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Ao ensino superior, no contexto moçambicano, compete assegurar a formação no nível mais alto, de técnicos e especialistas nos diversos domínios do conhecimento científico, necessários ao desenvolvimento do país. Realiza-se em universidades, institutos superiores, escolas superiores e academias. Está estruturado em graus de formação, nomeadamente grau de Licenciado, Mestre e Doutor. Para se adquirir o grau de Licenciatura, são necessários entre três a quatro anos; para o Mestrado, um ano e meio a dois anos e para o Doutoramento, três a cinco anos, como disposto na Lei N.º 27/2009, de 29 de setembro, Lei que regula a atividade do ensino superior.

As amarras do ensino superior em Moçambique podem ser divididas em 4 fases desde a sua origem, em 1960, até os dias atuais, segundo o Plano Estratégico do Ensino Superior (PEES - 2012-2020,2012). Em 1960, ainda no regime colonial, o ensino superior surge na forma de Estudos Gerais Universitários. Leccionava-se a parte geral de diferentes cursos universitários, cuja conclusão deveria obrigatoriamente ser feita em Portugal. Existia apenas uma instituição universitária, a Universidade de Lourenço Marques (ULM). O ensino era principalmente para os filhos dos colonos que se encontravam na chamada província Ultramarina Portuguesa (FERREIRA, 2013).

Nesta mesma direção, Monteiro (2010), embasada nos estudos de (MÁRIO et al, 2003), assevera que os estudantes moçambicanos tinham poucas possibilidades de frequentar o ensino superior pelo fraco acesso que tinham ao ensino, causado, duma forma geral, pela política excludente do sistema colonial. Um ano antes da independência, isto em 1974, existiam somente 40 moçambicanos a frequentarem a universidade.

A segunda fase inicia-se em 1976, um ano após a independência nacional, com a criação da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), única instituição de ensino superior que se orientava, tendo como base o seu quadro regulador, as experiências internacionais e o seu sistema de autoavaliação. Em 1985, surge a segunda instituição de ensino superior em Moçambique, o Instituto

Superior Pedagógico (ISP), mais tarde transformado em Universidade Pedagógica (UP), que funcionava em parceria com a UEM, em termos de instrumentos de auto regulação (PEES - 2012-2020,2012).

Nesta época segundo Monteiro (2010), a universidade ficou afetada pela saída de portugueses, estudantes e professores. O número de estudantes que frequentavam a universidade baixou de 2433, em 1975, para 750, em 1978. Neste período, somente 10 professores se mantiveram na universidade. Perante esse cenário, a universidade passou a formar recursos humanos para responderem a necessidade que o país atravessava. Para garantir a formação de professores, foi aberta a Faculdade de Educação e passou também a funcionar a Faculdade para Combatentes e Trabalhadores da vanguarda, criado para formar os quadros do partido no poder, a FRELIMO.

Nesta mesma direção David (2017), assevera que o ensino superior contou com a colaboração de professores, vindos de países com que Moçambique tinha relações de cooperação, tais como Cuba, Itália, Portugal, República Democrática Alemã (RDA), União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Índia, Grã-Bretanha, Holanda, entre outros.

A terceira fase começa em 1995, com o surgimento das primeiras instituições de ensino superior privado, cuja criação vai levar o Estado a iniciar o estabelecimento de normas e regulamentos para manter a harmonia no sistema. Com a aprovação da Lei n° 1/93 de 24 de julho, no que concerne ao ensino superior, estabeleciam-se bases legais para a aprovação de abertura de Instituições do Ensino Superior, tanto públicas como privadas, além da criação do Conselho Nacional do Ensino Superior, composto por reitores e dirigido pelo Ministro da Educação.

A aprovação de abertura de instituições privadas contribuiu para a expansão das mesmas pelo país, na medida em que passaram a ser abertas instituições do ensino superior fora da capital moçambicana, como é exemplo a Universidade Católica de Moçambique, que tem a sua sede e duas faculdades na cidade da Beira, no centro território moçambicano, e também tem faculdades no Norte do país (DAVID, 2017). Esta terceira fase caracteriza-se também por um desenvolvimento natural do número de instituições e de estudantes, tendo em conta a capacidade docente então existente.

