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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

HIDROGRÁFICA DO RIO IVAÍ 162 7.1 I NTRODUÇÃO

2 ÁREA DE ESTUDO

2.7 Uso e ocupação do solo

A ocupação e as mudanças no uso do solo na bacia hidrográfica do rio Ivaí não ocorreram ao mesmo tempo e com a mesma intensidade em seus três segmentos. Cada

segmento foi ocupado conforme a necessidade do período histórico (MEURER, 2008). Os primeiros habitantes da bacia foram os índios Xetás. Estes viviam entre os rios Ivaí (segmento inferior) e Paraná e não possuíam registros de contatos com não índios até 1954, quando houve o avanço das lavouras e disputas com outros povos (SEMA, 2010).

Segundo Meurer (2008), o inicio da exploração da bacia hidrográfica deu-se primeiramente com a vinda dos jesuítas que ocuparam o segmento médio da bacia; e os bandeirantes, que ocuparam o segmento superior. Estes dois grupos exploraram os segmentos superior e médio de forma branda (cultura de subsistência). Na segunda metade do século XVIII houve uma exploração mais intensa no segmento superior, devido à expansão da pecuária.

No século XIX, houve a ocupação do segmento superior por imigrantes e os ciclos da erva-mate e da madeira deu impulso ao desmatamento. No final do século XIX, o segmento médio e boa parte do segmento inferior da bacia foram ocupados de forma intensa, devido à progressão da cafeicultura, que acarretou no declínio da cobertura vegetal e produziu notáveis processos de erosão na região (MEURER, 2008).

Em 1975, houve uma ruptura importante na história do uso da terra no estado do Paraná, quando houve uma grande geada e quase todas as lavouras de café foram destruídas, o que deu lugar a cultivos de soja, trigo e milho. Esta mudança na cobertura do solo foi acompanhada por uma mudança nos métodos de trabalho, com a adoção de técnicas de correção do solo e controle de erosão. Todas essas mudanças provavelmente alteraram o comportamento nas sub-bacias do segmento médio em relação à contribuição sedimentar (MEURER, 2008 e SEMA, 2010).

No segmento inferior, a substituição da pastagem pelo cultivo da cana de açúcar e a adoção de técnica de controle de erosão, levou a uma relativa estabilização dos processos erosivos mais intensos (SEMA, 2010).

Atualmente, o trecho superior da bacia hidrográfica possui áreas de reflorestamento e uso misto do solo, e no segmento médio, grandes faixas de agricultura intensiva. Já no segmento inferior da bacia do rio Ivaí, há uma predominância de pastagens artificiais e campos naturais (Figura 2-10).

Figura 2-10 – Mapa de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do rio Ivaí (Adaptado: SEMA, 2002).

2.8 Ecorregiões

Meurer (2008) e Meurer et al. (2010), elaboraram uma classificação espacial denominada ‘ecorregiões’ para a bacia hidrográfica do rio Ivaí. Esta classificação trabalha com a regionalização a partir da integração de critérios determinantes para o funcionamento dos ecossistemas denominados fatores de controle (HARDING; WINTERBOURNE, 1997 apud MEURER et al., 2010).

Os fatores de controle considerados por Meurer (2008) e Meurer et al. (2010) foram: geologia, pedologia, vegetação, topografia, clima e precipitação. A sobreposição destes fatores resultou em uma carta que é composta de cinco grandes ecorregiões, sendo cada uma

destas dividida em duas sub-ecorregiões (Figura 2-11). Segue uma breve descrição das ecorregiões e suas respectivas sub-ecorregiões:

Figura 2-11 – Mapa das ecorregiões da bacia hidrográfica do rio Ivaí (Adaptado: Meurer (2008) e Meurer et al. (2010)).

I Ecorregião: Alto Planalto Basáltico – Este terreno localiza-se na porção sul do escarpamento do 3° Planalto Paranaense, assentado sobre rochas basálticas da Formação Serra Geral, e possui altitude entre 600 m e 1300 m, com declividade alta. Os solos deste terreno são pouco profundos. A vegetação original é Floresta Ombrofila Mista.

