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QUESTIONÁRIO

Com base na discussão realizada no referencial teórico, construímos um questionário com questões abertas e fechadas para ser respondido em momento anterior ao da entrevista. O objetivo foi identificar a percepção dos bibliotecários, participantes da pesquisa, em relação ao papel da BU como espaço de aprendizagem para a formação educacional e abordar, inicialmente, a temática da pesquisa com vistas a subsidiar as entrevistas que foram realizadas posteriormente à aplicação do questionário.

A escolha dos recursos de construção de dados também teve como finalidade identificar as iniciativas da Biblioteca Central (BC) enquanto espaço que pode qualificar os processos educativos e de aprendizagem dos usuários, assim como conhecer quais os tipos de ações que os bibliotecários desenvolvem ou entendem como possibilidades para qualificar os processos. Nesta pesquisa, optamos pela não identificação dos entrevistados com o intuito de manter a privacidade, resguardar a intimidade, informações e opiniões pessoais dos mesmos.

Para isso, organizamos as narrativas de acordo com os questionários respondidos e entrevistas ocorridas. A identificação foi feita com a letra E (entrevista) e B (bibliotecários) juntamente com a numeração subsequente (EB1, EB2, EB3, etc...) para uniformizar as narrativas. Os trechos das narrativas selecionadas, para constar nesta tese, estão no formato itálico, com o objetivo de facilitar a identificação. A organização exposta, justifica-se porque ainda apresentaremos a numeração das análises das entrevistas e do grupo focal com os usuários.

A devolução dos questionários aconteceu no momento da realização da entrevista, marcada de acordo com a disponibilidade de cada um. Ressaltamos que a participação dos interlocutores foi espontânea e todos assinaram,

previamente, o termo de consentimento. O Diretor do Sistema de Bibliotecas (SiB) também deu consentimento para a realização da pesquisa (documento localizado no Apêndice B).

Assim, foram entregues os questionários aos treze bibliotecários em atividade na BC, no entanto, alguns profissionais estavam em período de licença estudo. Por tal razão, obtivemos um total de onze questionários respondidos. No decorrer do processo, um bibliotecário não quis participar da pesquisa, alegando não possuir conhecimento suficiente para responder o questionário e participar da entrevista e outro participou da entrevista, porém não devolveu o questionário. Por fim, o total do nosso universo de pesquisa com os bibliotecários foi constituído por onze questionários respondidos e doze entrevistas realizadas.

Ademais, estabelecemos uma organização e articulação em categorias definidas, a priori, a partir do nosso referencial teórico. Entendemos que agir assim nos auxiliou na elaboração de diretrizes para reconfiguração da Biblioteca Universitária contemporânea com o objetivo de qualificar os processos educativos e de aprendizagem mediados pela unidade informacional. O questionário foi dividido em duas partes: na primeira expusemos as informações gerais - dados de identificação, gênero, faixa etária, formação profissional, tempo de formação e atuação na profissão, qualificação e setor em que atua na biblioteca; na segunda parte, subdividimos em categorias sobre: acervo, acesso, avaliação, uso, autonomia, possibilidade de atuação da biblioteca no desenvolvimento de LI, serviços oferecidos pela BC, serviços, produtos e ações. Acrescentamos que a segunda parte do questionário foi composta por questões abertas, sendo algumas delas semiabertas (de assinalar ou com escala de importância do item apontado).

Tivemos, assim, a composição de dez bibliotecárias e dois bibliotecários, e obtivemos onze questionários e doze entrevistas. Dez participantes estavam na faixa etária de 30 a 49 anos e apenas um na faixa acima dos 50 anos. Com base na estrutura do questionário, identificamos o tempo de atuação dos participantes enquanto bibliotecários e, em específico, o tempo de atuação na FURG, bem como o tempo de conclusão de suas formações acadêmicas:

Quadro 6 - Tempo de atuação e formação acadêmica Tempo de atuação como

bibliotecário

Tempo de atuação na Furg

Conclusão da graduação

1 – 5 anos 1 EB3 2 EB4; EB9 - -

6 – 10 anos 5 EB1; EB2; EB7; EB9;

EB12

7 EB1; EB2; EB3; EB5; EB7; EB8;

EB11

3 EB3; EB9; EB12

11 – 15 anos 1 EB4 - - 4 EB1; EB2; EB4;

EB7

16 – 20 anos 3 EB5; EB8; EB11 - - 3 EB5; EB8;

EB11

21 – 25 anos 1 EB6 1 EB6 1 EB6

Fonte: Autora.

