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Produtores/ empresários rurais Trabalhadores Permanentes e temporários Sujeitos Representantes Políticos Agrônomos Gerentes de agroindústrias Proprietários de lojas voltados para agricultura

1. 5 A pesquisa qualitativa: concepções teórico-metodológicas

Godoy (1995) mostra que os estudos qualitativos começaram a se difundir na investigação social a partir da segunda metade do século XIX em pesquisas da Antropologia e da Sociologia. A partir da metade do século XX, a abordagem qualitativa passou a ser a utilizada em estudos de outras ciências como a Geografia, Psicologia e Administração.

O fato de a pesquisa qualitativa, no campo das Ciências Sociais, ter assumido diferentes significados, dificulta a sua conceituação. Triviños (1991) afirma que as dificuldades para definir a pesquisa qualitativa centralizam-se na abrangência e na complexidade do conceito, na especificidade de sua ação e nos limites desse campo de investigação. Porém, o autor assevera que a dificuldade de definir a pesquisa qualitativa não significa que seja possível separar as suas características principais. “Por um lado, sua tendência definida, de natureza desreificadora dos fenômenos, do conhecimento e do ser humano; e por outro, [...] a rejeição da neutralidade do saber científico.” (TRIVIÑOS, 1991, p. 125).

Para Chizzotti (1991), as características principais da pesquisa qualitativa são o reconhecimento dos atores sociais como sujeitos que produzem conhecimentos e práticas, a imersão do pesquisador nas circunstâncias e no contexto da pesquisa, os resultados como fruto de um trabalho coletivo resultante da relação estabelecida entre pesquisador e pesquisado e a aceitação de todos os fenômenos como importantes e preciosos.

Assim, na pesquisa qualitativa, parte-se do princípio de que há uma relação entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa estabelecida conforme o objeto de estudo e pautada nas orientações filosóficas que guiam as pesquisas qualitativas. As pesquisas qualitativas em geral fundamentam-se na fenomenologia e no marxismo. Para Chizzoti (1991) e Goldenberg (1999), os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa, de um modo geral, se opõem

ao modelo positivista de estudos de natureza social e cultural. E ainda se recusam a admitir que as ciências humanas e sociais devem-se conduzir pelo método experimental.

Minayo (2008, p. 57) conceitua a pesquisa qualitativa como sendo um método “[...] que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam”.

Nessa perspectiva, Godoy (1995) enumera um conjunto de aspectos capazes de identificar uma pesquisa de natureza qualitativa: a) o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental; b) o caráter descritivo; c) o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador; d) o enfoque indutivo na análise dos dados.

A princípio, pode parecer que fazer pesquisa qualitativa é mais fácil que fazer pesquisa quantitativa. Mas, ambas têm seu grau de dificuldade, e requerem do pesquisador a adoção de método e metodologia adequadas. O método é a forma como o pesquisador vê o mundo e a ciência, embasado em posturas filosóficas, e “como” utiliza o corpo de conceitos de uma ciência, na relação estabelecida com o objetivo de estudo. “O método faz a ponte entre a reflexão de uma ciência particular e a produção historicamente acumulada, deixando claro o caráter social da atividade científica.”(MORAES; COSTA, 1984, p. 32). A metodologia é o conjunto de técnicas utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa é ajustada e definida de acordo com os objetivos e com a delimitação da problemática da pesquisa.

O exercício da problematização nos coloca frente a frente com a porta de entrada que nos dá acesso ao real concreto. É no aclaramento do universo de questões a serem trabalhadas teoricamente, que começaremos, então, a manusear os conceitos que nos levarão de volta para a compreensão do movimento do real. Assim, o ponto de partida é o método, o balizamento e rumo, necessários para nossa discussão, que tentando dar conta do real

concreto (passa pela paisagem: conjunto de variáveis apresentadas pelo empírico), elabora em nível do pensamento uma leitura do movimento do concreto – o concreto em pensamento. Aí, sim, temos o nosso ponto de

partida estabelecido para movimentarmos nossa discussão de eixo temático, seus sentidos e objetivos “delimitados” teoricamente. (THOMAZ JÚNIOR, 2005, p. 37, grifos do autor).

