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SEÇÃO III – ESTRATÉGIA EMPIRICA DE ALGUNS ESTUDOS SOBRE ÍNDICE

3.1 UM EXEMPLO DE ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR

De acordo com Acemoglu e Scott (1994), conceitualmente a confiança do consumidor reflete as suas crenças, e a Rational Expectations Permanent Income Hypotesis (REPIH) apresenta restrições ao comportamento estocástico do consumo. Assim, examinam para a economia do Reino Unido, se a confiança do consumidor é consistente com essas restrições. O objetivo é averiguar se o sentimento do consumidor informa o consumo corrente e futuro e se tem poder de previsão acima de variáveis macroeconômicas padrão. Adotam como estratégia:

i) Mostram como ISC é consistente com a REPIH; como o ISC é útil na previsão do crescimento da renda, riqueza habitacional, inflação, desemprego e taxa de juro real.

O estudo baseou-se nas pesquisas mensais Gallup (disponibilizadas desde 1974) de abrangência nacional para um grupo de 2000 respondentes. As respostas são ponderadas numa escala de -1 a +1. E o índice é uma média das respostas às questões: 1. “Como você acha que as condições econômicas gerais mudaram ao longo dos últimos doze meses?", 2. "Como você acha que as condições econômicas gerais mudarão nos próximos doze meses?", 3. "Como você acha que o estado de suas finanças domésticas mudou nos últimos 12 meses?", 4. “Como você acha que o estado de suas finanças domésticas mudará nos próximos dois meses?” e 5. "É um bom momento para fazer uma compra importante?". De acordo com o REPIH (ver Flavin, 1981), a mudança no consumo é proporcional à inovação atual nas expectativas futuras de renda, ou seja,

(1)

Onde:

r é uma taxa de juros real constante, é a renda em t+1,

é o consumo em t+1.

Portanto, a confiança do consumidor pode ser um indicador coincidente se resumir as mudanças nas crenças dos agentes sobre a renda futura. Como a pesquisa pergunta sobre as expectativas futuras dos agentes, a confiança do consumidor como indicador coincidente é potencialmente consistente com a REPIH. Para analisar a previsão da renda usou-se a análise

de regressão, encontrando que mudanças defasadas da renda, ISC, desemprego e riqueza habitacional preveem a renda. Concluindo que o ISC reflete a informação privada dos agentes, mas também é influenciado pelas variáveis macroeconômicas. É altamente correlacionado com o estado atual da economia e é um preditor da economia futura; além de ser considerado um indicador coincidente no contexto da REPIH.

ii) Mostra que confiança do consumidor também prever consumo, o que é inconsistente com a REPIH.

Evidências indicam que o crescimento da renda do trabalho (ou qualquer outra variável macroeconômica) não prevê o crescimento futuro do consumo, enquanto a confiança o faz. Assim, o REPIH é rejeitado em uma direção diferente dos estudos anteriores, que foram devidos à sensibilidade excessiva em relação à renda. A constatação de que a confiança do consumidor prevê o consumo, mesmo quando estamos condicionados à renda, sugere que a função de consumo muda ao longo do ciclo. O que levanta a questão de saber se essas mudanças podem ser explicadas dentro de uma forma modificada da REPIH ou se são causadas por espíritos animais (como sugerido em Blanchard (1993)).

iii) Examina duas questões da REPIH: mercados de capital imperfeito e equivalência certa.

De acordo com REPIH, apenas os choques de preferências imprevistas devem afetar o crescimento do consumo ou que mudanças na função consumo reflitam os “espíritos animais” e desafiam qualquer explicação econômica racional. Assim testaram:

a) Mercados de capitais imperfeitos

Alguns estudos encontraram evidências que mercados de capitais imperfeitos afetam o consumo não durável (Flavin, 1981 e Hall e Mishkin, 1982). As restrições de crédito são introduzidas nesses estudos para explicar que o crescimento do consumo não durável é, pelo teste de Granger, causado pelo crescimento da renda. Sob-restrições de crédito, o consumidor não consegue financiar o aumento do consumo. Nesse caso, espera-se que o indicador de confiança apresente um valor menor. Para testá-lo foi usada a abordagem Muellbauer e Murphy (1989) e não foi encontrada nenhuma alteração significativa no coeficiente. Também foram testadas as diferenças entre a taxa de empréstimo e o depósito pessoal, como alternativa para testar a gravidade das restrições de crédito. Quanto maior a diferença, menor o orçamento do consumidor e as oportunidades de crédito. Também não foi achada nenhuma evidência a favor dos mercados imperfeitos.

b) Poupança preventiva

O REPIH baseia-se na hipótese de equivalência certa. Se os agentes estiverem incertos sobre seu fluxo de renda futuro, pouparão para o futuro. Para testar se o conteúdo preditivo da confiança resulta do comportamento de precaução foi usada uma versão modificada da abordagem de Hansen e Singleton (1983):

(2)

(3)

(4)

+ (5)

Onde:

é a taxa de preferência temporal dos agentes; é o coeficiente de aversão ao risco relativo;

é um vetor coluna k x 1 de vetor de variáveis predeterminadas;

um vetor linha 1 x k de polinômios defasados. definido como .

A equação de crescimento do consumo é dada por:

+ (6)

um vetor linha 1 x k de polinômios defasados.

vetor linha 1 x m da matriz variância-covariância

Foi proposta uma estrutura geral para testar se o papel preditivo de qualquer variável para o crescimento do consumo se deve à poupança preventiva. Assumiu-se uma função de utilidade relativa de aversão ao risco constante, à poupança preventiva implica que o crescimento do consumo depende da variância do consumo e das taxas de juros. As evidências indicam que a alta confiança do consumidor sinaliza tanto um crescimento maior do consumo quanto uma maior variação da previsão. Como consequência da precaução, o consumo cresce mais rápido devido à maior variação de previsão. No entanto não foi verificado nenhum papel adicional para a confiança acima do efeito de precaução, o que leva a pensar que a equivalência não-certa é importante aspecto de rejeição da REPIH, e que a

capacidade preditiva da confiança do consumidor não implica necessariamente um papel para os “espíritos animais”.

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