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Uma Aplicação Geométrica

No documento Divisibilidade e Números Inteiros (páginas 67-135)

35 → 35035 35035 : 13 = 2695

2695 : 11 = 245 245 : 7 = 35

1.12

Uma Aplicação Geométrica

Um retângulo de lados inteiros 6 e 10 é dividido em quadrados de lado 1. Um raio de luz entra no retângulo por um dos vértices, na direção da bissetriz do ângulo reto, e é refletido sucessivamente nos lados do retângulo. Quantos quadrados são atravessados pelo raio de luz?

Observe que seja qual for o trajeto, o raio deve atravessar um múltiplo de 6 quadrados, cada vez que vai do lado de baixo até o

lado de cima, ou de cima para baixo (mesmo ricocheteando). Isso também é verdade para os trajetos que vão de um lado para outro, só que aí deve ser um múltiplo de 10 quadrados. Na primeira vez que o raio atinge um vértice (depois da entrada) ele percorreu um número de quadrados múltiplo de 10 e de 6, na verdade o menor múltiplo comum pois é a primeira vez que isso acontece. Como mmc(10; 6) = 30, o raio percorreu 30 quadrados.

Observação. Para que essa solução esteja correta temos que garantir

que o raio de luz não passe pelo mesmo quadrado duas vezes. Uma forma de ver isto é colorir os quadrados alternadamente, como no tabuleiro de jogo de damas. Observe que o raio atravessa quadrados de mesma cor até refletir, quando então passa a atravessar quadrados da outra cor. Assim, raios paralelos passam por quadrados da mesma cor e raios perpendiculares passam por quadrados de cores diferentes. Se o raio de luz passar pelo centro de uma casa anteriormenete visitada haveria dois raios perpendiculares passando por casas da mesma cor, o que já vimos que não pode acontecer.

 SEC. 1.12: UMA APLICAÇÃO GEOMÉTRICA 65 Pergunta 1: Se eu quiser que o raio atravesse todos os quadrados, que di-

mensões deve ter o meu retângulo?

Pergunta 2: Se eu quiser que o raio atravesse o retângulo sem ricochetear, que dimensões deve ter o meu retângulo?

Uma outra forma de visualizar o problema é “pavimentar” o plano com cópias do retângulo (veja figura adiante). Fica bastante aparente que tenho que percorrer 3 vezes a largura (3 × 10 = 30) e 5 vezes a altura (5 × 6 = 30) do retângulo.

Esta visualização dá uma pista para responder à pergunta 2 acima.

66666

10 10 10

30

Capítulo 2

Aritmética Modular

Uma Introdução Passo a Passo

Os conceitos de divisibilidade, mdc e mmc que acabamos de ver podem parecer bem simples, mas são a semente de uma parte muito interessante da Matemática. Vamos abordar algumas idéias através de questões e respostas, passo a passo.

A tabela da página seguinte mostra os números naturais (e o zero) até 115 colocados em determinada ordem. Você acha que todos os números naturais poderiam entrar nesta tabela? (Se tivéssemos papel e tempo suficiente, é claro).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 Tabela 1

69 1.1. Em que coluna você colocaria:

(a) o número 116 ? (b) o número 117 ? (c) o número 119 ? (d) o número 200 ? (e) o número 223 ? (f) o número 15792732 ? (g) o número 1359735 ?

1.2. Nessa tabela qual o número que fica: (a) imediatamente abaixo do número 53 ? (b) imediatamente acima do número 107 ?

(c) imediatamente abaixo do número 563 ? (d) imediatamente acima do número 107 ?

(e) imediatamente acima do número 15792732 ? (f) imediatamente abaixo do número 15792732 ?

(g) 5 linhas abaixo do número 114 (mas na mesma coluna)? (h) 5 linhas acima do número 1421 (mas na mesma coluna)? 1.3. Como você descreveria os números da coluna do 0 ?

1.4. Se você somar dois números quaisquer da coluna do 0, em que coluna vai cair o resultado?

1.5. Observe que a tabela apresentada pode ser considerada como uma “tabuada”. Se quisermos saber a soma de 84 + 3 basta

encontrar o número que está na linha do 84 e na coluna do 3, isto, é 87.

1.6. Na questão 1.3 você deu uma descrição da primeira coluna: são os múltiplos naturais de 4 (lembre-se que estamos incluindo o 0). Podemos escrever isso em “Matematiquez”:

“O conjunto dos números da forma 4n, onde n é um número natural”

ou ainda

{4 · n | n ∈ N}.

