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CAPÍTULO 4- QUILOMBO DE PALMARES, ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NOS

4.1 Uma narrativa específica sobre a população negra

Único tema recorrente nos livros didáticos analisados, no que diz respeito à população negra, a existência do Quilombo de Palmares foi justificada, na perspectiva dos autores, pelo fato de que a escravidão era por muitas vezes insuportável, e isso acarretava a fuga dos sujeitos escravizados. Ao mesmo tempo, é possível perceber que os autores procuraram enfatizar a ação do governo de Pernambuco no sentido de viabilizar a sua destruição.

Sob o título Negros de Palmares, Bellegarde (1831, p. 140, grifos nossos) afirma que

Os Negros que procurão escapár á escravidão, bem vezes insupportavel pela tirannica injustiça de seus senhores, formão quasi sempre pequenas associações nos matos, onde huma má ou nulla administração, concorre para os entregár ás primeiras tentativas da policia; a Povoação de Palmares, porém, offerece huma exceção d’esta negligencia gerál.

O primeiro elemento a ser destacado é o fato de Bellegarde (1831) relativizar a escravidão dos africanos, afirmando que a mesma era “bem vezes insuportável”, ou seja, em alguns momentos, dependendo do senhor a que estivessem submetidos e da injustiça e tirania com que fossem tratados, os escravizados optariam por fugir para os matos. Embora Bellegarde (1831) associe de forma direta os “homens de cor” à escravidão sem contextualizá-la ou defini- la, tal como fez quando mencionou a escravização dos indígenas, o elemento inédito aqui apresentado é a fuga, um recurso utilizado pelos escravizados e que os levava a se organizarem em quilombos, entre os quais o de Palmares tornou-se o mais conhecido.

Para o autor, Palmares, que ele também chama de “Colônia Africana”, formou-se pouco antes da expulsão dos holandeses, num momento em que Pernambuco ainda sentia os efeitos da longa batalha por sua independência e se encontrava sem recursos para impedir sua organização. Segundo ele, a partir da fuga de 40 negros armados, a quem logo se reuniram muitos outros, Palmares teria crescido rapidamente, pois os fugitivos, além de se apoderarem das “mulheres de cor” das povoações vizinhas, começaram a saquear e obter armas e munições por meio de alianças com os agricultores que, segundo o autor, eram obrigados a aceitar67.

No que diz respeito à dinâmica estabelecida no quilombo, Bellegarde (1831, p. 142- 143) afirma que “a agricultura, a que os Palmarienses se entregarão com huma ordem e previdencia que fazem pasmar, adoçou seus costumes. [...] A Religião adoptada hera o Christianismo, alterado por muitas superstições”. O autor representa a religião dos quilombolas

67 Este é o único momento em que “mulheres de cor” são mencionadas na narrativa e por isso optou-se por escrever

como o resultado de um sincretismo que alterou por meio de crenças, a religião considerada legítima. Essa representação pode resultar do fato de o autor pertencer às elites letradas do império, cuja religião predominate era a católica, conforme determinava a Constituição Política do Império do Brasil (1824, Título 1º, Art. 5). De acordo com esse diploma legal, “A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma alguma exterior do Templo”.

No que diz respeito à capacidade de organização e estruturação de Palmares, Bellegarde (1831) ressalta que ele se tornou uma “Cidade” fortificada com “terrenos cultivados” e “numerosos edifícios” ao longo de 50 anos de existência e por isso trouxe temor ao Governo de Pernambuco, que decidiu enviar 7000 homens para destruí-lo. O autor afirma que, apesar da resistência vigorosa apresentada pelos quilombolas, os atacantes sitiaram Palmares

em quanto lhes chegava a Artilheria que requisitarão, e os habitantes circumvisinhos se tivessem concentrado na Capitál de Palmares, a fome veio completár a ruina dos audases Africanos, fazendo-os sucumbir aos primeiros tiros do canhão. [...] Os velhos, mulheres e doentes forão vendidos, extinguirão-se as mesmas ruinas da Cidade e só resta hoje de Palmares, a memoria de seus célebres habitantes (BELLEGARDE, 1831, p. 143-144).

