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Dialogos geograficos coronologicos polliticos e naturais escriptos

por

Joseph Barbosa de Saa

Nesta villa Reyal do Senhor Bom Jesus do Cuyaba

PARTE PRIMEIRA

Anno de 1769 oferecidos

Nº 235

[assinatura ilegível]

Ao Ilustríssimo e excelentíssimo Senhor Luis Pinto de Sousa Coutinho, do Conselho de sua Magestade fidellissima que Deos goarde seo governador e capitam general das capitanias do Mato groso Chuyabá

Senhor,

Como vosa exelencia foy o astro que illustrou esta não antipoda sim a mais incognita regiaõ da America; obsequiosa oferese por hum minimo filho estas noticias suas; a donde achara que cousa he America, o lugar e asento que ocupa, as provincias em que se divide a descripsam de suas costas, e portos marítimos, as gentes que nelas habitao leis e chustumes que practicao e finalmente as producçoes de minerais, animais,

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e plantas que nella se achão; de honde poderá vossa exelencia colher huma breve noticia sem correr muitos lugares; e poosa como cultor desta rustica verdade ter conhecimento dos meyos mais convenientes para sua cultura.

Seo ofertorio hé menos rellevante supra a vontade, pois quem oferese tudo o que tem, sempre oferese muito. E se alguma cousa mereceo este disvelo pede o amparo de vossa exelencia por que se nao perca totalmente nas trevoas do esquecimento a pesoa de vosa exelencia guarde Deos muitos annos.

Humilde subdito

Joseph Barbosa de Sáa

Introducçam

Achavace aposentado hum provecto varam que pello adiantado dos annos e largas perigrinasoens dava tantas noticias das cousas do mundo e dos tempos que não só se fasia ademirado, mas ainda credor das vontades de todos os que chegavão a participar de sua conversasão por que nella achavão hum tal imprego do tempo que o julgavão por bem lucrado.

Não era velho palreiro daquelles que contão patranhas, e arengas lá das suas mocidades, querendo comullar predicados para valimento dos foros da velhise, com introdusir aos mosos que forão grandes polliticos, vallentes, enamorados; era sim daqueles que souberão lograr do tempo e da ocasião para os asertos do humano aproveitamento e com seus documentos dava aos ouvintes tanto gosto quanta utilidade nos naturais impregos da humana curiosidade, em que todos desejão saber das cousas do mundo e lote dos tempos.

A este encanto de saborosos passatempos que divulgava a fama corião muitos adonde cada hum achava satisfasão a seus desejos sem que o discursivo impulso achase mais naqueles impregos que louvar a Deos em suas obras.

Entre estes academicos signallouce hum que se alistava nas resenhas dos especullativos; a saber hum mancebo que tendo noticia do novo historiografo, vinha

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asertifficarse se era o quanto se disia, asim dos aproveitamentos que da sciencia do bem e do mal resulta, aos que principiao a viver, prevensão muito segura para corer com as tormentas a que todos os que navegamos neste tempestuoso golfo estamos expostos. Chegado este a presensa de Felino, que assim se chamava o esperiente varam, por descobrir campo o desafiou com a pergunta: quem he Deos?

Dialogo 1.

Fellino. Deus est investigabilis incompreensilibis, invisibilis, et in expilicabilis. Esta he a mais commua definisam entre os theologos. Outros o difinem: ens quodam

sumum increatum, et a se, a quo sunt omnia coetera. Hum poeta o difinio. Helifer conditor orbis

Qui perpetuo nixus solio Rapido coelum turbine vertus Legem que partilidera cogit

Outro o explicou

Qui perpetua mundum ratione guvernat terrarum coeli quae sator qui tempus ab aevo.

A Igreja Santa nos insina que: Deos est aeternus, unus, solus, et verus, inmensus,

incommutabilis, incompreensibilis, omnipotens, et innefabilis. Pater, et Filius, et Spiritus Sanctus, tres in personis et unus in essencia in sustancia et in natura. Pater à nullo et factus nec cratus, nec genitus. Filius a Pater non factus nec cratus se genitus. Spiritus Sanctos non factus, nec cratus, nec genitus a Patre, et Filio sed procedens eternaliter tanquan ab uno principio. Satisfeito Polivio, que assim se chamava o

académico, da resposta continuou. Polivio. E como he Deos eterno ?