Na pesquisa qualitativa, a problematizarão, ou seja, a definição do problema é eixo fundamental e norteador da pesquisa. A formulação do problema é a base empírica e fomenta a busca de um corpo teórico que deve orientar e contextualizar o objeto de estudo no tempo e no espaço. A delimitação temporal e espacial é também muito importante no desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa, visto que o recorte espacial refere-se “[..] aos limites do espaço a ser estudado e onde localiza-se o tema selecionado.[...] O recorte temporal, por sua vez, refere-se ao momento do tempo no qual situam-se nosso tema espacialmente recortado.”(CORRÊA, 2003, p. 11-12).

É importante considerar que a escolha entre pesquisa quantitativa e qualitativa deve ser feita a partir dos objetivos que se deseja alcançar, isto é, com benefício da pesquisa e não do pesquisador. Desse modo, a abordagem qualitativa é propícia para estudos complexos que não exigem a quantificação. Normalmente, é adequada quando o contexto social ou cultural estiver presente como elemento norteador da pesquisa. A pesquisa quantitativa é mais apropriada quando existe a possibilidade de medidas quantificáveis de variáveis a partir de amostras. Por isso, utiliza-se a estatística para testar hipóteses e teorias científicas. As diferenças entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa são muitas. Porém, as diferenças não excluem a possibilidade de utilizá-las em combinação e/ou em integração.

A pesquisa qualitativa, por ter caráter necessariamente interpretativo para poder traduzir e expressar o fenômeno estudado, também se constitui em um trabalho laborioso, visto que é necessário registrar as informações, coletar dados, organizá-los e fazer as suas análises. E ainda, conforme Triviños (1991) é possível que a partir das informações coletadas e analisadas, surja a necessidade de novas buscas de dados.

Esta circunstância apresenta-se porque o pesquisador não inicia seu trabalho orientado por hipóteses levantadas a priori, cuidando de todas as

alternativas possíveis, que precisam ser verificadas empiricamente, depois de seguir passo a passo o trabalho que, como as metas, têm sido previamente estabelecidas. As hipóteses colocadas podem ser deixadas de lado e surgir outras, no achado de novas informações, que solicitam encontrar outros caminhos. (TRIVIÑOS, 1991, p. 131, grifos do autor).

Na pesquisa qualitativa, o pesquisador considera os sujeitos estudados como um dos elementos do fazer científico, por isso, apóia-se em alguns instrumentos como entrevista, observação, análise do discurso e pesquisa-ação. Para atender os objetivos desta pesquisa, priorizou-se o uso da observação direta e indireta, de entrevistas estruturadas e semi- estruturadas.

1.6 A organização das informações

1.6.1 A coleta de dados em fontes secundárias

Na abordagem qualitativa, tanto a coleta de dados quanto a sua análise devem ser feitas com rigor, para que os instrumentos utilizados proporcionem respostas à problemática levantada. Nesse sentido, de acordo com a problemática levantada, foi necessária a busca de dados em fontes primárias e secundárias. Os dados obtidos as fontes secundárias referem-se à produção agropecuária, à população, à estrutura fundiária, ao PIB (Produto Interno Bruto) e à produção irrigada, entre outros. Esses dados não são especificamente dos municípios do Sudeste Goiano; contemplam ora ou outra todo o estado de Goiás, a região Centro-Oeste e também o território brasileiro, haja vista a necessidade de interlocução do local com o regional e o nacional. Para coletar esses dados, recorreu-se às no site do IBGE e seuspostos de atendimento nas cidades de Catalão e Pires do Rio, site da SEPLAN e do Ministério da Agricultura, da Integração, Planejamento e do Meio Ambiente.

No IBGE foram coletados dados concernentes à produção agrícola de 1970 a 2008. As informações do período 1970 a 1995 estão contidas nos Censos Agropecuários. De 2000

em diante, são referentes à Produção Agrícola Municipal (PAM19). Ainda no IBGE foram coletados dados referentes à população nos Censos Demográficos.

Na SEPLAN-Goiás foram obtidos dados sobre produção, população, infraestrutura (energia elétrica e rodovias) e economia do estado de Goiás. Essa fonte foi de extrema importância para a coleta de dados, uma vez que possui dados de todos os municípios, das microrregiões e messoregiões goianas. Os dados se referem à produção agropecuária, à energia elétrica, à pavimentação de rodovias, ao PIB e à população.

