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Uso da água na bacia hidrográfica do córrego do Cedro

CAPÍTULO III – INVENTÁRIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO CEDRO

V. ZONAS ESPECIAIS

4.5. Uso da água na bacia hidrográfica do córrego do Cedro

4.5.2. Uso da água nas indústrias e empresas de prestação de serviços específicos

Em 2006, para se estabelecer um perfil representativo sobre a captação e utilização da água e lançamentos de efluentes nas empresas que apresentam maior potencial consumidor de água na bacia hidrográfica do córrego do Cedro, foram realizadas entrevistas sobre o uso da água, em especial, no aeroporto, clubes e associações, áreas de lazer, hospital e nas principais indústrias da Bacia, perfazendo um total de 13 entrevistas.

A água utilizada pelas empresas é captada de poços subterrâneos e conjuntamente da Sabesp e de poço subterrâneo. De acordo com entrevista realizada, 90%

delas declararam utilizar água de poço na empresa para uso geral e 10% utilizam conjuntamente água da rede pública e de poço subterrâneo, Sendo que 100% dos poços são semi-artesianos, com profundidades variadas (Figura 7).

Figura 7 – Bacia do Cedro, fontes de captação de água nas indústrias e empresas de prestação de serviços específicos.

(Fonte: Trabalho de Campo, 2006).

As águas dos poços são captadas para os mais diferentes fins nas empresas, ou seja, para consumo humano, higiene dos funcionários, limpeza da empresa e no processo produtivo. De acordo com os entrevistados, os efluentes das empresas são lançados em fossas sépticas, lagoas de retenção de resíduos e na rede de coleta de esgoto da Sabesp.

92%

8%

Poço Artesiano Poço Artesiano e Sabesp

4.5.3. Uso da água nas propriedades rurais

Em 2006, foram realizadas entrevistas em 73 propriedades rurais para a caracterização sobre o uso e a qualidade das águas e o lançamento de efluentes nas propriedades rurais da bacia hidrográfica do córrego do Cedro.

Dos proprietários e trabalhadores rurais entrevistados, 84% deles declararam utilizar água de poço na propriedade para uso geral e principalmente para abastecimento doméstico, sendo que, destes poços, 67% são semi-artesianos e 33% são comuns (escavados manualmente); 5% não informaram a origem da água que utilizam e 11% captam água de minas d’água para abastecimento doméstico (Figura 8).

1% 10%

57%

27%

5%

Rede pública Mina d'água Poço semi-artesiano Poço comum Não informou

Figura 8 – Fonte de captação de água no meio rural para uso geral e doméstico na bacia do Cedro.

(Fonte: Trabalho de Campo, 2006).

As águas dos poços são utilizadas predominantemente para o abastecimento doméstico e, em algumas propriedades, estas águas são utilizadas para a dessedentação de animais; outra justificativa para a utilização destas águas é a má qualidade da água superficial (dos cursos d’água). Outra informação relevante é a intenção de ampliar a utilização da água subterrânea nas propriedades rurais, pois, de acordo com os produtores, a diminuição na qualidade e principalmente no volume da água dos córregos é uma constante.

Das propriedades rurais pesquisadas, 83% delas lançam os esgotos domésticos em fossa negra1 e apenas 7% lançam os esgotos em fossa séptica (Figura 9).

1 Escavação sem revestimento interno, na qual os dejetos caem no terreno, sendo que parte se infiltra e parte sofre decomposição no fundo. Não existe nenhum deflúvio, mostrando-se, portanto, como um dispositivo perigoso e que somente deve ser utilizado em última instância (IBGE, 2004).

83%

7%

10%

Fossa Negra

Fossa Séptica

Não Informou

Figura 9 – Lançamento de esgoto doméstico no meio rural na bacia do Cedro.

(Fonte: Trabalho de Campo, 2006).

Os lançamentos dos esgotos domésticos das propriedades rurais em fossas negras acarretam sérios problemas de contaminação da água subterrânea, podendo prejudicar o abastecimento doméstico de grande parte da população rural da Bacia, que utiliza a água proveniente de poço sem nenhum tratamento prévio.