Por volta do ano 2000, emerge uma quarta fase, com a criação muito acelerada de IES, passando rapidamente de cerca de 5 para 49, em 2014, e passando no mesmo período de cerca de 12.000 para 157.000 estudantes, entre instituições públicas e privadas, universitárias e politécnicas, ensino superior policial e militar. É nesta fase que se verifica a expansão geográfica das Instituições do Ensino Superior, tanto públicas, como privadas, ao longo de todo o país. Atualmente, existem no país um total de 49 instituições do Ensino Superior, sendo 18 públicas e 31 privadas; abaixo, seguem um quadro e um mapa que ilustram este crescimento.

Instituição Públicas Ano de Criação

1 Universidade Eduardo Mondlane (UEM) 1962

2 Universidade Pedagógica UP) 1985

3 Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) 1986

4 Academia de Ciências Policiais (ACIPOL) 1999

5 Instituto Superior de Ciências e Saúde (ISCISA) 2003

6 Academia Militar (AM) 2003

7 Escola Superior de Ciências Náuticas (ESCN) 2004

8 Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique (ISCAM)

2005

9 Instituto Superior Politécnico de Gaza (ISPG) 2005

10 Instituto Superior Politécnico de Manica (ISPM) 2005 11 Instituto Superior Politécnico de Tete (ISPT) 2005 12 Instituto Superior de Administração Pública (ISAP) 2005

13 Universidade Lúrio (UniLúrio) 2006

14 Universidade Zambeze (UniZambeze) 2006

15 Instituto Superior de Jornalismo (ISJ) 2008

16 Instituto de Artes e Cultura (ISArC) 2008

17 Instituto Superior Politécnico de Songo (ISPS) 2008 18 Instituto Superior de Defesa Armando Emílio

Guebuza (ISDAEG)

2011

1 Instituto Superior de Ciência e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM

1996

2 Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC)

1999

3 Universidade Politécnica (A POLITÉCNICA) 1995

4 Universidade Mussa Bin-Bique (UMB) 1998

5 Universidade Católica de Moçambique (UCM) 1995

6 Universidade Técnica de Moçambique (UDM) 2002

7 Universidade São Tomás de Moçambique (USTM) 2004

8 Universidade Jean Piaget de Moçambique (UJPM) 2004

9 Instituto Superior de Educação e Tecnologia (ISET) 2005

10 Instituto Superior Cristão (ISC) 2005

11 Escola Superior de Economia e Gestão (ESEG) 2004

12 Instituto Superior de Formação, Investigação e Ciência (ISFIC)

2005

13 Instituto Superior Dom Bosco (ISDB) 2006

14 Instituto Superior de Tecnologia e Gestão (ISTEG) 2008

15 Instituto Superior Monitor (ISM) 2008

16 Instituto Superior de Comunicação e Imagem de Moçambique (ISCIM)

2008

17 Instituto Superior Maria Mãe África (ISMMA) 2008

18 Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças (ISGECOF)

2009

19 Instituto Superior de Ciência e Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC)

2009

20 Instituto Superior de Ciência e Gestão (INSCIG) 2009 21 Instituto Superior de Gestão de Negócios (ISGN) 2011

22 Universidade Adventista de Moçambique (UAM) 2011

23 Universidade Nachingwea (UNA) 2011

24 Instituto Superior Mutasa (ISMU) 2012

25 Instituto Superior de Estudos de Desenvolvimento Local (ISEDEL)

2012

26 Instituto Superior de Gestão, Administração e Educação (ISG)

27 Escola Superior de Gestão Corporativa e Social (ESGCS)

2013

28 Instituto Superior de Ensino à Distância (ISEAD) 2014

29 Universidade Metodista de Moçambique (UMUM) 2014

30 Instituto Superior de Ciências de Educação à Distância (ISCED)

2014

31 Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo Gwaza-Muthini (ISGE-GM)

2014

Tabela 1: Instituições de Ensino Superior em Moçambique

Fonte: Ministério de Ciências e Tecnologias, Ensino Superior e Técnico profissional (MCTESTP, 2014)