No Ministério da Agricultura, Integração e Meio Ambiente, foram coletados dados sobre a produção agrícola brasileira, a participação do agronegócio na economia, culturas irrigadas e infraestruturas, entre outros dados pertinentes à pesquisa.

Também foi utilizada a fonte documental. Buscou-se informações em arquivos públicos das prefeituras municipais de Catalão, de Campo Alegre de Goiás e de Ipameri para averiguar a abertura de empresas ligadas ao ramo da atividade agrícola. Os arquivos particulares de escritórios das propriedades rurais (empresas rurais) foram consultados para colher dados sobre a produção e os de empresas ligadas ao ramo da atividade agrícola para obter dados sobre produtores. Muitos dados foram coletados também nos sites de empresas, como da Carol, da Caramuru, da Cargill, da Oderich e da Nutriza.

No que tange aos dados de fonte primária, estes foram compilados por meio de observação direta e indireta e de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, tendo, o trabalho de campo como elemento norteador dessas escolhas.

19 A pesquisa se desenvolve de janeiro a dezembro em âmbito nacional, abrangendo todas as unidades da

federação. O mecanismo de coleta de dados prevê a realização de levantamentos sobre áreas plantada e colhida, produções esperada e obtida e produtividades prevista e obtida para os produtos de culturas temporárias e permanentes.

1.6.2 O trabalho de campo: uma ferramenta para observar e decifrar

A pesquisa de campo, ou trabalho a campo, é um procedimento que vem sendo utilizado pela Geografia ao longo de sua evolução do pensamento geográfico. Da sistematização da geografia enquanto ciência até meados do século XX, o trabalho de campo baseava-se na observação e na descrição dos fenômenos nas paisagens, resultando, portanto numa prática descritiva. Com o advento da geografia crítica, o trabalho de campo, além da observação, passa a incluir também a interpretação e a compreensão.

Além de ser utilizado na geografia, o trabalho de campo tem tradição de uso também na sociologia e na antropologia, constituindo-se como uma ferramenta importante para a realização de pesquisa e também para a prática de trabalhos pedagógicos. Na ciência geográfica, Suertegaray (2002) ressalta que a pesquisa de campo constitui um ato de observação da realidade do outro, interpretada pela lente do sujeito na relação com o outro sujeito. Esta interpretação resulta de seu engajamento no próprio objeto de investigação.

Para Thomaz Júnior (2006), o trabalho de campo é entendido como “laboratório geográfico.” Assim, é um recurso importante e eficaz para desvendar a realidade empírica. Desvendar no sentido de interpretar os múltiplos significados de uma paisagem, pois, conforme apontam Alentejano e Rocha Leão (2006), o trabalho de campo não pode constituir- se apenas em um exercício de observação da paisagem, mas partir desta para compreender a dinâmica do espaço geográfico num processo mediado pelos conceitos geográficos.

Na ciência geográfica quando se faz um estudo partindo-se de uma problemática ou da formulação de hipóteses sobre a realidade e/ou um fenômeno, a pesquisa a campo torna-se uma prática fundamental. No entanto, “a ida ao campo não significa, apenas, o movimento na direção do que pode ser descrito. Trata-se do movimento na direção do que necessita ser

interpretado e representado.” (HISSA; OLIVEIRA, 2004, p. 38). A imersão20 ao campo significa ir para observar, olhar, sentir, detectar, ver e analisar. As ações expressa por esses verbos permitem ao pesquisador a compreensão e até a transformação de uma realidade estudada.

Assim, a pesquisa de campo pode ser considerada como uma arte em que o pesquisador, por meio da observação e de instrumentos de coletas de dados, pode desvendar o que está atrás das aparências e esculpir uma interpretação do que está visível e também do que não está ao alcance dos olhos.21 Para Hissa (2006, p. 184),

Descobrir o que não está à mostra é não se contentar apenas com o que está evidente (considerando que a evidência possa, ela também, ser uma insinuação falsa, deslocadora). Descobrir o que não se põe aos olhos é construir a poesia do que está à mostra: é qualificar a invisibilidade do visível. É buscar a origem e a natureza do que se coloca disponível, e cobri- lo de palavras e significados.

