• Nenhum resultado encontrado

Capítulo V – Procedimentos Metodológicos Questões de Pesquisa

Bloco 3 Transversalização dos dados

As análises que se seguem têm por objetivo articular as informações construídas nos dois blocos de apresentação e discussão dos dados, proporcionando uma organização das convergências dos dados, favorecendo a consistência das interpretações acerca dos dados construídos.

Assim, primeiramente serão apresentadas as conclusões de cada bloco de discussão que procuraram responder aos seguintes objetivos da pesquisa:

1. Investigação das práticas construídas em Psicologia Escolar, por meio da realização do Memorial acerca das concepções da atuação.

2. Identificação de indicadores de desenvolvimento de competências dos participantes em seu contexto de trabalho, viabilizado na realização de entrevista coletiva com os participantes divididos em dois subgrupos. Na seqüência, são identificadas e discutidas as conclusões da pesquisa a partir da transversalização dos resultados discutidos em cada etapa de investigação.

Síntese das construções teórico-interpretativas acerca das concepções construídas em Psicologia Escolar.

No que se refere aos dados construídos por meio do instrumento do Memorial, verificou-se que a escolha dos participantes pela atuação em Psicologia Escolar, configurou-se como um fenômeno multifacetado, no qual se fizeram presentes fatores como o interesse pela área, o desejo de estender o serviço psicológico às diversas camadas sociais, o acesso facilitado à área e a oportunidade de coadunar uma condição empregatícia estável ao exercício da Psicologia.

Quanto à atuação em Psicologia Escolar foi possível identificar que os participantes, ao longo de sua trajetória de vida de formação e de atuação em Psicologia Escolar, vêm consolidando uma nova perspectiva interventiva, relacionada a uma ampliação do trabalho no âmbito da instituição educacional como um todo, ou seja, junto aos diversos atores da escola, alunos, pais, professores e direção e com atividades que privilegiam espaços coletivos e relacionais de promoção do sucesso escolar.

A atitude clínico-remediativa não se configura mais como principal alternativa de trabalho para os participantes. Outrossim, verificam-se, nos registros do Memorial, o predomínio da mobilização de novos conhecimentos, habilidades e saberes que atendam de forma mais adequada às demandas identificadas no contexto escolar, entre estes: a preocupação com a imersão do psicólogo escolar no contexto da escola, ocupando um espaço de escuta psicológica (PE6); o interesse pela compreensão dos aspectos subjetivos e intersubjetivos que permeiam as relações no ambiente da escola (PE4); e a responsabilidade de intervir de modo a contribuir com a transformação do processo de ensino-aprendizagem (PE7).

Assim, verificou-se que os participantes têm empreendido ações de participação nos espaços coletivos institucionalizados da escola, como coordenações de professores e Conselhos de Classe, com o objetivo de escutar as vozes institucionais, acompanhar e apoiar as práticas docentes. Além disso, têm criado outros momentos grupais para a realização de oficinas, partilha de vivências e reflexões com o objetivo de favorecer a mudanças nas concepções e práticas educativas (PE9) e formar parcerias com pais e alunos (PE6).

No que diz respeito às perspectivas acerca da atuação, os participantes enfatizaram a promoção da formação continuada no grupo de professores e o trabalho de natureza sistêmica com foco nas interações que ocorrem no contexto.

Entretanto, os dados indicaram também uma espécie de “sincretismo teórico-

metodológico” na atuação atual dos participantes, isto é, convivem juntamente com as

concepções, práticas e perspectivas institucionais, compreensões, atitudes e projetos de atuação ainda relacionados à remediação das queixas escolares, em função das demandas dos atores da escolar.

Este fato pode ser compreendido, segundo as considerações de Kuhn (2006), como característico dos processos de mudança de paradigma, e, também como destacaram

Senna & Almeida (2005), ao analisarem o contexto atual da Psicologia Escolar: “o momento atual se caracteriza (...) por uma transição paradigmática que requer tempo e implica várias etapas” (p. 225).

Ainda com relação à análise dos dados construídos, pode-se dizer que o processo de transição paradigmática da Psicologia Escolar avançou significativamente na reflexão sobre a identidade do psicólogo escolar, de modo que os participantes identificam, de maneira bastante satisfatória, que esta área se relaciona a uma atuação institucionalizada, de trabalho com o coletivo da escola, para promover reflexão sobre as práticas pedagógicas, como ressaltado anteriormente.

