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Tratamento dos dados coletados

No documento Andrea Oliveira Batista (páginas 94-98)

Anteriormente à análise estatística dos dados do Pró-Ortografia – Protocolo de Avaliação da Ortografia foi realizado o tratamento dos dados, conforme dois critérios.

O primeiro critério serviu de base para a verificação dos acertos obtidos nas provas, no qual foram consideradas as regras de codificação descritas por Scliar- Cabral (2003a, 2003b), apresentadas no Anexo F. Com isso pretendíamos verificar quais os tipos de regras em que os escolares apresentavam mais facilidade e adquiriam primeiro, favorecendo a caracterização do perfil de desempenho ortográfico destes. Por este motivo, independente da seriação do escolar, foi atribuído 1 ponto para cada acerto, sem com isto fazermos juízo de valor quanto ao desempenho ortográfico do escolar, se satisfatório ou insatisfatório, mas, provavelmente, nos possibilitando ponderar sobre o que o maior e o menor número de acertos poderia mostrar. Intuitivamente raciocinamos que o maior número de acertos poderia revelar um perfil de desempenho ortográfico mais desenvolvido e,

contrariamente uma pontuação inferior poderia demonstrar um perfil de desempenho ortográfico mais superficial em termos da aplicação das regras para a codificação.

A pontuação geral das provas 1-Escrita das letras do alfabeto (ELA), 2-Ditado randomizado das letras do alfabeto (DRLA), 3-Ditado de palavras (DP), 4-Ditado de pseudopalavras (DPP), 5-Ditado com figuras (DF), 7-Ditado de frases (DFR), 9- Ditado soletrado (DS) e 10-Memória lexical ortográfica (MLO) foi realizada mediante a atribuição de 1 ponto para cada letra, palavra ou pseudopalavra escrita com a notação ortográfica padrão. A prova 8-Erro proposital (EP) que teve como objetivo a verificação do conhecimento das regras contextuais, sendo solicitada do escolar a notação com a intenção do erro, pois só pode “errar” de propósito quem sabe escrever corretamente, foi corrigida mediante a atribuição de 1 ponto para cada palavra com MEP codificada incorretamente com a correspondente justificativa oral adequada, comprovando o conhecimento do escolar quanto àquela regra de codificação transgredida.

Consideramos para o segundo critério de tratamento dos dados o de classificação dos tipos de erros ortográficos segundo a semiologia descrita pelos autores Cervera-Mérida e Ygual-Fernández (2006) (ANEXO D), propondo uma adaptação brasileira desta classificação, acrescentando mais dois tipos. À nossa maneira, apresentamos a seguinte classificação:

1. Correspondência fonema-grafema unívoca (CF/G) 2. Omissão e adição de segmentos (OAS)

3. Alteração na ordem dos segmentos (AOS)

4. Separação ou junção indevida de palavras (SJIP)

5. Correspondência fonema-grafema dependente do contexto fonético/posição

(CF/GDC)

6. Correspondência fonema-grafema independente de regras (CF/GIR)

7. Ausência ou presença inadequada da acentuação (acento agudo e acento

circunflexo) (APIA)

8. Outros achados (letras com problemas de traçado/espelhamento, escrita de outra

palavra e/ou palavra inventada) (OA)

Os autores Cervera-Mérida e Ygual-Fernández (2006) usam a expressão

biunívoca na classificação número 1 Correspondência sempre biunívoca fonema-

grafema. Contudo em nosso país, esta expressão está mais relacionada à matemática, querendo dizer que a “correspondência entre dois conjuntos ocorre

quando cada elemento do primeiro conjunto corresponde a apenas um elemento do segundo e vice-versa” (FERREIRA, 2004, p. 303). Optamos por modificar para a expressão unívoca, que é entendida como um adjetivo, significando que “algo só comporta uma forma de interpretação” (FERREIRA, 2004, p. 2021).

