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Repórter: pelo ar, por terra em diversas formulações e preparos os agrotóxicos fazem parte do pacote tecnológico usado na maioria das fazendas brasileira e que vem preocupando os cientistas. A venda nos país aumentou 190%, situação que vem preocupando os profissionais de saúde.

Repórter: A ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) publicou um dossiê que reúne o resultado de diversas pesquisas feita em várias regiões do Brasil avaliando os efeitos desses produtos sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas. Biólogo/professor: Nós Identificamos no Mato Grosso agrotóxico no leite materno, na água chuva, na urina dos professores das escolas rurais numa quantidade bem maior com relação aos professores da área urbana.

Repórter: O biólogo é professor de saúde coletiva da universidade de Brasília e membro da ABRASCO foi ele quem reuniu as informações para om dossiê.

Biólogo/professor: De modo geral em torno de 30% dos alimentos que o brasileiro consome eles não estão adequados para o consumo humano em relação a questão dos agrotóxicos. São amostras consideradas insatisfatórias ou porque tem um agrotóxico não autorizado ou porque ela tem um resíduo de agrotóxico numa quantidade que não é adequado para o nível de gestão de alimentos de água brasileiro.

Repórter: o dossiê aponta que 14 agrotóxicos vendidos no Brasil já são proibidos em outros países porque são suspeitos de causar problemas neurológicos, mutações de genes e câncer.

Repórter: Agora você vai conhecer uma das pesquisas que fazem parte desse dossiê um trabalho que relaciona o uso de agrotóxicos com a contaminação da água com o aumento do número de casos de câncer. Pra isso vamos a Chapada do Apodi no estado do Ceará. Esse é o perímetro irrigado Jaguaribe Apodi que fica entre os municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré em pleno sertão cearense. Ele foi implantado pelo o governo federal em 1989 dos cinco mil e trezentas hectares destinados ao projeto, duas mil e oitocentos estão em operação. A água pra irrigar as lavouras vem do rio Jaguaribe que corre aos pés da chapada e é distribuída por uma rede de canais. A produção aqui é bem diversificada.

Agrônomo: A gente tem uma área destinada à fruticultura onde se tem dois mil e trezentos hectares mais de 90% de bananas e você tem uma área de culturas anuais, aí você tem a criação de pecuária de leite, soja, milho e semente.

Repórter: Nos últimos anos diversas empresas brasileiras e multinacionais se instalaram ao redor do perímetro principalmente para produzir fruto segundo o sindicato rural de Limoeiro do Norte, mais de duas mil pessoas trabalham nessas propriedades.

Repórter: Em 2006 um dado chamou a atenção da médica do trabalho do curso de medicina da Universidade do Ceará. Um grande aumento no número de internação com intoxicação por agrotóxico no estado especialmente na região do baixo Jaguaribe.

Médica: Dados registraram 604 em 2005, 1106 em 2006 e 414 na região deles naquela região.

Repórter: A doutora reuniu um grupo de 24 cientistas que pesquisaram e estudaram durante quatro anos como os agrotóxicos vinha interferindo na vida das pessoas e do meio ambiente da chapada. A pesquisa foi realizada em três municípios da região como Quixeré, Limoeiro do Norte e Russas. Os pesquisadores examinaram 545 trabalhadores rurais e pequenos agricultores, 97% disseram ter contato com agrotóxicos e 30% apresentaram sintomas claros de intoxicação no momento da consulta de acordo com os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da saúde. A doutora também comparou o número de casos de câncer da região com outros 12 municípios do Ceará que praticamente não usam agrotóxicos. Nos três municípios estudados foram registrados 38% casos a mais de câncer. Esses casos estão relacionados ao uso de agrotóxicos.

Médica: Há indícios disso, o estabelecimento dessas relações é delicado do ponto de vista da epidemiologia, é uma Ciência que ainda precisa de muitos dados para afirmar, mas na medida em que estamos colecionando evidências de natureza clínica, epidemiológica, toxicológica, ambiental temos cada vez mais segurança de estabelecer esses dados.

Repórter: Agora é outra pesquisa da Universidade Federal do Ceará está tentando identificar precocemente indícios de câncer em trabalhadores rurais da chapada de acordo com os médicos hematologistas.

Médico (Hematologista 1): O nosso objetivo é avaliar a medula óssea, qual é ação dessas substâncias, o que elas devem está causando nesses agricultores.

Repórter: A medula óssea é um tecido gelatinoso no interior dos ossos nela são produzidos os componentes do sangue os médicos coletaram material de 55 agricultores da região e vem analisando os cromossomos o DNA dessas células, até agora os pesquisadores analisaram 9 amostras coletadas 6 apresentaram alterações.

Médico (Hematologista 2): O que chama a atenção é que as alterações. São alterações encontradas nos casos de leucemia aguda observe que aqui a gente tem cromossomo 11 completamente normal, tem um braço curto que a gente chama de p e o braço longo que a gente chama de q. Observe aqui que este cromossomo é diferente, o par dele está menor o que a gente chama de deleção dessa região do cromossomo 11 do braço longo da região q dois três. Ele perdeu um pedaço. Esta é uma operação que é encontrada em dois tipos de neoplasia na medula, a neoplasia. Repórter: O médico explica que os agricultores apresentaram alterações em uma das vinte células analisadas e que por enquanto não estão doentes.

Médico (Hematologista 2): Mas ele tem o primeiro passo para o desenvolvimento do câncer. Aí nós estamos tentando afastá-los dessa exposição pacificadora porque se esses indivíduos permanecerem mais dois, três anos expostos ao uso de agrotóxicos possivelmente vai desenvolver uma doença na medula óssea.

Repórter: Os trabalhadores que apresentaram alterações nos exames vêm recebendo preparação da Universidade. Um deles ocupa a função de adubador numa empresa que planta banana.

Repórter: O senhor não aplica diretamente agrotóxico.

Agricultor: Não aplico, mas estou dentro direto porque eles aplicam hoje de noite e termina três da manhã e quando é cinco e meia da manhã eu estou dentro a proteção que eu uso é do meu trabalho.

Repórter: Qual é a proteção que o senhor usa. Agricultor: Uma capa como manta, a bota e a luva.

Repórter: O resultado dos seus exames realizados pela universidade apresentou alteração ruim e agora o que o senhor está pensando disso.

Agricultor: A preocupação é grande espero que os meninos consigam descobrir uma maneira de me curar. É difícil.

Repórter: O senhor pretende continuar no mesmo serviço. Agricultor: Eu não tenho outra opção. E conclui chorando.