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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.2. Exploração da simetria em sala de aula

2.2.4. Utilização das tecnologias digitais

Sendo as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) uma fonte de inovação e uma ferramenta no processo de ensino e aprendizagem da Matemática, atualmente existem diversos recursos tecnológicos que permitem o desenvolvimento “das capacidades, dos conhecimentos e das competências matemáticas, muitas das quais disponíveis gratuitamente online” (Costa, Rodriguez, Cruz & Fradão, 2012, p.66).

Costa, Rodriguez, Cruz & Fradão (2012), referem que em Portugal já é reconhecida a importância da utilização das TIC na educação Matemática para compreensão de conceitos, relações, métodos e procedimentos matemáticos, acabando por estar presente nas orientações do Ministério da Educação e Ciência, como também nas orientações da Associação de Professores de Matemática (APM).

De acordo com a APM (2001, p.24) “a educação com recurso à tecnologia é um direito dos alunos, que todos os intervenientes no sistema educativo devem respeitar e que a negação deste direito contraria a desejada igualdade de oportunidades de acesso aos bens da educação”. Referiu ainda que a tecnologia tem influenciado e alterado as formas de ver, utilizar e produzir matemática, não tendo a educação matemática permanecido indiferente a esta situação (APM, 2001).

Posso ainda acrescentar que a APM (2001) considera que a integração das tecnologias deve ser feita de uma forma consciente, que promova verdadeiras e significativas aprendizagens matemáticas e que a sua utilização seja regular e de qualidade.

Costa, Rodriguez, Cruz & Fradão (2012, p.67) referem que um conjunto de investigadores realçam a importância da integração das TIC no ensino da Matemática salientando um conjunto de benefícios:

 Desenvolvimento da autonomia do aluno no processo de aprendizagem;  Desenvolvimento da curiosidade e do «contacto cognitivo» com a

Matemática;

 Aperfeiçoamento da identificação de padrões e de conexões entre ideias matemáticas;

 Ampliação das possibilidades de exploração e de dados reais;

 Acesso a uma variedade de representações visuais para as ideias matemáticas.

Costa, Rodriguez, Cruz & Fradão (2012) elaboram ainda um quadro síntese de situações e oportunidades de aprendizagem com tecnologias na Matemática, do qual

destaco o exemplo dado no âmbito da Geometria: “Criar e manipular construções geométricas através de software de Geometria dinâmica permitindo que os alunos possam formular e testar conjeturas matemáticas, explorando as propriedades e relações geométricas tanto intuitivamente quanto indutivamente” (Costa, Rodriguez, Cruz & Fradão, 2012, p.68).

De acordo com Ponte et al. (2007), o computador possibilita diversas explorações que podem enriquecer as aprendizagens realizadas no âmbito da Geometria através de pequenos programas ou aplicações disponíveis na Internet.

A utilização de softwares adequados “permite a visualização quase imediata das imagens geradas quando os alunos fazem conjecturas sobre propriedades e relações (…) e procuram testá-las e justificá-las” (Abrantes, Serrazina & Oliveira, 1999, p.63). Esta utilização de ferramentas computacionais favorece a formação de imagens mentais, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de visualização e raciocínio espacial (Abrantes, Serrazina & Oliveira, 1999).

Podemos dizer que através do computador, podem surgir uma infinidade de atividades interessantes na área da Geometria, por exemplo através da “produção de imagens, traço de curvas, transformação de imagens (translação, reflexão, …), lugares geométricos, exploração de imagens e figuras” (Boeri & Vione, 2009, 58).

Um fator muito vantajoso na utilização deste tipo de recursos é o aspeto dinâmico, uma vez que se pode visualizar instantaneamente o efeito da variação de um parâmetro (Boeri & Vione, 2009), mas há que não esquecer, tal como na utilização de materiais manipuláveis, é importante a análise e discussão sobre os resultados, para verificação das aprendizagens realizadas.

De acordo com Abrantes, Serrazina & Oliveira (1999, p.79) a utilização de

software geométrico possibilita o desenvolvimento de certas competências no domínio

da Geometria como “a aptidão para realizar construções geométricas e para reconhecer e analisar propriedades de figuras geométricas”.

Relativamente ao programa utilizado na presente investigação, o mesmo surgiu a partir da ideia de desenvolver-se um programa que simulasse as simetrias planas e começou a ser posta em prática em 1999 e atualmente é designado como SIMIS (Gerônimo, 2016).

Este programa começou através de um projeto “Simetrias num Contexto teórico e Computacional” por Alex Laier Bordignon do curso de Bacharelado em Matemática da UEM (Gerônimo, 2016).

Na altura este programa era denominado de “SPAINT”, pois a sua utilização era muito semelhante com a do PAINT, no entanto tinha ferramentas que permitiam desenhar os padrões de rosáceas e de frisos (Gerônimo, 2016).

O programa como está atualmente foi concluído no início de 2014 e disponibilizado no endereço eletrónico http://pub.jhms.com.br/simis/ (Gerônimo, 2016). Quando acedemos ao programa visualizamos de imediato uma tela em branco com uma barra de ferramentas.

Figura 9: Software SIMIS

Ao clicarmos no fx fica visível uma segunda barra de ferramentas que nos permite realizar diversas transformações como Reflexões, Translações, Rotações e Reflexão deslizante. A barra de ferramentas contém ainda um conjunto de grupos de construção de figuras através de Rosácea, Friso e Papel de parede.

Neste programa tem ainda certas ferramentas como definição da espessura e da cor da “caneta” e também definir outra cor diferente ao que é devolvido pelo programa. É ainda possível guardar o que foi construído.

Nesta investigação foram apenas utilizada a transformação Reflexão e a Rosácea de reflexão.

Quando à transformação Reflexão, primeiramente, é necessário criar uma reta de referência, que no fundo acaba por ser o eixo de reflexão. Ao desenhar-se de um lado desse eixo é devolvido pelo programa a sua imagem simétrica do outro lado.

Figura 10: Reflexão no SIMIS

Relativamente ao grupo Rosácea, inicialmente temos de selecionar a função de reflexão, de seguida pode escolher-se numa outra barra acima o número de vezes que é pretendida a reflexão.