• Nenhum resultado encontrado

3.2 O governo Lula e Políticas públicas de 2003 a 2010 inerentes à educação superior

3.2.2 O UAB Universidade Aberta do Brasil

O Sistema UAB nasceu como uma política pública educacional criada pelo Ministério da Educação (MEC) em 2005, numa colaboração com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e órgãos governamentais.

É uma política pública de associação entre a Diretoria de Educação a Distância - DED/CAPES e a Secretaria de Educação a Distância - SEED/MEC com o objetivo de expandir o ensino superior, na esfera do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE (2001-2010).

De acordo com informações disponíveis no site: http://www.uab.capes.gov.br, o Sistema UAB sustenta-se em cinco eixos fundamentais:

• Expansão pública da educação superior, considerando os processos de democratização e acesso;

• Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas educacionais dos estados e municípios;

• Avaliação da educação superior a distância tendo por base os processos de flexibilização e regulação implantados pelo MEC;

• Estímulo à investigação em educação superior a distância no País;

• Financiamento dos processos de implantação, execução e formação de recursos humanos em educação superior a distância.

Os principais objetivos da UAB são: ofertar cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada dos professores da educação básica; cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica e de cursos nas diferentes áreas do conhecimento com vistas à redução das desigualdades de oferta de ensino superior entre as regiões e fomento ao desenvolvimento institucional para a modalidade a distância e suas pesquisas metodológicas e métodos baseados nas tecnologias de comunicação e informação. Dentre as prioridades do sistema UAB destaca-se a concentração de esforços institucionais visando à formação de professores para a educação básica por meio de estratégia articulada com estados e municípios (BRASIL, 2006).

A implantação da Universidade Aberta teve como fundamento contribuir para o atendimento às metas do Plano Nacional de Educação (PNE) que traz como importante objetivo “prover, até o final da década a oferta de educação superior para, pelo menos 30% da faixa etária de 18 a 24 anos” (BRASIL, 2001).

O Programa Nacional de Educação determinou também que até o final da década passada os professores que atuam na Educação Básica deveriam possuir formação superior. Por causa disto, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) tem implantado políticas públicas promovendo a expansão do ensino superior via modalidade a distância, especialmente na área de formação de professores para a educação básica. Segundo Pretto; Pereira (2008):

[...] as universidades, de modo especial as públicas, passaram a ser estimuladas a intensificarem suas atividades de ensino por meio da oferta de cursos a distância, dando início a um processo que pode ser irreversível de rompimento com o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Constata-se que nesse lapso temporal que as políticas públicas direcionadas a educação superior no Brasil demonstra que a oferta de cursos a distância tem se apresentado como um dos principais temas norteadores das discussões.

De acordo com Zuin (2006), a UAB é um projeto de crucial importância para o Brasil, tornando-se decisivo para que o país alcance as metas estabelecidas no PNE (2001-2010) no que se refere à formação superior de 30% dos estudantes brasileiros. Destaca ainda que o programa Universidade Aberta do Brasil se diferencia não apenas pelos consórcios envolvendo os três níveis governamentais, mas, sobretudo por se caracterizar como um programa de formação universitária na modalidade a distância.

Com objetivo de viabilizar o processo de implantação e implementação da UAB, o MEC estendeu o campo de trabalho da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a partir de 2007 (DOURADO, 2008). Como decorrência, condutas desenvolvidas pela Secretaria de Educação Superior, Secretaria de Educação Básica, e Secretaria de Educação a Distância foram incorporadas a CAPES. Assim, o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos Anísio Teixeira (INEP) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ganharam destaques fortalecendo sua atuação.

Nos dias atuais, a UAB simboliza um sistema nacional de EaD, uniformizando a oferta de cursos nesta modalidade em todo território nacional. O Decreto 5.800/ 2006, que regulamentou a UAB estabeleceu, dentre outros objetivos, a formação de professores tendo como aliado a educação a distância com previsão de implantação de internet banda larga nos municípios e criação de novas vagas de nível superior para a formação de professores da educação básica. Um dos aspectos fundamentais do sistema UAB é a formação dos professores que atuam na educação básica. Para todos os cursos de licenciatura, 50% das vagas são destinadas aos candidatos-professores atuantes que comprovem vínculo na rede pública de ensino.

De acordo com dados disponíveis no site http://uab.capes.gov.br/notícias, em 2012, a UAB atingiu números muito significativos para o sistema, como as mais de 140 mil matrículas nos cursos de licenciatura, mais de 24.000 matrículas no bacharelado, mais de 6.800 matrículas no nível tecnólogo, além de quase 67 mil matrículas nas especializações, quase 22 mil matrículas para cursos de aperfeiçoamento e aproximadamente 2.800 matrículas no Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT).

Agrupando os cursos de formação pedagógica, extensão e sequencial, têm-se aproximadamente 268 mil matrículas ativas em outubro de 2012 e mais de 42 mil alunos concluintes. Insta destacar também a quantidade de Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) incorporadas ao sistema: 103 no total, tendo 56 universidades federais, 30 universidades estaduais e 17 institutos federais. Compõem o sistema aproximadamente 636 polos de apoio presencial, destacando-se a região Nordeste, com 218 polos e a região Norte, com o quantitativo maior de polos proporcional à quantidade de municípios (19% dos municípios da região norte possuem polos instalados).

Essa estrutura do UAB se mostra como uma de suas principais vantagens, além de se constituir, ao mesmo tempo, como um grande desafio; uma vez que a presença de polos

[...] em locais distantes e isolados, incentiva o desenvolvimento de municípios com baixos IDH e IDEB. Desse modo, funciona como um eficaz instrumento para a universalização do acesso ao ensino superior e para a requalificação do professor em outras disciplinas, fortalecendo a escola no interior do Brasil, minimizando a concentração de oferta de cursos de graduação nos grandes centros urbanos e evitando o fluxo migratório para as grandes cidades (CAPES, 2015).

Os polos têm de se articular com diferentes instituições públicas de ensino superior (Universidades Federais, Universidades Estaduais e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia) para que possam oferecer seus cursos, o que traz mais um elemento que indica o quão intrincado é essa relação IPES – polos de apoio presencial. Então, na organização do polo, o coordenador local tem que gerenciar as demandas e necessidades de diversos cursos oferecidos por variadas instituições para que o processo de ensino-aprendizagem transcorra satisfatoriamente, pois é nos polos que o aluno dos cursos em EaD encontra um ambiente acadêmico de apoio para os seus estudos e para a realização de suas atividades presenciais (FERREIRA; GAMEZ, 2015).

Segundo os autores, como o polo recebe alunos e tutores de vários cursos e instituições, a sua estrutura e organização deverá ser muito bem realizada para que não ocorra conflito na utilização dos espaços disponíveis. Por isso a importância da figura do coordenador de polo, que é quem vai gerenciar a organização desse espaço e ser um intermediário nas articulações que estabelece com seus mantenedores.

Documentos relacionados