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I. Metodologia e Procedimentos

I.2. Unidades de análise e contexto envolvente

Conforme Hill (2005), é depois de definido o objectivo da investigação que se consegue determinar a natureza e a dimensão do universo de estudo ou população. Deste modo, a nossa população corresponde aos alunos de duas turmas (e respectivos pais), de faixas etárias diferentes.

Na Tabela 1 apresentamos a população a que aplicámos os questionários, nomeadamente o número de alunos que frequentam escolas do Agrupamento de Escolas Avelar Brotero, situado em Odivelas, e o número de pais desses alunos que foram também inquiridos.

Tabela 1. Caracterização da amostra

Grupo de indivíduos do 1.º Ciclo Grupo de indivíduos do 2.º Ciclo

Total de alunos no 1.º Ciclo no Agrupamento Alunos inquiridos (uma turma do 2.º ano) Pais inquiridos (dos alunos do 2.º ano) Total de alunos no 2.º Ciclo no Agrupamento Alunos inquiridos (do 6.º ano) Pais inquiridos (dos alunos do 6.º ano) 1010 16 19 405 35 12

Fonte: Projecto Educativo do Agrupamento de Escolas Avelar Brotero 2008/2009

A escolha de duas turmas, uma do 2.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico e outra do 6.º ano do 2.º Ciclo do Ensino Básico, prende-se com a idade dos alunos e com o facto de no primeiro grupo terem iniciado a escola recentemente e no segundo terem já cinco anos de escolarização, e por isso um maior conjunto de conhecimentos ambientalmente correctos.

Alem disso, segundo Mays (1992) citado por Máximo-Esteves (1998:122), é por volta dos 6 anos que a criança “começa a perceber o mundo de uma forma real,

idade mais próxima da do adulto, é sem dúvida uma mais valia para a concretização de conversas, actividades ou tarefas diárias na área da educação ambiental.

William Damon (1988) também citado por Máximo-Esteves (1998), realizou alguns estudos em crianças da escola primária (correspondente ao actual 1.º Ciclo do Ensino Básico). Os resultados desses estudos mostram que as crianças desta faixa etária são capazes de debater conceitos como igualdade e justiça, quando confrontadas com situações complexas, conseguindo partilhar opiniões e decisões. Estas crianças começam a ter uma opinião formada acerca de assuntos debatidos na escola, o que favorece a sua intervenção junto dos adultos, nomeadamente aquando da explicação de fenómenos e problemas ambientais. São os filhos que ajudam a educar os pais, aproveitando o fortalecimento de uma relação pouco partilhada e convivida, resultado da falta de tempo a que nos obriga o ritmo de vida actual.

Como não podemos ignorar, as experiências interpessoais a que cada criança está exposta variam bastante conforme os ambientes sociais de onde provêm e o tipo de experiências que os mesmos ambientes lhes oferecem. Numa tentativa de amenizar esta situação, mas estando conscientes que esta escolha é pouco significativa, as escolas onde o estudo foi realizado pertencem à mesma freguesia: Odivelas (também concelho), distrito de Lisboa.

A opção por esta localidade tem a ver, única e exclusivamente, com a proximidade geográfica e com a boa mobilidade que permite para a recolha de dados e para a rentabilização e gestão do tempo previsto para esta investigação.

De seguida, passamos a uma breve descrição da zona envolvente, da população e das escolas onde realizámos o estudo, informação recolhida através do Projecto Educativo

do Agrupamento de Escolas Avelar Brotero 2008/2009, do Plano Anual de Actividades do Agrupamento de Escolas Avelar Brotero 2008/2009 e dos Censos 2001 (INE).

Odivelas é um dos concelhos mais recentes do nosso país. Sendo criado a 19 de Novembro de 1998, como concelho tem pouco mais de dez anos de existência, mas devido à sua localização periférica da capital, tem-se desenvolvido em larga escala.

metropolitano – que promoveram o seu desenvolvimento pela facilidade de acessos que oferecem.

Segundo os dados dos Censos de 2001, a freguesia de Odivelas tem 53 448 habitantes e demonstra uma elevada densidade populacional (10 584 habitantes/km2, cerca de 46 vezes superior à do Continente e 11 vezes mais que a Área Metropolitana de Lisboa). Mesmo assim, a freguesia de Odivelas perdeu população entre os Censos de 1991 e os de 2001 (-0,15%).

Predomina o sector terciário em Odivelas, pelo que as actividades mais bem representadas são o comércio, a hotelaria e restauração, a indústria transformadora e a construção civil.

A população de Odivelas é muito variada, tanto na condição étnica e cultural como na condição socio-económica. Os Encarregados de Educação não são excepção, pois fazem parte dessa população e a diversidade também se encontra. Além das condições étnica, cultural e socio-económica comuns às dos seus educandos, verifica-se também uma grande variedade nas profissões.

O nível de escolaridade predominante da população (relativo a todo o concelho e segundo os Censos 2001) é o 1.º Ciclo, com 31% da população, como se pode confirmar no Quadro 1.