É salutar dizer que, na pesquisa de campo, o que se observa e o que se compreende é produto de uma seleção orientada pela concepção e pela formação teórica do pesquisador, isto é, pela posição filosófica. Por isso, Suertegaray (2002) avalia o trabalho de campo sob a perspectiva do método, pois, por meio do método, há diferentes formas de leituras do mundo.

No método positivista, tão conhecido nosso, o campo (realidade concreta) é externo ao sujeito. O conhecimento/a verdade está no objeto, portanto no campo, no que vemos. No método neo-positivista o campo como realidade empírica é externo ao sujeito. Agora, nesta perspectiva, o campo como realidade externa é uma construção do sujeito. No método dialético, o campo como realidade não é externo ao sujeito, o campo é uma extensão do sujeito, como é numa outra escala a ferramenta para trabalhar uma extensão do seu corpo, ou seja, a pesquisa é fruto da interação dialética entre sujeito e objeto. [...] No método fenomenológico, o campo é a expressão das diferentes leituras do mundo. É lugar (da observação e da sistematização) do olhar do outro-daí o método fenomenológico dizer da necessidade de se

20Na pesquisa de campo, para se ir além das evidências paisagísticas, todos os sentidos do corpo humano devem ser colocados em ação: a audição, o tato, a visão e até mesmo o paladar. Apesar do olhar ser importante, não é apenas este que captura as informações a serem desvendadas e interpretadas.

21 A geografia contemporânea tem se preocupado com a atividade de trabalho de campo tanto em pesquisas,

quanto em ações pedagógicas, incorporando novas dimensões como o simbólico, o imaterial e o subjetivo, que podem ultrapassar o que está visível.

colocar no lugar de. Negando o positivismo, este método não separa sujeito e objeto. (SUERTEGARAY, 2002, p. 94).

Posições filosóficas diferentes permitem que se veja um objeto a partir de vários olhares e, portanto, apresentam diferentes entendimentos. Assim, para a compreensão do real, o ponto de partida é a escolha clara do método. É através dele que se consegue realizar a leitura científica do mundo.

Nessa direção, Thomaz Júnior (2005, p. 37) salienta que também a maneira que se procede a problematização configura elemento importante para aproximação do real.

Entendendo o concreto como sendo a síntese de múltiplas determinações, pode-se inferir que o pensamento é um ato de construção estreitamente relacionado com o processo de construção histórica - o concreto em pensamento. O movimento geral, particular-singular e singular –particular- geral, (a tríade/escalar categorial) é que nos permite chegar mais próximo do real concreto, munidos conceitualmente (concreto em pensamento), onde a cada movimento, o concreto em pensamento é ponto de partida para a “leitura” e compreensão do real concreto.

Kayser (2006) defende que a hipótese de trabalho é uma das primeiras armas a se utilizar no preparo da pesquisa de campo. Por isso, o pesquisador não pode, como afirma o autor, ir “verde” ao terreno, ou seja, ir despreparado teoricamente para o campo. Em relação à imersão a campo, corrobora-se com Kayser (2006), por considerar que de fato o pesquisador não deve iniciar a pesquisa de campo sem bases teóricas. Nessa perspectiva, Alentejano e Rocha Leão (2006) asseguram que fazer trabalho de campo configura um momento de produção do conhecimento que não pode prescindir da teoria, sem o qual, portanto, tornar-se- ia vazio de conteúdo e incapaz de desvendar a essência dos fenômenos geográficos.

Além da preparação teórica, Marcos (2006) ainda refere-se a outras preocupações importantes, como: Quais técnicas e instrumentos a serem utilizados? Em que momento pode ir a campo? Como “chegar” ao local? Como se aproximar das pessoas? Como conquistar a confiança delas? Como garantir a cientificidade exigida pela academia? Essas preocupações

devem ser levadas em consideração uma vez que a forma como planejamos a pesquisa de campo pode significar seu sucesso ou insucesso.

Sobre os recursos utilizados para auxiliar o olhar, a observação em campo, Suertegaray (2002) ressalta que esses instrumentos não podem ser os encaminhadores dos resultados; devem ser vistos como meios de realização de trabalho e não como fim. Na verdade, a sofisticação das tecnologias (máquinas, filmadoras e gravadores digitais, imagens de satélite e GPS, entre outros) tem viabilizado e facilitado as pesquisas de campo. Porém, o uso de recursos sofisticados não garante o bom resultado da pesquisa de campo se o pesquisador não tiver preparação teórico-metodológica.

