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A trajetória de publicação de “Uma Visita de Alcebíades” é a mais curiosa dentre as de todos os contos publicados em Papéis Avulsos. Impresso pela primeira vez no Jornal das Famílias em 1876, o conto teve ainda uma segunda versão em jornal na Gazeta de Notícias no início de 1882. O texto estampado neste periódico, no qual foram introduzidas mudanças muito sutis, mostra-se muito próximo da versão que sairia em livro dez meses depois. Quando comparadas as variantes da coletânea e do Jornal das Famílias, porém, as alterações são estruturais, fazendo de “Uma Visita de Alcebíades” a narrativa de Papéis Avulsos que mais sofreu transformações de sua primeira versão para aquela publicada em suporte livresco. Essas mudanças são responsáveis pelo comentário que Machado faz na Nota F da obra: “Esse escrito teve um primeiro texto, que reformei totalmente mais tarde, não aproveitando mais do que a ideia. O primeiro foi dado como um pseudônimo e passou despercebido”36.

Embora Machado aproveite mais do que somente a ideia para compor o conto em sua segunda variante, a afirmação de que ele o reformou totalmente é precisa. No Jornal das Famílias, o texto aproxima-se mais das narrativas que eram, de fato, publicadas pelo próprio Machado naquele jornal e que ajudaram a compor seus dois primeiros livros de contos, Contos Fluminenses (1870) e Histórias da Meia-noite (1873). Trata-se de um relato anedótico, contado para atender aos pedidos de moças que frequentavam o mesmo evento. O desembargador Alvares afirma que não contará “uma anedota mentirosa, dessas que os redatores de folhinhas aumentam para regalo dos fregueses. Vou referir o que me aconteceu sábado passado”37. Em contrapartida, o conto publicado em Papéis Avulsos

36 ASSIS, Machado de. op. cit., 1882, p. 300.

37 ASSIS, Machado de. “Uma Visita de Alcebíades”. Jornal das Famílias. Rio de Janeiro, n. 10, out-1876,

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ganha o formato de uma carta escrita por um desembargador designado como “X” para o chefe de polícia, seu amigo de infância, relatando algo que recém-ocorrera.

Essa alteração estrutural é a principal responsável pelas mudanças que ocorrem ao longo de todo o conto. A orientação da narrativa muda por completo, já que, no Jornal das Famílias, Alvares conta sua aventura com Alcebíades já distante em uma semana do acontecimento, e o faz em tom mais leve e jocoso, como seria natural em uma “anedota” contada durante uma reunião de convivas na noite de Natal. Já a carta do desembargador X traz consigo o susto vivido pelos acontecimentos das últimas horas e a urgência do assunto, já que o corpo continua presente em sua residência. Para ele, essa segunda morte do ateniense provoca “profundo abalo”, reação bem distinta daquela que demonstra ter o narrador da primeira versão do conto, que não aparenta qualquer comoção: “Quando lhe pus a mão no peito, vi que estava diante de um cadáver. Que havia de fazer? Mandei-o para o necrotério”38.

A distância que cada um dos narradores adquire do acontecimento narrado contribui com muitas das mudanças observadas nos sentidos gerados pelo texto. As duas versões possuem, em comum, uma diferença entre o tempo do enunciado e da enunciação: os protagonistas relatam eventos que aconteceram com eles no passado, seja ele próximo como no caso de X, seja ele um pouco mais distante como no caso de Alvares39.

