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Um “novo” Ensino de História

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1. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

2.3. Um “novo” Ensino de História

Tomaremos como ponto de partida o raciocínio de Libâneo (1998) quando ele afirma que primeiro se modifica “a sociedade e somente mais tarde muda a educação” (LIBÂNEO, 1998, p. 153). Encarando essa assertiva como verdade, entendemos que já é hora de mudar a educação, uma vez que a sociedade já se encontra profundamente transformada pelas TIC’s, o que não implica dizer que este fenômeno esteja perto do fim, muito pelo contrário. Entendemos, pelo menos provisoriamente, que as discussões em torno da esfera tecnológica não devem obedecer a uma lógica de finitude. A velocidade extraordinária com que ela nos coloca novos desafios e perspectivas requer sempre que pensemos de forma não conclusiva, entendendo esse termo no sentido de se esgotar as discussões.

Talvez já estejamos no momento de modificar a educação, e essa é a nossa proposta. Para sustentar o meu ponto, convido mais uma vez Caimi (2015) quando a autora sugere que “para ensinar História a João é preciso entender de ensinar, de História e de João”. Frase aparentemente simples, mas de um conteúdo bastante denso (CAIMI, 2015, p. 111)

Com isso entendemos que a autora defende a ideia de que existe uma tríade de pressupostos que prevalece no exercício da docência de História, sendo que o primeiro faz referência à didática, o segundo faz referência ao domínio dos conteúdos históricos e o terceiro, mas não menos importante, faz referência ao entendimento que o professor precisa ter, entre outras competências, acerca do perfil do alunado. Três vértices de um triangulo equilátero, e com isso quero dizer que as 3 prerrogativas são igualmente importantes, a ponto de que se uma dessas se sobressai exacerbadamente ou se mostra deficiente da mesma maneira, compromete todo o ensino de História.

Trazendo a ideia de Caimi (2015) para a nossa conversa, entendemos que é humanamente impossível elaborar um perfil perfeitamente suturado acerca do nosso João, na contemporaneidade esse João é multifacetado, um indivíduo altamente específico. Porém, isso não nos impede de afirmar que uma parcela bastante significativa desses “João” tenha pontos em comum. A ideia que queremos defender aqui é que o nosso João atualmente se trata, na maioria esmagadora dos casos, de um “nascido digital”18, um indivíduo altamente familiarizado com os recursos tecnológico e fruto de uma cultura digital. Tal característica desse nosso João reforça a capacidade que o uso de tecnologia digital tem de gerar ganho qualitativo dentro do ensino de História.

De acordo com essa constatação assinalamos o nosso posicionamento ao lado de Maynard e Silva (2012), quando eles indicam que:

Os mecanismos que predominam na vivência cotidiana dos jovens devem ser entendidos pelos professores como instrumentos com um potencial pedagógico a ser explorado de forma criativa em sua práxis educacional. Em outras palavras, cabe à educação se adequar aos códigos culturais utilizados entre as novas gerações. (MAYNARD; SILVA, 2012, p. 249)

A atividade de ensinar se dá fundamentalmente pela competência da comunicação, configurando assim na linguagem como um elemento chave. Aqui não queremos reduzir essa competência apenas em oralidade e ou escrita. Os diversos mecanismos (cinema, música, arte, etc.) possuem uma linguagem específica e a esfera tecnológica não foge à essa regra. Nesse sentido, se preconizamos aqui um novo ensino de História fluído e articulado com os interesses e mecanismos que predominam no cotidiano das crianças e jovens da contemporaneidade, entendemos que a apreensão da linguagem tecnológica se torna um pressuposto importante para a sua implementação.

Bittencourt (2009) explica como as tecnologias digitais vem transformando a atividade de ensinar à medida que se consolidam dentro do corpo social.

A informática e os computadores, segundo alguns especialistas de estudos de linguagens, revolucionaram ou estão revolucionando [...] as formas de conhecimento escolar, por sua capacidade e poder de estabelecer comunicações mais pessoais e interativas. (BITTENCOURT, 2009, p. 107)

Batista Neto (2006), tomando como fio condutor esta linha de pensamento, pontua que “mais ou menos estrita, a relação pedagógica será sempre uma prática coletiva. Nesse sentido, ela já não é mais individualizada como foi à época da preceptoria e da aprendizagem

artesanal” NETO, 2006, p.168). Sem dúvida, o ensino contemporâneo se destaca pela sua necessidade de interação entre os agentes que compõem o âmbito escolar. Uma das características mais evidentes dos recursos digitais e justamente o fomento do trabalho colaborativo, a capacidade de se comunicar e de interagir em rede.

Logo, se entendemos que a prática pedagógica é uma prática de âmbito coletivo, tais mecanismos podem auxiliar neste objetivo, reforçando assim a importância de deixarmos o receio pela novidade de lado e passamos a congregar, cada vez mais, os recursos digitais dentro da sala de aula, evidentemente, observando os limites e possibilidades de sua implementação. Reforçando o caráter interativo e coletivo e endossando o uso de recursos tecnológicos no ensino, Arruda (2011) pontua que:

Aprendizagem mediada por tecnologias digitais, o conhecimento está vinculado aos sujeitos de diversas formas e meios, por meio de sua disponibilização em espaços públicos digitais, ainda que estes espaços estejam em processo de ampliação do seu acesso (ARRUDA, 2011, p. 4).

O lúdico não chega a ser exatamente uma novidade dentro do debate acerca da educação. Diversos trabalhos e teóricos ressaltam as potencialidades contidas no ato de “brincar” e parece ser ponto pacífico que a brincadeira tem muito a nos ensinar. Definitivamente é um conceito válido para trazermos para o debate sobre educação. Se apontamos como uma das principais problemáticas do ensino da História o desinteresse por parte dos alunos, certamente apresentar os conhecimentos históricos por uma via lúdica pode colaborar para superarmos essa conjuntura.

Os estudos, impressões e análises aqui levantadas nos deixam mais dúvidas do que certezas, mais curiosidades do que conformismos, mais flexibilidade do que ideias rígidas, logo afirmo que esta seção se encerra aqui apenas provisoriamente. Quanto tempo durará esse provisório não saberíamos responder, porém, uma das coisas que apreendemos através dos presentes estudos é que em consequência da velocidade vertiginosa e do dinamismo acentuado que o universo tecnológico possui é que não seria prudente demarcar posições definitivas em torno do tema.

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