Desta forma, o desafio atual, no âmbito do trabalho da Psicologia Escolar na DRE de Samambaia – DF, relaciona-se mais ao nível da reflexão sobre as práticas que devem ser empreendidas no contexto escolar para que a intervenção realizada não mais apareça “misturada” à ações remediativas relacionadas às demandas geradas pela escola, mas ao favorecimento do desenvolvimento de competências dos atores da escola, gerando, conseqüentemente, uma cultura de sucesso no âmbito da atuação educativa, capaz de promover a superação das situações de fracasso escolar.

Portanto, para que os psicólogos escolares de Samambaia – DF consolidem as mudanças no nível das práticas desenvolvidas institucionalmente com o coletivo dos atores da escola, faz-se necessário que estes mobilizem competências específicas, relacionadas aos recursos cognitivos, conhecimentos teóricos, habilidades de comunicação, afetos e desejos favorecedores da atuação lúcida e intencional.

Acredita-se que os encontros coletivos das equipes (dimensão inter-equipes) e na reflexão sobre a ação no cotidiano de trabalho de cada EAAA (dimensão intra-equipe) no âmbito maior da formação continuada configuram-se como possibilidades privilegiadas de desenvolvimento de competências para os psicólogos escolares (Araújo, 2003; Araújo & Almeida, 2006 e 2005; Le Boterf, 2003; Wittorski, 1998).

Porém, vale ratificar que se constatou, por meio da expressão significativamente clara acerca de novas perspectivas de ação institucional e do quantitativo superior de respostas que caminham nesta direção, que não é a perspectiva

clínico-remediativa a tendência que predomina no grupo de psicólogos escolares de

Samambaia – DF. Portanto, verifica-se que esses profissionais têm inserido em suas práticas cotidianas ações de escuta e de intervenção junto aos profissionais que atuam na

escola, estando em consonância com o movimento de consolidação de novas concepções e práticas que viabilizam a relação do psicólogo escolar com toda a comunidade escolar, segundo uma perspectiva de compreensão das interações sociais como aspecto principal a ser considerado (Almeida, 2006; Araújo & Almeida, 2006, 2005; Anache, 2007 e 2005; Cruces, 2005Guzzo, 2006, 2005, 2002 e 2001; Maluf, 2006 e 2002; Marinho-Araújo, 2007; Marinho-Araújo & Neves, 2007; Martínez, 2007, 2006 e 2005; Neves, 2003; Neves & Almeida, 2006; Neves & Machado, 2005; Novaes, 2006; Sampaio, 2007; Souza, 2007).

À guisa de conclusão, vale destacar as reflexões que Cruces (2005) empreendeu em seus estudos, com as quais os resultados da presente pesquisa se coadunam:

Ainda que os psicólogos participantes da pesquisa ora em discussão continuem realizando atividades que vêem sendo desenvolvidas desde a constituição da Psicologia como profissão em nosso país, a maior parte deles desenvolve atividades que marcam uma postura mais crítica e mais compromissada com a construção de práticas educacionais de melhor qualidade, que respeitam a individualidade e, respeitado-a, buscam maneiras de desenvolver ao máximo os potenciais presentes em cada um (p. 62).

Síntese das construções teórico-interpretativas acerca dos indicadores de desenvolvimento de competências dos Psicólogos Escolares de Samambaia.

No que diz respeito à apreensão dos indicadores de competências que os participantes têm desenvolvido no contexto de trabalho das EAAA de Samambaia, verificou-se, por meio da realização das entrevistas coletivas, que os psicólogos escolares de Samambaia têm mobilizado satisfatoriamente recursos pessoais, interpessoais e éticos para a realização da reflexão sobre a ação, por meio de processos metacognitivos, como evidenciaram os dados acerca da: necessidade de definir a especificidade do psicólogo escolar, compartilhamento de experiências, organização da EAAA para realizar planejamento das atividades e propostas de reorganização dos encontros coletivos, principalmente no âmbito dos encontros entre as EAAA (Araújo, 2003; Araújo & Almeida, 2006 e 2005; Marinho-Araújo, 2007; Marinho-Araújo & Almeida, 2005).