Quadro 1. Nível de instrução escolar da população residente no Concelho de Odivelas, na Grande Lisboa e em Portugal (2001)

Zona Sem nível de ensino 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Ensino Secundário Ensino Médio Ensino Superior Portugal 14,2% 35,0% 12,5% 10,8% 15,8% 0,8% 10.9% Grande Lisboa 11,1% 27,8% 9,4% 11,1% 21,1% 1,5% 18,0% Odivelas (concelho) 10,8% 31,0% 10,0% 12,4% 22,3% 0,9% 12,6%

Fonte: Censos 2001, INE

Constata-se que o concelho de Odivelas apresenta um nível de escolaridade pouco elevado, globalmente. Mesmo assim, representa a percentagem mais baixa da população residente sem nenhum nível de ensino, quando comparado com a Grande Lisboa e

também a nível nacional. Somando todos os dados, verifica-se que 64,2% dos habitantes do concelho não ultrapassou aquilo a que chamamos hoje “a escolaridade obrigatória”. Na freguesia de Odivelas existe o Agrupamento de Escolas Avelar Brotero, cuja escola sede é a Escola do 2.º e 3.º Ciclos. Deste agrupamento fazem ainda parte quatro escolas do 1.º Ciclo (uma delas tem jardim-de-infância) e duas do ensino Pré-escolar. A tipologia e as épocas de construção destas escolas são muito diversas e o seu estado de conservação também destoa entre elas. Assim, enumeramos as escolas que compõem o Agrupamento:

1) Escola do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico Avelar Brotero (escola sede); 2) Escola Básica do 1.º Ciclo António Maria Bravo;

3) Escola Básica do 1.º Ciclo Bernardim Ribeiro;

4) Escola Básica do 1.º Ciclo / Jardim-de-Infância D. Dinis; 5) Escola Básica do 1.º Ciclo Maria Máxima Vaz;

6) Jardim-de-Infância Álvaro de Campos; 7) Jardim-de-Infância Roque Gameiro.

As escolas do Agrupamento usufruem de uma condição privilegiada no que diz respeito aos acessos, pois estão próximas de todo o tipo de serviços, nomeadamente do Centro de Saúde.

No que diz respeito às condições e características das escolas do Agrupamento, a maioria das construções encontra-se em avançado estado de degradação e a sua manutenção não tem tido o acompanhamento necessário. O mobiliário é insuficiente, além de estar deteriorado e ser pouco ergonómico.

A escola sede (Escola do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico Avelar Brotero) tem sobrelotação de salas e uma ocupação total do espaço disponível, funcionando das 8:00h às 24:00h sem interrupção. Os seus espaços de lazer são muito reduzidos e devido à sua localização (mesmo no centro do concelho) está sujeita a um elevado nível de ruído. A escola sede encontra-se razoavelmente bem equipada de computadores, tem uma oferta curricular variada e técnicos especializados (ensino especial, novas oportunidades

e oferta extracurricular), o que lhe dá condições para estabelecer protocolos com outras entidades.

Os alunos do Agrupamento de Escolas Avelar Brotero caracterizam-se pela multiplicidade de etnias e nacionalidades: o número de alunos de nacionalidade não portuguesa atinge os 4% dos que frequentam o Pré-escolar e 1.º Ciclo, os 20% dos que frequentam o 2 .º e 3.º Ciclos e 72% dos que se inscreveram nas Novas Oportunidades. Ao todo, o Agrupamento admite 2143 alunos, cujas idades começam nos 3 anos. Centrando-nos no público que nos interessa estudar, são 1010 alunos no 1.º Ciclo (dos quais 259 abrangidos pelo SASE) e 405 (dos quais 140 recebem apoio do SASE) no 2.º Ciclo.

Como já foi referido, os alunos são de várias origens e muitos deles vivem num meio socialmente deprimido e sem recursos materiais, condições de habitabilidade muito precárias e ambientes familiares desestruturados. Estes alunos apresentam algumas características gerais: dificuldade de integração, diversos conceitos de conduta, cultura diversificada, diferentes graus do domínio da língua portuguesa, falta de hábitos de partilha e de cooperação, ausência de atitudes cívicas, falta de responsabilidade.

A falta de hábitos e de métodos de trabalho e a falta de atenção e de concentração que estes alunos revelam, tem a ver também com a falta de acompanhamento familiar na vida escolar e com a falta de espaço e de ambiente propício ao estudo a que muitos estão sujeitos em casa.

Tem-se registado um aumento de agressões e roubos dentro e fora da escola, cometidos por alunos cúmplices de bandos organizados externos à escola. A falta de assistentes que possam intervir no devido momento é um dos factores que promove esse aumento. A escola sede de Agrupamento é considerada uma escola de risco. Posto isto, existe um segurança na escola e a Escola Segura também tem intervindo nas situações mais adversas.

Perante este cenário, o Agrupamento de Escolas tem fortes finalidades e metas a atingir. Entre elas, salientamos as mais importantes:

a) melhorar a qualidade de ensino; b) combater a indisciplina e a violência;

c) aprofundar as relações entre os intervenientes da comunidade escolar (baseando-se nos valores da tolerância, igualdade e respeito pela individualidade);

d) promover uma educação para a cidadania na comunidade educativa.

Depois de verificados os objectivos constantes nestes documentos internos do Agrupamento, verificámos que quanto ao tema “Ambiente”, não existe uma abordagem especial que o destaque de outros temas, cingindo-se apenas ao cumprimento do programa curricular.