Quanto ao nível de qualificação profissional dos interlocutores da pesquisa, identificamos que a titulação do grupo configura-se da seguinte forma: seis especialistas, cinco mestres e um doutor. O que demonstra que os bibliotecários estão preocupados com a qualificação profissional para desenvolver suas atividades. A constante atualização acadêmica pode proporcionar mais qualidade na oferta de serviços e produtos e nas atividades técnicas diárias.

Em relação à atuação em outras instituições como bibliotecários, somente dois não exerceram a atividade em outros locais. Na área da docência, apenas três foram professores e oito nunca trabalharam na função. Tais dados permitem- nos constatar que estes profissionais optaram pelo perfil técnico de bibliotecário e não pela docência. O bibliotecário tem consciência do seu papel formativo, por isso, o quadro da BC evidencia que os profissionais escolheram desempenhar essa formação dentro da biblioteca e não fora do círculo de atividades técnicas biblioteconômicas.

Compreendemos que o papel educativo do bibliotecário refere-se ao seu engajamento nos processos educativos e de aprendizagem, educando por meio dos mecanismos informacionais existentes e disponíveis na unidade informacional. Não quer dizer que o cenário atual não proporcione locais diversos e possibilidades de atuação, mas demonstra o quanto os profissionais podem contribuir com a instituição, desenvolvendo papel formativo! Pode-se incumbir a sua posição de educador nas funções relacionadas à alfabetização do LI, por exemplo.

Ao considerarmos as atuações nos setores da BC, encontramos as seguintes divisões: 1) quatro respondentes que desenvolvem atividades no setor de Processamento Técnico de Livros e Multimeios; 2) um no Setor de Atendimento; 3) três bibliotecários no Setor de Referência; 4) um na Coordenação de Bibliotecas; 5) um na Direção do SiB; e 6) um na Chefia da Biblioteca Central. Por conseguinte, podemos perceber, ao dar início ao tratamento e à análise dos dados, a presença de interligação entre a maioria das respostas dadas, de modo que estão permeadas umas pelas outras. Por hora, observamos semelhanças e aproximações entre elas e algumas complementações, mas em alguns itens as respostas se contrapõem, conforme mostraremos ao longo das análises.

As próximas questões fazem parte dos tópicos semiestruturados e divididos em categorias, de antemão, foi possível identificar a existência de relações entre as respostas e o setor em que cada participante atua. Ou seja, é evidente que ao responder as questões não é possível o desprendimento da realidade das atividades desenvolvidas no dia a dia de cada campo de atuação.

A primeira categoria avaliada foi Acervo, quando perguntados sobre sua atualização, no que se refere às necessidades curriculares, as respostas ficaram entre atualizado e pouco atualizado. Somente um não soube responder.

Quadro 7 - Categoria Acervo

Atualizado Pouco atualizado Desatualizado Não sei responder/opinar 5 EB2; EB6;

EB7; EB8; EB9

5 EB1; EB3; EB5; EB11; EB12

0 1 EB4

Fonte: Autora.

As BUs, por exercerem papel importante e relevante no âmbito das instituições e para garantir qualidade no ensino, pesquisa e extensão, necessitam permanecer com seus acervos em constante expansão e atualização. Para isso, faz-se necessário desenvolver ações que contemplem algumas prioridades em relação à universidade e a seus cursos, tais como: 1) manter seu acervo atualizado e adaptado conforme as necessidades dos cursos

que atende; 2) contemplar as demandas dos seus usuários; e 3) amparar as bibliografias básicas e complementares dos currículos dos cursos.

De acordo com nossos respondentes, o acervo da BC possui considerável atualização, porém o SiB não possui uma política formalizada de aquisição, atualização e expansão de acervos. O que pode vir a prejudicar a contemplação dos cursos e os projetos pedagógicos, uma vez que os mesmos sofrem atualização constante nas indicações bibliográficas. Consultamos o site do SiB40

e, na aba Aquisição, encontramos informações como e-mail para a sugestão de compra de materiais pelos discentes e técnico-administrativos, já os docentes precisam acessar o Sistema Argo para fazer solicitação de compra, porém não há informação de como são feitas as políticas de aquisição ou não.