Se quisermos descrever os números da segunda coluna (a coluna do 1) podemos escrever:

“O conjunto dos números naturais que, quando divididos por 4, dão resto 1” ou

“O conjunto dos números da forma 4 · n + 1, onde n ∈ N” ou ainda

{4 · n + 1 | n ∈ N}

Observação. Você deve ter notado que passamos a usar a

notação de ponto para indicar a multiplicação. Isso se deve a que agora estamos indicando multiplicação entre símbolos literais (letras), em que o símbolo × poderia gerar confusão. Para indicar a multiplicação entre números continuaremos a usar ×, pois o ponto poderia nos confundir - embora usemos vírgulas para números decimais menores do que 1 as máquinas de calcular que usamos utilizam o ponto.

71 1.7. Como você descreveria os elementos da coluna embaixo do 2? 1.8. E da coluna embaixo do 3 ?

1.9. Se você escolher dois números da coluna do 3 e subtrair o menor do maior, em que coluna estará a diferença ?

1.10. Se você escolher dois números da coluna do 2 e subtrair o menor do maior, em que coluna estará a diferença ?

1.11. Como você escreveria um resultado geral que se aplique a pares que estão na mesma coluna?

1.12. Se você escolher dois números da coluna do 3, em que coluna estará a soma desses números?

1.13. Se você escolher um número da coluna do 2 e um número da coluna do 3, em que coluna estará a soma desses números?

Vamos organizar uma tabela de adição. Algumas casas estão pre- enchidas, outras ficaram para você:

+ números na números na números na números na

mod4 coluna do 0 coluna do 1 coluna do 2 coluna do 3

números na coluna do 0

números na números na

coluna do 1 coluna do 2

números na números na números na

coluna do 2 coluna do 0 coluna do 1

números na coluna do 3

Tabela 2

Essa tabela é chamada de “adição módulo 4” , ou “soma mó- dulo 4” . Quando dois números têm o mesmo resto quando divididos por 4, dizemos que eles são congruentes módulo 4. Os números congruentes módulo 4 são aqueles que estão na mesma coluna da tabela 1.

Em geral, escrevemos 47 ≡ 43 mod 4. Isto quer dizer que o resto de 47 : 4 é o mesmo de 43 : 4. Usando a questão 1.11 podemos escrever:

47 ≡ 43 mod 4 é o mesmo que dizer que:

47 − 43 é múltiplo de 4.

Exemplo: Mostre que 107 ≡ 83 mod 4. Solução:

73

Agora experimente você:

2.1. Mostre que 158 ≡ 126 mod 4. 2.2. Mostre que 113 ≡ 77 mod 4. 2.3. Mostre que 15107 ≡ 34803 mod 4. 2.4. Mostre que 99999 ≡ 55555 mod 4. 2.5. Mostre que 15807 ≡ 4575 mod 4.

Outra forma de escrever a tabela acima é (você completa o resto): + mod4 0 1 2 3 0 1 2 1 3 0

Para que o tracinho em cima dos números? Note que não estamos falando do número 1 mas de qualquer número que esteja na coluna do 1 na tabela do módulo 4. A soma também não é a soma que estamos acostumados. Depois de somarmos temos que verificar em que coluna estará o resultado.

Exemplo: 473 + 486 473 ≡ 1 mod 4 486 ≡ 2 mod 4

473 + 486 = 959 ≡ 3 mod 4

O resultado estará na coluna do 3.

A tabela adiante tem 5 colunas (e não 4 como a tabela 1). Você conseguiria fazer uma tabela semelhante àquela que fizemos para a primeira tabela (tabela 2)?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 Tabela 3

75 Exemplo: Mostre que 107 ≡ 82 mod 5.

Solução:

107 − 82 = 25 e 25 é múltiplo de 5.

Experimente você:

3.1. Mostre que 158 ≡ 123 mod 5. 3.2. Mostre que 112 ≡ 77 mod 5. 3.3. Mostre que 1510 ≡ 34805 mod 5. 3.4. Mostre que 12380 ≡ 55555 mod 5. 3.5. Mostre que 15801 ≡ 4576 mod 5.

Observação. A esta altura dos acontecimentos você já percebeu que

podemos fazer tabelas para todos os números naturais.

Na tabela 1, escrevemos os números de 4 em 4. Mostramos que todos os números naturais podem ser escritos na forma:

4 · n ou 4 · n + 1 ou 4 · n + 2 ou 4 · n + 3 em que n ∈ N.