Felino. The aqui vos tenho respondido com respostas alleyas, mas como me pondes en ocasião em que forsosamente eide usar das proprias parecendo vos que sou algum grande theologo; Lembro vos primeiro o dicto de hum gentio tal como Seneca: Nunquam nos verecundiores esse debemus quam cum Deo agimus: e se aquelle isto asentia ignorando quem era Deos que diremos os Christaos que nos metemos em tais especulasoens com que vergonha devemos fallar?

Polivio. Respondendo segundo o que tem, cre, e intima a Sancta Igreja Catholica Romana, e doutrinas dos Sanctos Padres.

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Felino. Por esse sistema vos respondo que Deos he eterno: quia est increatum a quo

sunt ommia et excedit omne finitum ultra omnem determinatam vel determinabilem proportionem por que he hum ente increado de quem tudo procede e excede a todo o

finito.

Polivio. E antes do finito era na eternidade real e actual?

Felino. Era na eternidade real e actual com presciencia de todo o pocivel: não Deo

quae sunt futura praesentia sunt.

Polivio. E la nessa vasta região da eternidade antes do finito, adonde tinha Deos a eterna existencia real e actual?

Felino. No mesmo lugar asento estado, forma, e disposisam em que existe hoje, e ade existir pasados mil milloes de seculos, sem mudansa de asento estado e condisam; assim que na mesma forma em que ao presente pode ser conhecido, podera entam ser se ouvese de quem.

Polivio. E se antes do finito não era creador, depois sim logo? Quanto vai de creante a não creante.

Felino. Creante extrinsece conedo, intrinsece, nego antesedencia e conclusam: nam

intempore per creactionem et simites actiones et nominactiones nihil advenit de novo in Deo preter rellationes extrinsecas ad iptum terminatas et creaturis;

et ita est de omnibus que in tempore ab eo fiunt, et de actibus libris, et contingentibus.

Polivio. Como substou Deos os impulsos do poder antes das rellasoens extrinsecas

ad ipsum terminatas, et creaturis?

Felino. Entre gentios ouve quem cuidou que o mundo era coeterno só por não conceder esa substasam do poder en Deos; mas cuidarão como gentios por que o moto da creasam foy extrinseco, e accidental, asim que respondo: que de não creante a creante, nenhuma mudansa ouve intrinseca, nem se pode diser que ouve substasão do poder nas rellasoens extrinsecas; por que esas pendião da vontade que era livre ab eterno e o não querer não sedis substasão, nem retratasam do poder que sempre foy o mesmo.

Polivio E como he Deos hum?

Felino. Quia est ens nesesarium, et non sunt entia multiplicanda maxime ens sumus

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Polivio. E se he trino, como non sunt entia multiplicanda?

Felino. Unitas en Deo est perfecio positiva, formaliter distincta ab essencia

ractione cujus huic convenit negasio divisionis indé, et unionis cum ulla re alia a se. E

suposto que a filosofia insine que nihil simpliciter repugnat adicui enti, per solam

privationem in eo, sed per aliquid positivum in eo distingo: quid quid unum numerum dicitur, hoc non unum est re vera nec natura simplex est; Deus autem omnium confecione simples est et ita est unus mumerus Deus.

O mesmo o dice no Deuteronomio cap.20: Dominus ipse est Deus, et non est alius

praeter cum, et Dominus Deus noster Dominus unus est: et videte quod ego sum solus, et non alias Deus praeter me.

E asim o confesa o concilio Niceno no seo symbolo: Credo in unum Deum Patrem

omnipotentem.

Polivio. E como he Deos verdadeiro?

Felino. Et nececitate nature et naturaliter secundum sé, quod concistit in illa

perfectione positiva secundum quam est inteligibilis concepto qui ei convenit, et cum distinguas ab omni eo quod non est Deus. O symbolo Niceno o dis en menos palavras:

Deus verus de Deo vero. E o psalmo 83 veritas sua in sircuitu tuo: confitebuntur caeli

mirabilia tua et veritatem tuam

Polivio. E como he Deos inmemso?

Felino: quatenus ractione suae infinitatis substancialis e segundo os escotistas:

causa increata de facto non potest agere indistans, et per inmencitatem replet omnia spacia realia. Ergo nihil potest distare a causa increata.

