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3. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE JÚLIO DE CASTILHOS

3.1 Um pouco da história de Júlio de Castilhos

Nos primórdios do que um dia viria se chamar município de Júlio de Castilhos, haviam índios do grupo guarani34, entre eles os Tapes, que foram encontrados no início do século XVII pelos padres da Companhia de Jesus35.

Esses índios Tapes, que no início do século XVII ocupavam o território do município, retratados por Costa (1991) como brutos, dizendo que “viviam como animais e, como tal, reagiam emocionalmente”, foram esses índios que receberam as orientações jesuítas. Em 8 de setembro de 1633, o Pe. Pedro Alvarez inaugurava a redução Natividade de Nossa Senhora; conforme ânuas36 analisadas por vários religiosos, tal Redução Jesuíta estaria dentro dos limites do município de Júlio de Castilhos. Em 1634 teriam chegado as primeiras cabeças de gado, trazidas pelo Pe. Cristovão de Mendoza das reduções que hoje compreendem a província de Corrientes na Argentina, o que provavelmente originou a pecuária e a economia rural no município, trazendo também os primeiros equinos.

Tal redução existiu apenas por cinco anos, assentando até 1.200 famílias. Em 1638, os tapes foram levados para a margem direita do rio Uruguai, hoje território Argentino, como prevenção dos ataques dos bandeirantes paulistas. Neste ano a Natividade de Nossa Senhora não existia mais, assim como a primeira concentração demográfica do município de Júlio de Castilhos.

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Grupo guarani – forma como Costa (1991) se refere.

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Monsenhor Antonio Corrêa, em seu livro “O Município de Júlio de Castilhos-RS (anotações a sua história) de 1975, descreve na página 11 a Companhia de Jesus. “No empenho de levar os selvícolas às luzes da evangelização era mister reduzi-los a povoações fixas, tirando-os de sua vida primitiva, errante e menos digna de seres humanos, e, fundando as chamadas Reduções ou Missões, fixá-los mais à terra, para mais eficazmente ganhá-los para a civilização cristã”.

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Ânuas eram os relatórios que os jesuítas enviavam a seus superiores contando as atividades e a vida nas reduções.

Decorridos vinte anos após a fuga, os jesuítas começam a regressar, descobrindo que o gado deixado a própria sorte, havia se multiplicado. Formaram-se grandes concentrações de gados selvagens, que originaram as chamadas Vacarias, a Vacaria do Mar e a Vacaria dos Pinhais, estabelecendo-se aí as primeiras estâncias de criação de gado. Em todo o território castilhense, existiu em sua totalidade a estância de Santo Antônio, e partes da Estância de São Pedro e São Domingos.

Os jesuítas permaneceram em terras castilhenses até por volta de 1769, quando os padres dos Sete Povos das Missões receberam ordens para abandonar as missões, resultando no êxodo das populações missioneiras.

Apenas em 1801, com a conquista das missões espanholas pelos portugueses, iniciou o povoamento da região por exclusiva motivação econômica, em função do gado deixado pelos jesuítas e despertando a cobiça dos lusitanos por novas terras, faz com que a migração bandeirante tenha início estabelecendo-se o ciclo patriarcal do rural pastoreio (COSTA, 1991), e as futuras cidades missioneiras como Passo Fundo, Cruz Alta, Santiago, Soledade, São Francisco de Assis.

Os fazendeiros de São Paulo perceberam então que era um negócio lucrativo vir para o sul buscar animais selvagens e depois vendê-los. Muitos tropeiros e criadores, fascinados pelas paisagens do planalto missioneiro, começaram os primeiros povoamentos da região, e consequentemente do atual município de Júlio de Castilhos.

Essa venda de muares e as criações de bovinos, já no início do século XIX, constituíram-se como umas das primeiras fontes de renda dos primeiros moradores do município de Júlio de Castilhos.

Em 1812 ou 1813, João Vieira de Alvarenga, construiu sua casa no atual centro da cidade, e foi o primeiro morador efetivo de Júlio de Castilhos, junto com outros que vieram a se instalar, todos descendentes de açorianos.

João Vieira de Alvarenga, veio da então Província de São Paulo (hoje estado do Paraná), e escolheu um “rincão de campo devoluto” para invernar seus animais, no alto de uma coxilha, onde havia um capão de antigos pessegueiros dos tempos dos jesuítas. Como o local ficava topograficamente no alto, Alvarenga deu o nome de Boa Vista, ou Coxilha do Durasnal. Nesse lugar construiu a sede da Fazenda da Boa Vista.

No ano de 1870 foi realizada a demarcação da praça e das ruas do incipiente povoado, e em 1876, foi chamado, pela primeira vez como denominação oficial de Povo Novo, que pertencia ao município de Cruz Alta, passou a pertencer ao novo município de São Martinho, como um de seus três distritos.

Em 1877, Manoel Vieira de Alvarenga, filho de João, fez a doação de uma área de 42 km para a sede do povoado, denominando-o agora de Vila Rica. Oficialmente, o município teve o nome de Vila Rica somente em 1885, para satisfazer o desejo do pai em ver uma cidade nascer.

Vila Rica, no dia 21 de março de 1889, foi o lugar da Convenção da Reserva, importante reunião onde o Dr.Júlio Prates de Castilhos, reuniu as mais ilustres e representativas lideranças políticas do Rio grande do Sul, para planejarem a ação revolucionária contra a Monarquia.

Oito meses passados da Convenção da Reserva, o Dr. Júlio Prates de Castilhos viu a possibilidade de um 3º reinado afastada, onde os seus ideais políticos foram vitoriosos, já que no dia 15 de novembro de 1889 era proclamada a República.

Em 14 de julho de 1891, Fernando Abbott, no apagar das luzes do seu governo, elevou Vila Rica à categoria de município (CORRÊA, 1975).

Por ato datado de 6 de agosto de 1891, o Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Júlio Prates de Castilhos, nomeou uma comissão com o objetivo de organizar e administrar provisoriamente o município de Vila Rica. A Intendência Municipal da Vila de Nossa Senhora da Piedade de Vila Rica foi instalado no dia 07 de setembro de 1891.

Em 31 de dezembro de 1904, Vila Rica, tornou-se município de Júlio de Castilhos, em homenagem à memória do ilustre filho de Vila Rica.

O Município de Júlio de Castilhos está situado na região do Planalto do Estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente na sua parte central, o planalto médio.

Segundo Censo/IBGE (2010) a população do município de Júlio de Castilhos é de 19.579 habitantes, onde 82,26% residem no meio urbano e 17,74% no meio rural, com uma área total de 1.929km², com predominância dos biomas Mata Atlântica e Pampa, sua economia é baseada na agricultura e pecuária e a agricultura familiar representa 70% das famílias que vivem no meio rural.

Ilustração 3 - Mapa de Júlio de Castilhos, em relação ao Rio Grande do Sul

Fonte: http://aapenha.blogspot.com/2007_06_01_archive.html