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5.1 MODELAGEM DO SISTEMA HÍDRICO SUBTERRÂNEO

5.1.1.2 Tratamento e organização dos dados

A primeira etapa para a construção do modelo matemático de fluxo hídrico subterrâneo constitui-se na preparação e organização dos dados, esses que representam as características hidrográficas, hidrológicas, geológicas, geomorfológicas e hidrogeológicas da área de estudo, no caso a BHRP. Desta forma, e sabendo-se que o modelo a ser construído é de natureza preliminar, os parâmetros a serem trabalhados e inseridos no programa Visual MODFLOW podem ser divididos em duas categorias: parâmetros de condição de contorno como a delimitação da área da BHRP e a carga hidráulica do Rio Pitimbu; e parâmetros referentes às características geológicas, hidrogeológicas e físicas da Bacia, como a topografia da área de estudo; espessura e composição das camadas de solo, precipitação media anual, volume de água infiltrada no solo por fossas e sumidouros localizados na área de estudo, e os parâmetros hidrogeológicos (condutividade hidráulica, coeficiente de armazenamento especifico, produção especifica, porosidade efetiva e porosidade total).

No modelo em estudo foi considerado para a modelagem de fluxo hídrico subterrâneo apenas as áreas dentro da BHRP; e nas áreas fora da delimitação da bacia foi atribuído fluxo hídrico igual a zero. Assim, a primeira condição de contorno do modelo é a delimitação da bacia pelos divisores topográficos de água. A Figura 8 apresenta a delimitação da bacia hidrográfica.

A segunda condição de contorno do modelo é a carga hidráulica do Rio Pitimbu. Como não havia dados disponíveis referentes ao nível da água do respectivo Rio ao longo de seu percurso, os vértices das linhas que representam seu contorno foram interpolados com a topografia da área de estudo, a fim de gerar valores que no modelo numérico representariam o nível da água em seu sistema de drenagem. Devido à

grande densidade de pontos gerados no curso do Rio, em relação à dimensão e quantidade das células no modelo numérico, foram selecionados apenas 21 pontos para representar o nível da água ao longo do Rio Pitimbu (Figura 9). Entre valores máximos e mínimos das cotas, começando da nascente do Rio e terminando em sua descarga: a cota do primeiro ponto com a cota do segundo ponto, depois a cota do segundo ponto com a cota do terceiro ponto, e assim por diante, foram inseridas linhas que por interpolação linear no Visual MODFLOW geraram para cada célula pertencente ao contorno do Rio um valor de carga hidráulica. Desse modo, no modelo de fluxo hídrico subterrâneo, o Rio Pitimbu assumiu a condição com carga hidráulica especificada.

FIGURA 8 - Delimitação da BHRP sobre imagem de satélite

FIGURA 9 - Mapa da BHRP com a indicação do valor e localização das cargas hidráulicas inseridas no Visual MODFLOW 236000 239000 242000 245000 248000 251000 254000 257000 260000 9341000 9344000 9347000 9350000 9353000 81,57 72,6266,72 69,98 60,80 58,45 58,14 57,77 56,23 52,53 65,53 49,84 46,95 42,11 34,57 33,17 14,99 9,95 4,10 77,35 68,02 Rio Pitimbu Delimitação da BHRP Área da BHRP

Local no rio com carga hidráulica inserida XX,XX Valor de carga hidrálulica em metros

a) Base topográfica do modelo

A topografia da área de estudo utilizada no modelo foi retirada da base cartográfica da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Monitoramento por Satélite. Através do projeto SRTM (em inglês, Shuttle Radar Topography Mission), uma parceria das agências espaciais dos Estados Unidos (NASA e NIMA), Alemanha (DLR) e Itália (ASI), foram obtidas imagens do planeta Terra vistas do espaço com detalhes de relevo e topografia a partir de sensores a bordo do ônibus espacial Endeavour, (MIRANDA, 2005).

Pesquisadores da EMBRAPA Monitoramento por Satélite obtiveram os dados brutos do SRTM e realizaram um trabalho de correção e padronização, com a finalidade de remover algumas falhas presentes nas imagens. Desta forma, a EMBRAPA fornece uma série de mapas planialtimétricos formados por pontos (pixels), com suas respectivas cotas topográficas, que abrangem todo o território brasileiro, (MIRANDA, 2005).

