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UNIDADES GEOAMBIENTAIS DAS ILHAS DE TINHARÉ E BOIPEBA

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.5 UNIDADES GEOAMBIENTAIS DAS ILHAS DE TINHARÉ E BOIPEBA

Tinharé e Boipeba inserem-se no contexto geológico da Bacia de Camamu, do

Cenozóico/Mesozóico, gerada na abertura do Atlântico, composta basicamente por arenitos,

carbonatos e folhelhos (BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996). Esta baía está situada entre os

paralelos 13º S e 14° S, limita-se ao norte com a Bacia do Recôncavo, enquanto que ao sul,

seu contato com a Bacia de Almada é interceptado pelo Alto de Taipus (OLIVEIRA, 2000).

A Bacia de Camamu controla a morfologia costeira regional, sendo responsável, juntos

as subidas e descidas do nível do mar no Quaternário, pela atual configuração da linha de

costa (SILVA et al., 2007). Esta bacia sedimentar apresenta importância econômica, pela

presença de minérios não-energéticos, como a barita, na Baía de Camamu, ou pela ocorrência

de óleo e gás gerados em seus folhelhos explorados por empresas petrolíferas.

As principais unidades geológicas de Tinharé/ Boipeba (Figura 10) são: Grupo Brotas

(Formações Sergi e Aliança, Jurássico/Mesozóico), Formações Taipus e Algodões (Cretáceo)

e Complexo Litorâneo (terraços marinhos holocênicos e pleistocênicos cobertos por cordões

arenosos associados a depósitos de mangue, recifes e as áreas úmidas, do Quaternário).

As Rochas Sedimentares do Cretáceo nas ilhas de Tinharé e Boipeba, arenitos e

carbonatos da Bacia de Camamu afloram na linha de costa gerando falésias que, em grande

parte, sofrem processo de recuo, gerando, em alguns casos, uma linha de costa bastante

recortada. As falésias e as pequenas enseadas geradas entre estas pontas ou promontórios

rochosos representam importância paisagística ao turismo, pois formam um conjunto de

inegável beleza cênica, muito apreciado, por exemplo, em Morro de São Paulo (Figura 11).

Freitas (2002) observa que as falésias de arenito ocorrem ao norte de Tinharé,

alcançando 40 metros de altura, formando uma costa recortada, com trechos com evidências

de movimento de massa. Verificam-se falésias carbonáticas em pequenos trechos em Boipeba,

com alturas de até 10 m, associadas a praias de seixos carbonáticos perfurados por vermes em

seus sopés, ou seja, indicador de antiga posição relativa do nível do mar (SILVA et al., 2007).

Os depósitos quaternários encontrados nas ilhas de Tinharé e Boipeba foram: os

Terraços Marinhos Pleistocênicos, Terraços Marinhos Holocênicos, Depósitos de Mangue e

os Recifes Coralinos (Figura 10).

Os Terraços Marinhos Pleistocênicos foram formados no final da Penúltima

Transgressão e durante a regressão que a sucedeu (BITTENCOURT et al., 1979). Segundo

estes autores, distribuem-se na faixa entre 8 ± 2 metros de altura em relação ao nível atual do

mar, sendo compostos de areias brancas superficiais e internamente por areias escuras,

decorrentes da presença de matéria orgânica, que propicia certa coesão a estes sedimentos.

Áreas úmidas

Areias P leistocênicas

Depósitos Argilo-orgânicos de M angue

Fm. Algodões - calcários

Fm. Taipus-Mirim - arenitos e folhelhos Grupo B rotas - arenitos e folhelhos Terraços M ar. Holocênicos

Terraços Mar. Pleistocênicos Recifes de Corais 0 2,5 5 km 500 510 km E 8515 8495 km N 8505 ILHA DE TINHARÉ ILHA DE BOIPEBA N E W S

Figura 10. Principais unidades geológicas e ocorrência de recifes coralinos em Tinharé e

Boipeba, BA.

Os Terraços Marinhos Holocênicos localizam-se nas porções externas das planícies

quaternárias, com alturas entre 5 ± 0,5 metros acima do nível do mar, junto aos terraços

pleistocênicos ou separados destes por zonas baixas de antigas lagunas (SILVA et al., 2007).

Estes autores descrevem a presença dos alinhamentos superficiais, muito nítidos de cordões

litorâneos. E estruturas sedimentares preservadas nas estratificações da face da praia.

Os Terraços Marinhos Holocênicos ocorrem nas Ilhas de Tinharé e Boipeba com maior

freqüência que os Terraços Marinhos Pleistocênicos, podendo ser observados em Boipeba nas

praias de Cueira, Moreré, Bainema, Ponta dos Castelhanos e Cova da Onça.

Os Depósitos de Mangue são inconsolidado, lamoso, rico em matéria orgânica, anóxido,

influenciado pelas marés, sobre o qual se desenvolve uma vegetação especializada. Estes

depósitos holocênicos dividem-se em: i) mangue típico, sob ação das marés, com cotas entre 0

a 2m e sedimentação pelítica; ii) mangue distal/apicum, em cotas mais superiores, atingido

apenas por marés de sizígia (BAHIA, BRASIL, 1995).

Nas ilhas estudadas os Depósitos de Mangue ocorrem nas porções internas, margeando

rios e canais, podendo está presentes na parte externa em locais protegidos das ondas, entre

recifes coralíneos e cordões litorâneos holocênicos (BAHIA, BRASIL, 1995). Na ilha de

Tinharé ocorrem: a norte na Segunda Praia e Quarta Praia, pouco desenvolvidos (Figura 11) e

na Praia do Encanto, mais bem desenvolvido; na Praia de Guarapuá, mais conspícuos. Na ilha

de Boipeba (Figura 11), tais depósitos quaternários ocorrem nas Praias de: Cova da Onça,

Moreré, Bainema, Ponta dos Castelhanos, Cueira, destacando-se como importante fonte

extrativista para as comunidades locais.

Os Recifes Coralinos são depósitos holocênicos que ocorrem no litoral, em faixa

localmente interrompida por praias, apresentam superfície irregular emersa carbonática, com

cotas de 0,6 m na preamar e de 2,6 m acima da baixa-mar (BAHIA, BRASIL, 1995). Os

Recifes, unidade geoambiental de origem biogênica, com importante ocorrência em franja,

distribui-se da ilha do Rato a Velha Boipeba e de Guarapuá a Morro de São Paulo, sendo

encontrado formas atuais sobre bordas e superfície da coluna fóssil. Os recifes estão fixados

em blocos laterizados e silicificados, sobre substratos terciário/mesozóico, caídos ao sopé das

falésias, como notado em Morro de São Paulo (BAHIA, BRASIL, 1995).

Os recifes oferecem serviços ecológicos como: proteção da costa contra a erosão

marinha, substrato às plantas de mangue, abrigo para peixes comerciais, lazer e turismo pelo

uso das piscinas formadas na baixa-mar como em Morro de São Paulo e Moreré (Figura 11).

A. B. C. D. E. F. G. H.

Figura 11. Unidades geoambientais costeiras das Ilhas de Tinharé e Boipeba. A. Cordão

arenoso com vegetação descaracterizada, em Bainema, Boipeba; B. Recife formando piscina,

Moreré, Boipeba; C. Estuário do rio Catu, em Castelhano, Boipeba; D. Desembocadura do rio

Catu, Castelhano, Boipeba; E. Manguezal de Morro de São Paulo, Tinharé e Falésia local; G.

Planície de maré exposta durante a baixa-mar, em Moreré, Boipeba. H. Planície de maré

coberta na preamar, Praia de Moreré, Boipeba.

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