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O uso de termos químicos em português nas atividades do Material Didático –

No documento viniciusdasilvacarvalho (páginas 114-120)

CAPÍTULO 4: A EMERSÃO DA SINALIZAÇÃO CIENTÍFICA ESTIMULADA POR

4.3 O uso de termos químicos em português nas atividades do Material Didático –

A importância de aprender uma linguagem científica se concentra na compreensão do uso para uma inclusão social. Quando falamos dessa aprendizagem com alunos surdos, devemos considerar as dificuldades debatidas nessa pesquisa e principalmente que o aluno aprende o conceito em libras e precisa compreender o mesmo escrevendo ou lendo em português. Essa transposição exige muito do aluno para compreensão de termos muitas vezes abstratos da ciência química, pois o estudante terá que ter o domínio dessa inserção de sinais jovens do campo científico para posteriormente aprenderem a aplicar os termos em português.

Compreendendo a importância de desenvolver essa linguagem científica, na forma de L2 com os alunos, trilhamos até então, o seguinte caminho.

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Figura 26: Trajeto para o processo da aplicação dos termos químicos por alunos do PEISEQ.

Elaborado pelo autor

Desse esquema, grande parte do trajeto já foi apresentada nos tópicos anteriores, agora oficializando que os mesmos faziam parte de um caminho que pudesse possibilitar ao aluno surdo ampliar seu léxico de sinais para área da ciência química, acessível, ou seja, respeitando a individualidade de aprendizado desse grupo.

Invertemos o processo realizado na escola, como sugere Botelho (2002), e nesta pesquisa discutíamos os conteúdos em Libras e a partir desse processo de aprendizado do aluno, a transposição para o português acontecia naturalmente,

1- Partimos de uma Imagem ou experimento.

2- Em seguida, realizamos discussões acerca das características da imagem em Libras

3 - Mediação e explicação do professor com o uso dos sinais

4- Dinâmica de criação de material sobre o conteúdo, com explicação transpondo o sinal em termos no português.

5- Elaboração da explicação das imagens em português e prática de leitura que contenha esses termos.

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respeitando o processo linguístico de transposição de tradução que o aluno faz da libras para o português.

Esse processo de aquisição da linguagem científica em português, pelo surdo, ocorre do mesmo modo que com a aquisição de qualquer segunda língua, há vários estágios que são chamados de interlíngua. Para Quadros (2006, p. 34), “as crianças surdas apresentarão um sistema que não mais representa a primeira língua, mas ainda não representa a língua-alvo".

Sendo assim, apresentaremos algumas cópias do material didático utilizado confeccionado pelos alunos para analisar como foram empregados alguns termos. Ao estudar as características macroscópicas dos materiais um dos termos do qual o aluno se depara é o de impenetrabilidade, que não apresenta significados na Libras apenas pelo termo. Sendo assim, nesse exemplo trabalhamos percorrendo o caminho apresentado (Figura 27), partindo de uma imagem, e ao chegar a última etapa, os alunos foram submetidos a uma imagem diferente das quais havia sido o ponto de partida das discussões. A figura 25 apresenta uma cópia do material de Mariana, que escreveu a seguinte explicação para a imagem pelo qual foi estimulada.

Figura 27: O uso do termo impenetrabilidade pela aluna Mariana.

Elaborado pelo autor

Considerando a definição de impenetrabilidade como sendo a propriedade da matéria pela qual dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, a aluna empregou corretamente o termo, demonstrando compreender o uso da palavra em outros contextos.

Outro exemplo ocorreu com os processos de separação de misturas. Os estudantes foram estimulados com uma maquete sobre a limpeza da água. Essa atividade foi uma forma de avaliação final para averiguar a compreensão dos alunos sobre os processos de separação de misturas. Os alunos manusearam a maquete e

Não pode mesma rua por que se passa duas carro bate outro é

impenetrabilidade precisa ser

duas ruas diferente dar passar duas carro.

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discutiam cada processo de separação de mistura necessário para limpar a água. No final era necessário escrever um texto, sobre o tratamento de água, e o aluno Guilherme escreveu o seguinte texto (Figura 28).

Figura 28: O uso de termos sobre separação de misturas pelo aluno Guilherme.

Elaborado pelo autor

O aluno busca explicar que para o tratamento de água observado fez-se necessário separar o material grosso, como pedra, migalhas por decantação, e em seguida realizasse uma filtração para deixar a mesma límpida. Mas demonstra não compreender o bio-filtro e suas respectivas importâncias nesse processo. Os textos são apresentados a turma por meio de trocas e cada aluno apresenta o texto do colega. Foi possível observar o uso de sinais de Decantação, Filtração, Líquido e Sólido (Figura 29).

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Figura 29: Sinais utilizados pelo aluno Guilherme.

Elaborado pelo autor

Chegamos a conclusão que a última parte da maquete que continha a simulação de um biofiltro não havia sido bem explorada, exigindo uma revisão no material multimeio em construção.

Outro exemplo percorrendo esse caminho agora é apresentado partindo de um experimento, cujo tema da aula seria separação de misturas. O experimento realizado continha uma mistura de água e sabão e esse material foi submetido a um equipamento, uma centrífuga, a fim de separar os materiais. Ao chegar a última etapa desse esquema, foi solicitado que os alunos explicassem o que haviam compreendido e os resultados apresentados na figura 30 são do aluno Mateus.

Figura 30: O uso do termo centrifugação pelo aluno Mateus.

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O aluno emprega o termo centrifugação para explicar que é um processo do qual foi utilizado para separar a água do sabão, ao explicar seu texto em libras, foi possível observar o uso do sinal para centrifugação de maneira diferente do que foi ensinado.

Quadro 14: O sinal de centrifugação simplificado pelos alunos no processo de comunicação.

Centrifugação

Sinal Mostra de Sinais Sinal encontrado em uso no PEISEQ

QR Code Reader QR Code Reader

Elaborado pelo autor

Como já discutimos nos processos de modificação de sinal do GPEQIS para a Mostra de Sinais, agora observamos o mesmo processo ocorrendo com os alunos ao se apropriarem dos conceitos, bem como dos sinais, realizaram o processo de simplificar o sinal para o termo “centrifugação”, no processo de comunicação e o mesmo se repetiu na atividade de RPG.

Outro fator de igual importância a comentar trata-se dos processos de restrição para formação de sinais apontados por Battison (1978). Para esse sinal, criado inicialmente pelo GPEQIS, inflige os critérios necessários para redução da complexidade do sinal. Ao analisarmos o sinal, é possível perceber que o SC utiliza-se de duas mãos com CM diferentes, ocorrendo, portanto, a restrição baseada na condição de simetria. O sinal apresenta como mão ativa, ou seja, aquela que realiza o movimento do sinal, as duas mãos, infligindo também ao processo da condição de dominância destacado por Battison (1978), necessários para execução do sinal. Logo, compreendemos que um dos apontamentos necessários para modificação desse sinal, deve ter sido estimulado por essa condição natural da língua.

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O processo de modificação do sinal não comprometeu a compreensão do conceito e os pares discutiam e debatiam o tema demonstrando o emprego coerente do sinal e como demonstrado na imagem.

O próximo tópico e, o último desse capítulo 4, compromete-se a demonstrar o emprego dos sinais pelos alunos em uma dinâmica de RPG, bem como avaliar como esses empregos ocorrem à medida que são submetidos a situações e desafios corriqueiros estimulados pelo mestre, nesse caso, os pesquisadores deste trabalho.

4.4 O emprego dos sinais científicos por estudantes do PEISEQ na atividade de

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