Para o presente estudo foi utilizada apenas a base cartográfica da área na qual está inserida a BHRP, visto que no modelo em estudo não serão consideradas interferências provenientes de locais que estejam fora do entorno da respectiva bacia hidrográfica. Na formação do mapa planialtimétrico, optou-se por um mapa com espaçamento de 5,0 metros entre os pontos cotados. Os dados foram trabalhados no software de geoprocessamento TerraView, versão 4.2.0, e convertidos do DATUM WGS84 para o DATUM SAD1969, com a finalidade de compatibilizar o mapa planialtimétrico em questão, com os mapas de delimitação da BHRP obtido a partir da base cartográfica de SERHID (2005) que também se encontram em SAD 1969.

O programa Visual MODFLOW aceita a introdução dos dados topográficos no formato **. XYZ em que são especificadas as coordenadas em UTM e as respectivas cotas altimétricas dos pontos cotados. Desta forma, o mapa planialtimétrico foi exportado do software TerraView 4.2.0 para o programa MScad LT , e deste foi possível a transferência dos dados dos pontos cotados para a forma de planilha no formato de texto *.txt, apresentando as coordenadas e a altimetria dos respectivos pontos, como mostra o Quadro 4.

FIGURA 10 - Figura isométrica do mapa planialtimétrico da BHRP trabalhada no aplicativo MATLAB 2011.b.

QUADRO 4 - Coordenadas e cotas topográficas de alguns pontos cotados pertencentes ao mapa planialtimétrico da BHRP.

ORDEM dos Pontos Cotados

COORDENADAS GEOGRÁFICAS em UTM COTA ALTIMÉTRICA X (m) Y(m) Z (m) 0 232756,2431 9355290,0545 47 1 232848,5772 9355290,4495 47 2 232664,3036 9355197,4604 55 3 232756,6376 9355197,8556 56 4 232848,9717 9355198,2507 54 5 232941,3056 9355198,6457 52 6 233033,6395 9355199,0405 50 7 233125,9734 9355199,4352 45

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65534 256643,2705 9338517,5261 26 Fonte: MIRANDA (2005).

b) Caracterização do perfil geológico do modelo

A configuração geológica da área de estudo é de grande importância para a construção de um modelo de fluxo hídrico subterrâneo, visto que a partir desta serão adotados os parâmetros hidrogeológicos que influenciarão diretamente na dinâmica de fluxo de água no aquífero presente na bacia. A quantidade, espessura e composição geológica de cada camada de solo dentro da área de estudo devem ser consideradas no modelo matemático. Há dificuldades em se obter com exatidão esses parâmetros, ainda mais para áreas de grande porte, como a BHRP. Para uma análise mais criteriosa da geologia da bacia seria necessária a instalação de piezômetros distribuídos uniformemente, e por meio destes coletar amostras do solo em profundidades variadas, determinar o nível freático e assim caracterizar o perfil geológico da área. As sondagens geoelétricas seriam também uma ferramenta importante para a obtenção de resultados satisfatórios no tocante ao estudo das características geológicas da BHRP.

Para a construção das camadas de solo do modelo de fluxo hídrico subterrâneo proposto, foram analisados os perfis litológicos de 19 poços, todos de propriedade da Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN, a partir dos quais, foi possível verificar a quantidade de camadas e suas características geológicas. A Figura 12 apresenta dois dos 19 poços escolhidos para o estudo.

A CAERN possui hoje, entre ativos e inativos, 65 poços presentes na BHRP. Na escolha dos poços que seriam utilizados para o estudo de caracterização geológica da bacia, no caso os 19 mencionados anteriormente, levou-se em consideração: a localização espacial, com a finalidade de obter dados de varias regiões dentro da bacia; a profundidade, buscando sempre os poços de maior profundidade que garantiriam o reconhecimento de camadas de solo mais profundas; e a complexidade litológica da área na qual um determinado poço está localizado, dando preferência para aqueles que apresentaram, em seu perfil litológico, uma maior variação de tipos de solo. Entretanto, já na avaliação do balanço de massa no sistema foram consideradas as vazões de explotação de todos os poços ativos entre os 65 de propriedade da CAERN.

FIGURA 11 - Localização dos poços da CAERN presentes na BHRP.

FIGURA 12 - a) Perfil litológico do poço PT 19 Macaíba; b) Perfil litológico do poço PT – 19 Nova Parnamirim.

a) b)

Como mencionado anteriormente, para a construção de um modelo de fluxo subterrâneo com características e resultados o mais próximo possível das condições naturais da área de estudo, seria necessário uma analise criteriosa das características geológicas da bacia hidrográfica, para que todas as camadas de solo fossem fielmente inseridas no modelo matemático, assim como suas características hidrogeológicas. Entretanto, como o modelo de fluxo hídrico subterrâneo proposto neste estudo é de natureza preliminar, foram realizadas adaptações e interpolações dos dados coletados para a construção do respectivo modelo.

