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Capítulo I Enquadramento Institucional – Organização e Administração Escolar

1.5. Caraterização Socioeconómica e Psicopedagógica do grupo/turma

1.5.2. Turma do 1.º CEB

A turma B-12 do 2.º ano era constituída por 26 crianças com idades compreendidas entre os 7 e 8 anos de idade. Esta tinha um aluno retido devido às dificuldades de aprendizagem ao nível da expressão oral. A turma não apresentava nenhum aluno sinalizado com necessidades educativas especiais.

Seguidamente, apresenta-se a caraterização do grupo com base no género (Quadro 7).

Quadro 7 - Distribuição da turma por género

Fonte: professora cooperante

A maior parte dos alunos frequentava ATL, após as atividades curriculares e no período de almoço, sendo a refeição proporcionada pelo mesmo. Apenas três alunos não frequentavam ATL.

Alguns dos alunos da turma frequentavam as atividades de enriquecimento curricular proporcionadas pelo agrupamento, nomeadamente: Mundo Digital (5 alunos), Atividade Física (9 alunos), Artes Plásticas (7 alunos), Explorar/Experimentar (6 alunos) e Dança, Música e Teatro (4 alunos). Para além destas atividades, alguns dos pais, destes alunos, proporcionavam outras atividades, tais como: futebol e música.

Apesar de ser uma turma com um número elevado de alunos, a mesma era muito heterogénea, com ritmos e caraterísticas muito distintas, exigindo uma diferenciação de metodologias e estratégias de motivação.

Em geral, a turma apresentava dificuldade em manter-se concentrada prejudicando por vezes a aprendizagem e o trabalho a ser desenvolvido, impossibilitando a progressão dos processos cognitivos e linguísticos dos alunos. Alguns dos alunos demonstravam pouca motivação na realização dos trabalhos, distraindo-se constantemente, que consequentemente teve implicação no sucesso escolar.

Género N.º de crianças

Masculino 13

Feminino 13

27 A turma destabilizava-se com alguma facilidade, bastando uma simples ação para causar agitação e desassossego.

Todos os alunos apresentavam um desenvolvimento equilibrado para a sua faixa etária. Ao nível da linguagem e comunicação, a grande maioria dos alunos não demonstrava qualquer tipo de dificuldade na articulação de palavras, com exceção de dois alunos. No entanto, verificou-se a existência de alguns alunos com dificuldades na estruturação do pensamento, não conseguindo estruturar corretamente uma frase e por consequência um texto.

No entanto, a turma, no seu geral, apresentava interesse e motivação pelas atividades propostas, manifestando comportamentos de cooperação e de boa interação social.

No que respeita à motricidade e à capacidade de manipular determinados objetos e materiais, como por exemplo, tesoura e massa de modelar, alguns alunos mostraram ainda alguma dificuldade na sua manipulação, sendo necessária a ajuda e supervisão de um adulto. Uma das meninas da turma necessitava de apoio na realização de algumas atividades e na manipulação de alguns materiais devido a problemas motores.

Constatou-se um grande investimento e preocupação de alguns pais na educação dos filhos, questionando a docente a respeito do desempenho e desenvolvimento do aluno. Isto também se verificou na participação de alguns alunos nas atividades de enriquecimento curricular e em atividades fora da escola.

Os Encarregados de Educação dos alunos eram na sua maioria as mães (n=24), existindo apenas 2 pais como encarregados de educação (figura n.º 21).

A nível habitacional, a maior parte dos alunos vivia com os pais e irmãos, verificando-se a existência de dois casos em que viviam com os avós e só com a mãe. Na turma existiam dois casos de divórcio.

Mães Pais

Figura n.º 21 - Encarregados de Educação dos alunos do 2.º ano.

28

Quanto à situação socioprofissional dos pais, verifica-se, de um modo geral, que as mães possuem um grau superior de escolaridade (figura n.º 22) em relação aos pais e que as idades das mesmas são ligeiramente inferiores às dos pais.

Figura n.º 22 - Grau de escolaridade dos pais da turma do 2.º ano.

Fonte: professora cooperante

Ao nível da situação de emprego dos pais a sua maioria trabalhava por conta de outrem, existindo alguns pais com negócios próprios.

Dada a importância que assume o desenvolvimento cognitivo nas crianças, considera-se pertinente caraterizar a fase em que as mesmas se encontram sob a perspetiva de Piaget.

A turma era composta por crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 8 anos, encontrando-se assim no estágio das operações concretas. Este abrange as crianças dos 7 aos 12 anos de idade.

A criança, neste estágio, diminui substancialmente, o egocentrismo intelectual e social que a carateriza no estágio anterior (pré-operatório). O egocentrismo dá assim lugar “à emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) e de integrá-los de modo lógico e coerente” (Rappaport, Fiori, & Davis, 1981) (s/p).

Tal evolução deve-se ao facto de a capacidade para operações mentais aumentar, permitindo à criança criar relações. A operação, neste caso, refere-se a uma ação interiorizada composta por várias ações. Portanto, a operação origina o aparecimento da capacidade de interiorizar ações, ou seja, a criança inicia a realização de operações mentalmente e não apenas através de ações físicas (inteligência sensório-motor). No entanto, a criança para realizar raciocínios de forma coerente precisa de entender a realidade concreta.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

2.º e 3.º ciclo Secundário Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento

29 Durante este período a criança desenvolve o seu pensamento, tornando-o flexível e recetivo a inúmeras aprendizagens. Deste modo, a criança aprende e compreende a noção de volume, peso, espaço, tempo, classificação e operações numéricas. Entende-se por:

• Espaço - organiza-se pela organização diferenciada dos vários espaços. A criança vai conhecendo os vários espaços nos quais interage, organizando-os. Também aqui está presente a reversibilidade do real, onde o conceito de espaço está relacionado com o conceito de operação. O espaço isolado por si só não existe. • Tempo - não há reversibilidade do real, o tempo existe apenas no nosso pensamento, os acontecimentos sucedem-se num determinado espaço, e o tempo vai agrupando-os.

• Peso - para que a criança domine este conceito é fundamental que compare diversos objetivos para o poder diferenciar.

• Classificação - primeiro a criança tem que agrupar os objetos pela sua classe e tamanho, depois os classificar e consequentemente adquirir conceitos.

• Operações numéricas - primeiro a criança aprende o conceito de número e seriação, por volta dos sete anos, depois a classificação da realidade, mas essa classificação vai variando conforme a aprendizagem que ela vai fazendo ao longo do tempo (Costa, 2013).

Neste estágio a criança começa a construir a capacidade de reversibilidade. Segundo La Taille (2003, p. 17) "a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um copo A para outro B, de diâmetro menor)", será construída ao longo deste estágio e do estágio seguinte (operatório formal).

Ao longo deste estágio as crianças interiorizam algumas regras sociais e morais, cumprindo-as, e adquirem alguns valores como: o companheirismo, a amizade, a partilha, a bondade, a sinceridade, a honestidade, entre outros. Para além disto, as crianças desenvolvem a sua capacidade de concentração, permanecendo interessadas por mais tempo na realização das atividades, originando não só melhores aprendizagens, como também desenvolvem a sua capacidade linguística, adquirindo novas palavras.