Por meio da distância entre discurso e história em uma analepse, os protagonistas das duas versões são capazes de refletir sobre o ocorrido, escolher como narrá-lo, descrever com mais proximidade ou distância emocional aquilo que viveram. O recurso

38 ASSIS, Machado de. op. cit., 1876, p. 308.

39 Esse recurso é comum na literatura, como destaca NUNES, Benedito, op. cit., pp. 30-31: “Expor-se-ia

ao ridículo quem apresentasse a anacronia como uma “raridade ou como uma invenção moderna: ela é, ao contrário, um dos recursos tradicionais da narração literária”. […] O recuo pela evocação de momentos anteriores, como também o avanço pela antecipação de momentos posteriores aos que estão sendo narrados, são denominados por Genette, retrospectivamente, de analepse (retrospecção) e prolepse (prospecção), enquanto “formas de discordância entre as duas ordens temporais” do discurso e da história.” (grifos do autor)

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também se associa fortemente com os dois propósitos que levam seus narradores a relatar a visita do grego: Alvares decide contar tal caso, durante uma festa de Natal, uma anedota teoricamente verdadeira que teria ocorrido com ele, enquanto X precisa comunicar o chefe de polícia de cada detalhe em seu pedido de socorro.

Além disso, graças à relação de longa data entre X e o chefe de polícia, que remonta à juventude de ambos, aquele é capaz de trabalhar mais um momento de analepse ao descrever sua adoração a Plutarco40, evocando na memória do colega policial uma conexão afetiva que possa explicar o absurdo daquilo que vai contar: “V. Ex., que foi meu companheiro de estudo, há de lembrar-se que eu, desde rapaz, padeci esta devoção do grego; devoção ou mania, que era o nome que V. Ex. lhe dava, e tão intensa que ia fazendo reprovar em outras disciplinas”41.

Se o conto de Papéis Avulsos se estrutura como uma carta e possui somente um narrador do início ao fim, o do Jornal das Famílias adota processo similar àquele de “O Espelho”, irmão de “Uma Visita de Alcebíades”. São dois os narradores do conto: do primeiro ao quarto parágrafo, nos deparamos com um narrador onisciente neutro, que introduz brevemente o desembargador Alvares e a situação em que ele vai contar sua aventura da semana anterior. Sua narração é brevemente interrompida por uma fala do próprio Alvares no segundo parágrafo do texto. Diferentemente do narrador onisciente de “O Espelho”, porém, ele não retorna ao fim do conto, e sua participação fica restrita a esse breve início. A partir do quinto parágrafo, Alvares toma a frente da narrativa e a conduzirá até o seu encerramento, relatando, em meio a tal percurso, seu encontro com Alcebíades.

40 Plutarco (46 d.C.-120 d.C.) foi um escritor e historiador clássico cujas obras tinham caráter moralizador,

já que todas, até mesmo as históricas, trazem uma conclusão moral. O autor foi responsável por escrever uma das biografias mais célebres de Alcebíades.

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Os dois desembargadores, embora diferentes como personagens, são mais próximos como narradores. Os dois contos são narrados em primeira pessoa, por seus protagonistas. Ambos trabalham seus relatos com uma profunda visão daquilo que os concerne, mas seus conhecimentos relativos a Alcebíades restringem-se ao que foi manifestado pelo próprio grego: “O narrador, personagem central, não tem acesso ao estado mental das demais personagens. Narra de um centro fixo, limitado quase que exclusivamente às suas percepções, pensamentos e sentimentos”42.

Graças a esse procedimento, a narrativa fica intrinsecamente associada à percepção do protagonista, permitindo que a aparição de Alcebíades e suas observações sobre o futuro adquiram caráter mais humorístico, especialmente na segunda versão do texto, em que há um contraste maior com a reação do desembargador. Fosse o narrador de alguma forma onisciente, os pensamentos e sentimentos mais profundos de Alcebíades poderiam ser relatados, o que possivelmente, por um lado, resultaria em uma esfericidade maior da personagem devido à sua trajetória como pensador e filósofo da Antiguidade, mas, por outro, diminuiria seu efeito cômico.

O grego, tal e qual relatado no conto, configura-se como personagem plana. Seu propósito, ao longo da narrativa, resume-se a demonstrar curiosidade com aquilo que o cerca nessa viagem ao século XIX, espantando-se e, por fim, morrendo de susto com a vestimenta do protagonista, acontecimento que fecha o ciclo da história, já que foi para responder a essa questão que o desembargador inicialmente o invocou. Seus comentários, de modo geral, funcionam como forma de provocar o riso, já que Alcebíades espanta-se com elementos básicos do cotidiano do período em que o texto de Machado ocorre.