Polivio. Replet omnia spasia realia aut existit realiter?

Felino. Distinguo inmentas in Deo difere ab ubiquitate, ex presentia quod significat

eam Dei perfectionem infinitatem, qua repugnat posse concludi et limitari in intima et sustanciali sua existentia, per ulla spatia finita tam posibilia quam actualia sed debet esse in omnibus. Ouvi o psalmo 138: quo ibo a Spiritu tuo, et quo a facie tua fugiam e o acto cap. 17: non longe esse ab uno quoque nostrum, quia in ipso vivimus movemus et sumus.

Polivio. Per ulla spatia finita tam pocibilia quam actualia. E fora do finito pocivel e actual.

Felino. Como he inmenso não se lhe pode negar o agente infinito. Polivio. Como he Deos inconmutável?

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Felino. Quia est perfecte simplex et ideo non potest commutari ad aliquam formam

nêc ab esse, in non esse.

Polivio. Pois Deos não se fes de não creador creador de immortal homen mortal de piedoso justiceiro?

Felino. Per creationem, et similes actiones, et nominationes, nihil advenit de novo

in Deo preter reactiones ad ipdum terminatas. Pello que senão disem eses efeitos

mudansas intrinsecas sustanciais nem excenciais e o mesmo Creador o dice: Ego sum qui sum id est sempre o mesmo. E no psalmo 101: sicut opertorium mutabis eos et

mutabumtur tu autem idem ipse es et anni tui non deficient.

E ainda digo mais, que enquanto ao faserse de immortal homem mortal não ouve na divindade actual commutasam alguma, mas sim huma união fisica da divindade com a humanidade distincta huma da outra; e enquanto de piedoso a justiceiro que Deos não executa a sua justisa com afeccto apaixonado, mas antes com aquele mesmo que exerse os actos de misericordia.

Polivio. E como é Deos incompreensivel!

Felino. Est enim ens infinitus et non potest demontrari demostratione ne proper

quid quantum ad nos.

Polivio. Pois sendo hum ente real, actual, existente, poderoso, e infinito: non potest

demostrari demostractione proper quid?

Felino. Natura humana non est suficienter activa et puris naturalibis ad videndum

Deum visione intuitiva, quia impocibile est intelectum esse causam visionis nisi intelectus habeat in se objectum cognitum, vel aliud in quo ominentius continetur; sed natura humana, non habet Deum in se et se praesentem sibi raetione objecti nec in alio in quo eminentius continentur ergo et se non suficit ad habendam cognitionem visivam divine natura. Praterea visio est cognitio intuitiva rei inse; sed natura humana non potest habere et se praesentem Deum in ractione objecti licet sit sibi presens per illapsum.

Polivio. E como se tem Deos mostrado en varias aparisoens a algumas creaturas no estado da mortalidade id est vestidos de naturesa humana, que derão se en como o virão segundo consta de letras divinas e humanas.

Felino. Todos eses que o virão erão justos para o poderem ver de qualquer que forma que fose; mas huns por huma forma accidental puramente externa representativa; e outros en forma real afectiva, interna, e operativa, tal que ficarão logo

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eses videntes com huma iluminasam que não asentião as operasoens humanas; naquella tem dito as mais das veses em que se tem mostrado como consta de letras sagradas e humanas que diseis; e nesta como ovirão a Santissima Virgem Maria e Sanctos Apostolos depois de resucitado. Os mais todos en commun conhecemolo por fé, e vemo lo nas suas obras.

Polivio. Como he que conhecemos a Deos por fé e vemo lo nas suas obras?

Felino. Por fé naturaliter, et extra naturaliter, e nas suas obras naturaliter meramente; por fe extra naturaliter crendo asentindo e abrasando tudo quanto tem, cre, e insina a Sancta Igreja Catholica Romana; naturalister como insinão os theologos: per

naturaler ractiones et creaturis Dei existentia agnosci, et probari potest, et quidem eficaciter secundum ilud agnocibiliter videri, et notum est et manifestum est, ex intelecta conspiciuntur. Assim que de qualquer modo desses podemos ver e conhecer a

Deos. Ouvi a Sam Gregorio in Joane tratad. 2. Deus potest in venire per creaturam

evidenter e a sabeloria cap. 3 vani sunt homines, in quibus non subest sciencia Dei.