A primeira adaptação importante dos dados foi o agrupamento das camadas de solo da bacia em dois grupos distintos. Cada grupo será formado por camadas de solo com características geológicas semelhantes e, desta forma, o modelo em estudo será composto por apenas duas camadas. Os dados referentes à geologia da área de estudo foram trabalhados e adaptados para o modelo proposto, verificando-se primeiramente, a quantidade de camadas de solo existentes e suas respectivas características geológicas. Em seguida, as camadas de solo foram agrupadas em dois grupos da seguinte forma: as camadas mais próximas à superfície, que apresentam solos arenosos, juntamente com as lentes de argila, formaram o primeiro grupo de camadas para o qual foi atribuído o nome de grupo “Dunas”, em referência à formação geológica Dunas presente na área de estudo; o segundo grupo foi composto por todas as camadas de solo compreendidas entre a base da primeira camada, grupo (Dunas), e a menor cota do perfil litológico do poço mais profundo entre os analisados, e recebeu o nome de grupo “Barreiras”, em referência à formação geológica Barreiras.

No modelo preliminar, as lentes de argila geradas pela pequena quantidade de poços disponíveis na área de interesse, não foram consideradas como uma camada na interpretação litológica devido a sua descontinuidade ao longo da área de estudo. Todavia, as características das lentes de argila foram representadas pelo parâmetro Condutividade Hidráulica (K) que definiram diferentes zonas de fluxo para o modelo em estudo, conforme descrito em subitem sobre os parâmetros hidrogeológicos.

Após a separação das camadas, foi obtida a espessura das mesmas para cada perfil litológico dos poços, como apresentado no Quadro 5. Verifica-se que, de acordo com a localização dos poços, os perfis litológicos dos mesmos mostram que as

camadas de solo variam em espessura e profundida. Como não há dados suficientes para uma caracterização mais precisa das dimensões das camadas de solo ao longo de toda a BHRP, foi realizada a interpolação das cotas de base das camadas para gerar a configuração das mesmas para todos os locais da área de estudo. O programa Visual MODFLOW possui a capacidade de interpolar os dados referentes à cota da base de cada camada, sendo necessário apenas introduzi-las no programa em suas respectivas coordenadas geográficas. A Figura 13.b apresenta o perfil de uma seção feita no modelo, em que se verifica a presença das duas camadas mencionadas e a variação da espessura e profundidade das mesmas.

QUADRO 5 - Profundidade e espessura dos grupos de camada geológica de cada poço estudado.

POÇO CÓDIGO CAERN PROFUNDIDADE (m)

ESPESSURA (m) Primeira Camada (Dunas) Segunda camada (Barreiras) d3 Pt - 03 53,3 10 43 d8 Pt - 09 47,1 14 33 d17 Pt - 19 59,25 29 30 d20 Pt - 06 79 30 49 d22 Pt - 12 56 7 49 d23 Pt - 14 67 28 39 d31 Pt - 24 80 33 47 d35 Pt - 33 48 24 24 d36 Pt - 37 46,72 17 30 d42 P - 63 64 33 31 d48 P - 05 76,26 31 45 d55 P - 07 49,2 18 31 d56 P - 06 94 50 44 d58 Pt - 10 78,17 30 48 d59 Pt - 13 77,5 36 42 d61 Pt - 16 80 26 54 d62 Pt - 17 78 44 34 d63 Pt - 19 76 39 37 d66 --- 63 30 33

Nota-se na Figura 13.b que a cota da base da segunda camada, camada Barreiras, é constante com valor de (– 42,0) metros. Esta foi mais uma das adaptações necessária feitas no modelo proposto devido à falta de estudo do perfil litológico de toda a área da Bacia que fornecesse dados a respeito da variação altimétrica do topo da camada impermeável. Assim, a cota de base do poço mais profundo entre os estudados (poço Pt 16; profundidade: 80 metros) foi adotada como a cota de base da segunda camada para toda a área do modelo matemático.

FIGURA 13 - a) BHRP para o modelo matemático; b) Perfil litológico de uma secção do modelo preliminar de fluxo subterrâneo.

