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3.2 Gestão da informação

3.2.2 Estudos de usuários da informação

3.2.2.2 Uso da informação

O uso da informação envolve uma sistemática de ações que compreende “a seleção e o processamento de informação” (CHOO, 2003, p. 107). A seleção de determinado documento dependerá do grau de relevância

atribuído pelo usuário. Se julgada como informação relevante, esta provocará mudanças no estado anômalo do conhecimento. Essa nova informação transformará sua maneira de entender a situação em foco e impactará no seu modo de agir.

O uso que o indivíduo fará da informação selecionada dependerá de diversos fatores externos que regem o mercado de informação, que é competitivo e, cujas organizações devem acompanhar sistematicamente os concorrentes e as inovações. Mas cabe frisar que os fatores internos inerentes à mente humana, à experiência individual (pessoal e profissional) também influenciarão a decisão de escolha por uma dada informação.

Cabe ressaltar que esse ambiente competitivo está presente até mesmo no meio acadêmico ou em uma organização sem fins lucrativos, uma vez que direta ou indiretamente todos estão vinculados ao mundo capitalista e globalizado, que exige monitoramento constante dos avanços conquistados.

Uma entidade com ou sem fins lucrativos é um organismo vivo e dinâmico que se relaciona com os atores internos e externos, ao fazer uso da informação em função de suas atividades desempenhadas. A mesma informação poderá ser utilizada de diferentes formas, por pessoas distintas, dada a criatividade humana oriunda da capacidade cognitiva de adaptação e de interação múltiplas.

Sob esse enfoque, Choo (2003) propõe um modelo de uso da informação estruturado em duas etapas, sendo a última ramificada em duas, conforme a figura 12.

Figura 12: Modelo de uso da informação Fonte: Choo (2003, p. 114).

O modelo inicia-se com a análise do ambiente de uso da informação, que interferirá na necessidade de informação e que, por sua vez estimulará o processo de busca de informação. Por ser um processo cíclico de retroalimentação, novas necessidades surgirão e novas ações serão desempenhadas.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Gil (2009, p. 8) “a ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos”. Para tanto, exige a adoção de procedimentos metodológicos para garantir a cientificidade da investigação científica.

Na literatura sobre metodologia científica são apresentados diversos tipos de pesquisas, com características e especificidades que são atribuídos a determinados métodos.

As classificações metodológicas não possuem caráter excludente. Matta (2007, p. 77) explica que “uma pesquisa pode possuir características de um, dois ou três tipos de pesquisa” a depender de sua concepção e seus objetivos. Mueller (2007, p. 9) ressalta que “não há, na Ciência da Informação, métodos preferenciais ou abordagens teóricas exclusivas”. Portanto, a escolha pelo tipo de pesquisa dependerá do problema, cabendo ao pesquisador identificar o melhor tipo aplicável ao seu objeto de pesquisa.

Apesar da variedade dos tipos de pesquisa, é possível identificar os mais recorrentes no âmbito da ciência social, que são: a exploratória, a descritiva e a explicativa (GIL, 2009, p. 26; KOCHE, 1997, p. 122).

Koche (1997, p. 126) enuncia que “a pesquisa exploratória tem sido muito utilizada nas ciências sociais”. Gil (2009, p. 27) ratifica esse entendimento ao afirmar que é “o tipo de pesquisa realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado”, destarte que por se tratar de uma realidade social tem um objeto de estudo complexo e dinâmico.

Nas pesquisas descritivas e explicativas, pressupõe-se que o investigador tenha algum conhecimento a respeito do fenômeno e das variáveis essenciais do estudo em foco. Pois, enquanto, a pesquisa descritiva “descreve as características de determinada população ou fenômeno”, a explicativa “aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas” (GIL, 2009, p. 28).

Para realização do presente estudo, primeiramente foi analisado o problema, com ênfase ao eixo temático, para então selecionar os

procedimentos metodológicos adotados. Na figura 13 há uma representação sucinta das etapas citadas.

Figura 13: Estrutura da pesquisa científica.