Vale destacar, entretanto, que a discussão dos participantes acerca da atuação psicológica no contexto escolar público de Samambaia – DF e no âmbito do grupo de EAAA, por ocasião da realização das entrevistas coletivas, identificou uma demanda de sistematização da atuação nas três dimensões de trabalho dos psicólogos escolares, ou seja, dimensão intra-equipe, inter-equipes e extra-equipe, uma vez que os psicólogos escolares relataram desenvolver ações institucionais no seu cotidiano, mas não com a devida atitude reflexiva na sistematização e conscientização desse fazer profissional, que é um dos critérios principais para o desenvolvimento de competências (Kuenzer, 2002; Le Boterf, 2003; Plantamura, 2002; Wittorski, 1998).

Assim sendo, por não terem o hábito de organizar suas ações em dimensões de trabalho, muitas atividades acabam escapando de um processo de planejamento intencional e de uma organização que favoreça sua inserção nos espaços da escola, bem como a minimização das demandas geradas pelos atores escolares na direção do tratamento dos problemas de aprendizagem.

No que se refere à dimensão extra-equipe percebeu-se que os participantes têm desenvolvido habilidades práticas e técnicas que viabilizam o desenvolvimento de competências de análise da dinâmica de interação do grupo escolar (PE4), das diretrizes do processo educativo (PE7), da relevância do fortalecimento do vínculo dos psicólogos escolares com o grupo de professores, com vistas à criação de espaços de reflexão sobre a prática docente com vistas à ressignificação profissional e, conseqüentemente avanço do processo de ensino-aprendizagem (PE6 e PE9).

O outro grande tema (núcleo de significação 4) evidenciado no tratamento dos dados da entrevista referiu-se à discussão acerca da necessidade de ampliação dos conhecimentos teóricos adquiridos na formação inicial e da aquisição de novos conhecimentos.

Vale destacar, a respeito das necessidades de reconfiguração das práticas, que os participantes localizam pontos essenciais para que isto aconteça, tais como, a criação de espaços de circulação de significados e sentidos a respeito das intervenções que têm sido realizadas em cada equipe e das possibilidades de realização de novos trabalhos (PE7 e

PE9); de sistematização de competências coletivas (PE9), de modo a favorecer a

Portanto, que por meio da interação com os diversos atores da escola, sejam proporcionadas situações de vivência e de partilha dos conhecimentos teóricos, das experiências cotidianas e dos afetos, de modo a favorecer a mediação de novos processos de aprendizagem e ampliação dos recursos que promovam saltos qualitativos no desenvolvimento dos profissionais (Leontiev,s.d; Luria, 1990; Vygotsky, 2007 e 2000;.).

Assim sendo, a investigação dos indicadores de desenvolvimento de competências revelou que os psicólogos escolares de Samambaia mantém um discurso afinado no que se refere à análise da atuação, caracterizando-se como sujeitos ativos que ao refletirem sobre suas atividades conseguem vislumbrar, para além dos problemas e barreiras enfrentadas no cotidiano, possibilidades de reconstruir o contexto, o que favorece, significativamente, o planejamento de estratégias de formação continuada para viabilizar a sistematização da atuação psicológica junto aos profissionais das EAAA e aos atores da escola (Leontiev, s.d.).

Articulação dos resultados da pesquisa.

Tendo em vista os dados construídos e discutidos, que proporcionaram a identificação de informações significativas acerca da atuação dos psicólogos escolares nas EAAA de Samambaia - DF, foi possível, e necessário, transversalizar os resultados encontrados, trabalhando-os como eixos principais de conclusões da pesquisa que, articulados aos pressupostos teóricos apresentados na primeira parte deste trabalho, favorecem o avanço das reflexões acerca da atuação em Psicologia Escolar, bem como das possibilidades de desenvolvimento adulto por meio da abordagem histórico-cultural e de competências.

A primeira conclusão que surge da articulação das informações construídas nas etapas de discussão refere-se ao fato de que, no contexto de atuação das EAAA de

Samambaia – DF, a atuação do psicólogo escolar tem se caracterizado como sendo predominantemente institucional, ou seja, privilegiando a promoção do desenvolvimento

dos diversos atores da escola e no contexto das próprias equipes com o objetivo de favorecer o desenvolvimento de recursos, tais como habilidades pessoais e interpessoais, cognitivas, saberes teóricos, práticos e estéticos que favoreçam o desenvolvimento adulto e a mobilização de competências que possibilitem a ressignificação das atuações, como

comentado por PE9: “Busco criar espaços de interlocução onde o corpo docente possa

ouvir as suas próprias vozes e refletir sobre as suas contradições. Isso de forma a favorecer mudança nas concepções e práticas educativas”.