É importante destacar que, embora Bellegarde (1831) se refira, superficialmente, à população negra em outros momentos de sua narrativa, inclusive na primeira época, é no tópico relacionado a Palmares que o autor menciona a origem geográfica dos habitantes do quilombo, fazendo referência direta ao continente africano.

No livro Episodios da Historia Patria contados á infancia, no capítulo Palmares (1695), Pinheiro (1860, p. 104, grifos do autor) afirma que,

Durante a occupação dos hollandezes em Pernambuco, quarenta pretos de varios engenhos de Porto Calvo, fugirão á seus senhores e procurarão nas densas matas da Serra da Bárriga um asylo. Augmentou-se em breve o seu numero com a acquisição de novos companheiros e companheiras. Vivião de roubos, assaltando as fazendas da vizinhança, d’onde tiravão tudo de que precisavão [...]

Assim como foi abordado na obra de Bellegarde (1831), Pinheiro (1860) apresenta de forma indireta o mesmo motivo para justificar a fuga dos escravizados para o Quilombo de Palmares, ou seja, a insatisfação com o regime escravocrata, aqui relacionada à figura dos senhores. Essa abordagem contraria a representação de escravidão construída pelo autor em outro momento da narrativa, ao enfatizar o comportamento de sujeitos fieis e dedicados aos

seus senhores, numa relação de subserviência quase voluntária, que poderia levar os leitores, a princípio, a acreditarem que os sujeitos escravizados não teriam razões para fugir.

A representação do quilombo, chamado pelo autor de “república negra”, é construída, de modo geral, de forma bastante negativa. Pinheiro (1860, p. 104) destaca que o mesmo era presidido pelo regime do terror, uma vez que, segundo ele, “a subita passagem da escravidão para a liberdade poderia produzir a mais horrorosa anarchia”. Daí o motivo de haver poucas e rigorosas leis, característica de povos “semi-selvagens”, tais como punir com a “pena capital” os trânsfugas e as infrações como adultério, homicídio e roubo, para que fosse possível manter a ordem. O autor destaca, ainda, que, embora os quilombolas respeitassem aqueles que chegavam voluntariamente a Palmares, escravizavam e vendiam os que faziam prisioneiros, o que implica dizer que também teriam assimilado as práticas de escravização que, segundo a narrativa do próprio autor, eram comuns no Brasil inclusive entre os indígenas. Ou estariam reproduzindo uma prática antiga de seu continente de origem cuja finalidade não era comercial. Pinheiro (1860, p. 104) representou a religião dos quilombolas como uma “mistura das praticas e ceremonias christãs com as barbaras superstições de suas terras, e o seu codigo tradicional”. Nesse sentido, é importante destacar que a sua representação, mais do que criar, consolida um estereótipo em relação aos africanos e suas crenças, haja vista que essa narrativa, que deprecia a crença dos africanos, associando-a à religiosidade africana, é muito semelhante àquela produzida por Bellegarde em 1831. Embora o autor não mencione, diretamente, o continente africano, ele o descreve por meio da expressão “suas terras” como um lugar habitado por povos bárbaros e, por esse motivo, sugere que suas práticas religiosas seriam contestáveis.

Além de pertencer ao círculo de homens letrados do império, Pinheiro (1860) ainda possuía formação religiosa. Isso implica que ele compartilhava da perspectiva da própria Igreja católica e teria, portanto, condições de determinar o que seria ou não uma crença legítima num livro que, conforme já evidenciado, também foi utilizado para ensinar História Sagrada e Doutrina Cristã.