Para melhor compreensão desse cenário apresento o mapa com a localização destas instituições:

Figura 3: Distribuição de Instituições de Ensino Superior por província Fonte: Ministério de Ciências e Tecnologias, Ensino Superior e Técnico profissional

(MCTESTP, 2014)

O cenário acima mostra-nos um crescimento massivo das instituições do ensino superior em Moçambique. O país conta com 41 IES que se dividem em públicas, privadas, com designações que vão desde universidades, academias, Institutos e escolas superiores, bem como institutos superiores politécnicos. O

(PEES - 2012-2020, 2012), assevera que este crescimento de números de instituições não foi acompanhado pela criação de condições Infraestruturais apropriadas, pois existem Instituições do Ensino Superior (IES) a funcionarem sem bibliotecas, salas de informática, laboratórios e outras facilidades educativas importantes, no domínio das práticas pedagógicas e da investigação. Isso aconteceu porque não existia uma base legal que exigisse tal condição, pois, tanto a Lei nº 5/2003, de 21 de janeiro, como a Lei nº 27/2009, de 29 de setembro, são omissas quanto à existência de infraestruturas como condição para o início de atividades das IES. Esta omissão permitiu que algumas IES operassem sem infraestruturas adequadas. Com vista a resolver esta situação, o Governo aprovou o Regulamento de Licenciamento e Funcionamento das IES (aprovado pelo Decreto nº 48/2010, de 11 de novembro) (PEES - 2012- 2020,2012).

Um outro ponto mencionado no plano é a qualificação dos docentes que lecionam nestas instituições; os autores o apresentam como ponto fraco, pois, 67% dos docentes do Ensino Superior (ES) são Licenciados e Bacharéis, Mestres 22% e Doutorado 11%. Portanto, houve um aumento significativo de docentes desde 2013, mas, não houve acompanhamento adequado de formação docente em termos de quantidade. Acreditamos que este cenário terá efeitos desejados em um período não distante, uma vez que na maioria das IES, principalmente as públicas, já conta com cursos de pós-graduação, embora sua sustentação em grande escala seja ainda com cooperação estrangeira, fazendo com que esse processo se torne caro para a instituição.

A título de exemplo, a Universidade Pedagógica (UP) iniciou com os cursos de pós-graduação em 2008, primeiramente, a prioridade de formação eram os docentes da própria universidade, e tinham para o seu efeito apoio de professores da Universidade do Minho de Portugal e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (BUQUE,2012).

Portanto, está descrito no (PEES 2012-2020, 2012) que a formação continuada dos docentes é um dos indicadores que pode contribuir para a qualidade no ensino superior em Moçambique, uma vez que a maioria dos docentes que lecionam as IES tem o nível de licenciatura. Desse modo, o conjunto de políticas de formação docente está atrelado á cooperação

internacional para adquirir cada vez mais especializações ou formação com titulação mais alta.

Como está plasmado no artigo 7 do regulamento de licenciamento e funcionamento das instituições do ensino superior (Decreto No 48/2010), o corpo docente deve ser altamente qualificado, habilitado com o grau de académico de Doutor na área científica, técnica ou artística a que se candidatam para leccionar. Infelizmente o cenário do ensino moçambicano ainda não consegue responder a esse decreto conforme as descrições acima, contudo, esforços estão sendo criados para sua minimização

Nisso tudo, a UNESCO (2009), recomenda que a educação superior deve atualizar a educação dos professores, tanto no pré-serviço, quanto em serviço, com um currículo que prepare os professores para formar indivíduos com o conhecimento e as habilidades que eles precisam para o século XXI. Isso demandará novas abordagens, inclusive ensino a distância (EAD) e Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Portanto, olhar para o ensino superior na sociedade contemporânea é incorporar as tecnologias na academia, tanto na produção, como na difusão do conhecimento, é incorporar novas estratégias de ensino.

