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A unidade recebeu reclamações da Policia Judiciária sobre atuação dos militares na preservação dos locais de

No documento PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE CRIME 1 (páginas 34-42)

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Nos dias de hoje, o problema fundamental em relação aos direitos do homem, principalmente da liberdade física, não é mais sua justificação no campo filosófico, mas sua efetiva proteção no campo político-jurídico.

O homem nasce livre e ao direito compete preservar sua liberdade, limitada apenas pela mesma liberdade de seus semelhantes. Por isso o Estado

cria mecanismos de controle da liberdade individual com vistas ao bem comum na convivência social, sendo a privação da liberdade física o meio coercitivo de que se vale o legislador para a obtenção do equilíbrio.

No decorrer deste trabalho de pesquisa, verificou-se a relevância do tema enfocado. A participação dos militares na preservação de local de crime é a chave inicial para a abertura das investigações policiais e, conseqüente, a formação da culpa dos delinqüentes.

Da análise da preservação de local de crime, através de conceitos e comportamentos e segundo os dados obtidos pelas pesquisas, verificou-se a comprovação das hipóteses concebidas; novas posições e indagações surgiram a partir da participação, no estudo, de Juristas, Policiais Militares e representantes do Ministério Público.

Não há o que se questionar sobre a necessidade e a importância da preservação de locais de crimes, que deve cingir-se á exata observação das normas do Direito Processual Penal e das ciências que lhe são afins, a Criminalística e a Medicina Legal.

O militar deve sempre se lembrar que o destinatário final dos trabalhos de preservação do local e da perícia realizada é o Judiciário, daí a importância de qualidade dessa atividade policial, pois o militar que primeiro tiver contato com o local da infração é, sem duvida, a primeira autoridade responsável pelo cumprimento desse dispositivo legal.

É grande a responsabilidade da Polícia Militar na preservação de local de crime e a partir dessas considerações pode-se concluir:

1º) Os militares da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso são, na grande maioria jovens e com pouco tempo na atividade operacional; essa característica traz prejuízos á qualidade da preservação de locais de crimes, pois a incidência de atuação dos militares nessa atividade policial;

2º) A instrução sobre preservação de local de crime é insuficiente e aplicada de forma não regular;

3º) O maior índice de incidente de adulterações em locais de crimes é provenientes da inexperiência profissional do militar, que não está sensibilizado sobre a importância do local de crime para a formação da culpa do infrator da lei;

4º) A Polícia Militar não dispõe de recursos materiais adequados às novas realidades operacionais, para uma correta preservação de local de crime;

5º) A Polícia Militar não possue instrumentos de controles sobre a atuação do militar no local do crime; não possue, também, controle do “tempo de espera da perícia”;

6º) Os militares, no local de crime, tendem sempre a isolar apenas o cadáver, quando é o caso, e sempre procuram identificar a vitima e identificar os objetos do crime para registros imediatos, ocorrendo a adulteração do local;

7º) A Polícia Judiciária não está aparelhada para atender a demanda de solicitações de perícia para os locais de crimes;

8º) O fluxograma estabelecido para a solicitação e o comparecimento da perícia ao local de crime prejudica a

operacionalidade da Polícia Militar;

9º) Os efeitos da má preservação de local de crime pelos militares e as falhas das perícias estão sendo questionados pelo Ministério Público.

10º) Não há o que se discutir quando á necessidade da preservação de local de crime onde existem vestígios. Não compete ao militar deixar de acionar a perícia nem compete à perícia decidir pelo não comparecimento ao local.

11º) É comum aos militares de folga ou mesmo estando de serviço, adentrarem ás áreas restritas do local de crime. Este procedimento incorreto provoca adulterações e estimula comportamento semelhante de civis.

Algumas recomendações são necessárias, pois o momento atual é de reflexão, de analise e de fundamentação das funções policiais no Estado. A Polícia Militar busca sua afirmação na prerrogativa de polícia ostensiva. A Polícia Civil procura sua identificação com a ostesividade, incoerente com a atual definição constitucional.

Registra-se que a falta de um elo mais consistente entre as faces do trabalho da Polícia Militar, força a imperfeição da técnica do militar na preservação, provocando conflitos entre as instituições e leva ao desinteresse e a omissão da perícia e dos militares.