Refletindo sobre a importância das técnicas no trabalho de campo, Venturi (2006) salienta que as técnicas exercem um papel importante no processo de produção científica, auxiliando na obtenção e sistematização de informações. Conforme o autor, as técnicas podem ser utilizadas em laboratório e em pesquisa de campo.

Em termos gerais, as técnicas de laboratório exercem três papéis fundamentais no trabalho científico. Em primeiro lugar, elas podem auxiliar no preparo do trabalho de campo, isto é, no planejamento das ações baseado em um conhecimento prévio da área de estudo. Essas ações podem envolver providências como o estabelecimento de contatos com interlocutores, o levantamento cartográfico e bibliográfico, além de inúmeras outras, sempre atreladas aos objetivos do trabalho. Em segundo lugar, auxiliam também no tratamento das informações trazidas do campo. [...] Finalmente, o uso de técnicas de laboratório pode criar simulações de situações reais cujo controle é mais eficiente do que em campo, a exemplo de testes de porosidade e permeabilidade de solos ou simulações de balanço hídrico. Podemos acrescentar que o laboratório é o espaço de trabalho onde se podem promover estágios para o aprendizado do uso de determinadas técnicas e instrumentos. (VENTURI, 2006, p. 75).

As técnicas de laboratório, de fato, são importantes tanto para o preparo do trabalho de campo, quanto para auxiliar na sistematização dos dados. Porém, é importante ter o cuidado de não se iludir com a possibilidade de obtenção de dados em laboratório em detrimento da ida em campo. Por exemplo, o uso da imagem de satélite permite obter informações precisas da realidade, mas é necessário que o pesquisador vá à área de pesquisa,

para conferir os dados, uma vez que o trabalho de campo representa o contato direto e imediato do pesquisador com a realidade.

Destarte, considerando o trabalho de campo como uma etapa essencial da pesquisa, optou-se por fazer neste presente trabalho várias imersões a campo no decorrer do ano de 2007, 2008, 2009 e 2010 para tentar compreender as transformações sociais, espaciais e ambientais no Sudeste Goiano após os anos de 1980, em virtude do processo de modernização da agricultura.

1.6.3 A técnica da observação em campo

A observação constitui uma técnica muito valorizada e importante na coleta de dados de uma pesquisa em Ciências Sociais.A utilização dessa técnica permite ao pesquisador o contato e a proximidade com o objeto/fenômeno de estudo. No entanto, observar não significa simplesmente olhar (TRIVIÑOS, 1991). É preciso conseguir, absorver o que está além da aparência, ou seja, chegar à essência.

Alves - Mazzotti e Gewandsznajder (2002, p. 164) destacam com muita propriedade algumas vantagens atribuídas à técnica da observação:

a) independe do nível de conhecimento ou da capacidade verbal dos sujeitos; b) permite “checar”, na prática, a sinceridade de certas respostas que, às vezes, são dadas só para “causar boa impressão”; c) permite identificar comportamentos não intencionais ou inconscientes e explorar tópicos que os informantes não se sentem a vontade para discutir; d) permite o registro do comportamento em seu contexto temporal-espacial. (grifos do autor).

Assim, é importante, antes de iniciar o processo de observação, o planejamento das atividades, contemplando os seguintes elementos: a) o que deve ser observado; b) quais sujeitos serão observados; c) quando deve ser feita a observação; d) como serão os registros.

Em relação às formas de se fazer a observação, Quivy e Campenhoudt (1998) destacam a observação direta e a indireta. A observação direta é aquela em que o pesquisador procede diretamente ao recolhimento das informações. Na observação indireta, o pesquisador dirige-se ao sujeito para obter a informação desejada, por meio de entrevista ou questionário. Em uma mesma pesquisa, pode-se utilizar a observações direta e a indireta.

A observação pode ser ainda estruturada (assistemática) ou não estruturada (livre). Na primeira, os fenômenos/aspectos a serem observados são pré-determinados. Na segunda, os fatos a serem observados não são preestabelecidos, isto é, são livres. Esta é a forma da observação participante, na qual o “[...] pesquisador se torna parte da situação observada,

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