Utilizar personagens planas, quase caricaturais, como forma de criar efeito humorístico é um recurso comum na literatura. Edward M. Forster, ao comentar as

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opiniões de seu colega Norman Douglas, escritor que fazia ferrenhas críticas às personagens planas, argumenta que

[…] a novel that is at all complex often requires flat people as well as round, and the outcome of their collisions parallels life more accurately than Mr. Douglas implies. […] For we must admit that flat people are not in themselves as big achievements as round ones, and also that they are best when they are comic. A serious or tragic flat character is apt to be a bore.43

Se a narração em primeira pessoa realizada pelo protagonista permite que Alcebíades apresente um caráter plano nas duas versões, as alterações na estrutura do texto e no contexto do fato narrado alteram a construção do desembargador como personagem. O desembargador Alvares, do Jornal das Famílias, tem postura mais condescendente com aqueles à sua volta. Ele explica quem seria Plutarco e por que se interessa pelas leituras antigas; ele é seletivo com seu café e seus charutos. Embora X também demonstre erudição ao longo do conto, ele parece fazê-lo de forma mais natural, já que destina a carta para seu velho colega de escola, que o conhece e sabe de seus gostos. Nessa versão, portanto, o desembargador pode contar sua história com mais naturalidade, sem a necessidade de interrupções para explicar, por exemplo, quem seria determinado personagem.

Outra diferença aparece na relação de cada um dos protagonistas com o espiritismo. Para Alvares, embora manifeste de início uma espécie de ceticismo em relação a todos os sistemas, ele revela posteriormente sua predileção pelo estudo

43 FORSTER, Edward M.. op. cit., pp. 108 e 111. Em tradução livre, “[…] um romance complexo

geralmente necessita igualmente de personagens planas e esféricas, e o resultado de seus encontros faz mais paralelos com a vida real do que Mr. Douglas afirma. […] Precisamos admitir que personagens planas não são em si conquistas tão grandes quanto as esféricas, e também que elas são melhores quando cômicas. Uma personagem plana que seja séria ou trágica tem a tendência a ser tediosa.”.

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fervoroso do kardecismo: “Não sei se sabem que sou um tanto espiritista. Não se riam; sou até muito. Posso dizer que vivi, como, durmo, passeio, converso, bebo café e espero morrer na fé de Allan Kardec. Convencido de que todos os sistemas são puras niilidades, adotei o mais jovial de todos”44. Já X apresenta postura menos próxima da doutrina, e, embora acredite que ela trará bons frutos no futuro, não parece dedicar-se a ela com tanto carinho e seriedade:

Sou espiritista desde alguns meses. Convencido de que todos os sistemas são puras niilidades, resolvi adotar o mais recreativo deles. Tempo virá em que este não seja só recreativo, mas também útil à solução dos problemas históricos; é mais sumário evocar o espírito dos mortos, do que gastar as forças críticas, e gastá-las em pura perda, porque não há raciocínio nem documento que nos explique melhor a intenção de um ato do que o próprio autor do ato.45

Essa diferença pode estar na raiz da reação que cada um deles apresenta com a chegada de Alcebíades à sua casa, em carne e osso. Alvares surpreende-se momentaneamente, mas logo é capaz de interagir e aceitar o acontecimento como natural. Em contrapartida, X sofre grande abalo com o ocorrido, demorando para esboçar qualquer interação com o ateniense, que percebe o mal-estar do protagonista e procura acalmá-lo. Para Alvares, assim, a naturalidade do evento seria muito mais clara do que para X, que se espanta com a presença de Alcebíades e com o passo que havia dado na “carreira do espiritismo”46.

