• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO DA LITERATURA

6.8 PROCEDIMENTOS

6.8.1 TRIAGEM

Os pacientes do ambulatório de neurologia do HUAP, após serem avaliados sob sua condição cognitiva pelo neurologista especialista em Desordens do Movimento, compreendidos entre os estágios 2 e 3 de acordo com a Escala Modificada de Hoehn & Yahr, foram encaminhados ao ambulatório de fisioterapia da AFR, para um segundo momento de avaliações. Essas avaliações são relacionadas as questões motoras dos pacientes, sendo estas realizadas por um fisioterapeuta neurofuncional, e também neste momento foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos.

Todos os sujeitos foram submetidos ao mesmo protocolo de pesquisa, aplicados no momento pré-intervenção, pós-intervenção e follow up, composto pelas seguintes avaliações:

Avaliação cognitiva - Mini-exame de estado mental (MEEM)

O Mini-Exame do Estado Mental – MEEM (FOLSTEIN, FOLSTEIN e MCHUGH, 1975) foi utilizado para critério de inclusão. Trata-se de um teste validado e adaptado transculturalmente para o português (BERTOLUCCI et al., 1994).

Este instrumento é composto por 30 questões, sendo amplamente utilizado no rastreamento de casos que apresentam suspeita de déficit cognitivo. O MEEM é composto por diversas questões tipicamente agrupadas em 7 categorias, cada uma delas desenhada com o objetivo de avaliar “funções” cognitivas específicas: orientação para tempo (5 pontos), orientação para local (5 pontos), registro de 3 palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), lembrança das 3 palavras (3 pontos), linguagem (8 pontos), e capacidade construtiva visual (1 ponto). Seu escore pode variar de um mínimo de 0 até um total máximo de 30 pontos. No Brasil, Bertolucci et al. (1994) observaram que o escore total depende do nível educacional dos indivíduos, sendo os pontos de corte sugeridos de 13 para analfabetos, 18 para escolaridade baixa/média, e 26 para escolaridade acima de 9 anos. A sensibilidade para analfabetos foi de 82,4%, para indivíduos de escolaridade baixa/média de 75,6% e para os indivíduos de escolaridade acima de 9 anos de 80% e especificidade de 97,5% para os analfabetos, 96,6% para os indivíduos de escolaridade básica/média e de 95,6% para os indivíduos de alta escolaridade (BERTOLUCCI et al., 1994) (ANEXO 1).

Avaliação cardiovascular - Frequência Cardíaca

A frequência cardíaca (FC) foi verificada utilizando oxímetro marca Onyx 9500®, com sensor posicionado no terceiro dedo da mão direita, sendo a leitura determinada após a estabilização do sinal (MOREIRA; MORAES; TANNUS, 2001).

A FC foi verificada na posição em pé, em repouso para determinar a FC em repouso e calcular o valor da FC submáxima por meio do cálculo: 220 - idade e monitorar a FC durante o treinamento para que a FC permaneça na zona de treinamento submáximo. Sujeitos com FC de repouso superior a 120 bpm foram excluídos da amostra (MAGALHÃES, 2008). A medição da Saturação Periférica de Oxigênio Funcional de Hemoglobina Arterial (%SpO2), foi realizada com oxímetro marca Onyx 9500®, com sensor posicionado no terceiro dedo da mão direita, sendo a leitura determinada após a estabilização do sinal (MOREIRA et al., 2001). A SpO2 foi

verificada em repouso, na posição em pé e os sujeitos que apresentaram SpO2 em

repouso abaixo de 90% foram excluídos da amostra (MAGALHÃES, 2008).

Avaliação de aspectos da qualidade de vida na DP – Parkinson’s Disease Questionnaire – 39 (PDQ-39)

Para avaliar a QV dos participantes foi utilizada a Escala Específica de Avaliação da Qualidade de Vida na DP – PDQ-39 adaptada para o português-Brasil na Health Services Research (Department of Public Health and Primary Care – University of Oxford) em 2005. Estes dados foram obtidos por meio de questionário estruturado, em forma de entrevista, tipo Likert, que compreende 39 itens que podem ser respondidos com cinco opções diferentes de resposta: “nunca”; “de vez em quando”; “às vezes”; “frequentemente” e “sempre”. Os escores em cada item variam de 0 (nunca) a 4 (sempre). O PDQ-39 é dividido em oito dimensões: Mobilidade (10 itens), Atividades de Vida Diária (6 itens), Bem-Estar Emocional (6 itens), Estigma (4 itens), Apoio Social (3 itens), Cognição (4 itens), Comunicação (3 itens) e Desconforto Corporal (3 itens). O escore total para cada indivíduo é calculado de acordo com a seguinte fórmula: 100x (soma dos escores do paciente nas 39 questões / 4 x 39) (Department of Public Health and Primary Care-University of Oxford, 2005 apud LANA et al. (2007). Possui teste-reteste alto: pontuação total (0,68-0,95); Mobilidade (0,89-0,95); AVD’s (0,93- 0,96); Bem-Estar Emocional (0,90-0,95); Estigma (0,88-0,95); Apoio social (0,66-0,92); Cognição (0,84-0,93); Comunicação (0,86-0,90) e Desconforto corporal (0,80-0,91) (KRIKMANN et al., 2008; LUO et al., 2010; MARTINEZ-MARTIN et al., 2007) (ANEXO 2).

