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Tratado do Ato Único Europeu

CAPÍTULO 1. MERCOSUL, Globalização e Integração :

2.3. União Européia e a Proteção Ambiental

2.3.3. Tratado do Ato Único Europeu

A década de setenta foi contemplada por inúmeros projetos de reforma global às Comunidades Européias. Em outubro de 1972, a Reunião dos Chefes de Estado e de governo, em Paris, determinou a criação de um relatório sobre a reforma das instituições comunitárias, o qual deveria apresentar ainda as possibilidades das relações dos Estados-membros na constituição de uma União Européia. Em 1974, ficou encarregado o ministro belga, Leo Tindemans, do relatório-síntese, que foi apresentado em 1975, onde demonstrou, com sucesso, as mudanças necessárias às instituições comunitárias e também em suas competências.206

Nesta época, a sociedade internacional flagrou-se com problemas em diversos setores, notando a falta de reforma nas instituições comunitárias criadas na década de cinqüenta. Então, foram criados vários projetos, os quais não tiveram aceitação por partes dos governos e da opinião pública, motivo que permitiu ao Conselho Europeu adotar um acordo de natureza política, denominado Declaração Solene sobre a União Européia, onde ficaram definidas as funções de cooperação política do Conselho Europeu, e democratizado o acervo comunitário, visando fixar as.bases de uma União Européia.207

Neste momento, adquiriu ênfase o projeto do Parlamento Europeu, culminando no projeto do Tratado da União Européia (1984), vislumbrando importantes mudanças institucionais, novas competências, criando a cidadania da União Européia, influenciando os objetivos do Tratado do Ato Único Europeu (TAUE), que teve seu texto aprovado em 28 de fevereiro de 1986, vigorando em 1o de juJho.de. 1987.208

O Tratado apresenta os seguintes objetivos: "a) estabelecimento de um grande mercado sem fronteiras, como meta maior; b) adoção das políticas estruturais e de apoio às regiões mais atrasadas; c) cooperação monetária e de investigação e tecnologia; d) dimensão social; e) proteção ao meio ambiente".209

OLIVEIRA, Odete Maria de. Op. cit., p.298. 206 Idem, p. 114.

207 Idem, ibidem. 208 Idem, p. 115. 209 Idem, p. 116.

BASSO afirma, que o TAUE foi um instrumento de segurança ao desenvolvimento harmonioso das atividades econômicas com a política ambiental, instituindo as seguintes metas:

a integração ordenada entre a política ambiental e outras políticas comunitárias, entre elas, indústria, transporte, turismo, energia, etc.; b) a criação de normas ambientais, que também possuem natureza econômica, aplicáveis às indústrias, no sentido de adotarem para si o fabrico de produtos não-poluentes, visando, desta forma, a competitividade; c) incentivos e desenvolvimento dos investimentos em prol do meio ambiente.(...); d) acesso às informações pelo público interessado; e) eficiente aplicação da legislação européia em vigor, evitando, no futuro, processos por infração contra os Estados-membros transgressores, mesmo porque estes processos se demonstram insuficientes; f) coordenação de medidas preventivas e controle da poluição, as quais podem ser aplicadas tanto em relação à fonte como

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as substancias que poluem, ou ate ao local ja poluído.

Segundo OLIVEIRA,

(...) o Tratado do Ato Único Europeu, a mais importante reforma da Comunidade até então, converteu-se em um verdadeiro ato constitucional, ampliador dos objetivos fundadores, fixando as bases legais da consecução do mercado único e a data de 31 de dezembro de 1992 para sua concretização, tornando-se antecedente imediato do Tratado de Maastricht que, somado ao Tratado de Amsterdam, representam as etapas essenciais do processo de construção do Continente europeu 2U

A União Européia pode e deve ser vista como um modelo a ser seguido pelos países do Cone Sul, no que tange à política de proteção ambiental, uma vez que define ações que abrangem os setores econômicos, políticos e sociais da Comunidade. Adotou políticas de reestruturação econômica das regiões mais atrasadas, estabeleceu mecanismos de cooperação comunitária e desenvolvimento tecnológico, atingindo assim a dimensão social e, por sua vez, a proteção ao meio ambiente.

O MERCOSUL deve adotar medidas no mesmo sentido, embora, sabe-se, que o verdadeiro progresso das políticas ambientais exige, antes de mais nada, um compromisso político. Nesse sentido e, em especial, a questão complexa da Política do Meio Ambiente junto ao bloco econômico Cone Sul e de seus Estados-membros serão objetos de abordagem do capítulo a seguir.

210 BASSO, Maristela. Op. cit., p.377.

MERCOSUL e as Medidas de Política Ambiental

Evidencia-se, também entre os países integrantes do MERCOSUL, uma conscientização geral de que o meio ambiente está sofrendo explorações incontroladas nos recursos naturais de seus Estados-membros. Este fato requer reflexões e gera sérias preocupações, a partir do momento em que o bem-estar econômico depende diretamente das atividades que esgotam os recursos naturais da Terra e, em muitos casos, produzem contaminações e geram resíduos.212

Segundo BASSO, os países-membros do processo de integração do Cone Sul "(...) já subscreveram vários tratados internacionais de proteção ao meio ambiente, assim como promulgaram leis internas nesse sentido". Muito embora, sabe-se que para sua real efetivação, necessitam de leis mais eficazes e que sejam auto aplicáveis.213

O tema "meio ambiente", com sua complexidade, cria inquietação ao Mercado Comum do Sul, uma vez que, "(...) uma linha comum de ações neste ponto tão central e tão controvertido faz parte da efetiva integração que passa o processo entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai".214

Segundo SOUZA, para que haja a harmonização da expansão econômica concomitante com a política de proteção ambiental, é necessário o reconhecimento da existência de benefícios ambientais para o crescimento, decorrentes de benefícios econômicos que fluem de sistemas ecológicos saudáveis 215

Deve-se considerar, no entanto, a discrepância nas políticas de tratamento dado ao meio ambiente de Estado-membro para Estado-membro. Sendo que uns possuem larga legislação constitucional e infraconstitucional, ao passo que outros quase nem mencionam ou omitem o tema em suas Constituições 216Por outro lado, o Mercado Comum do Sul tem manifestado sua preocupação através de várias formas de medidas com esse polêmico problema da degradação do meio ambiente, 212BASALDÚA, Ricardo Xavier. Mercosury derechode la integración.p.261.

213 BASSO, Maristela. Op. cit., p.363. 214 Idem, ibidem.

215 SOUZA, Paulo Roberto Pereira de. O Direito e os Impactos Ambientais no MERCOSUL. p.325. 216 Idem, ibidem.

como também seus próprios Estados-membros, através de suas normas constitucionais e políticas nacionais, a seguir focalizadas.