Com relação à quantidade de livros, perguntamos se o número de exemplares disponíveis na biblioteca atende às necessidades dos usuários. Cinco responderam que atende suficientemente e em segundo lugar ficou o item que afirma que o número de exemplares disponíveis na BC atende precariamente.

Quadro 8 - Quantidade de exemplares disponíveis Plenamente Suficientemente Precariamente Não

atende Não sei responder/opinar 0 5 EB2; EB3; EB6; EB7; EB11 4 EB1; EB4; EB9; EB12 1 EB8 1 EB5 Fonte: Autora.

A BU sofre constantemente avaliação por parte do Ministério da Educação (MEC), como já mencionamos nesta tese (capítulo 2.1.1). Aqui, discorremos sobre: 1) a quantidade de exemplares disponíveis numa instituição, considerando que os itens avaliados pelo MEC são a referência para livros e periódicos, jornais, materiais multimeios, entre outros; e 2) se há uma política de expansão e atualização do acervo conforme os projetos pedagógicos (como já evidenciado).

40 Para mais informações a fonte consultada está disponível em: https://biblioteca.furg.br/pt/aquisicao. Acesso em: 18 jul. 2019.

É preciso que a BU verifique se o seu acervo atende ou não às referências bibliográficas e se a quantidade é suficiente para suprir as demandas. O MEC recomenda que a biblioteca calcule periodicamente se o número de exemplares está adequado ao número de alunos matriculados. As avaliações podem auxiliar as unidades na perspectiva de mantê-las eficazes e eficientes de acordo com as necessidades da instituição.

Portanto, mesmo que os nossos interlocutores afirmem que a quantidade de exemplares atenda suficientemente ou precariamente, é preciso atentar para atender plenamente a demanda dos usuários matriculados. Sugerimos que a BC elabore um estudo no qual proponha estratégias de aquisição de exemplares ou títulos para manter a qualidade e ampliação do acervo, afinal é fundamental que a biblioteca tenha sua política de desenvolvimento de coleções.

A perspectiva é positiva, pois a informação que temos (colhida durante as entrevistas) é de que já existe um grupo formado desde 2018 que faz o movimento de elaborar políticas de desenvolvimento de coleções. A comissão, específica para este fim, foi criada pela portaria nº789/2018 e é composta por quatro bibliotecários que têm o compromisso de criar estratégias e políticas para aquisição, descarte, avaliação de acervos, entre outros assuntos relacionados às políticas de desenvolvimento de coleções.

Tais políticas possibilitam o crescimento coerente das coleções, dão subsídios apropriados para a formação do acervo, estabelecem melhores critérios de seleção e priorizam as aquisições, estabelecendo, assim, a duplicação de títulos desnecessários. Também dão suporte para o recebimento de doação ao definir todas as diretrizes para melhor administrar as coleções, assegurando sua usabilidade e manutenção.

A terceira questão dessa categoria tratou da avaliação do acervo de periódicos disponíveis no que se refere a sua atualização. Os participantes responderam depois de analisar as duas versões: física e online. Chegamos à conclusão de que a base dos periódicos online está atualizada. Porém, ao avaliarmos o acervo de periódicos impressos, constatamos a falta de atualização. Tivemos três respondentes que não souberam opinar sobre o quesito.

Quadro 9 - Atualização do Acervo de periódicos Atualizado É desatualizado Não existe acervo

de periódicos especializados Não sei responder/opinar 6 EB2; EB6; EB7; EB8; EB11; EB12 2 EB3; EB9 0 3 EB1; EB4; EB5 Fonte: Autora.

Nossa análise, sobre a questão, evidencia a relevância dos periódicos como uma importante fonte de publicação e divulgação no meio acadêmico e, em geral, para a produção científica. Sem querermos nos aprofundar na discussão (pois não é o nosso objetivo), constatamos que com as revistas científicas muitas transformações têm ocorrido ao longo dos anos. Dentre elas, podemos destacar o acesso a pesquisas, à redução de custos editoriais e a questão do espaço físico disponível nas bibliotecas. Movimentos estes que despertam debates que envolvem o processo de novas demandas entre os meios eletrônicos e o impresso, como por exemplo, ciência aberta ou acesso aberto.

Os recursos da Ciência Aberta podem abranger o acesso aberto e gratuito a artigos, dados de pesquisa e ferramentas de pesquisa e estão relacionadas à transparência nos processos de pesquisa e à reprodutibilidade experimental; à democratização do acesso ao conhecimento científico. E, constantemente, ao desdobramento e avanço dos processos de descobertas e inovações por meio do compartilhamento aberto de ferramentas e resultados cinetíficos.