Avaliação clínica da doença de Parkinson- Escala Unificada de Avaliação para Doença de Parkinson (UPDRS)

A Escala Unificada de Avaliação para Doença de Parkinson – (Unified Parkinson’s Disease Rating Scale - UPDRS) foi utilizada para avaliar os sinais, sintomas e determinadas atividades dos pacientes por meio do auto-relato e da observação clínica. É composta por 42 itens, divididos em quatro partes: atividade mental, comportamento e humor (16 pontos); atividades de vida diária (AVD) (52 pontos); exploração motora (108 pontos) e complicações da terapia medicamentosa (44

pontos). A pontuação em cada item varia de 0 a 4, sendo que o valor máximo indica maior comprometimento pela doença e o mínimo, normalidade. A UPDRS é uma escala confiável e válida, que a qualifica como um método adequado para a avaliação da DP (FAHN, 1987 apud GOULART & PEREIRA, 2005). Possui alta confiabilidade intra- avaliador: pontuação total (ICC = 0,92); AVD (ICC = 0,85); Exame Motor (ICC = 0,90) (SIDEROWF et al., 2002) (ANEXO 3).

Avaliação funcional dos membros superiores - Test d’Évaluation des Membres Supérieurs de Personnes Âgées (TEMPA)

Para avaliar a função do membro superior foi aplicado o Test d’Évaluation des Membres Supérieurs de Personnes Âgées (tradução livre para o português significa Teste de avaliação dos membros superiores em idosos - TEMPA) (MICHAELSEN et al., 2011), composto por oito tarefas padronizadas, sendo quatro tarefas bilaterais e quatro unilaterais representando AVD. Nestas tarefas avalia-se amplitude de movimentos ativos, força, precisão dos movimentos grosseiros e preensão. Os escores são baseados na velocidade de execução, na graduação funcional e na análise das tarefas executadas. Para avaliar a velocidade da execução, as tarefas são cronometradas desde o instante em que o paciente retira as mãos do suporte (plataforma inferior) até o momento em que completa a tarefa (observando que as tarefas devem ser realizadas o mais rápido possível). Apesar da escala original propor uma cotação negativa, sendo zero indicativo de ausência de incapacidade, para fins de análise estatística na versão traduzida para o português foram utilizados os valores independente do sinal. Desta forma, valores maiores correspondem à maior incapacidade.

O TEMPA é um instrumento válido e confiável para avaliar as limitações da atividade dos MS na DP, mostrando boas propriedades clinimétricas e capaz de detectar a influência dos sintomas motores durante a realização das tarefas diárias, a consistência interna do TEMPA foi considerada excelente com um coeficiente alfa igual (α = 0,99), proporcionando uma escala com excelente concordância entre itens. Para as análises de tarefas, a confiabilidade foi excelente (ICC> 0,75) para todas as tarefas unilaterais e bilaterais com amplas dimensões de precisão de movimento, preensão e precisão dos movimentos, e os valores de Kappa ponderados foram maiores ou iguais a todos os aspectos unilaterais e tarefas bilaterais em todas as dimensões. (DE FREITAS et al., 2017) (ANEXO 4).

Destreza manual - 9-Hole Peg Test of Upper Extremity Function (9HPT)

Para avaliar a destreza manual fina foi aplicado 9-Hole Peg Test of Upper Extremity Function – 9HPT (tradução livre para o português significa teste de função da extremidade superior dos nove pinos). Composto por nove pinos e uma placa com nove furos, onde o indivíduo é orientado a pegar um pino de cada vez e inserir nos orifícios contidos na placa, ao final o mesmo deverá retirar os pinos e devolvê-los ao local de origem, sendo o tempo de execução da tarefa cronometrado pelo pesquisador (EARHART et al., 2011). O 9HPT tem o potencial de servir como uma ferramenta facilmente administrada e útil para a avaliação da função da extremidade superior de uma variedade de populações incluindo indivíduos com condições neurológicas (BEEBE e LANG, 2009; VAN WINSEN et al., 2010). Earhart et al. (2011) avaliaram 262 indivíduos com DP e detectaram alta confiabilidade teste-reteste com ICC de 0,88 para a mão dominante e 0,91 para a mão não-dominante. Os autores concluíram que o 9HPT é uma medida sensível às mudanças resultantes da progressão da DP, intervenção farmacológica, podendo também ser útil para detectar efeitos de um tratamento físico com uma mudança mínima detectável de 2,6 segundos para a mão dominante e 1,3 segundos para a mão não-dominante (ANEXO 5).

Documentos relacionados