Fonte: Adaptado de Malhotra (1993) pela autora (2011).

Esta pesquisa possui características exploratórias, pois não há registro de pesquisas sobre oferta e demanda de informação em Bioética no país e assim proporcionou uma visão geral acerca do fato escolhido. Segundo Gil (2009, p. 27), é o tipo de pesquisa realizado quando “o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”. Em outras palavras, é a pesquisa que ocorre quando há pouco conhecimento sobre o objeto de estudo (MATTAR, 1996) e quando as “variáveis envolvidas não possuem relações entre si” (KOCHE, 1997, p. 126)

Em alguns momentos, também assumiu caráter descritivo ao descrever determinada comunidade e suas características intrínsecas. Segundo Gil (2009, p. 28), a pesquisa descritiva busca a “descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2009, p. 28). Enquanto a pesquisa exploratória proporciona a formação de ideias para o entendimento do conjunto do problema, a pesquisa

Metodologia

Pesquisa exploratória e descritiva Estudo de usuários

Definição do problema

Como a demanda de informação da comunidade científica do NETHIS é atendida pela oferta de informação na Biblioteca Virtual Bioética e

Diplomacia em Saúde?

Contexto temático do problema

Ciência da Informação e Bioética

descritiva procura quantificar os dados colhidos e analisá-los estatisticamente (MALHOTRA, 2008, p. 102)

A pesquisa em foco também pode ser classificada como um estudo de caso. Segundo Yin (2010, p. 39), o estudo de caso é usado em muitas situações para “contribuir ao nosso conhecimento sobre os fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados”. Em outras palavras, esse tipo de estudo permite que o investigador entenda os fenômenos sociais complexos em profundidade.

Neste estudo de caso a investigação empírica foi realizada por meio de um estudo de usuário de informação, adotando o Modelo NEIN, proposto por Calva González (2004, p. 168), que permitiu a análise da necessidade de informação, do comportamento para se informar e da satisfação quanto ao uso da informação.

Desta forma, pode-se admitir que o estudo de usuário considera a filosofia do marketing da informação, como recomenda Amaral (1996), para estudar a visão do usuário como foco da relação entre oferta e demanda de informação, estabelecido a partir da identificação da necessidade, comportamento e satisfação desse usuário, ao representar a demanda pela informação oferecida e também como avaliador da oferta de informação que deveria atender às suas demandas de informação .

Calva González (2004, p. 105) apresentou várias técnicas para a coleta e análise de dados nos estudos de usuários, tais como: observação e entrevista, muitas vezes utilizadas em conjunto para garimpar a complexa interação do homem com a informação em um determinado universo de pesquisa.

Para descrever uma população a ser pesquisada, os autores Samara e Barros (1997, p. 25) apresentam algumas questões norteadoras para análise do consumo, aplicadas inicialmente em estudos na área de marketing.

Na presente pesquisa, as questões norteadoras apresentadas por Samara e Barros (1997, p. 25) foram aplicadas à área da Ciência da Informação. As questões relativas à análise do consumo foram adaptadas ao

consumo de informação, conforme sugerido por Amaral (1996) - quando propôs a adoção das técnicas de marketing na realização de estudos de usuários da informação. Na ótica do marketing da informação, foi considerada a possibilidade de consumo da informação a partir das seguintes perguntas com o destaque para o uso da informação:

a) Quem usa?

b) Que tipo de informação usa? c) Quanto usa?

d) Como usa? e) Onde usa? f) Quando usa? g) Por que usa?

Essas perguntas, adaptadas ao contexto de mercado da informação de uma área de conhecimento específico, no estudo de caso proposto representada pela BVS Bioética e Diplomacia em Saúde, permite o estudo dos usuários da comunidade científica em Bioética e Diplomacia em Saúde que demanda essa informação para realizar suas atividades profissionais e acadêmicas. A partir desta fundamentação teórica, foi possível identificar e caracterizar o grupo de pesquisadores do NETHIS, como grupo de usuários da informação especializada que usa ou deveria usar a Biblioteca Virtual em Bioética e Diplomacia em Saúde.