Para o autor, a existência de Palmares era, ao mesmo tempo, ameaçadora para a vizinhança e uma afronta para o governo. Isso fez com que os moradores próximos ao quilombo estabelecessem acordos com os “Palmeirenses”, fornecendo-lhes armas e alimentos em troca da segurança de suas casas, ao passo que o governo da província enviou Domingos Jorge para destruí-lo. Pinheiro (1860, p. 106) descreve um primeiro confronto sem sucesso, a partir do qual organizou-se uma “expedição de três mil homens, em cujo numero se alistarão muitas pessoas ricas e consideraveis, desejosas de vingarem-se por si mesmo do damno que lhes causavão os negros”. É importante ressaltar que, além de o autor afirmar que o governo de

Pernambuco enviou ao quilombo Domingo Jorge com o regimento dos Paulistas, ao qual se juntariam forças oriundas de Olinda e milícias da circunvizinhança, Pinheiro (1860) destaca que pessoas consideráveis também aderiram à causa. Essa narrativa da participação popular estende o desejo de destruição de Palmares do âmbito político para a sociedade, uma vez que ela dá a entender que esta última também se sentia prejudicada com a existência do quilombo, pois ele era o refúgio daqueles que, certamente, constituíam a sua riqueza, status e fonte de renda e, por essa razão, uniu-se ao governo para auxiliar em seu intento.

Pinheiro (1860) narra com detalhes a estrutura física do quilombo quando descreve o dia de sua invasão, enfatizando que, apesar da resistência dos quilombolas diante de um grupo de seis mil homens, Palmares foi destruído, arrasado até os alicerces e seus sobreviventes reduzidos à escravidão. Reduzir, novamente, os quilombolas à escravidão parece justificar a participação das “pessoas ricas”, que se sentiam prejudicadas em função da existência de Palmares, pois, enquanto o quilombo resistisse, mais sujeitos poderiam fugir para lá e os proprietários ficariam com menos escravizados tanto para compor o rol de suas propriedades quanto para trabalhar em seus negócios. A sua destruição, portanto, oferecia a expectativa de reintegrar esses sujeitos ao seu “devido lugar” na sociedade brasileira.

Se Joaquim Macedo (1865) foi o autor que evidenciou a escravidão e os escravizados, relacionando-os ao continente africano, diferentemente dos outros autores, ele não dedica um capítulo ou tópico para descrever Palmares. O assunto é abordado em três parágrafos, na Lição XXV, Destruição dos Palmares – Guerras civis dos mascates, em Pernambuco; e dos

emboabas, em Minas (1687- 1714), juntamente com as narrativas de outros episódios. A

descrição do Quilombo de Palmares é o momento da narrativa em que a escravidão é representada como um sistema que também oprimia os sujeitos escravizados e esse é o argumento que explica a sua fuga. Para o autor,

Aproveitando-se da desordem, das emigrações e do abandono de fazendas e propriedades, durante a guerra hollandeza, muitos escravos fugirão e forão acoutar-se nas faldas da serra da Barriga e provavelmente em outras matas, formando quilombos, onde pelo correr do tempo outros escravos se reunirão aos primeiros, procurando assim livrar-se da opressão do captiveiro, e sem duvida tambem a elles se ajuntárão desertores e criminosos (MACEDO, 1865, p. 256, grifos nossos).

Macedo aborda os mesmos elementos já apresentados pelos outros autores analisados, que dizem respeito ao motivo da fuga e à constituição do quilombo, acrescentando, ainda, que o contexto sócio-político favoreceu esse empreendimento. Afora essas informações, o autor destaca, brevemente, que a população de Palmares contava alguns milhares de habitantes,

possuía uma “espécie de governo” e oferecia perigo para as capitanias vizinhas, fato que levou o governo de Pernambuco a enviar expedições para destruí-lo após a guerra holandesa. Nas palavras do autor:

em 1687, o paulista Domingos Jorge Velho obrigou-se a destruir aquelles quilombos e a aprisionar os quilombolas mediante certas condições que forão aceitas pelo governador de Pernambuco, João da Cunha Soutomaior, e seguindo-se encarniçada campanha, e muitos combates, em que ostentárão todo o seu valor os paulistas commandados por Domingos Jorge, conseguio este conquistar definitivamente os Palmares em 1697 (MACEDO, 1865, p. 256-257, grifos nossos).