Na tabela 3, vimos que todos os naturais podem ser escritos na forma:

Baseado no que foi feito até agora, responda:

1. Se tomassemos uma tabela que tivesse 7 colunas, até que número iria a primeira linha?

2. Em que coluna estaria o número 48? 3. Em que coluna estaria o número 1001?

4. Que formas essa tabela nos sugeriria para escrever os números naturais (como na observação acima) ?

Até agora só trabalhamos com os números naturais e incluímos o zero. Será que poderíamos estender nossa tabela para os números negativos? −20 −19 −18 −17 −16 −15 −14 −13 −12 −11 −10 −9 −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Tabela 4

77 A tabela 4 mostra que isto é possível. Acabamos de estender a tabela 1 “para trás” e agora não temos só números naturais - pode- mos perceber que poderemos incluir nesta tabela todos os números inteiros, positivos, 0 e negativos. Estamos lidando com o conjunto dos números inteiros, o conjunto Z.

Quais os números que estão na coluna do 0? Ainda são os múltiplos de 4.

Mas a divisão que trabalhamos até agora não deixa resto negativo, lembre-se da equação de Euclides (a nossa equação (1.1)):

D = d × q + r , r < d , d > 0 ; D, d, q, r ∈ N ∪ {0},

onde:

• D é o dividendo;

• d é o divisor (que deve ser diferente de 0); • q é o quociente;

• r é o resto (que deve ser menor que d).

Entretanto, ainda podemos falar em módulo d ! Exemplos:

1. 34 ≡ −14 mod 4, pois 34−(−14) = 34+14 = 48 e 48 é múltiplo de 4.

2. −9 ≡ −33 mod 4, pois −9 − (−33) = −9 + 33 = 24 e 24 é múltiplo de 4.

Agora é com você.

4.1. Mostre que 36 ≡ −36 mod 4. 4.2. Mostre que −34 ≡ +14 mod 4. 4.3. Mostre que 334 ≡ −714 mod 4. 4.4. Mostre que 45 ≡ −35 mod 4. 4.5. Mostre que 31 ≡ −17 mod 4. 4.6. Mostre que 31 ≡ −1017 mod 4.

Observe que, na tabela 4, o número 3 e o número −3 estão em colunas diferentes, mas os números 22 e−22 estão na mesma coluna; isso mostra que devemos ter cuidado - as situações variam de tabela para tabela.

Uma forma simples de localizar números negativos na tabela é usar um artifício conhecido, somar o divisor, no caso 4.

Exemplo:

Em que coluna estará o número−1437 ? Solução:

Se fosse −1436 a resposta seria fácil: na coluna do 0 pois 1436 é múltiplo de 4. Se aceitarmos que o resto possa ser negativo, desde que não fique maior do que−3, poderemos escrever uma equação parecida com a equação (1.1) que chamaremos de equação (2.1):

79

D = d × q + r, −d < r < d, d > 0; D, q, r ∈ Z, d ∈ N (2.1)

Repare que os números D, q e r agora podem ser negativos, d continuará sendo positivo (por conveniência) e o resto r pode ir de

−d a d .

No nosso exemplo, −1437 = 4 × (−359) − 1, o que nos dá resto igual a −1. Para saber em que coluna −1437 estará, basta somar 4 ao seu resto. Assim, como −1 estará na coluna (−1) + 4 = 3 segue que−1437 também estará na coluna do 3.

Agora é com você.

Em que coluna da tabela do módulo 4 (tabela 4) se encontra: 4.7. o número−147 ?

4.8. o número−1487 ? 4.9. o número−140 ? 4.10. o número−473 ? 4.11. o número−4732 ?

Observação. Note que, ao aceitarmos valores negativos para r perde-

mos a unicidade. De fato, agora temos a possibilidade de um resto positivo e um resto negativo. Isso não é um problema, na verdade isso é necessário para podermos localizar os números negativos na nossa tabela.

Vamos estender a tabela do módulo 5 (tabela 3)? −10 −9 −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tabela 5

Em que coluna da tabela 5 você colocaria: 5.1. o número−147 ?

5.2. o número−1487 ? 5.3. o número−140 ? 5.4. o número−473 ? 5.5. o número−4732 ?

81

Vamos estender a tabela do módulo 7 ?

−14 −13 −12 −11 −10 −9 −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Tabela 6

Estenda a tabela nos dois sentidos (positivo e negativo). Em que coluna da tabela 6 se encontra:

6.1. o número−147 ? 6.2. o número−1487 ? 6.3. o número−140 ? 6.4. o número−473 ?