A água superficial na bacia do Cedro é utilizada predominantemente para dessedentação animal. Através de entrevistas com produtores rurais e trabalhos de campo constatamos que, em praticamente todas as propriedades que possuem pastagens, os cursos d’água são utilizados amplamente como bebedouro para o gado. A utilização da água superficial para a agricultura é feita por algumas poucas propriedades que utilizam estas águas basicamente para a irrigação de hortaliças (Figura 10).

87%

8% 5%

Dessedentação animal

Irrigação

Irrigação e dessedentação animal

Figura 10 – Utilização da água superficial no meio rural na bacia do Cedro.

(Fonte: Trabalho de Campo, 2006).

De acordo com Mota (1999), os detritos dos animais podem contribuir para a poluição da água que entra em contato com os mesmos através do solo, inclusive resultando numa elevada demanda bioquímica de oxigênio. Além dos problemas referentes à contaminação, o acesso do gado aos cursos d’água impede o desenvolvimento da vegetação ciliar. O pisoteio e pastoreio do gado nas margens dos córregos impedem a regeneração da vegetação ciliar dos cursos d’água. Essa vegetação, além de reter os sedimentos oriundos de processos erosivos, impede o solapamento das margens dos córregos, evitando, com isso, o seu assoreamento. A degradação da vegetação ciliar é uma constante que está prejudicando gravemente a capacidade de armazenamento de água dos córregos que compõem a bacia do Cedro. (Foto 28).

Foto 28 – Agricultura e animais pastando em área de preservação e proteção ambiental (córrego Botafogo).

Sobre a qualidade da água dos córregos da bacia do Cedro, 65% dos trabalhadores e produtores rurais entrevistados disseram que as águas dos córregos que passam na sua propriedade são de boa qualidade, ou seja, não apresentam restrição quanto à utilização e 35% dos produtores já tiveram algum tipo de problema com a qualidade da água, seja na sua propriedade ou próxima a ela (Figura 11).

65%

35%

Boa Ruim

Figura 11 – Qualidade da água dos córregos da bacia do Cedro, de acordo com os produtores rurais (Fonte: Trabalho de Campo, 2006).

As propriedades onde houve maiores reclamações sobre a qualidade das águas estão localizadas próximas à área urbanizada da Bacia, em especial as localizadas próximas aos Conjuntos Habitacionais Ana Jacinta e Mario Amato, Vila Nova Prudente e da área industrial. Nos cursos d’água localizados próximos a estas áreas, são jogados resíduos sólidos domésticos e líquidos provenientes do escoamento superficial. Outros problemas salientados pelos moradores destas áreas são as falhas nas estações elevatórias de esgoto e os efluentes de algumas empresas que são lançados diretamente nos cursos d’água.

De acordo com Santos (2004, p. 89), “a quantidade e qualidade das águas não são valores definitivos, mas determinados em relação ao contexto territorial da área planejada, ao uso ou atividade a que se destina e ao tempo”. A carta 20 espacializa as principais áreas em que houve reclamações sobre a qualidade das águas, demonstrando a estreita relação entre uso e ocupação do solo e a qualidade das águas.

O quadro 4 apresenta um resumo sobre as fontes de captação de água, utilização e lançamentos de efluentes líquidos na bacia hidrográfica do córrego do Cedro.

Quadro 4 - Uso da água na bacia hidrográfica do córrego do Cedro - P.Pte./SP.

ÁREA CAPTAÇÃO UTILIZAÇÃO LANÇAMENTO

RURAL

Poço semi-artesiano e comum (escavado manualmente), cursos d’água e nascentes (mina d’água).

Água dos poços e das nascentes para abastecimento doméstico e dos cursos d’ água para dessedentação animal.

Utilização restrita da água para irrigação.

O esgoto doméstico é lançado predominantemente em fossa negra.

URBANO E COMERCIAL

Rede de abastecimento pública.

Doméstica e abastecimento humano.

Rede pública de coleta de esgoto.

INDUSTRIAL E DE SERVIÇOS

ESPECÍFICOS

Poço semi-artesiano. Água dos poços para consumo humano, higiene dos funcionários, limpeza da empresa e no processo produtivo.

Fossas sépticas, lagoas de retenção de resíduos e na rede de coleta de esgotos da Sabesp.