Diante disso, a versão eletrônica tem se tornado uma realidade para as bibliotecas e para os profissionais da informação que precisam saber lidar com a produção, o acesso e a disseminação da informação nas duas versões: impressa e eletrônica. À frente deste paradigma, nossas reflexões recaem sobre o processo de compreensão das mudanças nas BUs: deveríamos manter os acervos impressos, mesmo tendo a versão eletrônica? Como é a demanda de acesso?

Quais critérios utilizar para decidir sobre o desbastamento41 dos periódicos

impressos? Devemos desbastar?

Com toda a pertinência dos periódicos no contexto universitário, precisamos discutir sobre a sua organização, conservação e disseminação. Este recurso informacional, independentemente de ser eletrônico ou impresso, é fundamental para os pesquisadores no desenvolvimento de suas pesquisas. O ideal seria um aprofundamento das questões deste tipo dentro da BC para repensarmos os serviços disponibilizados no contexto do acervo de periódicos e de todos os processos que envolvem a circulação e a utilização dos mesmos.

Adentrando na conjuntura que envolve os serviços, na categoria seguinte, exploramos questões referentes aos serviços, produtos e ações desenvolvidas na BC e o grau de importância dos mesmos no que tange os processos educativos e de aprendizagem. Usamos para isso, o quadro 10 com os parâmetros seguintes: muito importante, importante, pouco importante e sem importância, conforme demonstramos abaixo.

Quadro 10 - Questões referentes aos serviços, produtos e ações desenvolvidas na BC

Muito importante Importante Pouco

importante Sem importância S erviço s

Pesquisa bibliográfica; Acesso ao Catálogo da BC; Acesso à Biblioteca Digital; Tratamento da Informação; Catálogo Coletivo da BC; Empréstimo Domiciliar; Acesso ao Repositório Institucional da FURG; COMUT; Empréstimo interbiblioteca; DSI; Disponibilização da ABNT; Disponibilização da BDTD; Acesso ao Portal CAPES; Projetos Sociais; Capacitações e Treinamentos; Acessibilidade e Inclusão Acesso a Catálogos de Bibliotecas de outras IES; Serviço de Alerta a Novas Aquisições; Sumário de Periódicos; Confecção de Ficha Catalográfica Xérox de Materiais Informacionais

Fonte: Autora. O quadro foi construído de acordo com a maior incidência entre os respondentes.

41 De acordo com CUNHA E CAVALCANTI (2008) desbaste ou descarte consiste na separação ou retirada do acervo de uma biblioteca considerado sem condições de uso, sem utilização ou desatualizado.

Ao analisarmos os tópicos referentes aos serviços, produtos e ações que a BC/FURG oferta, é importante mencionar as variantes que envolvem a disponibilização ou não desses aspectos na unidade. As melhorias e as mudanças também dependem e sofrem com as restrições financeiras das instituições; com a cobrança pela produtividade e retorno das pesquisas científicas; com o impacto das novas tecnologias da informação e seus padrões de acesso; e, principalmente, com o modo de pensar e agir dos profissionais envolvidos. Ao discutirmos tais aspectos, não podemos deixar de considerar que vivemos numa economia fundamentada no conhecimento, na competitividade e na produtividade. Assim, a sociedade espera um retorno e almeja das Universidades a capacidade de organização e de produção da informação de maneira eficiente e qualificada para produzir conhecimento.

O desenvolvimento da sociedade resulta da qualidade da educação e da formação. Para atender as exigências deste contexto, buscamos ao longo da nossa atuação desenvolver competências e capacidades para disponibilizar serviços, produtos e ações que permitam ao usuário aprender, bem como, a possibilidade de uma nova forma de estudar e de aprender, reforçando a autonomia deles neste processo. E, por se tratar de uma BU, os bibliotecários se veem constantemente como agentes que precisam ser inovadores em sua atuação, na produção e na disponibilização dos serviços.

A missão central da BU é a criação/elaboração de estratégias de ação que possibilitem engendrar mudanças; melhorar os espaços físicos; identificar as competências que precisam ser aprimoradas e/ou desenvolvidas; conhecer os aspectos colocados em jogo para a formação dos usuários; e, ao mesmo tempo, ter capacidade de gerir os conhecimentos. Logo, entendemos que a Biblioteca, por meio de seus serviços, produtos e ações, pode ser lugar de aproximação multidisciplinar do ensino, pesquisa e extensão e utilizada como recurso nos processos.

