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A UNED/ETFRN COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO: O QUE DIZEM OS ENTREVISTADOS

No documento Dissertação de mestrado. (3.476Mb) (páginas 80-82)

4 PRÁTICAS DE FORMAÇÃO NA UNED/ETFRN EM MOSSORÓ

4.2 A UNED/ETFRN COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO: O QUE DIZEM OS ENTREVISTADOS

Conforme afirmei na introdução deste estudo, a discussão apresentada nesta seção se dá com base em entrevistas abertas realizadas com sujeitos que vivenciaram o cotidiano da UNED/ETFRN durante seus quatro primeiros anos de funcionamento, ou seja, de 1995 a 1998. Foi nesse período que se desenvolveram as aulas na primeira turma do Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica, o primeiro instalado na UNED de Mossoró. Essas entrevistas foram realizadas durante o período de 22 de setembro a 26 de outubro de 2016, nas cidades de Mossoró e Natal, no ambiente de trabalho ou na residência dos entrevistados. Em todos esses momentos, foram realizadas gravações em áudio, e estas foram posteriormente transcritas e submetidas a análise.

Três segmentos da instituição foram convidados para participar dessa etapa da pesquisa: membros da equipe técnico-pedagógica, professores que compunham o corpo docente da UNED/ETFRN à época e egressos das primeiras turmas do curso mencionado.

Da equipe técnico-pedagógica, participaram três pedagogas, que ainda estão lotadas em Mossoró. Todas se submeteram ao concurso para o cargo de Pedagogo, divergindo apenas quanto às habilitações, duas para supervisão escolar e uma para orientação educacional.

Duas das entrevistadas foram contratadas e ingressaram na UNED/ETFRN logo que iniciaram as atividades dessa instituição. A outra integrante da pesquisa só passou a compor o quadro de servidores em 1996, pois, no primeiro momento, teve sua nomeação efetivada para a Escola Federal da Paraíba (ETFPB).

O grupo de professores entrevistados é composto por sete profissionais assim distribuídos:

a) Três são licenciados e lecionavam, na UNED, disciplinas de formação geral;

b) Três são bacharéis nas Engenharias (Elétrica ou Mecânica) e Ciências da Computação e lecionavam, na UNED, disciplinas da área de tecnologia;

c) Um possui Licenciatura Plena em Eletricidade30, cursada no CEFET do Paraná em convênio com a ETFRN. Também lecionava disciplinas de formação profissional.

Os sete professores envolvidos na pesquisa foram contratados pela instituição no decorrer do 1995, bem como desenvolveram suas atividades com a primeira turma do Curso

30 Conforme informação desse professor, em entrevista concedida a mim em 14 de outubro de 2016, esse curso

teve como objetivo prioritário a formação de professores da ETFRN, em nível de graduação, bem como foram também oferecidas algumas vagas para a comunidade em geral.

Técnico de Nível Médio em Eletromecânica. Todos esses docentes31 hoje estão lotados em outros Campi do atualmente Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN): seis no Campus Natal-Central e um no Campus Natal-Zona Norte.

Quanto ao grupo dos estudantes32, este é composto por oito estudantes egressos da primeira turma do curso já assinalado. De acordo com um deles, os primeiros estudantes da UNED/ETFRN de Mossoró estavam distribuídos em cinco turmas (1.21, 1.23, 1.25, 1.27 e 1.29), as quais foram organizadas tomando como critério a faixa etária desses discentes.

Por se tratar de um estudo com base no método da história oral, é relevante enfatizar que a reconstrução da história dessa instituição remonta a situações vivenciadas há mais de vinte anos e, por essa razão, os relatos estão sujeitos aos efeitos do tempo, pois, como lembra Souza (2010), ao ponderar acerca das memórias dos seus entrevistados, o passado não é passível de reconstrução na sua essência.

Em função disso, não raro, no discurso dos entrevistados, foram identificadas algumas incoerências, sobre as quais não posso afirmar se objetivavam encobrir ou desconsiderar um determinado fato ou se estão relacionadas às falhas da memória. Além disso, não era objetivo da pesquisa julgar as narrativas dos nossos interlocutores. Estas, como todos os documentos, são também monumentos, ao mesmo tempo verdades e mentiras, como nos ensina Le Goff (1990).

Ao longo das entrevistas, foram percebidos alguns momentos de hesitação por parte dos entrevistados. Houve ocasiões em que foi solicitada a interrupção da gravação ou que algumas passagens fossem censuradas no ato da transcrição. Ocorreram ainda situações em que alguns entrevistados informaram não estar à vontade para discutir sobre certo tema ou relatar acerca de um dado evento e/ou personagens. Alguns reforçaram que preferiam manter sua identidade em anonimato. Por essa razão, o trato dado aos trechos dos relatos dos componentes da equipe técnico-pedagógica, dos professores e dos estudantes receberam nomes fictícios para preservar os entrevistados. Os demais participantes da pesquisa, o ex- vereador, os ex-diretores e o grupo de elaboração do PPP, não se opuseram a ser citados e, por isso, aparecem, nesta e nas demais seções, devidamente identificados.

Por conseguinte, os relatos destacados neste estudo são o produto daquilo que fui autorizado a publicar e do que os entrevistados acharam por bem revelar. Isso porque, como já destaquei, a memória é, como afirma Pollak (1992), uma construção, é fruto de um processo

31 É importante destacar que alguns desses professores atualmente assumem cargos de gestão na instituição. 32 A seção quaternária deste estudo, que tratará da formação discente e da vida na UNED/ETFRN, apresentará

de organização mental. É também seletiva, ou seja, não armazena todas as informações na sua integralidade. Ou ainda, como assevera Halbwachs (2003), a memória é uma construção que se monta a partir da memória coletiva de um grupo, de uma sociedade.

É inegável, contudo, que, no ato de sua narrativa, a memória também apresenta as marcas daquele que narra, haja vista que, como salienta Benjamin (1994, p. 9), “seus vestígios estão presentes de muitas maneiras nas coisas narradas, seja na qualidade de quem as viveu, seja na qualidade de quem as relata”. Assim, o momento da narrativa é também o momento em que o narrador se constrói, apresenta-se e cria uma imagem que ele quer que se tenha dele. Por esse motivo, é de suma importância recorrer a outras fontes de pesquisa, questioná-las e até contrapô-las, pois, como lembra Le Goff (1990), todo documento, leia-se fontes, são representações ou produções construídas em uma dada sociedade e em um dado momento histórico.

No documento Dissertação de mestrado. (3.476Mb) (páginas 80-82)