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3 METODOLOGIA

3.2 A aplicação da análise envoltória de dados DEA

3.2.1 Universo, amostra e variáveis

As três principais fases no estudo da medida de eficiência usando a metodologia de Análise Envoltória de Dados (DEA) são, segundo Golany e Roll (1989):

a) Seleção das unidades tomadoras de decisão (DMUs) para análise; b) Determinação dos insumos e produtos relevantes para avaliar a

eficiência relativa das DMUs selecionadas;

De acordo com Richardson (1999) as DMUs correspondem a um objeto de pesquisa. Contundo, na DEA a sua seleção deve respeitar alguns critérios, sendo eles:

a) as DMUs devem ser autônomas na tomada de decisão; e

b) as DMUs devem ser homogêneas e operar na mesma unidade de medida.

No que se refere às variáveis para a análise envoltória, Lins e Meza (2000, p. 38), afirmam que o número deve ser “o mais compacto possível para maximizar a capacidade de discriminar as DMUs eficientes das ineficientes”.

Lins e Meza (2000, p. 39) complementam que:

Nos casos reais em que se pressupõe uma pequena disponibilidade de variáveis e grandes quantidades de observações (Decision Making Units - DMU), não se justifica a preocupação em utilizar alguma técnica para seleção de variáveis. Entretanto nos casos em que o número de DMU é pequeno em relação ao número de possíveis inputs e outputs, os autores em geral não (sic) tem destacado a necessidade de um procedimento para seleção de variáveis.

Dessa forma, segundo Nazareth (2009, p. 57) “a seleção das variáveis pode levar em consideração, exclusivamente, a opinião do interessado, especialista, considerando a relevância, a confiabilidade, abrangência e a contribuição da variável para a aplicabilidade da técnica”.

Fundamentado nas proposições de Golany e Roll (1989), Lins e Meza (2000), Nazareth (2009) e Richardson (1999), têm-se as seguintes escolhas para este estudo:

a) DMUs selecionadas: empresas do setor se construção civil, listadas pela pesquisa Melhores e Maiores da Exame-FIPECAFI, período de competência 2008 e 2009, sendo publicadas nas edições 2009 e 2010 da Revista Exame.

A delimitação desse universo de pesquisa, o setor de construção civil, é justificada pelo desenvolvimento e importância que o setor tem apresentado nos últimos anos, segundo os estudos da Associação Brasileira de Materiais de Construção (ABRAMAT) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). E, ainda, pela perspectiva de crescimento no setor devido aos programas de governo com foco na moradia, devido ao défice habitacional brasileiro, e eventos de abrangência mundial, que acontecerão no Brasil nesta década: a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, que necessitam de grandes obras de infraestrutura. Tais acontecimentos colocam a indústria da construção em evidência (ABRAMAT; FGV, 2009).

A população-alvo utilizada, empresas listadas na base de dados Melhores e Maiores da Exame-FIPECAFI, se deu pelo fato de abranger um maior número de empresas do que as que estão listadas no mercado da Bolsa de Valores (BM&FBOVESPA) e, portanto, ter a possibilidade de inferências mais relevantes ao setor.

Como já afirmado anteriormente, a BM&FBOVESPA lista 40 (quarenta) empresas para o setor de construção e engenharia, até dezembro de 2010, no entanto na pesquisa Exame-FIPECAFI, fazem parte da amostra analisada 66 (sessenta e seis) empresas, competência de 2008, e 72 (setenta e duas) empresas, na de 2009, que incluem empresas listadas e não listadas na BM&FBOVESPA, que são de grande relevância para o setor. Portanto, a amostra tem caráter não-probabilístico e por acessibilidade.

A amostragem não-probabilística está vinculada à apreciação do pesquisador e não na oportunidade de selecionar elementos amostrais por meio probabilístico. Nesse tipo de amostra o pesquisador pode, conscientemente, arbitrar ou decidir os elementos a serem incluídos no estudo. No entanto, a amostragem não-probabilística impossibilita que os resultados obtidos sejam estatisticamente projetáveis para o universo (MALHOTRA, 2006).

Ressalta-se que a delimitação final da amostra a ser estudada, foi baseada nas variáveis de inputs e outputs que serão utilizadas para as análises DEA. Isto é, além das empresas estarem na listagem da pesquisa Exame- FIPECAFI, as empresas que compuseram a amostra a ser analisada foram as que tinham os dados necessários para as variáveis escolhidas, o que reduziu o número de componentes da amostra, conforme demonstrado a seguir, no Tópico 3.2.2.

b) Variáveis de Inputs (insumos):

• Capital Total Disponível: é a soma do capital próprio, Patrimônio Líquido (PL) com o Capital de Terceiros (CT), representando todos os recursos que estão disponíveis para a atividade das organizações. Equivale ao Ativo Total e mensura o porte das empresas (REVISTA EXAME; FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS - FIPECAFI, 2010);

• Salários e Encargos: valor apurado com base nos gastos que as empresas tiveram com a mão de obra (REVISTA EXAME; FIPECAFI, 2010).

Para a escolha das variáveis de inputs, considerou-se a proposição de Binger e Hoffman (1998) exposta por Nazareth (2009), no qual os insumos podem ser divididos em amplas categorias de mão-de-obra, materiais e capital. Como não consta variáveis relativas a materiais, foram utilizadas as que estão relacionadas aos insumos de produção: Capital e Trabalho; representados pelo Capital Total, que é de caráter financeiro, e Encargos e Salários, caráter econômico-operacional. A utilização dos Encargos e Salários se dá pela sua representatividade na transformação dos recursos em produtos.

c) Variáveis de Outputs (produtos):

• Vendas: é o valor apurado com base nas vendas, atualizadas para a moeda de poder aquisitivo de 31 de dezembro de 2008 e 2009 (REVISTA EXAME; FIPECAFI, 2010);

• Lucro Líquido Legal: é o resultado nominal do exercício, apurado de acordo com as regras legais (sem considerar os efeitos da inflação), depois de descontados o imposto de renda e a contribuição social e ajustados os juros sobre o capital próprio, considerados como despesas financeiras (REVISTA EXAME; FIPECAFI, 2010).

Entende-se que as variáveis de outputs selecionadas representam as medidas absolutas mais utilizadas para as empresas avaliarem o desempenho, no intuito de direcionar novas estratégias, seja de participação no mercado ou de geração de riqueza (IUDÍCIBUS, 2010; MARION, 2009; SILVA, 2005).

As variáveis de inputs e outputs foram extraídas ao avaliar as 21 (vinte e uma) variáveis disponíveis na base de dados Exame-FIPECAFI. Considerou-se que as 4 (quatro) elencadas são as mais relevantes para obter os scores de

eficiência por meio da DEA no intuito de discriminar as empresas eficientes e não eficientes do setor de construção civil em relação ao desempenho econômico-financeiro, conforme levantamento e análise de estudos realizados nos mais diversos setores envolvendo análise de eficiência por meio da DEA (ver Quadros 2A e 3A, em Anexo).

Vale ressaltar que a maioria das variáveis disponíveis na base de dados da Exame-FIPECAFI são índices de desempenho econômico-financeiro e que, segundo Lins e Meza (2000), Macedo, Santos e Silva (2009) e Nazareth (2010) não é recomendável inserir nas análises de DEA variáveis absolutas e índices, pois podem descaracterizar as análises. Dessa forma, optou-se pelas medidas absolutas de desempenho econômico-financeiro em detrimento aos índices para que com os índices de eficiência extraídos fosse possível comparar e relacionar com os índices econômico-financeiros, que já são medidas, também, resultantes de relações entre medidas absolutas.

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