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No caso específico das estradas de uso florestal brasileiras, na escolha do fator a ser utilizado como base do critério para o estudo dos riscos de erosão, Larl (1998), por exemplo, descarta a erodibilidade do solo ao afirmar que os valores estimados para este fator a partir de equações empíricas desenvolvidas em localidades diversas, freqüentemente, diferem dos valores medidos na prática e problemas similares são encontrados na estimação da erosividade da queda de chuva sem conhecimento prévio da distribuição do tamanho das gotas, da intensidade e da energia cinética e das relações entre estas variáveis. Além disso, segundo Schack-Kirchner (2003), como uma primeira aproximação, o fator erosividade teria um efeito maior somente em regiões montanhosas e o fator cobertura do solo teria sentido ser incluído na análise somente no caso de estradas não transitadas, onde poderia haver algum tipo de vegetação.

Por outro lado, conforme Nill et al. (1996), o fator que representa as práticas conservacionistas, apesar da sua grande influência sobre o controle de erosão em estradas de uso florestal, tem sua utilização restringida diante das dificuldades para a obtenção dos dados para uma pronta análise, uma vez que estes não aparecem em mapas cartográficos, situação similar ao que acontece com os fatores erosividade, erodibilidade e cobertura do solo. Assim, a inclusão do fator práticas conservacionistas numa análise dos riscos de erosão em estradas de uso florestal ficaria para uma etapa posterior, quando rampas com possibilidades de apresentarem riscos de erosão já estivessem identificadas, necessitando, nesse momento, de uma análise específica para avaliação das reais circunstâncias do trecho em questão.

Dessa forma, e diante das dificuldades e da falta de padronização apresentadas pelos métodos disponíveis para a análise do potencial das estradas apresentarem erosão, principalmente, no que se refere à obtenção dos dados (variações de equipamentos e períodos de coleta, por exemplo), calibração dos parâmetros (que, por sua vez, têm outros parâmetros implícitos difíceis de serem levantados e analisados) e confiabilidade dos resultados, há a possibilidade de utilização somente de um único fator da Equação Universal de Perda de Solo (USLE) para analisar tal processo.

Conforme Luce (1993), as declividades e os comprimentos de rampas, representados pelo fator topográfico LS, têm forte influência sobre a produção de sedimentos

pelas estradas de uso florestal e podem ser obtidos a partir de mapas cartográficos e através de SIGs, fazendo com que critérios baseados nestes dados sejam mais simples e confiáveis, oferecendo maiores possibilidades de aplicação pelos administradores florestais.

Segundo Nill et al. (1996), o fator LS fornece a perda de solo sobre um dado cumprimento de rampa e uma dada declividade em relação à perda de solo sobre uma parcela padrão da USLE, isto é, o resultado do fator LS para um segmento específico representa quantas vezes o solo foi perdido em relação a um mesmo solo numa rampa de 22,1 metros de cumprimento e declividade de 9%.

Inclusive, Nill et al. (1996) reforçam a escolha do fator topográfico LS, dizendo que a erosão do solo é incrementada, principalmente, pelo aumento do cumprimento da rampa e de sua declividade e Grace III (2000) menciona que, em geral, estradas aceleram a erosão pelo aumento dos declives e interrupção dos normais padrões de drenagem e que o volume e a velocidade da enxurrada aumentam ao longo da rampa causando um aumento da perda de solo por unidade de área com aumento da distância para baixo da rampa.

De fato, segundo Dadalto et al. (1990), a erosão será maior com o aumento da declividade e do comprimento de rampa, fatores que aceleram a velocidade da enxurrada. De acordo com Wischmeier e Smith (1978), o fator topográfico LS permite ajustar a perda de solo para um dado cumprimento e declividade a partir da parcela padrão e é calculado pela fórmula:

(

)

9

9

1

,

22

s

s

l

LS

=

m

×

×

(2) com

l = comprimento da rampa (em metros) m = expoente do comprimento da rampa s = declividade (%)

O expoente do comprimento da rampa (m) depende da declividade e é menor para rampas planas que para rampas íngremes.

Tabela 1 - Expoente do comprimento da rampa (m) para diferentes declividades Declividade (%) Expoente (m) < = 0,5 0,15 0,6 – 1,0 0,20 1,1 – 3,4 0,30 3,5 – 4,9 0,40 > = 5 0,50 Fonte: Nill et al. (1996)

Em baixas declividades, m torna-se menor por causa da baixa ação da força da lenta enxurrada formada. Desse modo, mais água permanece sobre o campo por mais tempo e a profundidade de infiltração da água no solo aumenta, ou seja, o tempo para infiltração no solo é maior e, no mínimo, parte da superfície do solo é protegida contra o impacto das gotas pela camada de água. Um expoente m menor que 1 mostra que a perda de solo aumenta de forma decrescente com o aumento do comprimento da rampa.

De acordo com Nill et al. (1996), na USLE, o comprimento da rampa ou estrada é definido como a distância de um ponto onde a enxurrada começa até o ponto onde a deposição ocorre ou onde a enxurrada entra num canal bem definido. O final da parte mais baixa da rampa pode ser representado por um pequeno rego ao longo da beirada do campo, um rego na estrada ou um canal de drenagem.

Além disso, para esses autores, no caso de pequenos rios, o final da rampa geralmente não corresponde a margem do rio porque a deposição geralmente começa antes. O final da parte mais alta da rampa pode ser formado pela linha divisória das águas ou pelos cumes, canais ou zonas de deposição as quais limitam a parte de cima da rampa e este limite é encontrado se nenhuma enxurrada de segmentos mais altos entra na rampa.

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