A sub-unidade I-1 corresponde à parte alta do escarpamento que está voltada para o 2° Planalto Paranaense. O 2° Planalto Paranaense, tem altitude que varia entre 700 m e 1300 m. O clima é do tipo temperado úmido, de verão ameno, com precipitação <1600 mm por ano.

A sub-unidade I-2 corresponde à parte alta do escarpamento do 3° Planalto Paranaense, nesta a altitude varia entre 600 m a 1200 m, com declividade relativamente suave.

O clima é do tipo temperado úmido, de verão temperado, com precipitação >1600mm por ano.

II Ecorregião: Alto Planalto Sedimentar – Este terreno localiza-se sobre as formações sedimentares paleozóicas do 2° Planalto Paranaense e possui altitude entre 500 m a 1200 m. Nesta ecorregião os solos são pouco profundos. A vegetação original predominante era a Floresta Ombrófila Mista.

A subunidade II-1 localiza-se na parte montante do planalto sedimentar, e altitude deste terreno varia entre 600 m a 1000 m. Os ARGISSOLOS e LATOSSOLOS são predominantes nesta subunidade. A precipitação é distribuída de forma desigual, pois esta é influenciada pela topografia do terreno, em partes altas a precipitação é maior.

A subunidade II-2 localiza-se na parte jusante do planalto sedimentar, a altitude varia entre 500 m e 1200 m. Os solos predominantes nesta subunidade são os NEOSSOLOS LITÓLICOS.

III Ecorregião: Médio Planalto Basáltico - Este terreno compreende os planaltos basálticos presentes na porção média da bacia hidrográfica dos dois lados do vale do Ivaí, a altitude >500 m. Os solos predominantes neste terreno são Neossolos Litólicos. O clima nesta ecorregião é do tipo temperado úmido com verão quente.

A subunidade III-1 localiza-se na parte a montante do médio planalto, que se encontra ao sul do Ivaí. A precipitação anual é de >1600 mm. A vegetação predominante é a Floresta Estacional Semidecidual.

A subunidade III-2 corresponde à parte mais a jusante do médio planalto. Nesta subunidade, a Floresta Estacional Semidecidual encontra-se acima de 500 m com a ocorrência da Floresta Ombrófila Mista de forma secundária nas partes mais altas do relevo. Nesta subunidade a precipitação anual fica por volta 1600 mm.

IV Ecorregião: Vale Médio – este terreno corresponde às vertentes e aos fundos de vale do Ivaí e de alguns de seus tributários; este possui altitudes entre 500 m a 250 m. Os solos predominantes desta ecorregião são os NITOSSOLOS, derivados dos basaltos da Formação Serra Geral. A vegetação predominante é Floresta Estacional Semidecidual. O clima é do tipo temperado úmido com verão quente.

A subunidade IV-1 é a parte à montante do vale, em que este é cercado por planaltos do entrono. Este terreno possui altitudes entre 500 m a 300 m. A precipitação é >1600 mm por ano.

A subunidade IV-2 localiza-se na parte a jusante do vale, em que este é mais aberto, entre as altitudes de 500 m a 250 m. A precipitação é inferior a 1600 mm anuais.

V Ecorregião: Colinas Areníticas e Planície Fluvial – Este terreno corresponde ao terço inferior da bacia hidrográfica e se assenta sobre o Arenito Caiuá, possuindo as altitudes entre 700 m a 230 m. Os solos predominantes são os ARGISSOLOS e LATOSSOLOS. O clima é do tipo temperado úmido com verão quente e inverno seco. A precipitação anual é <1600 mm.

A subunidade V-1 corresponde às colinas areníticas que circundam o baixo vale do Ivaí. Este terreno possui altitudes entre 250 m e 700 m, possuindo solos dos tipos ARGISSOLO e LATOSSOLO bastante arenosos e bem drenados.

A subunidade V-2 corresponde à planície aluvial do baixo vale do Ivaí, e este terreno possui altitudes entre 250 m a 230 m. Os solos predominantes são os LATOSSOLOS e GLEISSOLOS, submetidos às flutuações do lençol freático. A vegetação da planície é bastante adaptada a este excedente hídrico, com campos inundáveis e vegetação ripária nas margens do canal.