A visão de X sobre a História entra em conformidade com a visão crítica e não essencialista de Machado, em que o papel central da aparência o leva a questionar as

44 ASSIS, Machado de. op. cit., 1876, p. 306. 45 ASSIS, Machado de. op. cit., 1882, p. 260. 46 Idem, p. 262.

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concepções do historicismo47 e de algumas escolas literárias. Boa parte de seu incômodo com o Realismo, por exemplo, estava relacionado à ideia preconizada pela corrente de que a ordem do mundo caminharia no sentido de uma espécie de perfeição. Para ele, esse princípio seria equivocado e provocaria uma reescrita inverossímil da História. Enylton de Sá Rego comenta:

Para Machado, tanto a história quanto a lenda ou a obra de arte literária são narrativas, e como tal contêm um aspecto referencial – que pode ou não ser verdadeiro – e um aspecto formal, no qual o valor simbólico é preponderante, e que depende sobretudo da imaginação do autor ou narrador ao organizar a sua narrativa.48

A ideia da História como uma narrativa aparece também nas palavras do próprio autor ao discorrer, como já mencionado anteriormente49, sobre a exatidão da expressão “independência ou morte”. Machado diz preferir a versão que fora criada sobre o fato, já que ela trazia tom mais poético e enérgico.

Além disso, a menção ao espiritismo não aparece à toa na tessitura do conto. Ao longo de Papéis Avulsos, as novas tendências científicas, intelectuais e espirituais que permeavam a sociedade do século XIX são retratadas em diversos contos de diferentes maneiras. “O Alienista”, “O Espelho”, “O Segredo do Bonzo” e “A Sereníssima República”, por exemplo, trabalham essas questões de maneira mais direta, já que cada um desses escritos tem como ponto central um comentário científico, político ou social sobre alguma dessas escolas intelectuais do período. “Uma Visita de Alcebíades”, porém, não se furta em tocar nesse quesito ao tratar da referida doutrina:

47 REGO, Enylton de Sá. op. cit., p. 157.

48Idem, p. 158.

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Isso servia apenas como introito para demonstração detalhada do fenômeno crescente e que parecia perturbar bastante Machado: o espiritismo. Essa forma narrativa continha o mesmo objetivo daquela usada em “Verba Testamentária”. Em ambos havia esforço de relatar os absurdos e as contradições no interior da medicina científica e suas vertentes. A ideia para isso girava em torno de contar detalhadamente o desenvolvimento da doença e as tentativas de cura.50

Para Daniela da Silveira, todos os escritos da obra trabalham com algum aspecto do cientificismo51. Em sua maioria com visões críticas, os textos trazem temas como medicina, psiquiatria, filosofia, metafísica, política, entre outros. Discussões como essas estavam em alta no período de confecção e publicação dos contos52. Não seria diferente, então, com o espiritismo e as visões de Allan Kardec, que ganhavam espaço nas últimas décadas do século XIX. Por meio do acontecimento improvável relatado no conto e do comportamento especialmente de X, Machado é capaz de destrinchar uma análise relativa ao modo como seus contemporâneos encaram a nova doutrina espiritual.

As reações e as atitudes de X como um todo parecem mais verossímeis e complexas do que as de Alvares. O desembargador do Jornal das Famílias funciona como ferramenta para alimentar o diálogo absurdo entre um grego da Antiguidade e um brasileiro do século XIX, mas sua personalidade não é bem desenvolvida ao longo do conto. O protagonista da versão recolhida em Papéis Avulsos, por outro lado, carrega em si uma quantidade maior de nuances. Seu desconcerto com o ocorrido se revela verossímil

50 SILVEIRA, Daniela Magalhães da. Fábrica de Contos: Ciência e Literatura em Machado de Assis.

Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2010, p. 102.

51 Para Allan Kardec, o espiritismo era não só uma religião, mas também uma ciência e uma filosofia. O

francês defendia que a ciência não deveria ocupar-se apenas do estudo da matéria, mas também do metafísico. VILLAS-BÔAS, Marcos de Aguiar. “A Ciência Espírita”. GGN – o Jornal de Todos os Brasis. Disponível em: <https://jornalggn.com.br/religiao/a-ciencia-espirita-por-marcos-villas-boas/>. Acesso em: 20/08/2020.