Assim, para conclusão final e com vistas à minimização do problema e otimização das ações dos militares e da perícia, recomenda-se:

1º) Valorizar a instrução e o ensino sobre local de crime, elevando esse assunto a nível de disciplina curricular,

desde o Curso de Formação de Soldado até o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Hoje, a preservação de local de crime é um assunto dentro de uma disciplina, Técnica Policial Militar, Policiamento Ostensivo Geral ou Policiamento Ostensivo de Transito, com tempos de aula insuficientes para a capacitação técnica do militar.

Essa preocupação deverá ser estendida aos cursos de especialização e deverá ter igual ou maior tratamento nos programas de instrução da tropa, principalmente nas Unidades de Policiamento Ostensivo.

A disciplina criminalística que está inserida nos currículos de cursos de formação deverá ser levada para os programas de instrução de tropa.

A utilização do vídeo e da cartilha sobre atuação do policial em local de crime deve ser incrementada e de uso mais freqüente.

2º) Proceder a estudos visando a identificação e catalogação dos recursos matérias atuais e necessários para uma correta e moderna preservação de local de crime e de outras ocorrências.

A polícia moderna e atual deve apresentar-se bem aos olhos da comunidade. Não se admitem mais o uso de cavaletes mal pintados, uns brancos, outros amarelos, com inscrições disformes; da mesma forma a corda não é o instrumento mais adequado para isolar um local.

As polícias de hoje buscam na qualidade dos instrumentos utilizados, a sua identificação; as cores a serem utilizadas nos recursos materiais devem ser pesquisadas e padronizadas, como também as inscrições; a expressões mais urbanas e coerentes com o conceito de polícia moderna devem ser buscadas.

a Polícia Judiciária, visando à otimização dos trabalhos da perícia, dotando o Instituto de Criminalísticas de recursos humanos e materiais mínimo que permitam maior agilidade aquele órgão; da mesma forma é preciso estudar e reestruturar o fluxograma de acionamento da perícia, para reduzir a demanda de espera das patrulhas nas locais de crimes.

A descentralização da competência funcional, cabendo ao militar que comparecer ao local do crime a responsabilidade de solicitar a presença da perícia, pois nessa função, o militar é autoridade e responsável pelos seus atos.

4º) Criar mecanismos de controle que permitam qualificar e quantificar a atuação do militar no local do crime em face dos efeitos da preservação nas investigações policiais e no prosseguimento do ciclo de persecução criminal.

É importante que a Polícia Militar registre suas ações no instrumento próprio, o Relatório de Ocorrências, proporcionando a Polícia Judiciária e ao Ministério Público todos os elementos relativos aos fatos, inclusive os tempos medidos da perícia, desde o acionamento até o termino dos trabalhos no local do crime.

O controle é o meio para se atingir a excelência dos serviços e é o caminho para a produtividade e deve ser considerado como um beneficio para a Instituição.

5º) Estreitar relações com o Instituto de Criminalísticas, visando o estabelecimento de curso e estágios naquele órgão, para ampliar o conhecimento da técnica de preservação de local de crime.

A reciclagem de todos os militares que atuam no policiamento ostensivo deve ser vista como uma necessidade; a reciclagem pode ocorrer no próprio Instituto de Criminalística ou nos serviços de perícia das Delegacias Regionais de Polícia.

6º) Desenvolver campanha de esclarecimento ao público para orientações gerais do procedimento básico das vitimas, solicitantes e testemunhas, em locais, por civis.

Este trabalho de divulgação deve ser desenvolvido também junto aos órgãos de imprensa, para melhor desenvolvimento dos trabalhos políticos no local de crime.

Por isto, o ponto fundamental da conclusão deste trabalho reside em reafirmar a necessidade de aperfeiçoamento, de forma a adaptá-lo à realidade dos novos tempos e às novas dimensões da sociedade moderna.

As propostas de mudanças a respeito do assunto merecem reflexão, posto que pode vir a tornar um efetivo remédio à tutela de uma sociedade livre e soberana, onde a inocência, a liberdade e a dignidade humana, seja ampla, justa e solidária.

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No documento PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE CRIME 1 (páginas 34-42)

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