é que deve ajudar a escola e não só a escola ajudar os surdos. Tem que existir uma relação, tem que haver uma percepção das limitações que o surdo tem e de que jeito que ela não quer ser ajudada. Os surdos precisam ser auxiliados mais no significado das palavras, serem incentivados, o significado de incentivo, quais as dificuldades enfrentadas em sala de aula no ensino aprendizado.

- Quais as diferenças encontradas no atendimento das escolas anteriores e o atendimento dado no IFB?

Por exemplo, no CG eu percebi que no primeiro, segundo e terceiro ano as matérias eram praticamente as mesmas e aqui no IFB os cursos são diferentes, exige um pouco mais de aprendizado da minha parte. No CG achava mais simples, mais tranquilo o aprendizado, comparando os dois eu acho que o IFB tem cursos mais aprofundados, mais profissionais, mais voltados para a área do trabalho.

Lá no CG eu tinha apoio, no entanto quando eu saí do 8, quando eu fui para o primeiro ano do ensino médio, na secretaria me informei das matérias, entendi que tinha muitas matérias diferentes das que eu tinha. Aí quando eu me formei no terceiro ano, eu não conhecia muito do Instituto Federal, eu achei diferente e resolvi pesquisar e buscar informações sobre isso. Aí eu tive a oportunidade de fazer o curso profissional e já distribuí currículos depois de formado e estou esperando para começar, mas são essas as diferenças. No CG tinha apoio, era um pouco confuso, era uma preocupação com o surdo, que é diferente em qualquer lugar e depende do sentimento da pessoa que atendia, que ajudava às vezes, e outros não queriam. Tinham os professores, eu sentia uma diferenciação entre surdo e ouvinte e o professor ensinava a grande maioria dos alunos e continuava preocupado sim com surdo. Aqui no IFB eu percebi essa mesma preocupação, eu não vejo muita diferença.

- Como você avalia o processo de inclusão dos alunos surdos no IFB?

Nas duas escolas eu percebi que existe uma inclusão, mas eu percebo também que é uma confusão essa inclusão, deveria ser mais eficiente o ouvinte deveria ajudar mais no aprendizado e principalmente no significado das palavras com aluno surdo, o professor deveria ter um pouquinho mais de atenção ao significado dessas palavras para que a gente possa melhorar. Hoje eu acredito na proposta bilíngue, que é a proposta mais vantajosa, que está aí desde 2015, uma inclusão, mais tem professores surdos com alunos surdos com intérprete, infelizmente é uma separação, mas acredito nessa separação, que é a proposta mais vantajosa.

Perguntas Estudante surda Iolanda

A identificação da surdez em sua vida (tipo, idade, etc.)

Eu era criança ainda e não lembro qual foi a idade, mas estava muito doente, estava com sarampo. Acho que tinha uns 5 ou 6 anos, a mãe é que sabe. Antes conseguia aprender e ouvi normalmente, mas depois do sarampo, a mãe fazia barulho e falava e eu me sentia meio confusa com o som, daí me levaram para o CEAL, que é uma escola que tem atendimento para o surdo, fizeram os exames e fiquei por ali estudando, acabei acostumando e aprendi a falar um pouco porque minha mãe não aceitava que eu sinalizasse, por isso aprendi a falar e com o passar do tempo e a convivência com os surdos eu fui aprendendo os sinais. Não conhecia as palavras, mas estava acostumada com os ouvintes e do contato com o surdo tive contato com os sinais. Depois mudei para o Rio e lá utilizei os sinais. Jogava vôlei e o grupo não sabia os sinais, então eu só verbalizava. Jogava vôlei com um grupo de ouvintes e depois conheci outro grupo e ficava interagindo com os dois grupos, surdos e ouvintes. Primeiro contato com a

Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS

5 ou 6 anos, no CEAL, que é uma escola que tem atendimento para o surdo.

- A LIBRAS foi sua primeira língua? Com que idade teve o primeiro contato?

Até os 16 eu apenas oralizava e depois dos 16 tive contato com a Libras

Acompanhamento de intérprete de LIBRAS na educação básica

Não tinha intérprete porque eu era oralizada, estudava com alunos ouvintes e falava. Quando fui para o Bandeirante, concluí no supletivo, lá também tinha intérprete.

Dificuldades

enfrentadas na educação básica

Achava mais difícil matemática e física. Durante o tempo que estudava não tinha muitas dificuldades, o professor dava no dia das provas o que eu realmente tinha estudado e o professor sanava a questão das palavras na hora da prova.

Com que idade concluiu o ensino médio?

Foi há treze anos (terminou com 29).

A interação deles com estudantes ouvintes

Conversava bastante, tinha muitos amigos. Tinha alguma dificuldade com os alunos ouvintes porque não conhecia muitas palavras. Eu utilizava os dois (Libras e português) porque eles também precisavam aprender a língua de sinais, mas eu usava as duas formas.

109 A interação deles com

os intérpretes de LIBRAS

Eu acho que precisa sim, é uma figura essencial em sala de aula porque tem que ter essa comunicação. O intérprete não é o problema, o problema é que o professor fala rápido.