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quando se considera a personalidade que lhe fora atribuída: seu desejo de escapar de Alcebíades provém das características de X que já haviam sido estabelecidas anteriormente. A ideia de frequentar o baile, por exemplo, mostra-se natural em um homem que queira fugir de uma figura morta que lhe aparecera de surpresa, mas um pouco difícil de explicar em se tratando de alguém que tinha por único objetivo apresentar os hábitos do século ao pensador grego.

Além disso, o modo como o desembargador reage à segunda morte de Alcebíades também se revela mais verossímil na segunda versão do conto. Alvares conforma-se e leva-o ao necrotério naturalmente. Esse é o último detalhe fornecido pela narrativa, o que pode levantar questionamentos de como esse fato foi encarado pelas autoridades locais, pois se tratava de um indivíduo desconhecido que chegava ao necrotério. No caso de X, contudo, cabe ao chefe de polícia, uma das principais autoridades locais e um de seus velhos amigos, receber a carta que relata os acontecimentos daquela noite e se responsabilizar pelo transporte do corpo ao necrotério. Independentemente do absurdo contido no fantástico com o qual Machado trabalha ao longo do conto em suas duas versões, as atitudes tomadas por X parecem condizer melhor com o comportamento que alguém como ele teria em uma situação como a relatada.

Por esses motivos, sua construção é mais esférica do que a de Alvares: se este mantém sua vaidosa presunção ao longo de todo o conto, X é capaz de transformar-se e surpreender, abandonando sua arrogância manifestada no início da história por um desconcerto convincente com a situação que se faz presente em sua rotina. Assim sendo, a esfericidade de Alvares é superficial e falsa, enquanto X se revela, de fato, uma personagem complexa.

Os elementos caracterizadores do ambiente em que o conto se desenrola são escassos em ambas as versões: trata-se da sala do desembargador, e são poucos os

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detalhes que os narradores mobilizam para confirmar essa informação: menções a divã, sofá e poltrona; a interrupção das fantasias de X pelo escravo que entra para acender o gás; uma breve referência à parede da qual Alcebíades estava próximo; os elogios de Alcebíades à decoração da sala de X; o cabide do qual os desembargadores despenduram os chapéus. Todas essas informações são obtidas por meio de uma ambientação dissimulada ou oblíqua, em que o espaço que cerca a personagem acaba exposto ao leitor por meio das ações realizadas por aquele. Ela seria a mais difícil de notar, uma vez que “[…] exige a personagem ativa: o que a identifica é um enlace entre o espaço e a ação. […] Assim é: atos da personagem, nesse tipo de ambientação, vão fazendo surgir o que a cerca, como se o espaço nascesse de seus próprios gestos”53.

De resto, os dois narradores-personagens descrevem com paixão as evocações mentais de quando se transportam para tempo e local da obra lida: caracterizam como seriam os jogos olímpicos atenienses em que veriam Alcebíades e mencionam ainda outros cenários aos quais são transportados quando leem, como “a insurreição da Herzegovina, a guerra dos carlistas, a rua do Ouvidor, o circo Chiarini”54. Nesses momentos, a “ambientação” do conto se torna reflexa, ou seja, as coisas passam a ser percebidas pela personagem que as relata55.

As diferenças entre as duas versões do texto são, sem dúvida, as mais drásticas dentre as narrativas que compõem Papéis Avulsos, tal como já destacado. Para além de resultarem em diferenças estruturais muito claras, as alterações têm em vista a produção de efeitos de sentido distintos. Adequadas aos seus respectivos protocolos de leitura, as

53 LINS, Osman. op. cit., pp. 83-84.

54 ASSIS, Machado de. op. cit., 1882, p. 260. O narrador refere-se, respectivamente, aos seguintes dados: a

revolta dos sérvios bósnios contra o Império Otomano, que durou de 1875 a 1877; as três disputas entre os partidários de Carlos Maria Isidro de Bourbon e o governo de Isabel II, na Espanha do século XIX; a famosa