6.5. o número−4732 ?

Até agora nos aproveitamos do fato de que dois números na mesma coluna têm a mesma forma. Por exemplo, na tabela 1:

• 473 fica na coluna do 1, pois é da forma 4 × 118 + 1.

• 1013 também fica na coluna do 1, pois é da forma 4 × 253 + 1.

Os dois são da forma 4 · n + 1.

Se subtraímos dois números desta forma temos:

(4a + 1) − (4b + 1) = 4a + 1 − 4b − 1 = 4(a − b) que será sempre um múltiplo de 4.

A soma também “se comportou bem”, pois os números estão sendo representados pelo resto da divisão por 4. Por exemplo:

473 = 4 × 118 + 1 → 473 fica na coluna do 1 → 473 é representado pelo 1.

1027 = 4 × 256 + 3 → 1027 fica na coluna do 3 → 1027 é representado pelo 3.

A soma 473 + 1027 ficará na coluna do 0, pois na tabela que constru- ímos:

1 + 3 = 0

Vamos tentar estender nossas idéias para a multiplicação modu- lar.

83 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Tabela 7

7.1. Escolha um número da coluna do 1 e outro da coluna do 3. Multiplique estes dois números. Em que coluna caiu o produto? Exemplo:

9 × 7 = 63; 63 está na coluna do 3, pois 63 = 4 × 15 + 3.

7.2. Repita a experiência. O produto cai sempre na mesma coluna? 7.3. Experimente pegar dois números da coluna do 3. Em que coluna

cai o produto? Repita a experiência.

Se você fez as contas direito reparou que nos itens 7.1 e 7.2 o resultado cai na coluna do 3. Nenhuma surpresa, pois 1 × 3 = 3.

Já no item 7.3, os produtos recaem na coluna do 1. Como 3 × 3 = 9 e 9 ≡ 1 mod 4, podemos desconfiar que a multiplicação também vai se “comportar direitinho” na nossa aritmética dos módulos. Em vez de desconfiar, vamos demonstrar.

Vamos primeiro ver um caso simples. Vamos escolher um número da coluna do 2 e um número da coluna do 3. Eles podem ser escritos

como:

4 · a + 2 e 4 · b + 3.

O seu produto é

(4 · a + 2) · (4 · b + 3) = 16 · a · b + 12 · a + 8 · b + 6

Observe que os termos literais (que contém letras) são todos múl- tiplos de 4. Resta-nos o 6, que está na coluna do 2, pois 6 ≡ 2 mod 4. Podemos fazer o mesmo raciocínio para todos os números e fabri- car uma tabuada de multiplicação módulo 4.

× mod4 0 1 2 3 0 0 0 0 0 1 0 1 2 3 2 0 2 0 2 3 0 3 2 1 Tabela 8

Você pode usar a tabela do módulo 5 (tabela 3) para fabricar a tabuada de multiplicação módulo 5. Já colocamos alguns resultados, você preenche o resto.

85 × mod5 0 1 2 3 4 0 0 0 1 2 1 3 3 4 4 2 1 Tabela 9 Exercícios 1. Fabrique a tabela do 7.

2. Fabrique a tabuada de adição módulo 7.

3. Fabrique a tabuada de multiplicação módulo 7.

Nos exemplos a seguir, veremos casos em que se aplicam as tabuadas e outros em que seu uso não é necessário.

Exemplos:

1. Qual o resto de 712: 4 ? Solução:

Poderíamos calcular 712 = 13841287201 e verificar que o resto é 1; mas podemos fazer de forma mais simples.

7 ≡ 3 mod 4, então podemos trabalhar com 312. 312= 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3 × 3

Mas olhando a tabuada de multiplicação módulo 4, verificamos que 3 × 3 ≡ 1 mod 4. Chegamos à conclusão que

712≡ 1 × 1 × 1 × 1 × 1 × 1 mod 4, isto é, 712≡ 1 mod 4. O resto de 712: 4 é 1.

2. Qual o resto de 415: 7 ? Solução:

Se você fez a tabuada de multiplicação módulo 7 podemos cal- cular:

42≡ 2 mod 7,

43≡ 2 × 4 mod 7 ≡ 8 mod 7 ≡ 1 mod 7, 415=435 ≡ 15 mod 7 ≡ 1 mod 7. O resto de 415: 7 é 1.