A identificação dos núcleos de significação relacionados à concepção, práticas e perspectivas segundo uma atuação institucional evidenciados no Memorial, bem como a discussão acerca da necessidade de sistematização do trabalho junto à escola e às EAAA de Samambaia, tratada nas entrevistas coletivas, indicaram um avanço da atuação psicológica no âmbito da SEDF, em relação aos dados construídos por Araújo e Almeida (2006) que identificaram, no ano de 2003, um perfil de psicólogo escolar, no qual 60% dos sujeitos revelaram ter dificuldade de atuação preferencialmente preventiva, 75% admitiram possuir conflitos relacionados à identidade do psicólogo escolar, e 40% disseram realizar predominantemente atividades de atendimento e avaliação aos alunos, bem como de orientação a pais.

Portanto, verificou-se na realização do Memorial e das entrevistas coletivas que os participantes desenvolveram recursos pessoais, interpessoais, éticos, teóricos, entre outros, que possibilitaram a mobilização de competências metacognitivas, de análise, de planejamento e de intervenção que vêm subsidiando a instalação de um novo momento de trabalho caracterizado pela promoção do desenvolvimento de habilidades reflexivas junto aos atores da escola e a renovação das práticas no contexto do ensino público de Samambaia – DF visando promoção da qualidade do ensino.

Vale retomar, nesta reflexão, que tais constatações ratificaram a relevância dos pressupostos histórico-culturais como suporte teórico para se compreender o desenvolvimento adulto, tais como a importância das relações que se estabelecem no contexto dos psicólogos escolares para a promoção de uma postura profissional ressignificada, tendo em vista as diversas situações de intervenção, de planejamento e de avaliação que demandam uma mobilização de competências que, de maneira privilegiada, é favorecida por meio dos processos de mediação e internalização presentes nas relações sociais. Assim, as construções teóricas de Vygotsky (2007 e 2001), oferecem subsídios importantes para a construção de estratégias de formação em serviço que, de forma lúcida e intencional, possam promover a consolidação das práticas institucionais em Psicologia Escolar.

Como definiu o referido autor, o homem se desenvolve e ressignifica sua existência por meio da interação que estabelece com o meio; nesta linha de reflexão, verificou-se que a trajetória dos participantes até o momento, proporcionou-lhes a interação com construções históricas e sociais acerca da especificidade da atuação, do desenvolvimento de competências de análise e de processos metacognitivos que viabilizaram um processo de mediação e de internalização dos conhecimentos e práticas disponíveis.

Desta forma, foi possível provocar modificações na configuração interna de cada sujeito, que, em contrapartida contribuiu com novos sentidos e significados relacionados à atuação em Psicologia Escolar, promovendo um fluxo complexo, constante e dialético de desenvolvimento dos indivíduos e do contexto de atuação por meio da atividade (Leontiev, s.d.).

Verificou-se, ainda, que as alterações empreendidas no contexto das EAAA pela coordenação intermediária, a saber, realização de encontros semanais coletivos para: repasse de informações, estudos teóricos, trocas de experiências, compartilhamento de saberes técnicos e de reflexões sobre a atuação, promoveu importantes saltos qualitativos no desenvolvimento dos psicólogos escolares. Desta forma, verifica-se como a intervenção da coordenação intermediária possibilitou o desenvolvimento de competências coletivas a partir do trabalho em grupo institucionalizado no grupo de EAAA de Samambaia.

Dentre os avanços, pode-se comentar a capacidade de refletir lúcida e intencionalmente sobre sua atuação no grupo de EAAA de Samambaia – DF e, mais especificamente, do psicólogo escolar; e sobre o trabalho que este realiza em parceria com o pedagogo em nível local, com envolvimento emocional, ético em relação às diversas opiniões e maneiras de atuar.

