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Para uma pesquisa obter dados significativos, e de acordo com as hipóteses e os objetivos traçados, é essencial que o universo seja delimitado com base em critérios e princípios previamente estabelecidos. A seleção dos sujeitos que compuseram o universo desta pesquisa levou em consideração 03 aspectos: 1) refere-se à delimitação dos destinos indutores do Nordeste Brasileiro; 2) destinos que estejam cadastrados no Programa Cidades Resilientes; 3) os que apresentam melhor e pior índice de competitividade (de acordo com a classificação do MTUR), sendo eles: melhor e pior entre os destinos de capitais de estado e melhor e pior entre os destinos de interior.

Quanto aos sujeitos que representaram os gestores públicos e privados dos destinos indutores do turismo no Nordeste brasileiro, selecionados dentro dos critérios estabelecidos, estes foram divididos em dois grupos: gestores públicos estaduais e municipais e; gestores de empresas privadas. Essa opção levou em consideração o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, que propôs “a estruturação de roteiros turísticos intermunicipais nas regiões turísticas brasileiras, com base nos princípios da cooperação, integração e sustentabilidade ambiental, econômica, sociocultural e político-institucional” (Barbosa, 2008, p. 17). A partir do programa ora citado, foram identificados destinos indutores do turismo no Brasil, levando em consideração os seguintes critérios: “todas as Unidades da Federação e suas capitais deveriam ser contempladas; cada Unidade da Federação deveria ter no mínimo um e no máximo cinco destinos indutores de desenvolvimento turístico regional” (Barbosa, 2008, p.

17). Definiram-se, então, 65 destinos indutores. Para esta tese, foram identificados os destinos indutores localizados na região Nordeste, sendo estes apresentados no Quadro 04.

REGIÃO NORDESTE ALAGOAS Maceió

Maragogi

PERNAMBUCO Fernando de Noronha Ipojuca Recife BAHIA Maraú Lençóis Porto Seguro Salvador Mata de São João

PIAUÍ Parnaíba São Raimundo Nonato

Teresina

CEARÁ Aracati Fortaleza Jijoca de Jericoacoara

Nova Olinda

RIO GRANDE DO NORTE Natal Tibau do Sul

MARANHÃO Barreirinhas São Luís

SERGIPE Aracaju

PARAÍBA João Pessoa

Quadro 04: Destinos indutores do Desenvolvimento Turístico Regional – Região Nordeste. Fonte: Adaptado de Barbosa (2008, p. 21).

Após definir os destinos indutores, o Ministério do Turismo, juntamente com a Fundação Getúlio Vargas, procede à captação e análise dos indicadores que compõem o índice em cada destino selecionado. No ano de 2015, os índices foram assim definidos:

Capitais Índice Geral Nível

Aracaju 64,0 4 Fortaleza 71,9 4 João Pessoa 71,4 4 Maceió 65,7 4 Natal 65,7 4 Recife 77,2 4 Salvador 77,0 4 São Luiz 68,6 4 Teresina 59,9 3

Não Capitais Índice Geral Nível

Aracati 48,0 3 Barreirinhas 43,1 3 Fernando de Noronha 52,1 3 Ipojuca 51,8 3 Jijoca de Jericoacoara 45,9 3 Lençóis 52,9 3 Maragogi 45,5 3 Maraú 41,1 3

Mata de São João 56,0 3

Nova Olinda 44,4 3

Parnaíba 45,2 3

Porto Seguro 58,8 3

São Raimundo Nonato 40,6 3

Tibau do Sul 43,1 3

Tabela 02: Índice de Competitividade do Turismo nos destinos turísticos do Nordeste. Fonte: Adaptado de MTUR (2015b).

Levando em consideração os critérios de seleção previamente definidos em relação ao Programa Cidades Resilientes (incluindo as informações sobre desastres) e destinos indutores que obtiveram os melhores e piores índices de competitividade, tem-se que a pesquisa foi realizada nos seguintes destinos (mapa 01):

Mapa 01: Localizaçãodas regiões turísticas dos destinos pesquisados Fonte: dados da pesquisa, 2017.