Não precisaremos sempre formar a tabuada.

3. Qual o resto de 730: 11 ? Solução:

Vamos calcular passo-a-passo:

72= 49 ≡ 5 mod 11 (pois 49 = 4 × 11 + 5) 74≡ 52mod 11 ≡ 25 mod 11 ≡ 3 mod 11 78≡ 32mod 11 ≡ 9 mod 11

716≡ 92 mod 11 ≡ 81 mod 11 ≡ 4 mod 11

87 730≡ 36 × 15 mod 11 ≡ 3 × 4 mod 11 ≡ 12 mod 11 ≡ 1 mod 11 O resto de 730: 11 é 1.

4. Mostre que 41 divide 220− 1.

(Sugestão: prove que 220≡ 1 mod 41.) Solução(uma delas):

210= 1024 ≡ 40 mod 41. Mas 40 ≡ −1 mod 41 220= 210× 210≡ (−1) × (−1) mod 41 ≡ 1 mod 41. Como 220≡ 1 mod 41 220− 1 é múltiplo de 41. Exercícios

1. Diga se é Verdadeiro ou Falso: (a) 19 ≡ 7 mod 2.

(b) 52 ≡ −18 mod 10. (c) 1213 ≡ 212 mod 13.

2. Se 1066 ≡ 1776 mod m, quais são os possíveis valores de m? 3. Ache todos os inteiros x, tais que 0 < x < 15 e

3 · x ≡ 6 mod 15.

4. Dê todos os inteiros positivos x menores que 100, tais que x ≡ 8 mod 13.

5. Ache o resto da divisão 250: 7. 6. Mostre que 89 divide 244− 1.

Capítulo 3

Material Complementar

A seqüência de Fibonacci

A seqüência de Fibonacci é:

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, . . .

isto é, cada termo é igual à soma dos dois anteriores (com exceção dos dois primeiros que são iguais a 1). Costumamos simbolizar os termos desta seqüência por Fn. Por exemplo, F1 = 1 e F7= 13.

A formação da seqüência pode ser expressa por:

Fn= Fn−1+ Fn−2, n ∈ Z.

Exercícios Resolvidos

1. Mostre que dois termos seguidos da seqüência de Fibonacci são

primos entre si, i.é., mdc(Fn, Fn−1) = 1. Demonstração:

Utilizando o algoritmo de Euclides obtemos a seguinte seqüência:

Fn= Fn−1+ Fn−2 onde Fn−2 é o resto;

Fn−1= Fn−2+ Fn−3 onde Fn−3 é o resto;

. . . e assim por diante. Por indução, esta seqüência terminará com resto 1.



Por exemplo, calculando o mdc(89, 55): 89 = 55 + 34 55 = 34 + 21 34 = 21 + 13 21 = 13 + 8 13 = 8 + 5 8 = 5 + 3 5 = 3 + 2 3 = 2 + 1

91 2. Mostre que dois números alternados da seqüência de Fibonacci são

primos entre si, i.é., mdc(Fn, Fn−2) = 1.

Demonstração:

Utilizando o algoritmo de Euclides obtemos a seguinte seqüência:

Fn= Fn−1+ Fn−2⇒ Fn= Fn−2+ Fn−3+ Fn−2 Fn= 2 · Fn−2+ Fn−3 onde Fn−3 é o resto; Fn−2= Fn−3+ Fn−4 onde Fn−3 é o resto; . . . e o problema se reduz ao ítem anterior.

 3. Mostre que F5k é múltiplo de 5 para qualquer valor de k.

Demonstração:

Queremos mostrar que F5k é múltiplo de 5. Usaremos a indução sobre k.

Se k = 1, F5k= F5 = 1.

Se F5k é múltiplo de 5 o que acontece com F5(k+1) = F5k+5?

F5k+5= F5k+4+ F5k+3= F5k+3+ F5k+2+ F5k+2+ F5k+1

F5k+5= F5k+3+ 2 · F5k+2+ F5k+1

F5k+5= F5k+2+ F5k+1+ 2 · F5k+1+ 2 · F5k+ F5k+1 = F5k+2+ 4 · F5k+1+ 2 · F5k

F5k+5= F5k+1+ F5k+ 4 · F5k+1+ 2 · F5k= 5 · F5k+1+ 2 · F5k As duas parcelas à direita são múltiplos de 5 (a segunda parcela pela hipótese de indução) logo, F5k é múltiplo de 5 para qualquer valor de k.



