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Unidades de Cuidados Intensivos

CAPITULO II – ESTUDO EMPÍRICO

2. ESTADO DA ARTE

2.2. Unidades de Cuidados Intensivos

A origem de Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) não é consensual para diversos autores embora, segundo Miller e Swensson (2002), a criação da primeira UCI date de 1930 num hospital alemão. Por outro lado, conforme refere a Society of Critical Care, a

Sociedade Americana de Medicina Intensiva defende que a UCI teve origem nos Estados Unidos da América, embora com data desconhecida, após o Dr. W. E. Dandy abrir camas para doentes para a recuperação do pós-operatório de neurocirurgia.

Para Carrillo (2011) torna-se fundamental, no contexto que se apresenta, referenciar Florence Nightingale que, em 1853, durante a guerra da Crimeira foi pioneira na estratificação dos doentes, concedendo prioridades nos cuidados a prestar e, em 1863, aplicou esta metodologia, ao desenvolver um espaço restrito ao lado do bloco operatório, com o intuito de alocar os soldados após serem submetidos a intervenções cirúrgicas dando, desta forma, origem às primeiras unidades pós-anestésicas. A criação destas unidades e o trabalho desenvolvido por Nightingale deram origem ao conceito de UCI.

Historicamente, denotou-se o impulso no desenvolvimento destas unidades aquando da verificação de melhoria do estado clínico de doentes críticos que se encontravam inseridos num ambiente comum, em que a análise e o cuidado prestado relativamente às funções vitais dos utentes eram efetuados a partir de um mesmo local de observação. Moreno (2000) define que a implementação das UCI em Portugal foi conturbada, tendo em conta que era, diversas vezes, condicionada pelos interesses locais. Existem evidências, nomeadamente registos que, remontam para a criação das UCI em Portugal para a década de sessenta e setenta do século anterior, nos Hospitais Universitários do Porto e de Coimbra. Os cuidados ao doente grave eram, no final da já referida década de setenta, prestados em salas designadas de reanimação ou de cuidados especiais, frequentemente alocadas ao Serviço de Urgência.

Com o decorrer do tempo verificaram-se diversas alterações ao nível das UCI que resultaram de um maior entendimento da fisiopatologia, dos métodos utilizados e das técnicas de diagnóstico, nas diferentes áreas de tratamento o que levou, também, a mudanças na administração das Unidades Hospitalares e, consequentemente, dos diversos departamentos especializados. Assim, com a evolução das UCI pôde verificar-

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se que estas unidades se tornaram em espaços compostos por recursos humanos e tecnológicos especializados.

Segundo a DGS (2003) as UCI podem definir-se enquanto locais qualificados para a prestação de cuidados integrais aos doentes graves, com falências múltiplas de órgãos, adquirindo um carácter de suporte e de prevenção com o intuito de reverter as falências e complicações decorrentes, sendo, assim, considerado um local de passagem para doentes críticos, e, como tal, por períodos transitórios.

Tendo em conta a sua evolução, tornou-se necessário classificá-las quanto aos níveis de cuidados, à forma como são geridas e, ainda, ao tipo de doentes e, consequentemente, necessário classificar os doentes admitidos nestas unidades.

No início dos anos 60 do século XX, Lockward e seus colaboradores, propuseram um conceito de nível de cuidados, no entanto, a operacionalização do mesmo foi efetuada em 1983 por elementos de uma conferência de consenso em Bethesda (National Institutes of Health, 1983). Segundo a classificação apresentada por Lockward, as UCI deveriam ser divididas em quatro grupos distintos, conforme o nível de cuidados que o doente apresenta.

Nos anos 80, a classificação supracitada foi considerada insuficiente pela Sociedade

Europeia de Cuidados Intensivos e, assim sendo, foi desenvolvida por um grupo de trabalho da dita Sociedade uma nova classificação com base no rácio enfermeiro/doente que distingue 3 níveis de cuidados, sendo esta a classificação adotada nos dias de hoje pela DGS em Portugal.

As técnicas utilizadas e as valências disponíveis nos hospitais são os aspetos que a DGS tem em conta na classificação das UCI. Assim, e segundo a OE (2014), o nível I corresponde à monitorização, geralmente não invasiva. Por outro lado, o nível II objetiva a monitorização invasiva e de suporte de funções vitais. Em último lugar, o nível III que corresponde aos Serviços de Medicina Intensiva/UCI e inclui, preferencialmente, recursos humanos próprios ou por médicos e enfermeiros funcionalmente dedicados, assistência médica qualificada que se encontre em presença física durante 24 horas; prevê a possibilidade de acesso aos meios de monitorização, diagnóstico e terapêuticos necessários; e, por último, deve dispor ou executar medidas

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de controlo contínuo de qualidade e ter planos de ensino e treino em cuidados intensivos para os profissionais.

Para Aleixo (2007, p.3) a Unidade de Cuidados Intensivos é

um serviço dotado de instalações, pessoal e equipamento capaz de assegurar um tratamento eficaz a doentes com uma ou mais funções vitais em risco imediato e que não é possível efetuá-lo noutros serviços do Hospital, possuindo como principais objetivos:

- Proporcionar aos utentes em estado crítico uma melhor assistência, disponibilizada por pessoal diferenciado e apoiado por tecnologia avançada;

- Retirar os doentes em estado crítico das unidades de internamento / S.O. a fim das mesmas proporcionarem uma assistência mais homogénea aos que aí permanecem;

- Reduzir a mortalidade e morbilidade nos doentes de médio e alto risco; - Melhorar o nível de cuidados hospitalares diferenciados;

- Permitir ao hospital utilizar com a maior eficiência possível, o pessoal mais especializado e o equipamento de custos mais elevados.

Atendendo às características das UCI, acima descritas, estas constituem-se como um local ideal para que os doentes, aí internados, possam desenvolver delirium durante a permanência nas referidas unidades.

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