Dentre os elementos que o autor menciona em sua abordagem sobre o quilombo, é importante destacar a ênfase nos sujeitos que estavam a serviço dos interesses do governo, uma vez que são identificados como homens de valor, ao passo que os escravizados, que desafiavam a ordem estabelecida, são representados como um perigo à nação que estava se constituindo. Essa abordagem é evidenciada no quadro sinóptico da lição, quando a destruição do quilombo está relacionada à atuação de Domingos Jorge Velho, considerado um “Paulista notável”:

Figura 19 – Quadro sinóptico da lição XXV- Destruição dos Palmares – Guerras civis dos mascates, em Pernambuco; e dos emboabas, em Minas (1687-1714).

Às informações apresentadas no quadro, somam-se as seguintes perguntas elaboradas pelo autor, que permitiriam aos leitores retomar a sua organização, resistência e destruição:

 Como, e quando se organisárão os quilombos dos Palmares?

 Houve tentativas infructuosas para destruir os Palmares?

 Quem foi o conquistador, e quando se realizou a conquista dos Palmares? (MACEDO, 1865, p. 266).

É importante ressaltar, ainda, a explicação oferecida pelo autor para o que vinha a ser o quilombo, na seção Explicações: “Palmares, diz-se que este nome foi dado aos quilombos de que se trata; porque os quilombolas plantárão grande copia de palmeiras em torno do primeiro mocambo que formarão” (MACEDO, 1865, p. 262, grifos do autor).

No livro de Lacerda (1887), o Quilombo de Palmares é também o momento em que o autor menciona diretamente os africanos escravizados. Essa abordagem é realizada no terceiro período da história do Brasil, Desde a restauração de Portugal até a chegada da Família Real

ao Brazil (1640-1808), quando o autor apresenta o tópico Governadores geraes que succederão a Barreto de Menezes com as seguintes questões:

P. Quem foi o 32º governador geral do Brazil?

R. O 32º governador geral foi D. João de Lencastre, que tomou posse em 1694. P. Quaes forão os factos mais notaveis occorridos no governo de D. João de Lencastre?

R. No governo de D. João de Lencastre, descobrirão os Paulistas ricas minas de ouro na provincia de Minas-Geraes, e foi destruída em 1697 a formidavel republica dos negros dos Palmares, nas Alagoas, que chegou a contar cerca de trinta mil escravos fugidos (LACERDA, 1887, p. 64, grifos do autor). Apesar de o autor não descrever o Quilombo de Palmares, sua abordagem realizada no livro permite apreender que se tratava de um reduto para onde fugiram aproximadamente trinta mil escravizados, sem nenhuma contextualização prévia sobre o que seria a escravidão negra, assim como fizeram os outros autores em seus livros. É importante perceber que Lacerda (1887) priorizou a destruição do quilombo em detrimento de uma discussão sobre a escravidão, o que deixa sem resposta uma série de perguntas: quem eram os sujeitos escravizados? De onde vinham? Em quais condições viviam no Brasil? O que era a escravidão? Por que eles fugiam? O que foi, de fato, o quilombo de Palmares? Por que precisou ser destruído?

É sempre importante lembrar que no livro de Lacerda (1887) a escravidão foi apresentada já no primeiro período e criticada por ser considerada uma prática cruel dos colonos em relação aos indígenas. Entretanto, aqui, quando ela é associada à figura dos negros, o autor

dispensa qualquer comentário a respeito. A tábua cronológica ao final do capítulo retoma esse fato como um dos principais acontecimentos do terceiro período da história do Brasil da seguinte forma: “1697: Destruição da republica de negros dos Palmares” (LACERDA, 1887, p. 82). Assim, sinaliza que a destruição do quilombo era o fato a ser memorizado/assimilado e não a existência de uma expressiva forma de resistência negra.

