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3. MÉTODO E ETAPAS DA PESQUISA

6.3 Mapa geológico-geotécnico

6.3.2 Unidade II – Depósito de talus em base de encostas e fundo de vales

A unidade II está localizada na porção leste entre os sedimentos flúvio- marinhos da planície costeira na baía de Castelhanos, se estendendo a montante no vale dos ribeirões do Engenho e da Barrinha, até as vertentes escarpadas a oeste com maiores declividades da unidade IV.

Ocorrendo desde a interface entre as zonas geomorfológicas serraria costeira e baixadas litorâneas até 500 metros de altitude, esses sistemas são formados pela ação pluvial e gravitacional, por transporte e deposição de grandes volumes de material. O relevo é definido pelas rampas de deposição sub-horizontais associadas a fundo de vales e base de vertentes escarpadas, onde se alargam formando leques deposicionais detríticos. Em terrenos mais elevados, observam-se planícies alveolares alongadas, onde os vales são ligeiramente abertos, favorecendo a formação de depósitos colúvio/aluviais e acúmulo de blocos rochosos, cuja granulometria varia de argila a matacões.

Os materiais inconsolidados podem apresentar perfis variados (estimadas de 5 a 10 metros), com uma disposição caótica dos sedimentos, resultado da acumulação dos movimentos de massa e erosão à montante nas unidades III – VI. Os detritos constituem-se de blocos e seixos de rochas alcalinas e granito-gnáisses, em estágios variados de alteração, imersos em matriz areno-argilosa (solo coluvionar avermelhado com textura argilosa). Os solos apresentam coloração avermelhada, podendo ser encontrados cambissolos háplicos, argissolos vermelho, e neossolos flúvicos próximos à rede de drenagem.

Ocorrem acompanhando o terreno entre as cotas 30 a 500, com declividade baixa (entre 5 e 15%), podendo chegar a 30% em áreas mais elevadas. As encostas foram classificadas como côncavo-retilíneas, com vales apresentando canais sobre um leito rochoso.

A relação escoamento superficial / infiltração é média, assim como a permeabilidade intragranular. Porém, em grandes eventos pluviométricos, o terreno pode absorver muita água, perdendo sua capacidade de sustentação.

O terreno da unidade é susceptível à movimentação de massa, principalmente rastejo e escorregamentos. Destacam-se também os processos erosivos lineares pela ação hídrica, com a remoção do solo coluvionar, implicando o descalçamento de blocos rochosos. Os vales das drenagens de ordens superiores

são áreas mais susceptíveis às corridas de lama, as quais mobilizam solos e rochas provenientes de áreas mais elevadas do embasamento cristalino, além de árvores e estruturas da estrada.

Durante o trabalho de campo, observou-se a formação de sulcos e ravinamento em canais preferenciais de escoamento da água de chuva, em pontos da estrada sem estrutura de drenagem. É frequente a ocorrência de quedas de árvores e de escorregamentos, pela instabilidade geotécnica natural do terreno e/ou induzida por obras na estrada.

A seguir, pode-se observar a Ficha 2 com a caracterização da unidade II, considerando os principais critérios avaliados em campo.

FICHA 2 – DEPÓSITO DE TALUS EM BASE DE ENCOSTAS E FUNDO DE VALES

6.3.3 Unidade III – Rochas granito-gnáissicas em relevo de morros

A unidade III é representada pelos morros subnivelados da serraria costeira, e está localizada na porção oeste da área de estudo, entre as montanhas escarpadas e a planície costeira do Perequê. Os vales dos córrego da Água Branca e das Tocas correspondem aos depósitos de talus e cones de dejeção da unidade II, e estão sob intenso processo erosivo, com canais em afloramentos e talus.

A unidade caracteriza-se por um relevo sustentado por rochas ortognáissicas, granito-gnáissicas migmatíticas e gnaisses bandados, com baixa densidade de fraturamento, portanto com permeabilidade fissural (média a) baixa. Diques básicos a intermediários penetram as rochas anteriores com orientação preferencial para NE. O terreno possui uma amplitude local média, variando de 170 a 450 metros, com encostas côncavas / convexas e feições de relevo assimétricas. A declividade da área é média, variando de 5 a 30%, com setores isolados cuja inclinação pode ultrapassar 45%.

Observa-se equilíbrio entre os processos pedogenéticos e morfogenéticos, conferindo alto grau de alterabilidade a este terreno. O manto de alteração possui espessura intermediária a grande, alcançando mais de 10 metros de profundidade e apresenta material coluvionar e horizontes pedológicos bem desenvolvidos.

O horizonte C caracteriza-se por solo saprolítico e saprólito de coloração amarelada, e textura reliquiar preservada da alteração da rocha, com núcleos rochosos de granulometria variada. Com uma espessura que variável de 0 a 2 metros, o horizonte B é composto por colúvio, de textura silto-argilosa, e coloração mais vermelho-amarelado, em setores de baixa-encosta e áreas próximas a vales abertos. Os tipos mais comuns de solo são cambissolos háplicos e argissolos vermelho-amarelos.

O terreno caracteriza-se por moderada exportação de água e sedimentos, onde os processos geológicos são condicionados pelos eventos morfoclimáticos costeiros. Essas áreas são mais suscetíveis à erosão hídrica, com a formação de sulcos e ravinas, acentuadas pela ausência ou insuficiência do sistema de drenagem da estrada.

A maior parte das encostas apresenta processos de rastejo, com o movimento lento e contínuo de solo nos horizontes superficiais, evidenciado pelo encurvamento do tronco das árvores sobre a pista e degraus de abatimento em

taludes de corte. Apesar de menos frequentes, os escorregamentos revelam a instabilidade geotécnica desta unidade frente às obras na estrada, com aporte de volumes consideráveis de material coluvionar e solos residuais (horizonte C).

Podem ocorrer eventuais quedas de blocos rochosos (alóctones e residuais), em decorrência do descalçamento pela erosão induzida nas encostas mais íngremes. A seguir, a Ficha 3 sintetiza as principais informações sobre o contexto geológico-geotécnico da unidade em questão.

FICHA 3 – ROCHAS GRANITO-GNÁISSICAS EM RELEVO DE MORROS

6.3.4 Unidade IV – Rochas granito-gnáissicas em encostas em relevo