No capítulo 2 você construiu a tabela de multiplicação módulo 5 (tabela 9): × mod5 0 1 2 3 4 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 3 4 2 0 2 4 1 3 3 0 3 1 4 2 4 0 4 3 2 1

Observe que para obter 0 tivemos que ter 0 como fator. Também fabricamos a tabela da multiplicação módulo 4 (tabela 8):

× mod4 0 1 2 3 0 0 0 0 0 1 0 1 2 3 2 0 2 0 2 3 0 3 2 1

Você consegue encontrar um produto que dê 0 com os dois fatores diferentes de 0 ? Isto é o que chamamos um divisor de 0.

93 Exemplos:

1. Você encontra divisores de 0 na tabela de multiplicação módulo 7 ?

Solução:

Não há divisores de 0 na tabela de multiplicação módulo 7. 2. Você encontra divisores de 0 na tabela de multiplicação módulo

6 ?

Solução: Sim, o 2 e o 3.

3. Em que tabelas você encontra divisores de 0 ? e quem são os divisores 0?

Solução:

Encontramos divisores de 0 na tabela de multiplicação módulo

n se e só se n não for primo. Se o número n for composto os

divisores de 0 são os números m para os quais mdc(m, n) > 1.

A Função

φ de Euler

Dizemos que um número n é co-primo com m se mdc(m, n) = 1, isto é, se m e n são primos entre si. A função φ de Euler conta, para um número natural n, os naturais, menores que n e que são co-primos com ele, isto é,

Exemplos: 1. φ(6) = 2 pois : mdc(1, 6) = 1, mdc(2, 6) = 2, mdc(3, 6) = 3, mdc(4, 6) = 2, mdc(5, 6) = 1. 2. φ(8) = 4 pois : mdc(1, 8) = 1, mdc(2, 8) = 2, mdc(3, 8) = 1, mdc(4, 8) = 4, mdc(5, 8) = 1, mdc(6, 8) = 2, mdc(7, 8) = 1. 3. Calcule: (a) φ(1) = (g) φ(7) = (b) φ(2) = (h) φ(8) = (c) φ(3) = (i) φ(9) = (d) φ(4) = (j) φ(10) = (e) φ(5) = (k) φ(11) = (f) φ(6) = (l) φ(12) = Solução:

95 (b) φ(2) = 1, o conjunto de co-primos é {1}

(c) φ(3) = 2, o conjunto de co-primos é {1; 2} (d) φ(4) = 2, o conjunto de co-primos é {1; 3}

(e) φ(5) = 4, o conjunto de co-primos é {1; 2; 3; 4} (f) φ(6) = 2, o conjunto de co-primos é {1; 5}

(g) φ(7) = 6, o conjunto de co-primos é {1; 2; 3; 4; 5; 6} (h) φ(8) = 4, o conjunto de co-primos é {1; 3; 5; 7}

(i) φ(9) = 6, o conjunto de co-primos é {1; 2; 4; 5; 7; 8} (j) φ(10) = 4, o conjunto de co-primos é {1; 3; 7; 9}

(k) φ(11) = 10, o conjunto de co-primos é

{1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10}

(l) φ(12) = 4, o conjunto de co-primos é {1; 5; 7; 11}

4. Quais são os números naturais n para os quais φ(n) = n − 1 ? Solução: n deve ser primo.

Equações com Números Inteiros:

Equações

Diofantinas

Vamos agora trabalhar com equações com números inteiros. Elas são chamadas diofantinas em homenagem a Diophante de Alexan- dria, matemático grego que viveu nos meados do século III.

Diophante é considerado como um dos fundadores da álgebra. Es- creveu uma obra sobre Aritmética em 13 volumes e dos quais apenas

seis se preservaram. Seus estudos se basearam no uso de símbolos para facilitar a escrita e os cálculos matemáticos.

Os símbolos criados por Diophante fizeram com que as expressões, até então escritas totalmente com palavras, pudessem ser represen- tadas com abreviações.

Procuraremos números inteiros que satisfaçam às expressões al- gébricas.

Exemplos:

1. Determine uma solução inteira da equação: 5X + 3Y = 1

Solução:

Nestes primeiros exemplos, a idéia é procurar por meio de ten- tativa e erro. Os primeiros são simples, depois começa a com- plicar. Existe mais do que uma solução, logo as respostas devem ser verificadas.

Por exemplo

X = −1 Y = 2.