A

B

Rio Pitimbu

Carga Hidráulica Especificada Carga Hidráulica Especificada Carga Hidráulica Especificada Co nto rno de f luxo nul o

Contorno de fluxo nulo

C onto rn o d e fluxo nul o Rio Piti mbu 236000 239000 242000 245000 248000 251000 254000 257000 260000 9 34 10 00 9 34 40 00 9 34 70 00 9 35 00 00 9 35 30 00 240500 243500 246500 249500 252500 255500 -42 -20 0 20 40 60 76 Rio Pitimbu Rio Pitimbu

A

B

Camada Dunas Camada Barreiras (a) (b)

b) Parâmetros Hidrogeológicos

As variáveis hidrogeológicas inseridas no modelo preliminar foram obtidas através da consulta de dados contidos nos relatórios dos 65 poços da CAERN, dados de estudos de Feitosa e Filho (1997), e dados de estudo de Righetto e Rocha (2005). Após a análise dos relatórios dos poços, constatou-se que em apenas 30 existiam informações sobre testes de produção de vazão e testes de aquífero para determinar os valores das variáveis hidrogeológicas; desta forma, somente estes poços foram utilizados para a obtenção dos respectivos dados para posterior inserção no modelo.

Para os 30 poços, os relatórios forneciam valores do parâmetro de transmissividade hidráulica (T); entretanto, apenas 09 poços (poços d1, d4, d5, d6, d44, d45, d46, d47 e d48) continham em seus relatórios os valores calculados para o coeficiente de armazenamento (S), e em apenas 04 poços (d1, d4, d5, d6) as variáveis necessárias para estimar o valor da produção específica (Sy), utilizadas segundo as expressões abaixo, de acordo com Delluer, 1999. Os valores obtidos de coeficiente de armazenamento (S) e de produção específica (Sy) podem ser observados no Quadro 6.

(09) Sendo:

(10)

Em que: fs - função de rebaixamento do poço b - comprimento do poço (m)

d - comprimento do filtro (m)

Ko - coeficente da função de Bessel

r - Raio de influência ou de ação; limite de rebaixamento (m). B - coeficiente de drenança (m)

Ko * (r/B) = α - valor apresentado em 04 relatórios de poços da CAERN

O Termo “k0(r/B) “ é a função modificada de Bessel de segunda espécie e ordem zero. É proveniente da dedução da equação de Hantush (1956) apud Feitosa e Filho (1997) para obtenção dos parâmetros do teste de bombeamento em aquífero semiconfinado. Os valores da função de Bessel encontram-se tabelados em Feitosa e Filho (1997).

QUADRO 6 - Tabela geral de parâmetros hidrogeológicos a serem carregados no modelo de fluxo hídrico subterrâneo.

Código

Adotado CAERN Código H (m) h (m) K (m/s) T (m2/s) K* (m/s) S Ss (m-1) Sy b (m) d (m) α CAPTAÇÃO CONDIÇÃO

d1 Pt 01 35,34 4,50E-03 1,27E-04 1,11E-03 3,13E-05 0,0114 52,00 14,50 0,620 Macaíba Livre

d2 Pt 02 29,67 5,11E-03 1,72E-04 9,51 Macaíba Livre

d3 Pt 03 34,51 6,06E-03 1,76E-04 10,60 Macaíba Livre

d4 Pt 05 38,09 4,07E-03 1,07E-04 1,39E-03 3,64E-05 0,0374 52,00 10,00 0,908 Macaíba Livre d5 Pt 06 35,06 8,51E-03 2,43E-04 1,13E-03 3,21E-05 0,0097 49,70 7,28 0,650 Macaíba Livre d6 Pt 07 33,65 1,31E-02 3,90E-04 2,41E-04 7,16E-06 0,0011 47,23 8,40 0,433 Macaíba Livre