Portanto, as dimensões de atuação intra e inter-equipes favorecem a consolidação de uma rede de competências coletivas que, de acordo com Le Boterf (2003), somente se constituem a partir das inter-relações que compõem o grupo profissional. O desenvolvimento de uma pedagogia de competências viabilizaria, por exemplo, as capacidades de saber-mobilizar e de saber-transpor experiências e ações bem sucedidas, levando os psicólogos a um saber-agir, isto é, atuar de maneira mais flexível e articulada nas diversas situações cotidianas (Le Boterf, 2003; Wittorski, 1998).

No que se refere à atuação na dimensão extra-equipe identificou-se nos registros do Memorial um avanço nas atividades de escuta (Marinho-Araújo & Almeida, 2005) e de compreensão dos processos subjetivos individuais e sociais que permeiam o contexto escolar (PE4), bem como de intervenção junto ao grupo de professores (PE9), para refletir sobre as práticas por meio da realização de oficinas, estudos teóricos e atividades reflexivas (PE6).

Tendo em vista as discussões empreendidas acerca destes aspectos relacionados ao desenvolvimento de recursos por parte dos participantes ao longo da trajetória profissional no cenário das EAAA de Samambaia, vale ressaltar os comentários de Luria (1990) quando teorizou sobre o desenvolvimento humano adulto e sua inter- relação com o contexto: “As características básicas da atividade mental humana podem ser entendidas como produtos da história social – elas estão sujeitas a mudanças quando as formas de prática social se alteram; são, portanto, sociais em essência” (p. 218).

A segunda conclusão geral da pesquisa realizada indicou a necessidade de sistematizar as atividades, já desenvolvidas pelos psicólogos escolares em uma perspectiva institucional, nas dimensões de atuação que compõem o contexto de trabalho, isto é, junto

à própria equipe (dimensão intra-equipe), ao grupo de equipes (dimensão inter-equipes) e ao contexto escolar (dimensão extra-equipe). Esta constatação foi evidenciada a partir da

ausência de registros, no Memorial, do trabalho realizado principalmente na dimensão inter e intra-equipe, e por meio das verbalizações nas entrevistas coletivas acerca das dificuldades de atuação, principalmente nestas duas dimensões, revelando que as práticas e reflexões sobre a atuação necessitam avançar com o objetivo de consolidar ações diretas no contexto escolar e de planejamento e organização de recursos que viabilizem a atividade em Psicologia Escolar.

Assim, acredita-se que a valorização dos espaços de trabalho coletivo e relacionais, tomados como lócus de desenvolvimento humano adulto devido às diversas mediações que podem ser intencionalmente desenvolvidas, tais como, as dimensões intra- e inter-equipe, constituem-se como lugares de consolidação de competências com vistas ao favorecimento da atuação junto à escola. (Araújo, 2003; Araújo & Almeida, 2006 e 2005). Portanto, a atuação do psicólogo escolar relacionada às dimensões intra e inter-equipes pode se consolidada segundo um movimento de reflexão alicerçado na

oportunizada na práxis cotidiana, que os psicólogos escolares terão oportunidades significativas de consolidação de novas ações de intervenção, de planejamento e de organização de recursos e competências (Kuenzer, 2002).

Com relação à capacidade de análise metacognitiva (Le Boterf, 2003; Wittorski, 1998), evidenciada no grupo de participantes, pode-se dizer que esta se constitui como importante recurso de consolidação da atuação no âmbito da Psicologia Escolar na cidade de Samambaia – DF, a partir da qual torna-se possível estabelecer análises sobre a atuação de cada psicólogo escolar em seu contexto, evidenciando avanços e desafios a serem superados, bem como recursos pessoais, interpessoais, éticos, estéticos, teóricos que favorecem a atuação ou que necessitem ser desenvolvidos.

No que se refere à atuação extra-equipe, verifica-se que seu comparecimento é mais destacado pelos participantes nas diversas situações de trabalho junto aos alunos, pais e professores, o que pode indicar que, dentre as três dimensões de atuação, esta vêm se configurando como aquela na qual os participantes concentram maiores esforços de reflexão e intervenção.

De acordo com as reflexões empreendidas na literatura acerca da atuação voltada para a compreensão do contexto e promoção do desenvolvimento dos atores da escola (Guzzo, 2005 e 2006, Martínez, 2005; Marinho-Araújo e Almeida, 2005), verificou- se, por parte dos participantes da pesquisa, uma atuação convergente com tais