O primeiro bloco de análises, referente aos serviços, produtos e ações, foi considerado pelos respondentes como muito importante. Sobre ele, fazemos a seguinte reflexão: o que faz com que tais aspectos sejam considerados muito importantes pela equipe de profissionais da BC? Entendemos que estes elementos são mecanismos utilizados para favorecer a disseminação da

informação e são, também, considerados decorrentes do processo de gestão da informação, isto é, fazem com que seja viável articular as necessidades de informacionais dos usuários e o uso que eles fazem delas e igualmente do acesso à fontes disponíveis. As bibliotecas, portanto, estão sempre tratando de suprir determinadas demandas para satisfazer aos interesses dos usuários no contexto da unidade informacional, por meio dos seus serviços e produtos.

Nessa perspectiva, recapitulamos que compreendemos o conceito de serviços como elementos intangíveis. Como exemplo, podemos elencar os citados como os mais importantes pelos respondentes: tratamento da Informação, disseminação seletiva da informação, auxílio nas pesquisas bibliográficas, etc. Borges (2007) lista o que pode ser considerado serviços informacionais, dividindo- os em dois grupos: 1) serviços de atendimento: levantamento bibliográfico, pesquisas de opinião, respostas técnicas, entre outros; e 2) serviços de antecipação à demanda: disseminação seletiva da informação, alertas bibliográficos e análises do ambiente de negócios da organização, das tendências de mercado e de cenários futuros.

E, por produtos, entendemos que são aqueles resultantes dos serviços disponibilizados, ou seja, os tangíveis, apresentados em formatos e suportes como os catálogos, as normas, as guias, os informativos, entre outros meios materializados. Em vista disso, tais demandas precisam ser estabelecidas a partir do contato com o usuário para conhecer suas necessidades e perspectivas em relação aos produtos e aos serviços.

Analisando o exposto em relação às exigências sobre a avaliação e a qualidade das Bibliotecas, interpretamos que o compromisso que a BC possui, no âmbito da mediação entre a aprendizagem, a socialização da cultura, a investigação científica e o compromisso social, reforça a sua importância na atuação direta com o processo educativo e de aprendizagem dos usuários. Assim, as bibliotecas contribuem com a orientação, reforçam a autonomia e constroem espaços de informação seja ele físico ou virtual e, também, disponibilizam recursos com mais qualidade e constituem-se neste espaço de aprendizagem.

Corroboram com a aprendizagem ao longo da vida, influenciam e promovem mais o pensamento crítico, aspectos determinantes para a aprendizagem dos usuários. Isso significa que a Biblioteca se assume como

mediadora nos processos de aprendizagem e como centro de conhecimento, por isso, o predomínio dos serviços, produtos e ações ser considerado essencial pelo grupo de bibliotecários da BC.

As próximas perguntas do questionário foram de configuração aberta e organizadas de maneira a ouvir as opiniões dos participantes sobre: acesso, avaliação, uso, atuações e autonomia. De acordo com estudos e autores que concebem a BU como uma extensão da sala de aula e como ambiente de prática educacional que contribuem para os processos educativos e de aprendizagem, o método de análise para as questões integrantes da entrevista e parte do questionário adotado por nós, para dar vozes às narrativas dos sujeitos de pesquisa, foi a Análise Textual Discursiva (ATD).

Conforme já exposto nesta tese, a ATD pode ser entendida “[...] como um processo auto-organizado do qual emergem novas compreensões” (MORAES; GALIAZZI, 2011, p. 12). Processo composto pelos seguintes ciclos: a) desmontagem do texto (unitarização); b) estabelecimento de relações (categorização); c) captação do novo emergente (nova compreensão/metatexto); c) processo de auto-organizado (ciclo de análises, novas compreensões) (MORAES; GALIAZZI, 2011).

Essas ações exigem muito envolvimento e absorção com o material analisado e para isso é necessário leitura atenta em busca da compreensão dos significados textuais contidos nas narrativas. O processo ocorre com a desmontagem do texto, referindo-se à desconstrução e à criação de unidades. A análise textual propõe-se a “[...] descrever e interpretar alguns dos sentidos que a leitura de um conjunto de textos pode suscitar, [...] um texto sempre possibilita