E nas suas obras, vendo e reparando com atensam, na grandesa desse universo mundo celeste e terrestre; na fabrica deses astros, e seos movimentos; na organidade dos corpos humanos na fermosura e fragancia das flores, no sabor dos fructos e instinto dos animais. Finalmemte en tudo quanto estamos venho, pois he serto que tantas sutillesas e perfeisoens senão podião fazer asi proprias e nesas obras estamos vendo a Deos como autor dellas.

Polivio. E como he Deos omnipotente?

Felino. Quoniam habet a se esse, et habet potentiam activam, et qual habet a se

aliquam perfectionem, habet eam intota plenitudine posibili.

Polivio. E poderá Deos como omnipotente crear mais do que creou a principio, ou melhorar o que tem feito, mudar a forma e regime da naturesa?

Felino. A potencia divina intendese de dous modos, absoluta, e ordinaria: in se et

secundum se. De potentia absolucta pode Deos fazer muito mais do que fes e mudar

tudo o que tem feito, e ainda a ordem da natureza por que he ente infinito a quo sunt omnia e de potencia ordinaria não pode Deos crear mais do que creou, nem innovar ou mudar o que tem feito, por que tudo quanto obrou foi o que bastava e tudo bom en seo lemite como consta de escripturas: vidit que Deus cuncta, que fecerat et erant valde

bona. E assim como hum poderoso da terra pode de poder absoluto tirar leys e por leys,

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basta e se o fiser quebranta os asertos do seu governo, assim Deos pode de poder absoluto fazer tudo quanto diseis, mas de poder ordinario não por que se o fisese fora retratarse, o que em Deos não cabe.

Polivio. E estendese a potencia divina ao preterito e futuro?

Felino. Que sim porque he motu infinito e o infinito não tem antes nem depois. Polivio. Pode logo Deos aniquillar alguma cousa das que tem feito.

Felino. Aniquilar não, porque as obras de Deos olhão a todo o contingente pocivel que não implica ao que tem feito, e o contrario fora desdiserse o que não tem lugar no aserto e perfeisoans de suas obras, e ademiravel justisa com que tudo governa, interesa en que não pode haver anichillasam acresento mais, que assim como en Deos não pode haver detereorasam assim não pode haver nas suas obras, por que todo o ente creado tende ao principio de onde emanou.

E enquanto ao futuro tem Deus tanto poder nelle que nada se ade mover sem sua disposisam e vontade, e enquanto algumas cousas que Deos promete e não cumpre, como quando promete castigos e não executa; são esas disposisoens e promesas condicionais: et quid quid enim sub conditione promititur, suspenditur donec conditio

eveniat; ameasa Deos com o castigo como o fes aos ninivitas, e não no da por que

intervem o arependimento e penitencia. Polivio. E como he Deos inefavel?

Felino: Dificile est Deum intilligere, loqui autem impocibile. Segundo o disem os theologos; innefavel he cousa que se não pode esplicar, declarar, nem intender, e por isso se dis: dificile est Deum inteligere por que não cabe o seo conhecimento no intendimento humano e por isso he inexplicavel.

Polivio. E como todos o chamamos e apellidamus todas as horas e em todos os acontecimentos da nossa vida?

Felino. Quid prohibet, quia habens aliqualem, cognitionem natura divina -sive et

fide humana vel divina, sive et lumine natura, utar aliquibus vocibus ad significandam illam deitatem. Assim odisem os theolegos, porem por mais nomes significativos que

lhe demos, nem por isso será já mais bem explicado com real conhecimento.

Polivio. Pois os nomes com que a Deos se nomea não explica cousa alguma a respeito da divina naturesa?

Felino. Não mais que tam somente dão a quem os ouve e intende hum conhecimento do concepto objectivo que veneramos e distinsam dos individuos; e se o

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mesmo Deos nunca manifestou segredo algum de sua essencia, de honde formase o homem real conseito de seo conhecimento, quem o poderá explicar? A hum que lle perguntou quem era so respondeo: Ego sum qui sum. A outro em outro tempo: hoc

nomen meum insempiternum. E en outro lugar: qui est misit me ad vos. E a outro: Nomen meum adonai non manifestari eis.

