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3. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ E

3.1. Unidade de Conservação

Nos últimos tempos, em estudos voltados para diferentes áreas do conhecimento, a preocupação com as mudanças ocorridas no espaço natural tem se mostrado cada vez mais presente, uma vez que o homem, responsável pela transformação/modificação do espaço e, sobretudo, da utilização cada vez mais intenso dos recursos naturais, fez com que eles fossem degradados, sofrendo uma drástica redução.

Diante dos efeitos de degradação causados pelo uso dos recursos naturais, movimentos de cunho ambiental, preocupados com o futuro da humanidade, estão procurando meios de proteção e conservação para garantir um ambiente adequado à humanidade.

Importante contribuição para este fim foi a criação de espaços protegidos (unidades de conservação; parques ecológicos, reservas biológicas, etc) que, ainda hoje, visam assegurar a diversidade de seres vivos e a proteção dos seus habitats ameaçados. As unidades de conservação têm sido consideradas, desde que foram criadas, a melhor estratégia a ser adotada por todos os países (IUCN, 1994).

Segundo Diegues e Arruda (2001), o processo de degradação das relações socioambientais imposto pela racionalidade econômica impulsionou, em 1960, o discurso ambientalista, respaldado pelas teorias conservacionistas e preservacionistas, as quais apresentam como caminho para a conservação dos recursos naturais a criação de áreas protegidas por legislações específicas.

Diante das demandas e solicitações da transformação das áreas protegidas em UC’s, em 1988, a organização não governamental (ONG) Fundação Pró-Natureza com sede em Brasília, foi solicitada a formular um Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) consolidado. Mas, somente no ano 2000, o (SNUC) foi apresentado ao Conama e ao Congresso Nacional e oficialmente estabelecido (Lei 9.985, de 19 de julho de 2000) (MMA SNUC, 2000). Sua responsabilidade é definir e regulamentar as categorias de Unidades de nas instâncias federal, estadual e municipal (Tabela 2), (RYLANDS e BRANDON, 2005).

TABELA 2: Número e área total das diferentes categorias de unidades de conservação estaduais e federais no Brasil em 2005. Unidade de Conservação Federais Área (Hectares) Unidades de Conservação Estaduais Área (Hectares)

Proteção Integral Proteção Integral

Parque nacional 54 17.493.010 Parque nacional 180 7.697662

Reserva biológica 26 3.453.528 Reserva biológica 46 217.453

Estação ecológica 30 7.170.601 Estação ecológica 136 724.127

Refúgio de vida silvestre 1 128.521 Refúgio de vida silvestre 3 102.543

Monumento natural 0 0 Monumento natural 2 32.192

Subtotal 111 28.245.729 Subtotal 367 8.773.977

Uso Sustentável Uso Sustentável

Floresta nacional 58 14.471.924 Floresta nacional 58 2.515.950

RDS 0 0 RDS 9 8.277.032

Reserva extrativista 36 8.012.977 Reserva extrativista 28 2.880.921

APA 29 7.666.689 APA 181 30.711.192

ARIE 18 43.394 ARIE 19 12.612

Subtotal 141 30.194.984 295 44.397.707

Total 242 58.440.704 662 53.171.684

Fonte: (Rylands e Brandon, 2005).

De acordo com Magalhães et al. (2010), a Lei 9.985 enfatiza a importância da participação da sociedade no processo de criação, implantação e gestão das áreas protegidas, assegurando o que preconiza a Constituição Brasileira no que se refere ao conceito de bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida saudável (BRASIL, 1965).

Sobre o conceito de Unidade de Conservação, Brito (2000) define as UCs como áreas espacialmente definidas, terrestres ou marinhas, estaduais, federais ou municipais, criadas e regulamentadas por meio de leis ou decretos específicos. Seus objetivos são a conservação in situ da biodiversidade e da paisagem, bem como a manutenção do conjunto dos seres vivos em seu ambiente, ou seja, plantas, animais, microrganismos, rios, lagos, cachoeiras, morros, picos e outros, de maneira que possam existir sem sofrer grandes impactos das ações humanas.

O Artigo 2º do Sistema Nacional de Unidades de Conservação define Unidade de Conservação como “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (SNUC, 2000).

As unidades de conservação são subdivididas pelo SNUC, conforme o artigo 7º da lei, em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso sustentável, sendo esta subdivisão fruto das visões conservacionistas e socioambientalistas, respectivamente (MORAIS, 2014).

O objetivo das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Estas unidades são divididas nas seguintes categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. Nestas unidades, ainda são admitidas atividades educacionais, científicas e recreativas.

Quanto aos Parques Nacionais (PARNAS), estes constituem áreas de domínio público, formadas por ecossistemas naturais, em geral de grande beleza cênica e têm como objetivo preservar a natureza, em especial, a fauna, a flora e os monumentos naturais, além de proporcionar oportunidade para a pesquisa cientifica, a educação ambiental, o lazer e o turismo. É uma Unidade de Conservação de uso indireto, sendo esta a categoria da área de estudo. As Unidades de Conservação de Proteção Integral e, portanto, de uso indireto, possuem em seu plano de manejo uma área que tem como objetivo amenizar os impactos ambientais sofridos principalmente pelos efeitos de borda. Estas áreas funcionam como tampões ou zona de amortecimento, estando sujeita a restrições sobre todas as atividades que degradem o meio ambiente (RODRIGUES, 1998).

As Unidades de Uso Sustentável, por sua vez, têm a função de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais (GUERRA e COELHO, 2009, p. 179).

Dessa forma, as unidades de conservação foram adotadas com o objetivo maior de preservação dos recursos naturais ali existentes, face à atual aceleração da degradação do meio natural. Estes espaços, portanto, passaram a se tornar ilhas para que se possa alcançar a preservação. São vários contextos e processos, em muitos casos conflituosos, para que alguns espaços naturais se tornassem uma UC. Como muitos deles eram áreas de ocupação antrópica e tinham seus recursos naturais utilizados, muitas vezes, a instalação de UCs gerou conflitos socioambientais.

Para Barreto (1997), as Unidades de Conservação ou as áreas protegidas têm se constituído em importantes instrumentos da política ambiental dos Estados nacionais. O estabelecimento de medidas jurídicas e administrativas para a proteção de áreas naturais de excepcionalidade ecológica e/ou que escapam à banalidade topográfica e paisagística,

como instrumento de preservação ou conservação da diversidade biológica e da paisagem natural, tem se revelado uma importante faceta das políticas públicas territoriais – isto é, das ações estatais de modulação do espaço, qualificando-o como condição para outras e futuras espacializações (MORAES, 1994, p. 30).

3.3. O Parque Nacional do Caparaó e seu entorno: Estruturação e importância

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