d7 Pt 08 36,93 9,54E-03 2,58E-04 11,22 Macaíba Livre

d8 Pt 09 33,57 1,74E-02 5,20E-04 9,54 Macaíba Livre

d9 Pt 10 31,49 1,27E-02 4,02E-04 6,36 Macaíba Livre

d10 Pt 11 29,31 1,03E-02 3,50E-04 14,68 Macaíba Livre

d20 Pt 06 31,12 49,00 3,13E-05 6,38E-07 16,00 Parnamirim SC

d22 Pt 12 30,79 21,00 2,60E-04 1,24E-05 13,64 Parnamirim SC

d23 Pt 14 31,15 23,00 1,23E-04 5,35E-06 18,83 Parnamirim SC

d31 Pt 24 21,33 47,00 1,30E-03 2,77E-05 22,40 Parnamirim SC

d35 Pt 33 41,98 2,52E-04 6,00E-06 12,00 Parnamirim SC

d36 Pt 37 31,16 4,90E-04 1,57E-05 8,32 Parnamirim SC

d42 P63 15,05 24,00 3,21E-04 1,34E-05 14,00 Parnamirim SC

d44 P01 36,24 1,35E-04 3,35E-05 1,00E-03 2,76E-05 80,50 25,60 C. Satelite SC d45 P02 27,04 1,84E-04 2,05E-04 1,00E-03 3,70E-05 79,60 25,20 C. Satelite SC d46 P03 20,92 1,82E-04 3,96E-04 1,00E-03 4,78E-05 62,15 19,35 C. Satelite SC d47 P04 18,56 2,27E-04 2,61E-04 1,00E-03 5,39E-05 78,90 21,40 C. Satelite SC d48 P05 17,14 2,70E-04 2,14E-04 1,00E-03 5,83E-05 77,10 22,48 C. Satelite SC

d55 07-LJI 25,08 35,00 2,03E-04 5,79E-06 20,00 L. Jiquí SC

d56 P06 16,64 29,72 5,35E-02 1,80E-03 25,72 San Vale SC

d58 Pt 10 13,71 28,00 1,96E-04 6,98E-06 25,19 N. P SC

d59 Pt 13 12,73 43,50 3,45E-04 7,92E-06 28,35 N. P SC

d61 Pt 16 3,62 7,74E-04 2,14E-04 26,00 N. P Livre

d62 Pt 17 13,24 36,00 3,43E-04 9,54E-06 16,00 N. P SC

d63 Pt 19 25,39 37,00 2,68E-04 7,26E-06 22,00 N. P SC

d66 OS-882 56,45 5,67E-05 1,01E-06 22,00 Macaíba Livre

Em referência ao Quadro 6, “h” é a espessura da camada confinante ou semiconfinante (SC); “K” é o valor de condutividade hidráulica já apresentado nos relatórios da CAERN para as zonas não saturadas (1ª camada); “T” Valores de transmissividade obtidos através da interpretação de dados de teste de bombeamento contido no relatório do poço da CAERN; “K*” Valores de condutividade hidráulica calculados a partir da transmissividade para as zonas saturadas (2ª camada); “S” valores de coeficiente de armazenamento obtidos a partir dos dados contidos nos relatórios dos poços da CAERN; “Ss” valor de coeficiente de armazenamento especifico; “Sy” valores de produção específica; “b” comprimento do poço; “d” comprimento do filtro do poço.

Para a primeira camada do modelo, foi atribuído o valor de produção especifica correspondente ao valor obtido por Righetto e Rocha (2005) quando estudaram a capacidade de infiltração da camada geológica não saturada na região sul da cidade de Natal, que também possui a formação Dunas como primeira camada geológica. O valor obtido no respectivo estudo para a produção especifica do solo foi de 0,015.

Para a segunda camada do modelo numérico, foi atribuído como produção especifica (Sy), o valor correspondente a média dos valores de (Sy) para cada poço em que este parâmetro pôde ser obtido, sendo a média igual ao valor de 0,014884, o qual foi arredondado para o valor de 0,015. Ao adotarmos este valor para toda a segunda camada do modelo, salientamos novamente que se trata de um modelo de fluxo hídrico subterrâneo de natureza preliminar, visto que, este dado foi obtido através de apenas 4 poços dentro da área de estudo e desta forma trata-se de uma estimativa do real valor deste parâmetro para as diversas áreas da BHRP. O Quadro 7 apresenta os valores adotados de (Sy) para as duas camadas do modelo.

QUADRO 7 - Valores das variáveis de armazenamento especifico, produção especifica, porosidade efetiva e porosidade total adotados para as camadas do modelo numérico.