Para dar visibilidade sobre o que está sendo pesquisado a respeito da docência no ensino superior em Moçambique, encontramos trabalhos como de Funes (2012), que problematiza a formação continuada na Universidade Pedagógica, os resultados da sua pesquisa apontam; para uma realidade em que a maioria dos professores ainda trabalha com metodologias centradas no professor, enfatizando a exposição feita por eles e pelos estudantes divididos em pequenos grupos. Para modificar esta realidade, a autora propõe que se invista numa formação continuada do docente universitário, como forma de capacita-lo a um desempenho cada vez mais eficiente e competente das suas funções, para que, de um modo eficaz, saiba orientar seus estudantes.

Infelizmente, na realidade moçambicana ainda opera, em grande escala, em quase todos os níveis de ensino, a metodologia centrada no professor. Acreditamos que aos poucos as abordagens centradas no aluno serão englobadas, uma vez que está plasmado, nos currículos de todos os níveis de ensino, a inserção de metodologias de trabalho em sala de aulas que propiciem a participação ativa do aluno.

Moran (2006) afirma que é possível mudar a forma de ensinar. Primeiro ele aponta que as mudanças precisam vir da própria instituição. O autor apresenta algumas pistas para direcionar as dificuldades: equilibrar o planejamento institucional e o pessoal, nas organizações educacionais; integrar um planejamento flexível com criatividade, desse modo:

 Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano;

 Avançaremos mais se aprendermos a equilibrar planejamento e criatividade, organização e adaptação a cada situação, a aceitar os imprevistos, a gerenciar o que podemos prever e a incorporar o novo, o inesperado;

 A criatividade deve envolver sinergia, pôr as diversas habilidades em comunhão, valorizar as contribuições de cada um, estimulando o clima de confiança, de apoio.

Ações pedagógicas que norteiem as ações individuais, sem sufocá-las, respeitar os estilos de dar aula que dão certo, respeitar as diferenças que contribuam para o mesmo (MORAN, 2006, p. 28-29).

Um outro trabalho que trazemos como referência, com olhares virados para o ensino superior, em Moçambique, é o artigo de Berni e Sperotto (2014), intitulado “A inserção das TICs na Faculdade de educação da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) em Moçambique”. A pesquisa tinha como objetivo, apresentar alguns relatos sobre a inserção das TICs em situações de ensino – aprendizagem, na UEM. Quanto aos procedimentos metodológicos, foram feitas entrevistas semiestruturadas com os professores da UEM e representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia de Moçambique. Quanto aos resultados da pesquisa, os atores apontam para um desconhecimento sobre as potencialidades das TICs em situações de ensino aprendizagem por parte dos docentes da UEM; implicado pela pouca utilização destes recursos.

Uma outra pesquisa que trazemos como referência é a tese de Salimo (2017) cujo título é “Os Desafios da Era Digital no contexto do Ensino Superior em Moçambique.” A pesquisa objetivava verificar qual o impacto do uso do digital, no contexto moçambicano do Ensino Superior, para o suporte do ensino - aprendizagem e para a gestão das Instituições do Ensino Superior. O estudo

está fundamentado em documentos da UNESCO16, que acredita que as TICs podem contribuir para o acesso universal à educação, a equidade na educação, a qualidade de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento profissional de professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a administração educacional, ao fornecer a mistura certa e organizada de políticas, tecnologias e capacidade. O autor evidencia que é visível a existência de propostas e de políticas de incentivos ao uso das tecnologias digitais na educação. No entanto, é também notória a falta de indicadores próprios que tecnicamente permitam monitorar e avaliar a implementação das iniciativas ou políticas estabelecidas.

Partindo de uma metodologia de investigação, com aplicação de questionários a alunos, professores e funcionários dos IES, e também entrevistas a gestores de IES, os resultados dos estudos de Salimo (2017), apontaram para mais de 70% dos entrevistados (alunos e professores), com condições e capacidade individual de aquisição de meios para acesso a Internet, assim como uma grande maioria que acede diariamente a Internet. Para a comunidade de Ensino Superior, foram encontrados resultados como: baixo nível de literacia digital, embora uma consciência de que o uso do digital pode alargar e facilitar a base de acesso ao ensino, melhorar as atividades e o desempenho académico e também a gestão administrativa.

