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Usuários do HPSM

No documento USUÁRIOS NO HPSM MÁRIO PINOTTI (páginas 118-123)

4 Dinâmica das Relações Entre Usuários e Gestores no Hospital Mário Pinotti

4.3. Usuários do HPSM

Para fins desta pesquisa, levou-se em consideração a região metropolitana de Belém (RMB), integrada pelos Municípios de Belém, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel, Benevides e Ananideua (Censo 2000/IBGE). De acordo com Lima e Moysés (2009 apud Frattari e Souza,S.D), um panorama geral revela que a RMB, tem apresentado uma crescente fragilização da base econômica e social, especialmente após as sucessivas crises da década de 80.

Na RMB as taxas de crescimento do PIB, inferiores à taxa de crescimento demográfico, elevados níveis de desemprego e subemprego, baixos níveis salariais, concentração de renda, precariedade dos serviços públicos como saúde, educação, favorecendo um processo de crescente segregação sócio-espacial, marcado pela existência de um centro urbano adensado, ocupado por populações de renda média e alta, em contraste com a existência de uma periferia dispersa habitada por uma população pobre e sem alternativas habitacionais, sem esgotamento sanitário ou saúde.

No transcurso da pesquisa, foram entrevistados 32 usuários do HPSM, como exposto no capítulo introdutório. Desse total, uma parte significativa da demanda procede de usuários/pacientes da própria região metropolitana de Belém, como mostra a tabela abaixo.

Gráfico 2: Distribuição da Demanda do HPSM

Durante a pesquisa, percebemos que em grande medida, os usuários acreditam que houve mudanças positivas no HPSM Mário Pinotti, entretanto muito ainda há de ser feito, conforme os entrevistados também concluíram. De um total de 32 entrevistas entre pacientes, apenas 01 avaliou o atendimento do hospital como precário.

A sistematização de dados relativos ao nível de escolaridade situa um grupo social que informa ter realizado o 1º grau de ensino completo ou incompleto, na mesma proporção. Ambos representam 50% dos entrevistados.

Gráfico 3: Nível de Escolaridade – Dados da Pesquisa

Fonte: Dados da Pesquisa (2011). Elaborado pela autora

Foi indagado sobre a renda familiar dos usuários. Dados que foram classificados em quatro faixas. A maioria dos entrevistados está posicionado na faixa entre dois e três salários mínimos (29%).

Gráfico 4: Renda Familiar – Dados da pesquisa

Fonte: Dados da Pesquisa. Elaborado pela autora (2011).

Os entrevistados solteiros e casados informaram esses estados civis na mesma proporção.

Gráfico 5- Estado Civil – Dados da Pesquisa

Fonte: Dados da Pesquisa. Elaborado pela autora (2011)

Na RMB somado ao quadro de marcante vulnerabilidade social, desigualdades e segregação sócio-espacial, soma-se um contexto de violência e criminalidade crescentes nos Municípios mais adensados como Belém, Ananindeua e Marituba. A violência letal apresenta um incremento constante e tem como vítima preferencial os jovens. Observou-se que embora fosse maior número de atendimentos a pessoas do sexo feminino, estes ocorriam

normalmente por motivos de doenças, e não fatores externos (agressão, violência no trânsito, quedas...) maior fator de atendimentos a homens.

Gráfico 6 - Distribuição de Atendimento realizado por gênero – Interior do estado

Gráfico 7 -Distribuição de Atendimento realizado por gênero – Grande Belém

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pela autora (2011)

No conjunto das 32 entrevistas: 17 eram do sexo feminino e 15 masculino. No primeiro grupo, somente uma paciente recebeu a classificação9 de pulseira vermelha (emergente), as demais foram assim classificadas: 04 pulseiras azuis (não urgente), 07 com pulseiras verdes (pouco urgente), 04 pulseiras amarelas (urgente) e 01 pulseira laranja (muito urgente).

Entre pacientes do sexo masculino, três chegaram de ambulância, todos foram classificados com pulseiras amarelas (urgente). Entre os 11 pacientes trazidos de ambulância, apenas 03 (um homem e duas mulheres) são de Belém, os demais foram trazidos do interior do Estado.

Observou-se ainda que os usuários tem a expectativa e o anseio pelo “momento mágico” que é o encontro com o médico. São, em sua grande maioria, pessoas que demandam atendimento, que parecem se satisfazer quando o profissional de saúde apenas escuta suas queixas e as encaminha para a sala de medicação.

Os gestores e profissionais de saúde demonstram por seu discurso

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que reconhecem o estado de “carência” da sua demanda, entretanto enfatizam a falta de políticas públicas, para a conscientização da população quanto ao uso de um hospital de urgência e emergência.

Essa demanda excessiva do hospital conforme observado no gráfico 08, a constante superlotação das salas de espera e dos corredores, das salas de urgência, associada às elevadas taxas de ocupação dos leitos de observação, nos diferentes componentes assistenciais do Sistema de Saúde, trazem como consequência, a flexibilização nos padrões do cuidado dos profissionais de saúde que atuam na urgência.

Gráfico 8- Atendimentos realizados no HPSMMP – Ano 2010

Fonte: SEIN/HPSM/SESMA (2010)

A unidade de emergência caracteriza-se pela grande demanda por atendimentos, oriunda de quadros clínicos e/ou traumáticos de diferentes complexidades. Isto associado às questões de organização e gestão faz com que essa unidade nem sempre conte com condições adequadas de trabalho, em termos quantitativos de pessoal e recursos materiais, para a realização de assistência qualificada. O que a torna um “prato cheio para ser usado na mídia e em jogatinas políticas” conforme o depoimento de uma funcionária. 10

A regionalização e a hierarquização, por si só, não garantem a redução do fluxo desnecessário de usuários aos níveis de maior complexidade. É esperado que os usuários não só sejam acolhidos na Atenção Básica e

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Secundária, mas que, fundamentalmente, recebam atenção resolutiva nesses níveis de complexidade, evitando encaminhamentos desnecessários aos centros de complexidade terciária, particularmente, hospitais de maior porte, assim possibilitando que os leitos sejam ocupados por usuários que realmente deles necessitem.

Correlatamente é necessário que se invista em políticas de reorientação da população no que tange a utilização da unidade de urgência e Emergência Mário Pinnoti, e que melhorias nos atendimentos de atenção secundária e terciária, para que a população se sinta segura em procurar atendimento nestas unidades, tendo a certeza de que suas queixas serão sanadas. A confiança da população nestas unidades é de suma importância para desafogar os Hospitais de Pronto Socorro, para que estes possam de fato realizar as atividades cujo seu atendimento se destina: atendimentos de caso de urgência e emergência.

No documento USUÁRIOS NO HPSM MÁRIO PINOTTI (páginas 118-123)