Variáveis de Estado Camada 01 Camada 02

Armaz. Específico (Ss) (m-1) 2,67E-05 4,49E-05

Produção específica (Sy) 0,015 0,015

Porosidade Efetiva (Por.eff) 32% 10%

Porosidade Total (Por. Tot) 64% 20%

No Quadro 6 verifica-se que os poços são classificados em relação às condições do aquífero de: semiconfinado ou não confinado (aquífero livre). Esta classificação foi realizada com base na presença de lentes de argila encontradas nos perfis dos poços da CAERN. A região da área de estudo em que, através da análise do perfil litológicos dos poços, foi detectada a existência de lentes de argila, atribuiu-se a ela uma região com aquífero semiconfinado. Já para as áreas em que não foram identificadas lentes de argila, adotou-se a existência de aquífero livre nestas regiões. Como apresentado no Quadro 6, os poços localizados nas regiões em aquífero semiconfinado são: d20, d22, d23, d31, d42, d55, d56, d58, d59, d62 e d63. Ainda na mesma tabela, os poços localizados em regiões da bacia com aquífero livre são: d1, d2, d3, d4, d5, d6, d7, d8, d9, d10, d35, d36, d44, d45, d46, d47, d48, d61 e d66.

Além do parâmetro de produção especifica (Sy), no Quadro 7 consta também os valores das variáveis de coeficiente de armazenamento específico (Ss), porosidade total (N) e porosidade efetiva (Ne) adotados para as camadas do modelo preliminar. O coeficiente de armazenamento específico (Ss) foi calculado através do resultado da razão entre o valor do coeficiente de armazenamento (S) e carga hidráulica em um determinado poço. Evidentemente que só foi possível obter o parâmetro de Ss para os poços que continham em seus relatórios o valor de S. O Quaro 06 apresenta os valores obtidos de coeficiente de armazenamento específico para os poços d1, d4, d5, d6, d44, d45, d46, d47 e d48.

Para a primeira camada, foi atribuído o valor de “Ss” igual a média dos valores deste parâmetros para os poços d1, d4, d5 e d6, visto que nos relatórios de teste de bombeamento destes mesmo poços foi possível obter o valor de “Ss” para a camada não saturada. Já para a segunda camada do modelo em estudo, o valor de “Ss” foi obtido realizando-se a média dos valores deste parâmetro dos poços d44, d45, d46, d47e d48, visto que os relatórios dos mesmo forneciam dados de “Ss” para as camadas saturadas. Entretanto, como no modelo a simulação do fluxo refere-se ao estado estacionário, o coeficiente de armazenamento específico “Ss” será eliminado, pois este multiplica a derivada temporal da carga hidráulica conforme mostra a Equação 04.

O valor de 32% de porosidade efetiva para a primeira camada foi obtido com base nos dados sugeridos pelo Quadro 8, adaptada de Johnson (1967) apud Feitosa e

Filho (1997). Para a segunda camada, o valor de 10% de porosidade efetiva foi adotado com base em estudos de Melo (1995), e Righetto e Rocha (2005). Os valores de porosidade total foram estimados como sendo o dobro do valor de porosidade efetiva, de acordo com valores tabelados em Johnson (1967) apud Delluer (1999). Esses dados de armazenamento poderão ser corrigidos através da análise granulométrica da amostra de solo coletados com a perfuração de novos poços de observação, de forma a otimizar o modelo proposto.

QUADRO 8 - Porosidade efetiva para diferentes materiais.

Argila 0,00 - 0,05 Argila arenosa 0,03 - 0,12 Silte 0,03 - 0,19 Areia fina 0,10 - 0,28 Areia média 0,15 - 0,32 Areia grossa 0,20 - 0,35

Areia com cascalho 0,20 - 0,35

Cascalho fino 0,21 - 0,35

Cascalho médio 0,13 - 0,26

Cascalho grosso 0,12 - 0,26

Fonte: Adaptado de Johnson, 1967 apud Feitosa e Filho, 1997.

Segundo Cleary, 1989 apud Dias, 2011, a condutividade hidráulica “K” pode ser encontrada simplesmente dividindo a transmissividade hidráulica pela espessura do aquífero em um caso ideal de camadas contínuas onde o aquífero é homogêneo e isotrópico. Na modelagem de fluxo hídrico em questão, onde se tem apenas o valor da transmissividade, a condutividade hidráulica foi calculada dividindo o valor de transmissividade pela espessura da seção filtrante, no caso de poços que captam água em aquífero confinado ou semiconfinado (poços d20, d22, d 23, d31, d35, d42, d55, d56, d58, d59, d62, d63). Já para os poços que captam água em aquíferos livres (poços: d1, d2, d3, d4, d5, d6, d7, d8, d9, d10, d36, d61, d66) obtém-se a condutividade hidráulica a partir da razão entre o valor de transmissividade e a altura da coluna de água no poço. Apenas para os poços d44, d45, d46, d47 e d48, não foi necessário

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