Nos vemos a investigar sobre a mesma temática fora do contexto moçambicano como forma de obter subsídios para pensar essa problemática. Desse modo, encontramos a tese de Favero (2016), intitulada “A cultura dos usos das redes na academia: um olhar de professores universitários, brasileiros e italianos, sobre o uso das Mídias Sociais na docência”. A pesquisa objetivava identificar como os professores de cursos de nível superior consideram o uso pedagógico das mídias sociais na docência. Partindo de um questionamento como: neste mundo, no qual as mídias sociais fazem parte do cotidiano da grande maioria das pessoas, onde a Educação se insere? Redes sociais e Educação poderão conviver e apoiarem-se mutuamente?

16 Documento da UNESCO que aborda a conferência mundial sobre Ensino Superior, enfatizando as novas dinâmicas do Ensino Superior e pesquisas para a mudança e o desenvolvimento social. Paris, 2009.

As abordagens metodológicas utilizadas foram a qualitativa e quantitativa, do tipo exploratório, por meio de uma entrevista semiestruturada a professores do ensino superior público e privado do Brasil e da Itália. Como forma de refletir sobre as possibilidades de usos dos recursos oferecidos nas mídias sociais, afirmados e explanados pelos próprios professores - seja com aqueles que delas fazem uso, seja com aqueles que não as utilizam em seu cotidiano docente – o estudo buscou conhecer um pouco mais sobre quem é este professor frente às tecnologias questionadas.

Os resultados de Favero (2016) apontam para: percentual médio de 13% de professores que faz um uso efetivo das mídias sociais na educação, nas universidades italianas, e de 42% para o contexto brasileiro. Das entrevistas analisadas, 81% dos professores dizem considerar importante o uso das mídias sociais no ensino-aprendizagem; e 68% acreditam que seja possível construir comunidades de aprendizagem em ambientes oferecidos pelas mídias sociais.

Por isso, a autora acredita que seja fundamental o uso das mídias sociais no meio acadêmico e que o mesmo seja estimulado pelas universidades, uma vez que seu uso tem contribuído para uma maior qualidade do processo de ensino/aprendizagem, porque a presença das mídias sociais na educação está incontestável.

Olhando para os resultados que a autora acima obteve ao investigar a inserção das mídias sociais, na situação pedagógica de professores de ensino superior Brasileiro e Italiano, encontramos alguns pontos que se assemelham com os resultados encontrados nos estudos moçambicanos. Em ambos contextos há consciência de que as TIC podem contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, mas mesmo tendo esse entendimento a sua aplicabilidade na situação pedagógica é reduzida. Portanto, os dados que encontramos no decorrer da nossa escrita, nos convidam a problematizar a docência no ensino superior em Moçambique, focando as TIC. Fávero (2016) já nos alerta de que é um movimento sem volta, é assim, se permitir experimentar, buscando alternativas diversas. As pistas apresentadas acima, nos levam a acreditar que seja possível a inserção de novas formas de ensinar, que na verdade não são novas, mas sim uma nova técnica aliada ao que o professor já sabia até então. Para que isso seja possível, o professor precisa querer mudar,

aceitar, acreditando que esses novos potenciais podem contribuir para o aprendizado do aluno.

Ao longo da escrita deste capítulo, abordamos a docência no ensino superior mostrando a sua complexidade, e ao abordarmos a temática no contexto moçambicano, e apoiada em estudos de Funes (2012), Berni e Sperotto (2014) e Salimo (2017), verificamos que as TICs já se fazem presente em todos níveis de ensino. Apuramos, também alguns desafios, mas que já estão acompanhados de iniciativas das instituições de ensino, bem como do governo. A questão da linguagem que o professor usa no seu fazer pedagógico também ganhou referência, mediante o uso de linguagem científica que impõe uma única voz, deixando sobressair o monologismo que deriva dos modelos tradicionais da educação, de extrema dependência do professor. A componente tecnológica ainda representa um desafio, tanto para a ação pedagógica, como para o manejo técnico, mas a sua presença no ensino já não tem volta, como referenciamos ao longo da nossa escrita. É por isso que nos passos que se seguem abordaremos as tecnologias digitais na educação.

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