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1. Introdução

1.4. Caracterização regional da área de pesquisa

1.4.7. Uso e ocupação do solo

No Planalto dos Parecis, o solo, em sua maior parte, vem sendo utilizado para fins agrícolas, mais precisamente, para o cultivo de soja. Até recentemente as atividades agrícolas restringiam-se aos solos secos, atualmente vem se expandindo aos locais onde o solo se satura em água na estação chuvosa, ou seja, nos campos de murundus, cujo nível freático vem sendo rebaixado por meio da escavação de uma rede de valetas. Outra parte é utilizada para a implantação de cidades, vilas, sedes de fazendas e estradas vicinais e federais. A mata de galeria que acompanha os cursos d’água, áreas de preservação permanente, vem sendo parcialmente preservadas, especialmente na parte mais próxima ao curso d’água, conforme ilustra a figura nº 8.

A ocupação desse Planalto, conhecido como norte matogrossense, ou simplesmente nortão, iniciou na década de 70, durante os anos de governo militar, como uma estratégia de ocupação dos grandes vazios do território brasileiro, denominando-se frente pioneira de colonização.

A distribuição das terras e os assuntos fundiários ficaram a cargo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, com a participação da Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná - SINOP, em alguns empreendimentos urbanos e rurais.

A ocupação do norte e do noroeste de Mato Grosso, centro-oeste do Brasil, na Amazônia Meridional, foi feita por famílias, na maioria vindas da região sul do Brasil, especialmente do estado do Paraná, motivados pelo sonho do Eldorado, com a esperança de melhorar a condição sócio- econômica, de possuir terras, de aumentar a produtividade e mesmo de enriquecimento.

Rodovia Federal Curvas de Nível Toposequências Quadrícula UTM Drenagens N E W S Março/2001 1:75.000 Prof. Dr. José Roberto Tarifa

Data: Escala: Sorriso Município: Fontes: Orientador: Tese de Doutorado:

Carta de Ocupação e Uso do Solo Assunto:

Orientando:

Prudêncio Rodrigues de Castro Júnior

Salatiel Alves de Araujo Geoprocessamento:

Estado:

Mato Grosso

Estrada Vicinal

Mapa de Ocupação e uso do solo

Lagoa

Áreas de Lavoura de Soja em Terrenos Secos Vila

Mata de Galeria Lavoura de Soja em Terreno Drenado

Imagens de Satélite, DSG/IBGE Levantamentos de campo 617500 620000 622500 625000 627500 857 000 0 85700 00 857 250 0 85725 00 857 500 0 85750 00 857 750 0 85775 00 858 00 BR -163 Rib ei oG ran de 1 2 Primaverinha

Faz. São Fidel

Dinâmica da Água em Campos de Murundus do Planalto dos Parecis

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Vencendo inicialmente os obstáculos burocráticos e de documentação colocados pelo INCRA, apresentam-se as dificuldades para a utilização da terra, tais como a distância dos grandes centros, a falta de recursos financeiros, de financiamentos e outros insumos, a precariedade das estradas, dos meios de comunicação, a ausência de telefonia, de bancos, adubos e calcários a preços elevados, bem como a ausência de secadores de grãos, escassez de armazéns e dificuldade de comercialização dos produtos.

A produção durante os primeiros anos de colonização era desanimadora, não permitindo obter lucros, muitas famílias se arruinavam com os prejuízos e retornavam para o sul, ou se estabeleciam em outras cidades de Mato Grosso.

Vencidos os anos difíceis, contando com o favorecimento das condições do relevo, do solo e do clima, que permitem uma boa utilização da terra, as primeiras melhoras começam a ser percebidas no início da década de 80, quando, além do cultivo do arroz, inicia o cultivo da soja, diversificando a produção.

Com relação às características do solo, os principais problemas relacionam-se com a utilização de calcário e de manganês para a correção do solo, visto que as quantidades indicadas pelos laboratórios de análise eram elevadas, causando alguns problemas, bem como a saturação de água no solo em algumas áreas, durante os meses mais chuvosos, especialmente após as grandes pancadas de chuva, que amolecem os solos argilosos, encalhando as colheitadeiras.

Estima-se a presença de aproximadamente 15% deste tipo de solo dentro dos limites dos municípios de Sorriso e Lucas do Rio Verde, valor percentual que pode ser extrapolado para outros municípios dos planaltos dos Parecis e dos Guimarães, que juntos compõem aproximadamente 50%

da área do Estado, onde encontram-se as terras mais favoráveis à agricultura.

Dentro da paisagem, estas áreas com solos que se supersaturam nos meses mais chuvosos e que a água é drenada muito lentamente para o canal fluvial, apresentam-se com topografia plana, ocupando os setores mais à jusante das vertentes. Devido ao relevo plano a suavemente ondulado, com interflúvios muito amplos, muitas vezes é difícil para alguns agricultores perceberem a ligação que estas áreas possuem com as nascentes e os cursos d’água de 1.ª ordem, ou seja, os cursos d’água formadores da bacia hidrográfica. Porém, observando-se as fotografias aéreas e as imagens de satélite, esta característica se evidencia nitidamente.

Nestas áreas predomina o LATOSSOLO AMARELO, com alto teor de argila, ocorrendo também o LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO, às vezes o LATOSSOLO VERMELHO e até mesmo a Terra Preta, segundo a percepção dos agricultores entrevistados. Embora o solo identificado como terra preta seja o GLEISSOLO da porção mais à jusante das vertentes, onde encontra-se o curso d’água.

As tentativas de utilização destas áreas não foram bem sucedidas, visto que o lento escoamento forma uma lâmina d’água que chega a atingir 10 cm, que se aquece ao sol, favorecendo o desenvolvimento da fauna limnológica, provocando na lavoura doenças fúngicas, como também, não permitindo a operacionalização do solo por meio de tratores e colheitadeiras.

Este problema tem sido resolvido com o rebaixamento do nível freático, por meio da escavação de uma rede de valetas que promovem o escoamento das águas desse lençol suspenso nos horizontes mais superiores do solo e na superfície do terreno, direcionando-as para o canal fluvial.

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Desta forma, as águas retidas pelo solo durante as chuvas intensas, que normalmente demandariam 2-5 dias para escoar para o canal fluvial, por meio da rede de valetas escavadas, ocorre a mudança na velocidade de escoamento, drenando-se em apenas algumas horas, eliminando assim, o problema que os solos supersaturados, com lâmina d’água na superfície do terreno, causam para o bom desenvolvimento da agricultura.

Esta técnica vem sendo amplamente adotada nos planaltos matogrossenses, de maneira que atualmente é difícil encontrar estes campos de murundus intactos

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