Um dado significativo deste estudo, encontrado na correção das provas do protocolo, foi o grande número de erros quanto à acentuação; por este motivo, na semiologia dos erros ortográficos o tipo 7 foi acrescentado. Como a acentuação é considerada uma regra da ortografia complexa, que exige conhecimentos do tipo último, penúltimo e antepenúltimo, sílaba tônica e átona, separação silábica ortográfica e classificação da sílaba em oxítona, paroxítona e proparoxítona, segundo o Parâmetro Curricular Nacional (BRASIL,1997), optamos por não considerar este tipo na classificação 5, originalmente dos autores Cervera-Mérida e Ygual-Fernández (2006), pois estes não fazem menção à acentuação, conforme a revisão da literatura. Pela mesma razão, o acréscimo na semiologia dos erros ortográficos do tipo 8 foi adotado.

As provas que tiveram seus erros ortográficos classificados foram: 3-Ditado de palavras (DP), 4-Ditado de pseudopalavras (DPP), 5-Ditado com figuras (DF), 6- Escrita temática induzida por figura (ETIF) e 7-Ditado de frases (DFR).

Ulterior à correção dos itens lexicais, considerados certos ou errados, a classificação foi feita atribuindo o número correspondente ao tipo de erro ortográfico, baseado em sua semiologia, contido nos itens incorretos. Por exemplo, na palavra “guerra” codificada “guera”, o erro foi classificado como do tipo 5, por ser uma situação dependente de regra, no caso o uso de r/rr. Na mesma palavra codificada como “querra”, o erro foi classificado como do tipo 1, por ser uma troca de letras numa condição de correspondência unívoca, entre o fonema a ser representado e o grafema representante. Em diversas situações, pudemos encontrar numa mesma palavra mais de um tipo de erro ortográfico, não sendo ignorada nenhuma codificação incorreta, sendo todas classificadas segundo a sua semiologia. Por exemplo, classificamos a palavra codificada de maneira incorreta “sulgeira” como do tipo 2, por ser uma situação de acréscimo da letra l e do tipo 6 por ser uma situação independente de regra, no caso o uso do je/ge, em que um escolar do grupo GII tentou codificar a palavra “sujeira”.

Dentre as 240 avaliações realizadas, 236 protocolos puderam ser classificados quanto à semiologia dos erros ortográficos integralmente, dois

protocolos parcialmente e dois não puderam ser classificados, sendo excluídos, pois a produção escrita destes escolares apresentou-se na forma de sequência de letras aleatórias e/ou outros símbolos, palavras ilegíveis e/ou fragmentos de palavras que indicam fases mais iniciais do processo de alfabetização, portanto estes, não se encontravam na fase alfabética, conforme critérios de Frith (1985), condição mínima necessária para a classificação dos erros. No grupo GI um escolar não apresentou as condições necessárias para a classificação da prova 4-DPP e, outro escolar não apresentou as condições necessárias para a classificação das provas 4-DPP, 6- ETIF e 7-DFR. Em dois escolares do grupo GV todas as provas não puderam ser classificadas, ou seja, 3-DP, 4-DPP, 5-DF, 6-ETIF e 7-DFR. Entretanto, os 240 protocolos foram corrigidos com base na verificação dos acertos obtidos nas provas.

Para as avaliações restantes, nas provas 3-DP, 4-DPP, 5-DF, 6-ETIF e 7- DFR, foi realizada a somatória de cada tipo de erro ortográfico, previamente classificado, mediante a contagem de 1 ponto para cada um destes, com o objetivo de se chegar a um valor único.

Cabe esclarecer que na prova 7-DFR, ditado de frases, acrescentamos dois indicadores, OP (omissão de palavras ditadas) e AP (adição de palavras não ditadas), considerando o primeiro objetivo da prova, que foi o da verificação da relação ou interferência da memória de trabalho fonológica com o desempenho ortográfico. Contudo, na situação de AP, não foi realizada a classificação do erro, na ocorrência de notação incorreta, pois a palavra acrescentada não fazia parte da testagem ortográfica previamente estabelecida.

5 RESULTADOS

No documento Andrea Oliveira Batista (páginas 94-98)