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3. CONSTRUINDO INDICADORES DE TRANSPARÊNCIA PASSIVA

3.4. Compreendendo objetos: dinâmica e estrutura das universidades federais

3.4.1. Estrutura e aspectos gerais das universidades federais da região Centro-

3.4.1.2. Universidade Federal de Goiás

A Universidade Federal de Goiás-UFG nasceu em 14 de dezembro de 1960, por meio da lei nº 3.834-C. Cinco escolas superiores de Goiânia proporcionaram a formação da instituição. São elas a Faculdade de Direito, criada em 1898 na Cidade de Goiás com o nome de Academia de Direito de Goyaz; a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Goiás, autorizada a funcionar em 1947 e reconhecida em 1958; a Escola de Engenharia do Brasil Central, autorizada a funcionar em 1954 e reconhecida pelo Governo Federal em 1958; o Conservatório Goiano de Música, criado em 1955; e a Faculdade de Medicina de Goiás, autorizada a funcionar em abril de 1960. De acordo com a Carta de Serviços da UFG (2012, p. 3), “essas unidades acadêmicas, no ato de criação da UFG, passaram a denominar-se, respectivamente, Faculdade de Direito, Faculdade de Farmácia e Odontologia, Escola de Engenharia, Conservatório de Música e Faculdade de Medicina”. Na década de 1960, outras unidades acadêmicas foram instituídas e contribuíram para a estruturação da UFG, como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em 1962; a Escola de Agronomia e Veterinária, em 1963; o Instituto de Matemática e Física, em 1964; e o Instituto de Patologia Tropical, em 1967. A Faculdade de Farmácia e Odontologia foi desmembrada nesse mesmo ano, surgindo, a Faculdade de Odontologia e a Faculdade de Farmácia e Bioquímica. Além disso,

Com a reforma universitária de 1968, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras foi desmembrada para dar origem ao Instituto de Ciências Humanas e Letras, ao Instituto de Química e Geociências, ao Instituto de Ciências Biológicas e à Faculdade de Educação. Ainda em 1968 foi criado o Instituto de Artes, incorporando o Conservatório Goiano de Música (UFG, 2012, p. 3).

De acordo com Chaves (2011), a instalação oficial da universidade ocorreu em fevereiro de 1961, na Faculdade de Direito, espaço que havia sido utilizado para realização das reuniões de idealização da instituição e que viria a sediar sua reitoria. Ao longo dos anos, a Universidade Federal de Goiás foi se desenvolvendo e ocupando cada vez mais espaços no estado:

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A UFG foi primeiramente instalada na cidade de Goiânia, no campus da Praça Universitária, que recebeu o nome de Campus Colemar Natal e Silva, homenagem ao primeiro reitor da universidade. Em razão de seu crescimento potencial, foi criado outro campus, numa área conhecida como Fazenda Samambaia, razão pela qual o segundo campus da UFG é denominado Campus Samambaia. A descentralização da universidade e seu processo de expansão e interiorização são decorrentes da necessidade de integração e desenvolvimento dos municípios. Foi então, que, na década de 1980, a UFG deu início à interiorização dos seus cursos, primeiramente em Jataí (1980), Catalão (1983), e posteriormente na Cidade de Goiás (1990) (ROSA, 2013, p. 106).

A consolidação da Universidade Federal de Goiás representou para a sociedade goiana a possibilidade de formar seus próprios profissionais, sem depender da região sudeste, especialmente do Rio de Janeiro. Como demonstra Chaves (2011, p. 53), “a partir da segunda metade da década de 1940, políticos goianos começaram a demonstrar uma insatisfação com a dependência que os estudantes goianos tinham em relação à chamada ‘civilização litorânea’, principalmente ao Rio de Janeiro”. Além disso, a instituição também simbolizou a possibilidade de progresso da região Centro-Oeste: “com o espírito que a representava como motor do progresso e do desenvolvimento, a Universidade Federal de Goiás ganhava, na imaginação da população local, o poder de ‘curar’ a ‘doença do atraso’ que molestava Goiás, principalmente o analfabetismo” (CHAVES, 2011, p. 116). Dessa forma, a universidade em questão permitiu dinamizar a ascensão profissional e social de diversos indivíduos.