A interação deles com os professores

e com o professor era mais difícil porque era muita novidade para pouco tempo. Achava muito longo, o professor falava muito rápido e o intérprete fazia a tradução. Então o intérprete parava para explicar, mas a fala era muito extensa e a gente se perdia. Às vezes o professor falava muito rápido e o interprete não conseguia e perdia o contexto. Então corria demais e pedíamos calma para o professor para tentar entender a fala. Senti dificuldade apenas com o professor David porque ele falava muito rápido e que ele não considerava nada feito pelos surdos, e eu achava isso uma falta de respeito desse professor com o surdo.

Como conheceu o IFB e a motivação para se matricular no curso em questão

Eu soube através da professora Fátima que é a professora surda do IFB, ela me convidou para conhecer o campus e os cursos que tinham e eu pensei que era bom o curso de agronegócio, mas não sabia que era tão pesado.

Dificuldades

encontradas durante os estudos no IFB

Eu estudei no Núcleo Bandeirante e depois eu vim para o IFB, ano passado, daí tive essa experiência com curso técnico, agronegócio. Achei o curso muito pesado, muitas disciplinas e muito texto e a dificuldade que eu tenho com a leitura. A dificuldade era interagir, porque a dúvida era uma dúvida do grupo, todos acharam muito pesado, eram muitas disciplinas em pouco tempo, então tive que parar porque fui chamada em outro emprego.

Quais foram os pontos positivos que o ajudaram durante o curso no IFB? Material adaptado? Recursos visuais? Metodologia de ensino adaptada?

O que teve de mais positivo aqui é que eu não senti nenhuma forma de preconceito. Os ouvintes e a forma de interagir e queriam aprender a língua de sinais. Não teve nenhum preconceito com os surdos, fomos aceitos.

Passou por alguma reprovação durante a formação básica ou no IFB?

O meu atraso foi porque parei, mas não reprovei. Aqui também eu não reprovei e não tive as avaliações, deixei o curso trancado, mas não reprovei.

Está trabalhando? Já estava trabalhando durante o curso? É na área do curso?

Trabalho com processos na Anvisa e também trabalho na drogaria Rosário. Confiro estoque. Na Anvisa trabalha com processos. Mas agora eu vou largar tudo porque fui chamada para ser atleta. Vou para o PAN, seleção brasileira de vôlei para surdos. Já faço parte da seleção de vôlei de Brasília e olheiro me viu, daí eu fui convocada.

O que a instituição de ensino pode fazer para facilitar o aprendizado do aluno surdo?

Aqui o problema é a questão dos intérpretes que são poucos. Mas já pediram ao Ministério Público que aumentasse a quantidade. Acho que o principal seria a convocação de mais intérpretes, facilitaria muito. - Quais são as dificuldades enfrentadas em sala de aula no processo de ensino- aprendizagem dos alunos surdos?

Eu não conhecia as pessoas e com o tempo fui achando as pessoas legais, tive vários trabalhos e apresentações, mas eu achava muito difícil a interação com o professor, com os alunos eu conseguia me comunicar bem, alguns professores foram bons, mas eu não posso dizer isso de todos.

- Quais as diferenças encontradas no atendimento das escolas anteriores e o atendimento dado no IFB?

A primeira escola não vale porque no Ceal só trabalha a questão da oralização, coisa de fono mesmo. No Núcleo Bandeirante teve aula, na verdade são cursos diferentes, mas que acaba sendo a mesma coisa. Ambos tinham intérprete, em física, química eu tinha muito dificuldade, aqui é muito texto e o surdo não tem condições com esse tanto de texto, às vezes me pergunto se o ouvinte tem condições para esse tanto de texto, mas senti que era praticamente a mesma coisa.

- Como você avalia o processo de inclusão dos alunos surdos no IFB?

Aqui eu senti que tinha uma troca, eu gostei, mas o professor ainda não está adaptado para o surdo, dá as costas enquanto fala, fica muito complicado porque eu preciso ver. E se o professor só fala enquanto está escrevendo é melhor eu ficar batendo papo com as outras pessoas, ele está de costas.

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Perguntas Estudante surda Kamila

A identificação da surdez em sua vida (tipo, idade, etc.)

Minha mãe estava grávida e doente, ela não sabia que eu ia ficar surda e depois de dois anos ela começou a me chamar e perceber que eu não ouvia nada. Os médicos me examinaram e disseram para minha mãe que eu era surda. Ela começou a chorar. Procurou outro médico e ele confirmou que era verdade. Dois anos.

Primeiro contato com a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS

Minha mãe realmente não entendia muito sobre a surdez e o médico que avisou minha mãe sobre a surdez nos mostrou uma escola própria para desenvolvimento de língua de sinais. Com dois anos e pouquinho começou a brinca e aprender. Na escola 15 onde comecei a estudar a professora me ensinava e também ensinava a família. Foi onde minha mãe aprendeu a língua de sinais.

No documento Rômulo Ramos Nobre Júnior (páginas 114-126)