2. Determine uma solução inteira da equação: 17X + 5Y = 4

97 Por exemplo

X = −3 Y = 11

3. Determine uma solução inteira da equação: 3X + 6Y = 4 Solução:

É impossível. O mdc(3, 6) = 3 logo o termo à direita tem que ser múltiplo de 3, o que não acontece.

4. Determine uma solução inteira da equação: 119X + 35Y = 6

Pista: Qual o mdc(119, 35) ? Por que isso é importante ? Solução:

É impossível. O mdc(119, 35) = 7 logo o termo à direita tem que ser múltiplo de 7, o que não acontece.

5. Determine uma solução inteira da equação: 119X + 35Y = 14

Solução:

O mdc(119, 35) = 7 e o termo à direita é múltiplo de 7, logo podemos simplificar para:

Por exemplo

X = 1 Y = −3

6. Suponha que mdc(a, b) não divida o número inteiro c. Mostre que a equação:

aX + bY = c

não admite soluções inteiras. Solução:

aX +bY será sempre múltiplo de mdc(a, b), logo c também deve

ser, caso contrário, a equação não tem solução.

Observação. O que vem a seguir depende do entendimento do Algo-

ritmo de Euclides, abordado na apostila 1.

Vamos encontrar uma solução para a equação: 5X + 3Y = 1

Começamos executando o algoritmo de Euclides (veja o capítulo 1).

Quociente 1 1

5 3 2

Resto 2 1

mdc(5, 3) = 1

99

5 = 1 × 3 + 2 ⇒ 2 = 5 − 1 × 3 3 = 1 × 2 + 1 ⇒ 1 = 3 − 1 × 2 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 1.

1 = 3 − 1 × 2

Substituimos o 2 por seu valor na outra equação: 1 = 3 − 1 × 2 = 3 − 1 × (5 − 1 × 3) O que nos dá

1 = 3 − 1 × 5 + 1 × 3 = 2 × 3 − 1 × 5

Observe que conseguimos uma solução inteira para nossa equação !

X = −1 Y = 2

De fato 5 · (−1) + 3 · 2 = 1.

Acabamos de encontrar uma solução inteira para 5X + 3Y = 1

a saber

X = −1 Y = 2

Exemplo: Encontre soluções para as equações:

Observação. As soluções das equações a seguir se obtém por multi-

1. 5X + 3Y = 3 Solução: X = −3 Y = 6 2. 5X + 3Y = 7 Solução: X = −7 Y = 14 3. 5X + 3Y = −2 Solução: X = 2 Y = −4 4. 5X + 3Y = −127 Solução: X = 127 Y = −254

Podemos agora enunciar a seguinte proposição:

Proposição. Sejam a,b e c números inteiros diferentes de 0. A

equação:

aX + bY = c

101 Outro exemplo: Determine números X e Y inteiros que satisfaçam às equações (ou mostre que é impossível):

24X + 9Y = 6

Como mdc(24, 9) = 3 e 3 divide 6, a equação terá soluções. Mais ainda, a equação é equivalente a:

8X + 3Y = 2 Quociente 2 1

8 3 2

Resto 2 1

mdc(8, 3) = 1

Quais foram as etapas ?

8 = 2 × 3 + 2 ⇒ 2 = 8 − 2 × 3 3 = 1 × 2 + 1 ⇒ 1 = 3 − 1 × 2 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 1.

1 = 3 − 1 × 2

Substituimos o 2 por seu valor na outra equação: 1 = 3 − 1 × 2 = 3 − 1 × (8 − 2 × 3) O que nos dá

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 8X + 3Y = 1

X = −1 Y = 3

Mas nossa equação é:

8X + 3Y = 2 Fazemos: X = −2 Y = 6 De fato, 8 · (−2) + 6 · 3 = 2. Exemplos:

Determine números X e Y inteiros que satisfaçam às equações (ou mostre que é impossível):

1. 7X + 4Y = 5 Solução:

mdc(4, 7) = 1

Quais foram as etapas ?

7 = 4 + 3 4 = 3 + 1 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 1.

103 Substituimos o 3 por seu valor na outra equação:

1 = 4 − (7 − 4) O que nos dá

1 = 2 × 4 − 1 × 7

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 7X + 4Y = 1

X = −1 Y = 2

Mas nossa equação é:

7X + 4Y = 5 Fazemos: X = −5 Y = 10 De fato 7 · (−5) + 10 · 4 = 5. 2. 8X + 6Y = 12 Solução: mdc(8, 6) = 2

Quais foram as etapas ?

Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 2. 2 = 8 − 6 O que nos dá

2 = 1 × 8 − 1 × 6

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 8X + 6Y = 2

X = 1 Y = −1

Mas nossa equação é:

8X + 6Y = 12 Fazemos: X = 6 Y = −6 De fato 8 · (6) + 6 · (−6) = 12. 3. 8X + 12Y = 18 Solução:

mdc(8, 12) = 4 que não divide 18. Logo a equação não tem

solução. 4. 7X + 3Y = 2

105

mdc(7, 3) = 1

Quais foram as etapas ?

7 = 2 × 3 + 1 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 2. 1 = 7 − 2 × 3

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 7X + 3Y = 1

X = 1 Y = −2

Mas nossa equação é:

7X + 3Y = 2 Fazemos: X = 2 Y = −4 De fato 7 · (2) + 3 · (−4) = 2. 5. 8X + 12Y = 16 Solução: mdc(8, 12) = 4

12 = 8 + 4 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 4.

4 = 12 − 8

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 8X + 12Y = 4

X = −1 Y = 1

Mas nossa equação é:

8X + 12Y = 16 Fazemos: X = −4 Y = 4 De fato 8 · (−4) − 12 · 4 = 16. 6. 14X + 24Y = 8 Solução: mdc(14, 24) = 2

Quais foram as etapas ?

107 14 = 10 + 4

10 = 2 × 4 + 2 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 2.

2 = 10 − 2 × 4

2 = 10 − 2 × (14 − 10) = 3 × 10 − 2 × 14 2 = 3 × (24 − 14) − 2 × 14 = 3 × 24 − 5 × 14

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 14X + 24Y = 2

X = −5 Y = 3

Mas nossa equação é:

14X + 24Y = 8 Fazemos: X = −20 Y = 12 De fato 14 · (−20) − 24 · 12 = 8. 7. 15X + 12Y = 20 Solução:

mdc(15, 12) = 3 que não divide 20. Logo a equação não tem

8. 4X + 6Y = 9 Solução:

mdc(4, 6) = 2 que não divide 9. Logo a equação não tem

solução. 9. 3X + 6Y = 9

Solução:

mdc(3, 6) = 3

Quais foram as etapas ?

6 = 2 × 3 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 3.

Neste caso a reconstrução é extremamente simples: 3 = 3

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 3X + 6Y = 3

X = 1 Y = 0

Mas nossa equação é:

3X + 6Y = 9 Fazemos:

109

Y = 0

De fato 3 · (3) + 6 · 0 = 9. 10. 128X + 64Y = 32

Solução:

mdc(128, 64) = 64 que não divide 32. Logo a equação não tem

solução.

11. 3X + 2Y = 493 Solução:

mdc(3, 2) = 1

Quais foram as etapas ?

3 = 2 + 1 Vamos “reconstruir” o mdc, no caso 2.

1 = 3 − 2

Observe que conseguimos uma solução inteira para a equação: 3X + 2Y = 1

X = 1 Y = −1

Mas nossa equação é:

Fazemos:

X = 493 Y = −493

De fato 3 · (493) − 2 · (493) = 493.

Encontre todasas soluções inteiras da equação: 5X + 3Y = 1

Solução:

Já temos uma solução (encontrada em itens anteriores):

X = −1 Y = 2

Podemos somar e subtrair o mesmo número ao lado esquerdo e a equação será equivalente. Escolherei para somar e subtrair (quem adivinha ?) o mmc(5, 3) = 15.

5X + 15 + 3Y − 15 = 1 5(X + 3) + 3(Y − 5) = 1

Isso mostra que posso somar/subtrair 3 do valor de X desde que eu subtraia/some 5 ao valor de Y . Por exemplo:

X = −1 + 3 = 2 Y = 2 − 5 = −3

111 também é solução da equação original. Verificando:

5(2) + 3(−3) = 10 − 9 = 1 Portanto a solução geral da equação

5X + 3Y = 1 é

X = −1 + 3t

Y = 2 − 5t , t ∈ Z.

Observação. Podemos nos perguntar se realmente encontramos to- das as soluções da equação. Isso equivale a perguntar se as soluções

são todas da forma encontrada. Vamos demonstrar este fato.

Se X = x e Y = y é uma solução arbitrária então 5x + 3y = 1.

Como X = −1 e Y = 2 é uma solução particular então 5 · (−1) + 3 · 2 = 0.

Como X = −1 e Y = 2 é uma solução particular então

No documento Divisibilidade e Números Inteiros (páginas 67-135)

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