As gentes o apellidarão segundo as escripturas com aqueles apellidos mais proprios de algum divino atributo conforme a ethymologia de seos idiomas. Chamarao-no: El que significa fortalesa: e se há providente significado que expresamos com o verbo provideo: Eloim ou Eloha, que he o mesmo, que juis: Sabaoth Senhor dos exercitos:

Helion excelso Elieh o que soa, ou o que he: Adonai Senhor: Jah é o mesmo que

aleluya, quod est: Laudate Dominum: Saddai magnifica ou liberal Phetragramaton he o mesmo que sadai id est liberal: Jehovah essencia divina nessa palavra expresavão o misterio da Sanctissima Trindade: Agios cousa Sancta de donde vem o chamarem a Escriptura Sagrada: Agiografa, Iscliros, forte ou valente: Athanatos, inmortal: Emmanoel Deos com nosco, omnipotem est nomem ejus: Dominus Zelotes, nomem ejus

Dominus nomem ille etc.

Todos sam nomes com que as gentes conforme o que significavão en seus idiomas, querião com elles dar a conheser a Deos por demostrasão de seus atributos e distintivo dos individuos, mas não o que sejão significativos proprios e demostrativos de sua essencia e naturesa; e menos que por elles se alcanse verdadeiro conhecimento de quem he Deos, que ainda os mesmos anjos o não alcansão, segundo Escoto, Sancto Thomas e outros: Deus non ita inefabilis est homini viatori, quin possit cum nominare nomine

abiquo proprio significante naturam ejus et quidem perfectissime angelis aut beatis et esiam compreensive ipsi Deo non tamen homini viatori, nise confuse et in adequate seo inperfecte , et hoc sensu inefabilis est absolucte.

Se o quereis conhecer sem propria nominasam, fasei conseito estendendo o discurso, que toda a material corporidade he coruptivel, se coruptivel teve principio, se teve principio teve agente: quia omne quod fit , ab alio fit: posto nesse ponto intendei que esse agente não he outro senão Deos, e aqui tendes o conhecimento que delle com mais claridade se pode alcansar. E se o quereis com mais individuasam, estendei o discurso por esa machina do mundo visivel nas perfeisoens que insera, as variedades das creaturas as sutillesas das naturais produsoens sensiveis, e insensiveis nesas

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elementais operasoens nesa celeste fabrica, ponde en tudo isto a ponderasam e vereis quem he Deos.

Polivio. E como he Deos pai?

Felino. Quoniam a nullo est factus nec creatus, nec genitus, nec procedens, sed

fons divinitatis communicata ad intra, non autem causa nec initium.

Polivio. Pois sendo Deos trino en pesoas, como so a primeira se da o nome de pai e não ao verbo, nem ao Espirito Sancto sendo contudo igoais maxime na eternidade. Felino. Porque lhe pertense respectivamente ao filho idest o verbo divino, que real mente gera semelhante a si en naturesa e perfeita identidade; e tambem por anallogia en ordem aos homens e anjos que sam filhos por adopsam como nos insinou Jesus Christo

noso mestre e Luz: stote misericordes, sicut pater vester coelestis. E en outro lugar: diligite inimicos vestros, ut sitis filii patris vestri. E tambem pella obra da Creasam

aquem se atribue a potencia creativa. Polivio. E como he filho?

Felino. Sic illa sapiencia quam Deus pater genuit, quoniam per ipsam innotescit

animus sacratissimus patris, filius ejus convenientes nominatur.

Polivio. E por que acto he o filho gerado?

Felino. Verbum divinum producitur non per intellectionem, sed per distinctionem

formaliter; quia intelectus divinus habet unum actum correspondentem intellectioni nostrae, quo actus intelectus patris formaliter inteligit, habet esiam actum conrespondentem actus degenerationis, quo exprimit verbum. Porque a operasam

antepoense a producçam en todo o principio. Como dis Escoto: omnis operans et,

producens per idem principium prius est operans quam producens.

Porque he principalmente proprio e significativo da divindade a posesam da pesoa. Ex Sam Cyrilo Alexandrino: quia est maxime proprium et significativum divinitatis et

processionis persona. Ouvi agora a Sancto Agostinho. Pater et filius una simul essentia et una magnitudo et una sapiencia sed non simul ambo unum verbum, quia non simul

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