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Uma abordagem à TV Universitária no Brasil

PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo 3 – A união entre Televisão e Escola

3.7 Televisão Universitária

3.7.1 Uma abordagem à TV Universitária no Brasil

É importante sublinhar desde já que este capítulo não pretende fazer uma comparação com a televisão universitária em Portugal e no Brasil. Antes pelo contrário, a busca sobre esta realidade naquele país prendeu-se pelo facto da maioria dos documentos e informação obtidos sobre este tema (subentenda-se televisão universitária) ser de autores que tratam o conteúdo tendo como base e exemplo a televisão universitária brasileira. Como esses documentos se verificaram pertinentes para o presente trabalho, a investigadora, decidiu fazer uma referência à televisão universitária daquele país, bem como aquilo que diferentes autores sabem sobre ela.

Naturalmente que se poderão detetar e retirar algumas diferenças entre televisão universitária num país e no outro mas esse não é, de todo, o pretendido.

Leia-se este capítulo como um conjunto de informações úteis, não só para se saber um pouco mais sobre televisão universitária mas também para se conhecer a sua diferente conceção e divulgação.

No Brasil a televisão surge e desenvolve-se nas mãos de empresas privadas, embora “todas as concessões da TV aberta” (Caparelli, 1982 apud Martelli, s/d) sejam públicas e pertençam ao Estado.

A autora recupera a afirmação de Othon Jambeiro sobre as emissoras vinculadas a universidades continuarem a funcionar com “pouquíssimos recursos e vivendo uma longa, profunda e conceitual crise sobre [o] verdadeiro papel no ambiente da indústria televisiva nacional” (Martelli, s/d, p. 4). Mas apesar disso, com o aparecimento da “Lei do Cabo” em 1995, que obrigou as operadoras a criarem canais de utilização gratuita “para uso de interesse público, entre eles o canal universitário” (Magalhães, 2003). Desta forma as televisões universitárias triplicaram e segundo Alzimar Ramalho (2010) referiu na tese de doutoramento já em 2010, essas emissoras (de televisões universitárias) “representam 151 emissoras instaladas nos campi universitários” (Ramalho: 2010 apud Martelli, s/d). Há opiniões, como por exemplo a de Flávio Porcello que em 2002 no trabalho “TV Universitária: limites e possibilidades” aponta o surgimento das televisões universitárias devido ao facto de existir uma “saturação dos modelos existentes, sejam eles comerciais ou educativos” (Porcello, 2002 apud Martelli, s/d). Contudo independentemente do motivo que levou ao surgimento daquelas televisões, a verdade é que o crescimento delas é visível através dos números de Ramalho que já em 2010 dava a saber que “entre 1995 e 2009, o número de TVs Universitárias passou de cerca de 20 para aproximadamente 150” (Ramalho, 2010 apud Martelli, s/d).

Ao contrário da realidade da Televisão Universitária em Portugal, no Brasil a maiorias das emissoras de televisão universitária têm espaço na televisão por cabo e por esse motivo, Flávia Martelli considera-as de acesso restrito. É também por essa razão que a autora defende que as produções de televisões

universitárias podem e devem ganhar um maior espectro para assim “propiciarem um maior acesso às informações por elas produzidas” (Martelli, s/d, p. 8).

Nas reflexões decorrentes da pesquisa de doutoramento de Denise Accioly (2010), baseada na TV Universitária do Rio Grande do Norte (TVU) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é possível verificar-se a importância desta televisão como sendo um recurso para democratizar o acesso àquela universidade, sobretudo “quem está postulado conhecer e fazer uma carreira profissional” (Accioly, 2010, p. 2).

A autora afirma, ainda, que as televisões universitárias são “espaços de produção de conhecimento, de formação e de serviço à sociedade” (idem) sendo que, também é benéfico para aqueles que já fazem parte dessa cultura académica uma vez que colaboram para a “disseminação do conhecimento científico (…) com informações relevantes sobre a universidade” (idem).

Outra das reflexões remete para uma das problemáticas observadas e apontadas pela autora e diz respeito à falta de interesse por parte dos cursos mas também por um “conjunto de docentes, estudantes, servidores e gestores” (Accioly, 2010, p. 3) embora seja reconhecido mérito à televisão universitária por cumprir “boa parte de sua missão, mostrando à sociedade muito do que a universidade produz em diferentes áreas do conhecimento” (idem). Este é também um ponto que baseia a importância de pesquisas sobre a TVU neste caso concreto, mas que pode e deve estender-se para outros casos, como o que este trabalho pretende retratar (o caso português da ESECTV).

Na revista USP, São Paulo, destacam-se as perspetivas e desafios (descritos pelo jornalista Paulo Ortiz), que a Televisão Universitária da Universidade de São Paulo afirmou alcançar, “aliando criatividade, grande esforço e dedicação profissional por parte de toda a equipa da TV funcionários e estagiários” (Ortiz, 2004, p. 138).

O Canal de Universitário de São Paulo é composto por nove universidades e todas elas dispõem de duas horas e meias diárias (sublinha-se, diárias) divididas em blocos de trinta minutos e uma hora de duração programados de forma independente.

Como foi referido anteriormente, esta televisão universitária tem espaço na televisão por cabo mas o progresso dessa televisão fez-se sobretudo do estreitamento de relações entre universidades e a criação de workshops, permitindo a produção de matérias especiais, documentários institucionais que permitiu exibições “em televisão aberta (TV Cultura)” (Ortiz, 2004, p. 138,139).

Segundo o mesmo autor, um dos projetos estratégicos de grande alcance e importância é a presença da televisão da USP no interior, uma vez que permite um aumento gradual da produção de televisão de “acordo com as realidades (…) locais” (Ortiz, 2004, p. 143).

Assim sendo, o projeto estratégico para além de se basear na consolidação da TV USP no campus da capital e a participação no Canal Universitário de São Paulo de outros canais universitários parceiros, outro ponto importante é a divulgação da produção e “a digitalização da programação para o acesso via Internet (Ortiz, 2004, p. 145). Esta estratégia permite acreditar que contribuirá “para que a produção académica e científica da Universidade, em seu valioso tripé ensino-pesquisa-extensão possa (…) chegar a um público cada vez maior, co-autor de mudanças sociais e culturais que a Universidade pode e deve propiciar” (idem).

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