O êxito da nova instituição – a UFG – representaria o sucesso de Goiás caminhando com as suas próprias forças, desvinculando-se ainda mais do temido eixo Rio-São Paulo. A Faculdade de Filosofia Ciências e Letras ocuparia função central na organização, integrando-a e fomentando uma cultura livre, interessada e capaz de efetivar a reformulação do ensino. Os cursos ministrados ali tinham como objetivo fortalecer a Universidade e garantir profissionais licenciados capazes de suprir a carência de docentes especializados existente em Goiás (CHAVES, 2011, p. 118).

Outras faculdades também possuíram grande importância na consolidação da universidade em questão. Rosa (2013) ressalta que durante duas décadas, desde sua criação, predominaram atividades de ensino na UFG, especialmente por ausência de condições para realização de atividades de pesquisa e extensão, as quais ficaram, muitas vezes, circunscritas a iniciativas pessoais e pontuais (UFG, 2012).

A partir da década de 1970, a universidade buscou articular, de fato, ensino, pesquisa e extensão. Mas, foi na década de 1990 que se consolidaram, efetivamente, a pesquisa, a pós-graduação e as atividades de extensão universitária, o que se tornou possível em razão da qualificação do corpo docente e da produção científica realizada no âmbito da instituição (ROSA, 2013, p. 106).

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Na década de 1970 foi intensificado um programa de capacitação de professores, que possibilitou maior destaque à dimensão da pós-graduação no âmbito da universidade.

De acordo com seu regimento geral (UFG, 2015), a Universidade Federal de Goiás é composta por diversas esferas de atuação, são elas: esfera central, representada pela reitoria; esferas regionais, que são as diretorias; unidades acadêmicas; unidades acadêmicas especiais; e também por unidade específica que oferece educação básica. Além disso, há instâncias colegiadas representadas em cada esfera. O Conselho Universitário, o Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura e o Conselho de Curadores situam-se na esfera central. O Conselho Gestor, a Câmara Regional de Graduação, a Câmara Regional de Pesquisa e Pós- Graduação e Câmara Superior de Extensão e Cultura localizam-se nas esferas regionais. As unidades acadêmicas são representadas pelos conselhos diretores e coordenadorias dos programas de pós-graduação. No caso das unidades especiais, têm-se os colegiados e as coordenadorias de pós. A unidade de educação básica também possui um conselho e uma coordenadoria de pós-graduação.

Figura 02 – Organograma simplificado da Universidade Federal de Goiás

Fonte: elaboração própria.

O Conselho Universitário é o órgão máximo da UFG, tendo funções deliberativas, normativas e de planejamento. Já o Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura

Reitoria Diretorias Unidades acadêmicas Instância colegiada: conselhos diretores e coordenadorias de pós-graduação Unidades acadêmicas especiais Instância colegiada: colegiados e coordenadorias de pós-graduação Unidade de educação básica Instância colegiada: conselho e coordenadoria de pós-graduação Instância colegiada: conselho gestor e câmaras regionais Instância colegiada: conselhos superiores

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também tem caráter deliberativo e normativo, mas é um organismo especialmente de supervisão. A fiscalização econômico-financeira da universidade fica por conta do Conselho de Curadores. No âmbito regional, o Conselho Gestor é o organismo máximo. Além disso, cada unidade acadêmica possui um Conselho Diretor, de caráter deliberativo e recursal.

A reitoria da UFG compreende o gabinete do reitor e do vice-reitor, as pró-reitorias, as coordenadorias e assessorias especiais e também os órgãos suplementares e administrativos da instituição. Essa unidade é responsável pela administração, coordenação, fiscalização e superintendência de todas as atividades da universidade. As diretorias regionais e as unidades acadêmicas possuem essas mesmas atividades, mas somente no âmbito em que atuam.

A Universidade Federal de Goiás possui uma comunidade acadêmica ampla, composta, no primeiro semestre de 2018, por 2.827 docentes, 2.412 técnicos-administrativos e 30.780 discentes. 155 cursos de graduação e 110 de pós-graduação compõem suas atividades e permitem a formação de diversos cidadãos. Oliveira (2000) ressalta que a instituição pode ser considerada complexa do ponto de vista burocrático, possuindo uma estrutura voltada para uma administração racional e ágil. Sua consolidação permitiu a formação de quadros profissionais próprios para o estado de Goiás e o desenvolvimento da região, constituindo-se um marco na trajetória do Centro-Oeste.

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