Os questionamentos aqui realizados à abordagem de Lacerda (1887) se aplicam, de certa forma, a todos os outros autores, dada a superficialidade com que trataram o tema da escravidão e da população negra no Brasil. Entretanto, no conjunto das obras analisadas, a narrativa sobre o quilombo de Palmares é significativa por, pelo menos, três motivos: o primeiro deles diz respeito à representação específica da população de cor num contexto próprio, com suas crenças e práticas peculiares, ainda que os autores atribuam características negativas a algumas delas; o segundo é o fato de os autores reiterarem a resistência dos quilombolas ao sistema escravista de modo geral, e ao Governo de Pernambuco, em particular, mesmo em condições desiguais de combate. E o terceiro, por mencionarem a origem geográfica dos homens e mulheres de cor, ao considerar, como fez Bellegarde (1831), o quilombo uma “Colônia Africana” e identificar seus habitantes como “audazes Africanos”.

Numa outra dimensão, essa abordagem específica do Quilombo de Palmares também pode ser interpretada à luz dos pressupostos do IHGB em relação à produção de uma história para o Brasil. Guimarães (1995) apresenta, como um dos dados de sua pesquisa, que entre 1838 e 1888 foram publicados apenas três trabalhos na RIHGB voltados para a população negra, sendo dois deles relacionados ao Quilombo de Palmares: Relação das guerras feitas aos

Palmares de Pernambuco no tempo do governador D. Pedro de Almeida de 1675 a 1678 e Memoria dos feitos que se deram durante os primeiros anos de guerra com os negros quilombolas dos Palmares, seu destroço e paz aceita em junho de 1678. Ainda assim, a

perspectiva adotada evidenciava o processo de captura de negros refugiados e a guerra travada para sua destruição68.

Afora esses documentos publicados, é importante ressaltar que, segundo França e Ferreira (2012), nos séculos XVII e XVIII, os relatos sobre Palmares eram expressivos, haja vista que já em 1603 uma correspondência do governador da capitania de Pernambuco, Manoel Mascarenhas Homem, endereçada a seu sucessor Diogo Botelho, relatava suas providências em relação à existência desse “‘ajuntamento’ de pretos fugidos” (p. 35). É possível acreditar, então,

68 O terceiro trabalho mencionado por Guimarães (1995) trata da biografia de Henrique Dias, elaborada por

que muitos deles compunham o acervo documental do IHGB.

Os autores ainda afirmam que a essa correspondência se seguiram outras, que, a princípio, foram produzidas pelos próprios holandeses, para, em seguida, constituir uma

longa, ininterrupta e variada série de documentos administrativos, documentos em língua portuguesa e escritos por autoridades metropolitanas e coloniais, que dão conta das relações que a sociedade escravocrata de então, aquela que os lusitanos estavam construindo nos trópicos, mantinha com os quilombolas de Palmares: são bandos, notícias de expedições militares, cartas de governadores e outras autoridades, consultas, pareceres e resoluções do Conselho Ultramarino, requerimentos e relações (FRANÇA; FERREIRA, 2012, p. 42-43).

Nessa perspectiva, é possível acreditar que, embora a existência de Palmares constituísse uma afronta ao sistema escravocrata vigente, a opção por inseri-la nos livros didáticos considerou que ela não comprometeria a narrativa da história do Brasil, desde que respeitada a perspectiva de enaltecer os feitos daqueles que cumprissem os interesses da metrópole. Por essa razão, a abordagem do Quilombo pode ser atribuída à tentativa dos autores de apresentarem uma narrativa na qual se enfatiza a sua destruição por Domingos Jorge Velho, ao mesmo tempo em que se reitera o fato de que os governantes precisaram superar uma série de obstáculos para manter sua unidade.

4.2 A escravização de indígenas e africanos no Brasil: entre a injustiça e a