 Recife/PE: Capital com melhor índice de competitividade na região Nordeste e cidade entre os destinos indutores cadastrada no Programa Cidade Resiliente. Entre 1991 e 2012 apresentou 13 casos de estiagem e seca, 6 de movimento de massa, 2 casos de erosão, 1 de alagamento, 13 casos de enxurradas, 3 de inundações e 1 caso de vendaval (UFSC, 2013). Entre 2013 e 2016 relatou casos de incêndio em aglomerados residenciais (com 429 desabrigados), surto de doenças infecciosas virais (4 mortos e 25.219 enfermos). O município não relatou nenhum reconhecimento, ou seja, nenhuma identificação de adversidade foi informada ao Ministério da Integração Nacional, durante os 3 anos acima mencionados tampouco vigente no ano de 2017 (MIN, 2017).

 Teresina/PI: Capital com menor índice de competitividade no ano de 2015. Entre 1991 e 2012 apresentou 2 casos de estiagem e seca, 1 de movimento de massa, 2 casos de enxurradas, e 3 de inundações (UFSC, 2013). Entre 2013 e 2016 relatou apenas casos de incêndio florestal. O município não identificou nenhum acontecimento que caracterizasse risco durante os 3 anos acima mencionados tampouco vigente no ano de 2017 (MIN, 2017).

 Mata de São João/BA: Cidade não capital entre os destinos indutores cadastrada no Programa Cidade Resiliente. Apresentou entre 1991 e 2012, apenas 1 caso de enxurradas, no ano de 2007 (UFSC, 2013). Entre 2013 e 2016 não reportou nenhum dano. O município não informou ao MIN nenhuma adversidade passível de emergência durante os 3 anos acima mencionados tampouco vigente no ano de 2017 (MIN, 2017).

 São Raimundo Nonato/PI: Destino não capital com menor índice de competitividade em 2015. Entre 1991 e 2012 apresentou 12 casos de estiagem e seca e 1 caso de enxurradas (UFSC, 2013). Entre 2013 e 2016 relatou apenas

casos de estiagem, sem identificar quantidade de mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados, desaparecidos, outros afetados. O município relatou o reconhecimento de estiagem e seca no ano de 2016 e tem uma identificação de situação de risco vigente em relação a estiagem no ano de 2017 (MIN, 2017). A partir desses critérios, definiu-se uma quantidade de 05 respondentes, sendo estes gestores das diversas áreas do turismo, representando a iniciativa privada e/ou terceiro setor, o que prioriza a diversificação de áreas como, por exemplo, um profissional da hotelaria, um de eventos, um de agência etc.; bem como pelo menos um representante da gestão pública de cada destino. A seleção dos respondentes foi intencional, a partir de contatos com associações que enviavam listas de associados, de pesquisas por empresas da área do turismo no destino selecionado e com as secretarias municipais de turismo. Com as listas em mãos, eram enviados e-mails convidando os interessados a participar da pesquisa. Além disso, foi realizado contato telefônico. Os que se disponibilizaram a participar constituem os sujeitos desta pesquisa. No caso do setor privado, optou-se por empresas localizadas nas áreas de maior concentração/fluxo turístico e que estejam legalizadas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), seja na condição de microempreendedor individual ou empresa de micro, pequeno, médio ou grande porte.

No total, apesar da meta de 24 respondentes, sendo 04 gestores públicos e 20 privados, apenas 22 pessoas participaram da pesquisa. Esse fato se deu por não haver representante da gestão turística municipal no município de São Raimundo Nonato, bem como pela negativa dos empresários deste município em participar da pesquisa. Assim, na cidade de São Raimundo Nonato, apenas 04 questionários foram aplicados com os gestores privados. Outro ponto importante a se ressaltar é que, na cidade supracitada, houve uma conversa com a Secretária de Cultura do município. Na ocasião, apesar de o questionário não ter sido aplicado, muitos pontos

importantes foram destacados. Por este motivo, serão inseridas na análise de conteúdo as reflexões da secretária, sempre fazendo referência à respondente.