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CAPÍTULO 2 A CONSTITUIÇÃO DOS ASPECTOS IDENTITÁRIOS DO CURSO

2.1 Um corpo docente para uma formação de professores: preocupações e desafios

Conforme exposto no capítulo 1, além da formação de uma turma, também se fazia necessária a formação de um novo grupo de professores. Junto com a direção da Instituição, buscamos professores com titulação, mas que também apresentavam experiência docente na Educação Básica. Essa última exigência foi apontada na entrevista realizada com os professores pela Comissão, na ocasião da análise para a autorização. Tal exigência estava pautada no artigo 4º da Resolução CNE/CP n.1 de 1999, no qual indicava que para atuar na formação de professores, metade do corpo docente deveria ter comprovada experiência na Educação Básica.

No processo da autorização do curso, em entrevista, a Comissão questionava se o professor que atuaria na formação inicial apresentava experiência na Educação Básica. Neste sentido, a professora B.A.A.G. apontou que, na ocasião dessa entrevista, as avaliadoras insistiram na experiência e atuação na Educação Básica:

Professora: Respondi aos questionamentos que tinha experiência na

Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental como professora e coordenadora pedagógica e, como professora nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. (ENTREVISTA, 11/06/2015).

Visto nem todos os professores que participaram da entrevista com a Comissão para a autorização, assumirem as aulas no início do funcionamento do curso, se fez necessário um

novo processo seletivo que ocorreu mediante contatos com professores que possuíam titulação de mestre, mas que também tinham experiências na Educação Básica.

Esses contatos foram selecionados a partir do conhecimento que tínhamos do trabalho desses docentes. Além dos professores já nossos conhecidos, outros também compareceram no processo seletivo, que ocorreu por meio de entrevista e análise do currículo Lattes.

Foi assim que se constituiu o primeiro grupo docente e suas respectivas disciplinas no primeiro ano conforme segue:

Quadro 8 – Primeiro grupo docente e suas respectivas disciplinas no primeiro ano do Curso Normal Superior do ISEG5

Professor Disciplina

B.B.A.G.A.S Pesquisa e Prática de Ensino I

E.R.N.P. História da Educação

L.D.Q. Legislação: Educação Básica I

M.L. História Sócio Política e Econômica do Brasil

N.A.G.B. Língua Portuguesa e Redação I

S. D. A. Didática I

M.A.G. P. Psicologia da Educação

Fonte: A autora de acordo com a Ata de Reunião Pedagógica do dia 15/02/2003

Vale ressaltar a atuação e as experiências de cada professor, o que favoreceu a sua composição no grupo. A professora B.B.A.G.A.S., mestra em educação pela UNESP de Marília, havia atuado como professora do Ensino Fundamental e Educação Infantil e também como coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental no Colégio Santo Antônio durante dez anos e na Educação Superior, no Programa de Educação Continuada da UNESP- Marília; a Profa. N.A.G.B., mestra em educação pela UNESP-Marília, foi professora do Ensino Fundamental ciclo II e atuou na formação continuada de professores na Oficina Pedagógica da Delegacia de Ensino de Garça na área da leitura e escrita; a Profa. M.A.G.P., mestra em psicologia da educação pela PUC- São Paulo, foi professora do Ensino Fundamental e Médio, diretora de escola e supervisora de ensino, além de atuante nas questões sociais do município, principalmente nas relacionadas à violência doméstica. A Profa. E.R.N.P, mestra em Educação pela UNESP- Marília, professora de Educação Infantil e do curso de Pedagogia de outra Instituição de Ensino Superior; a Profa. S.D.A., mestra em Educação pela UNESP-Marília com experiência no Ensino Fundamental e na formação de Professores no CEFAM. A Profa. L.D.Q. especialista em educação, atuou como professora do Ensino Fundamental e Médio, Supervisora de Ensino na rede pública estadual e professora no

5 Os nomes dos sujeitos que atuaram no Curso Normal Superior de Garça são indicados pelas suas iniciais, de maneira a garantir o anonimato desses sujeitos.

curso de Pedagogia em outra Instituição de Ensino, o Prof. M.L., com experiência no Ensino Fundamental e Médio e curso de Pedagogia em outra Instituição Superior e Mestre em Educação pela UNESP-Marília.

Trago estas informações para destacar que na constituição do grupo dos docentes as afinidades educacionais prevaleceram, pois todos tinham em comum um ideal de educação: proporcionar uma formação inicial que respondesse as necessidades do início de um trabalho na sala de aula por meio da relação e reflexão da teoria e da prática.

Tal ideal era muito presente nas conversas e reflexões sobre o curso, inclusive com os professores que chegaram posteriormente.

Como coordenadora do curso, também me preocupei em relação ao oferecimento de um curso de formação de professores distante da Universidade, distante das pesquisas e tão próximo da atuação prática, visto o local ser compartilhado com a Educação Básica oferecida no Colégio Santo Antônio. Além do que as leituras e estudos de toda regulamentação do novo local e novo curso encaminhavam para a prioridade com as práticas do futuro professor, inclusive em relação à constituição do corpo docente ao exigir a experiência deste na Educação Básica. Portanto, na contratação, se priorizou, além do currículo, o conhecimento do trabalho já desenvolvido por alguns dos docentes que se apresentaram, não somente o trabalho na Educação Básica, mas o trabalho de pesquisa desenvolvido na área da educação. Assim, o grupo docente, no início, se constitui com 7(sete) professores, seis mestres e um especialista. No final do período estudado, ou seja, no final do ano de 2007, o curso já transformado em pedagogia, contava com 11(onze) professores sendo 7(sete) mestres, 1(um) mestrando, 1(um) doutorando e 2(dois) especialistas.

A partir da constituição do corpo docente e do discente, foi possível traçar o perfil do alunado e, iniciar estudos sobre qual a formação de professores que aquele grupo se comprometeria em oferecer, com o cuidado de não se ter um curso aligeirado em relação ao tempo e ao conhecimento e nem ser um curso nivelado por baixo.

As Atas das Reuniões Pedagógicas mostraram alguns momentos de discussão sobre a definição das ações necessárias, na qual os docentes apresentavam as suas concepções de formação de professores. Tais concepções se referiam a uma formação integral, não apenas uma formação voltada para as práticas, apesar de considerarmos esse saber necessário, mas uma formação que possibilitasse a reflexão e o aprendizado das diversas áreas do conhecimento como sociologia, psicologia, biologia, antropologia, filosofia, e as suas

contribuições no desenvolvimento do ser humano nas fases da vida. Uma formação que possibilitasse a busca do saber, de como o aluno aprende e de como se dá o conhecimento.

Enfim, uma formação que oferecesse o contato com a Educação Básica, local onde o professor em formação atuaria, desde o primeiro ano de formação, mas não um contato alienado da teoria enquanto suporte para as diversas áreas do conhecimento, mas um contato que possibilitasse o conhecimento, a reflexão e a pesquisa.

2.2 O Curso Normal Superior frente às exigências contextuais para formação de