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Nos princípios do século XX foram criadas nas cidades e lugares turísticos de Portugal as Comissões de Iniciativa e Turismo. Viseu não foi exceção e a Comissão esteve em funcionamento durante dez anos (1926- 1936), estruturando as bases para a promoção do turismo em Viseu, que já tinha alcançado uma certa notoriedade, com as obras de Grão Vasco e os seus monumentos históricos.

Facto interessante foi a comparticipação no valor de 2500$00, que o Conselho Nacional de Turismo autorizou em 1930, para a aquisição de uma obra de pintura destinada a valorizar a coleção do Museu de Grão Vasco, concretamente o quadro de Columbano, Camões e as Tágides (Distrito de Viseu, 4 de junho de 1930)136. Trata-se de um investimento singular na vida da Comissão, que teve repercussões em termos de promoção turística. A inauguração da Sala Columbano, em 1931 (Distrito de Viseu, 5 de julho), incrementou grandemente o interesse pelo Museu, inclusivamente a nível internacional137.

O turismo cultural na cidade de Viseu tem vindo a aumentar consideravelmente, estando na base desse acréscimo todos os fatores acima enumerados aliados à posição geográfica da cidade, embora na projeção e divulgação de alguns produtos turísticos culturais ainda haja um longo caminho a percorrer. Não obstante não existam estudos que nos permitam apresentar dados rigorosos e científicos sobre o turismo e as suas características nesta cidade, é incontornável a importância assumida pelo património cultural como fator de atratividade. De acordo com os dados do INE,

136

FERNANDES, Luís, A Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu (1926- 1936). Viseu M- Revista do Museu Municipal de Viseu. Viseu: Câmara Municipal de Viseu, dezembro de 2008, p. 173

137

De acordo com os dados divulgados pelo Jornal Distrito de Viseu, de 3 de fevereiro de 1934, em 1932 o Museu Grão Vasco teve 7.756 visitantes, número muito significativo quando comparado com os 20.804 do Museu Nacional da Arte Antiga e os 12.121 do Museu Nacional Machado de Castro, o mais visitado das Beiras, tendo em 1933 o número dos visitantes do Museu Grão Vasco subido para os 10.222 visitantes, entre os quais, 139 estrangeiros. FERNANDES, Luís, ob. cit., p. 173.

5% do número de turistas que visitou a região centro, na qual se insere Viseu.

No dia Mundial do Turismo de 2011, o Turismo Centro de Portugal inaugurou em Viseu um novo espaço, denominado Welcome Center Viseu, localizado na Casa do Adro, beneficiando, assim, de uma localização privilegiada, precisamente no coração do Centro Histórico de Viseu. Trata-se de uma estrutura através da qual se perspetiva otimizar e qualificar o atendimento aos turistas, auxiliar os diferentes agentes da região ligados ao setor do turismo e dar força à Marca Turística Viseu | Dão Lafões, integrada numa área mais abrangente, a região centro. Para o efeito congrega recursos multimédia com informação relativa a diversos produtos regionais de excelência, como a Maçã Bravo de Esmolfe, o Queijo Serra da Estrela, o Mel, as Infusões e chás e os vinhos da Região do Dão.

A cidade de Viseu possui recursos turísticos de manifesto interesse nacional e local, como o importante património monumental e histórico (com destaque para os edifícios religiosos, os solares e as portas da muralha medieval), um museu de cariz nacional e internacional, vários núcleos museológicos como Tesouro da Misericórdia e o Núcleo Museológico do Seminário Maior, o rico património cultural ligado a factos e figuras de particular relevância como Viriato, Aquilino Ribeiro, Grão Vasco, etc., elementos que aliados às paisagens e parques desportivos e de lazer, à capacidade e qualidade de alojamento das unidades hoteleiras e casas de turismo no espaço rural, à qualidade da restauração, à existência de infraestruturas de qualidade e às boas acessibilidades, conferem à cidade e à região fortes potencialidades no interesse e na capacidade de atração para excursionistas e turistas. A esta combinação de vários agentes, acresce o facto de se presenciar a reabilitação do centro histórico, o aumento e a diversificação das práticas culturais que intervêm na cidade, o aumento do interesse da comunidade local pelo seu património e cultura e as possibilidades de fazer compras. Todos estes fatores conferem à cidade de Viseu potencialidades, que bem explorados constituem uma mais-valia para o turismo cultural na cidade.

O centro histórico é por excelência o local mais procurado pelos turistas, formado por arruamentos de traçado sinuoso, onde se preserva o casario geminado tradicional, com uma praça central, circundada pela Catedral, pelo Museu Grão Vasco e pela Igreja e Museu da Misericórdia, entre outros elementos de manifesto interesse histórico e cultural.

Recentemente para promover a oferta turística, estão implementadas pela Região de Turismo Dão Lafões quatro rotas para a cidade de Viseu, com percursos temáticos, que consolidadas numa oferta global integrada constituem produtos com evidentes potencialidades, onde se articulam os diferentes patrimónios: a rota de Grão Vasco/Viseu do Renascimento, rota de Viriato/Viseu dos Romanos à Idade Média, rota de Aquilino Ribeiro/Viseu Republicano do séc. XIX e a rota Amor de Perdição /Viseu Romântico do séc. XIX. Nestes itinerários a visita e a passagem por determinados edifícios e espaços públicos constitui o pretexto para o conhecimento do património artístico e literário, de personalidades históricas, de vivências etc., proporcionando ao visitante uma fruição cultural dinâmica e distinta.

Um dos principais atrativos da cidade de Viseu é o Museu de Grão Vasco, que tomou o nome do célebre artista do séc. XVI, o mestre pintor viseense Vasco Fernandes, que também empresta o seu nome a produtos e serviços turísticos, nomeadamente uma unidade hoteleira e uma marca de vinho. O seu estatuto de grande pintor no quadro da pintura portuguesa, derivado da qualidade das suas obras, justifica que por si só constitua um fator de elevado potencial turístico. Os estudos desenvolvidos sobre a sua pintura, as exposições138 e a projeção internacional assumida após a presença das suas obras na Exposição de Salamanca Capital da Cultura, realizada em 2002, sustentam um interesse pela sua obra e contribuem, ainda que não de forma isolada, para que a cidade e o Museu sejam integrados nos programas turísticos.

Estes fatores podem assumir maior eficiência na atração de visitantes se integrados numa política de informação e de divulgação qualificada e, em simultâneo, se envolvidos em iniciativas criativas de novas dinâmicas e abordagens que, sem comprometerem a autenticidade da região, representem e cumpram atributos de inovação.